Em 7 mandatos, Bolsonaro não foi um deputado liberal nem totalmente anti-PT

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Se o mercado pensa que pode se auto-enganar ou enganar outros setores com a imagem de um Jair Bolsonaro liberal, é melhor tirar o cavalinho da chuva. Pelo menos é o que sugere reportgem de Bruno Carazza, divulgada na Folha desta segunda (13).
 
Carazza fez um levantamento de todas as ações encampadas por Bolsonaro enquanto deputado (projetos de lei, votações, frentes parlamentares, etc), ao longo de 7 mandatos. E o resultado apurado a partir de 166 projetos de lei apresentados de 1991 até mostra é que “Bolsonaro gosta de trabalhar mesmo é para a sua corporação, os militares.” Liberal mesmo, aliás, é algo que ele nunca foi. E anti-petista passou a ser apenas quando Dilma Rousseff já havia sido rifada.
 
Segundo o trabalho do jornalista, mais de 30% das ações de Bolsonaro como deputado foram feitas pensando nos militares, exclusivamente. Os 57 projetos nesse sentido tratavam de “valor dos rendimentos, pensões, moradia, atendimento médico e hospitalar, criação de colégios militares e anistia de penalidades foram alguns dos assuntos propostos para agradar seu eleitorado preferencial.”
 
Para cumprir o discurso em defesa da família e do nacionalismo, o deputado apresentou 13 projetos de lei com “regras sobre o planejamento familiar, a proteção da criança e do adolescente e a regulação do consumo de álcool e fumo – sem falar na defesa dos símbolos da pátria, como os projetos sobre a obrigatoriedade de ouvir o hino nacional com a mão direita sobre o peito, a autorização para aplaudir a bandeira nacional após a sua execução e a proibição de usar palavras estrangeiras em nomes de estabelecimentos comerciais.”
 
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ECONOMIA
 
Na economia mesmo, foram 15 projetos que “passam longe do discurso liberal que ele vem defendendo recentemente.” As ideias “revelam uma visão intervencionista: Bolsonaro foi um grande defensor das mudanças nos contratos e índices de correção dos contratos do Sistema Financeiro Habitacional e propôs a reserva de vagas e a concessão de descontos de 50% no transporte aéreo para idosos, por exemplo. Um grande número de projetos trata, ainda, da concessão de isenções tributárias para grupos específicos, como taxistas, indústria automobilística e portadores de diabetes. Todas as medidas, portanto, tratam de beneficiar alguns grupos em detrimento de todos os contribuintes.”
 
BOLSONARO E PT
 
Coincidentemente, segundo a reportagem, o viés intervencionista de Bolsonaro ocorreu na época em que o PT esteve no poder. Em outras palavras, o deputado evitava confrontar a agenda política e econômica de Lula, principalmente.
 
“Compilando o texto das ementas dos projetos em que Bolsonaro e PT votaram igual entre 1999 e 2010, nota-se um predomínio de temas associados à Nova Matriz Econômica – visão intervencionista da economia levada a cabo pelo PT.” 
 
“A lua de mel entre o PT e Bolsonaro, contudo, degringola-se: a partir do primeiro ano do mandato de Dilma Rousseff, Bolsonaro volta a colocar-se contra o PT e não é possível identificar uma votação sequer em que ambos votam de acordo um com o outro. Neste ponto Bolsonaro mostra novamente um faro apurado para captar o sentimento da população, distanciando-se do PT quando a situação do partido se deteriora politicamente e junto à opinião pública”, escreveu Carazza.
 
Para o jornalista, se ultimamente Bolsonaro tenta passar a imagem de liberal, “seu comportamento nos últimos 26 anos vai na direção contrária.”
 
“Diante de uma crise fiscal sem precedentes e de um (sub)desenvolvimento marcado por concentração de renda em favor de grupos específicos, um candidato corporativista, conservador e com pendores intervencionistas deveria ser visto com reservas. Mas o mercado parece estar cego para essa realidade.”
 
Leia a reportagem completa aqui.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. Palhaçada
    “…obrigatoriedade de ouvir o hino nacional com a mão direita sobre o peito, a autorização para aplaudir a bandeira nacional após a sua execução e a proibição de usar palavras estrangeiras em nomes de estabelecimentos comerciais”.  Essas proposições já seriam de extrema irrelevância até se não fosse um período de crise e se deputados não custassem quase nada ao erário e pudessem se dar o luxo de passar o dia pensando em normatizar as menores trivialidades da república. Mas como não é o caso, saber que tem um dispendioso gabinete gastando recursos com isso, e que ainda vai tirar tempo e mais recursos das comissões da Câmara, é simplesmente uma palhaçada.

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