Bolsonaro descarta volta da CPMF, mas não nega aumentar IR dos mais pobres

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Da RBA

O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) desmentiu seu provável ministro da Fazenda caso eleito, Paulo Guedes, e negou na noite de ontem (19) que pretenda criar um imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). No entanto, Bolsonaro não disse nada sobre a proposta de aumentar a alíquota do Imposto de Renda (IR) para os mais pobres e reduzir a alíquota dos que ganham mais, criando uma taxa única de 20% para todas as pessoas físicas ou jurídicas. Na prática, um trabalhador que hoje recebe um salário mínimo, atualmente em R$ 954, teria de recolher R$ 190,80 para o governo federal.

“Nossa equipe econômica trabalha para redução de carga tributária, desburocratização e desregulamentações. Chega de impostos é o nosso lema! Somos e faremos diferente. Esse é o Brasil que queremos”, escreveu o candidato. “Ignorem essas notícias mal intencionadas dizendo que pretendermos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico, pois estão em pânico com nossa chance de vitória. Ninguém aguenta mais impostos, temos consciência disso. Boa noite a todos”, completou.

A proposta não consta do programa de governo de Bolsonaro. Guedes a apresentou em encontro de empresários organizado pela GPS Investimentos, especialista em gestão de grandes fortunas. As informações são da coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. Considerando o sistema atual, seriam extintas as alíquotas de 7,5% e 15% aplicadas a quem ganha até R$ 3.751,05. Todos passariam a ter 20% de seus salários brutos descontados mensalmente. Da mesma forma, quem ganha salários maiores – e que tem descontado até 27,5% a título de imposto de renda – teria a alíquota do imposto reduzida para 20%.

As empresas teriam a mesma alíquota. Além disso, seria eliminada a contribuição patronal para a Previdência Social, aplicada sobre a folha de salarial, e que atualmente tem a mesma alíquota de 20%. Para o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, a proposta vai prejudicar a população de baixa renda em benefício dos mais ricos. “É totalmente injusto. Ela devia ser maior para quem ganha mais. A sociedade não tem o mesmo padrão de renda, cobrar a mesma alíquota é penalizar os mais pobres”, afirmou.

Os demais candidatos criticaram as propostas do economista de Bolsonaro. Cumprindo agenda nessa quarta-feira em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, o candidato do PT, Fernando Haddad, considerou desastrosa a proposta de unificar a tarifa de imposto de renda em 20%. “É um pequeno desastre. Um desastre porque vai fazer pobre, que já paga mais imposto que o rico, pagar ainda mais. Como se pobre tivesse dinheiro para pagar mais imposto do que já paga”, disse. O petista afirmou que, se eleito, não pretende recriar a CPMF.

Ciro Gomes, candidato do PDT, chamou a proposta de “fascista”. E defendeu uma reforma tributária que torne o sistema brasileiro progressivo, cobrando menos de quem pode pagar menos e mais de quem pode pagar mais. “O que o ‘posto Ipiranga’ do Bolsonaro está propondo é o inverso: propõe pegar as pessoas que pagam hoje 7,5% ou 10% de IR e passar a pagar 20%. E as pessoas que ganham mais, e deveriam pagar um pouco mais, e só pagam 27,5%, pagar 20%. Ou seja, está fazendo o oposto, que é a cara do fascismo”, afirmou, em evento com sindicalistas.

Nas redes sociais, o candidato tucano, Geraldo Alckmin, insinuou que o candidato do PSL esconde um “pacote de maldades” contra a população. “A proposta de Bolsonaro e Paulo Guedes é atrasada e cruel. Além da absurda volta da CPMF, querem fazer quem ganha menos pagar mais imposto de renda. O candidato está infeliz porque seu pacote de maldades foi revelado. O que mais será que ele esconde?”, questionou.

5 Comentários

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  1. Outro Infiltrado

    …desta vez voltado a quem domina alguma aritimética. Brilhante! Aumentar impostos para pobre e diminuir para os ricos.

  2. Deixe-me ver se eu entendi…

    Paulo Guedes quer cobrar 20% de IR do faxineiro, do caixa de supermercado, do porteiro, do gari, da moça do telemarketing e da tia do cafezinho?

     

    Nem é preciso uma tabela dessa pra saber que muita gente prefere vender comida no semáforo ou no transporte público do que ser caixa de supermercado. Imagine com 20% de IR no lombo! Vamos virar uma grande Ciudad del Este! Qual o problema? Os produtos de lá são tão baratinhos… Economia formal? Quem liga pra isso?

     

    Ele só esqueceu um detalhezinho pequenininho… A polícia precisa de uma economia formal que paga imposto pra existir e proteger a propriedade dos “cidadãos de bem”…

  3. Posto ipiranga

    Foi o Bolsonaro quem deu carta branca para o Paulo Guedes. Não podemos fazer nada alem de divulgar essa proposta anti-pobre para os eleitores nas redes sociais.

    Eu sugiro ao blog que faça uma materia ainda maior que essa sobre  a derrama do Bolsonaro, com um titulo menos desmentidor, para que possamos sair colando nas redes sociais.

    Se o Paulo Guedes falou, ta falado.

  4. Argentinização

    Uma proposta que até seria boa, se… Fosse aplicada gradualmente, com aumento de 1% ao ano, incentivaria os pobres a subirem de classe socal. E isto, somente depois de copiarem todos os outros impostos benéficos aos pobres, dos EUA, como o imposto por herança. Querem copiar o pior dos EUa, sem a contrapartida do melhor. E isto porque os EUA tem uma carga tributária de 25%, e o governo dá  auxílio refeição para quem ganha até um salário mínimo. Aqui, não dá nada e ainda quer tirar.

    Se isto for feito de uma vez, sem transição, este imposto levará o país ao caos, à Argentinização.O país entrará em depressão econômica extrema, uma vez que a maior parte do PIB vem do comércio interno. Sem dinheiro nem pra comer, os trabalhadores pararão de comprar. Os saques aaos  super mercados, como na Argentina, um caos total, o exército nas ruas, o fim do trabalho formal. Será um novo Collor, este Bolsonaro. Risco de guerra civil, é o mínimo a esperar disto.

    Nem Hitler foi tão perverso e patife assim, em plena maior recessão econômica, tirar dinheiro dos pobres. Hitler tinha um programa de governo para gerar empregos, e o neoliberalismo acredita que o ” desemprego não é problema do estado “. E além de achar que não é problema do estado ainda arranca o pouco que o povo tem.

    Isto só será bom para os aposentados que vivem xingando o PT, e ganham um salário mínimo. Estes vão acordar para a real, do dia pra noite,  tarde demais.

    E isto não é tudo, uma tabela de impostos como esta vai quebrar a previdência. Porque quem ganha salário mínimo e é autônomo, simplesmente não vai contribuir, para não ter de pagar o Imposto de Renda. A arrecadação vai cair abruptamente, quebrando a Previdência. E quem não é autônomo vai querer ser, para não ter de pagar o IR. Mas talvez seja justamente isto que o neoliberalismo queira, quebrar a Previdência Social. Imaginem uma pessoa ganhando 954 reais por mês e pagando quase 200 de INSS e mais quase 200 de Imposto de Renda. O cara dificilmente sobrevive com 354 reais por mês. Nem sozinho.

    Uma vez que todos poderão portar armas, pode ser que correrão rios de sangues nas ruas.

    Será um inferno sobre a Terra?

    Tá bom, me convenceu a votar em Hadad num segundo turno.

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