Trabalhadores são contra acordo do governo com Eletrobras no STF

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Sindicatos alertam que acionistas minoritários ‘querem legalizar o golpe do poder de voto e do direito de propriedade’

Logotipo da Eletrobras no edifício sede, no centro do Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Nos próximos dias se encerra o quarto prazo de extensão de tentativa de conciliação entre os acionistas da Eletrobras com o governo federal, e os anúncios recentes tem sido mais consensuais – mas não são necessariamente favoráveis para os trabalhadores e a sociedade.

Vale lembrar que a Eletrobras foi privatizada como parte do pacote “passar a boiada” do governo Jair Bolsonaro no auge da pandemia de covid-19. Na operação, o governo federal ficou sem poder de voto na assembleia e sem cadeiras nos conselhos da empresa.

Em comunicado, o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) lembra que tal operação retirou o poder de voto do governo na assembleia, mesmo que o governo brasileiro possua 43% do capital da empresa.

Além disso, o governo não possui cadeiras nos Conselhos de Administração, Fiscal e na diretoria executiva – e os 33% de ações detidos pelo governo “nem são ordinárias porque não dão direito a voto, nem são ações preferenciais porque não dão preferência no recebimento de dividendos”, no que os sindicalistas apontam como “crime de lesa pátria”.

“Claramente, os acionistas minoritários — 3G RADAR, LPAR Geração Futuro, SPX, Vinci Partners, Banco Clássico, Maliko, Squadra, entre outros — com a conivência do governo Bolsonaro, sequestraram os direitos da União na Eletrobras”, destaca o coletivo sindical.

Negociações ruins para o governo

“Com Lula eleito, em maio de 2023, o presidente e a Advocacia Geral da União entraram com a ADI 7385 no Supremo Tribunal Federal com o objetivo de consertar uma interpretação equivocada do Art. 3º da Lei 14.182/2021 (privatização da Eletrobras). No caso, a excrescência posta é um acionista possuir 43% das ações de uma empresa e ter somente 10% de voto em uma Assembleia de Acionistas”, ressalta o CNE.

Porém, fato relevante divulgado pela Eletrobras destaca “busca de acordo sobre o Art. 3º da Lei 14.182” – neste caso, o direito de propriedade do governo federal seria comprometido e os 33% das ações mantidas pelo país seriam esterilizadas. Em troca, o governo ocuparia 27% das cadeiras no Conselho de Administração.

“A desfaçatez da direção da Eletrobras é tão escancarada que querem de todas as formas entregar a Eletronuclear para o governo, porque enxergam investimento em tecnologia como custo que diminui a distribuição de lucros e dividendos”, reitera o coletivo sindical.

O coletivo destaca que o Ministério da Fazenda, que sempre foi contrário ao acordo proposto, não esteve presente na última reunião, e a expectativa é que “o Presidente Lula ouça o Ministério da Fazenda, assuma as rédeas desta bagunça que virou a relação entre Governo e Eletrobras e haja de forma coerente com suas palavras e compromissos de campanha”.

2 Comentários

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  1. O Lula não cumpriu quase nenhuma promessa de campanha e temo que tenha sido mais por opção do que por força da oposição. A isenção de IR msm, se der certo, vai só em 2026. Pelo jeito, vai usar isso apenas pra se reeleger .. isso se conseguir a aprovação..

  2. Sou e sempre fui contra a privatização da Eletrobras todavia fico me perguntando onde estava a força dos trabalhadores para fazerem uma paralisação antes das negociações? Nem um apagão nós tivemos. A classe trabalhadora sofreu ao longo dos anos um processo de “nutelização” é triste dizer isso mas é um fato. Até quando isso persistirá?

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