Jornal GGN – O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afastado do mandato por acusações envolvendo a gestão da saúde pública no Estado durante a pandemia, disse à CPI da Covid no Senado, na manhã desta quarta (16), que o responsável pelas 490 mil mortes por coronavírus no Brasil é o presidente da República Jair Bolsonaro, que decidiu, estrategicamente, abandonar os prefeitos e governadores à própria sorte durante o maior surto sanitário do século.
“O presidente deixou os governadores à mercê da desgraça que viria. O único responsável por 490 mil mortes que estão aí tem nome, endereço e tem que ser responsabilizado aqui e no Tribunal Penal Internacional, pelos fatos que praticou”, disparou.
Segundo Witzel, desde o começo da crise, em março de 2020, os governadores escreveram inúmeras cartas e “suplicaram” por reuniões com Bolsonaro para tratar da condução da pandemia, mas o extremista de direita “politizou” o vírus e cortou os canais de comunicação com todos os gestores que optaram por seguir as recomendações da OMS e determinaram o isolamento social, a despeito dos prejuízos econômicos.
Bolsonaro se negou a fazer a coordenação nacional da compra dos insumos e equipamentos necessários para o enfrentamento à doença. Os governadores tiveram de agir sozinhos e isoladamente no mercado internacional, sujeitos às oscilações de preços e consequentes acusações de superfaturamento nas compras. “O nível de cooperação [do governo federal] foi zero.”
Na visão de Witzel, essa estratégia serviu para Bolsonaro se eximir de responsabilidade pela crise ao mesmo tempo em que ataca os governadores e prefeitos, sobretudo quando adversários políticos, acusando-os de supostos desvio de recursos públicos.
“Os governadores e prefeitos ficaram totalmente desamparados do governo federal. Essa realidade é inequívoca e está documentada em várias cartas enviadas ao presidente da República”, apontou. Se o Brasil não tivesse sido negacionista, se tivesse, através do governo federal, determinado ao Itamaraty para negociar com chineses e alemães para trazermos para cá os respiradores, insumos, e agora as vacinas, nós governadores não teríamos ficado à mercê da alternância dos preços internacionais. (…) “Ficamos totalmente desaparelhados para comprar esses equipamentos”.
Em seu discurso inicial, Witzel ainda se disse um “perseguido político” ao se referir à cassação, clamou para que a CPI investigue as Organizações de Saúde do Rio, que estariam no centro de seu processo de impeachment. O ex-juiz alegou ainda que foi cassado porque tentou “acabar com a máfia” das OSs e porque mandou investigar profundamente a morte de Marielle Franco. Ele também disse que sente sua vida ameaçada e teme a ação de milicianos, ligados aos Bolsonaro.
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