Erundina na campanha de Marina é saída para abafar crise do PSB

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A descontentação interna do PSB, desde a candidatura de Marina Silva a sucessão de Eduardo Campos, parece ter um ponto final. A deputada federal Luiza Erundina vai coordenar a campanha presidencial do partido.

O anúncio, feito nesta quinta-feira (21), é a aposta para silenciar a crise instaurada com a saída de três coordenadores indicados por Campos: o primeiro-secretário do PSB, Carlos Siqueira, que criticou duramente Marina; o coordenador de mobilização e articulação, Milton Coelho, e o dirigente do comitê financeiro, o economista Henrique Costa.

A crise teve início quando Marina escolheu dois nomes de sua confiança para a cúpula: Bazileu Margarido no comitê financeiro e o deputado Walter Feldman (PSB-SP) na coordenação da campanha. Feldman é um dos principais aliados de Marina Silva na tentativa de criação do partido Rede Sustentabilidade. A partir de então, a convivência entre integrantes do PSB e da Rede está delicada.

“Ela não perguntou ao partido e não agiu de acordo com um partido que está oferecendo a ela as condições que nós oferecemos”, disse Siqueira que chegou a afirmar que Marina é apenas uma hóspede na legenda.

Em outra ponta da crise, está a preocupação entre partidários com a arrecadação da campanha, tendo Bazileu à frente. Isso porque a Rede Sustentabilidade não aceita doação de empresas de armas, fumo, agrotóxicos e bebidas.  Na primeira fase da campanha de Campos, o partido já tinha arrecadado R$ 1,5 milhão só da Ambev.

Além de envolver integrantes do partido, o ex-coordenador de campanha, Carlos Siqueira, ao atacar Marina, chegou a citar a viúva de Eduardo Campos: “Renata não deve estar sabendo o que está se passando no partido”, ao se referir à aprovação de Renata para a candidatura de Marina Silva. 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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    1. Vai engolir Neca Setubal

      Da Folha

      http://www1.folha.uol.com.br/poder/poderepolitica/2014/08/1504058-entrevista-com-neca-setubal.shtml

      Marina acena ao mercado e promete autonomia para o BC

      FERNANDO RODRIGUES
      DE BRASÍLIA

       

      22/08/2014  06h0

       

      Em entrevista à Folha e ao UOL, Neca disse que ao longo da campanha mais economistas “estarão se aproximando” e terão mais o perfil de “operadores” do mercado, para compensar a característica mais acadêmica da maioria dos atuais conselheiros de Marina nessa área -papel no momento de Eduardo Giannetti e André Lara Resende, entre outros.

      Essa é uma tentativa de Marina se qualificar como uma candidata confiável aos olhos do establishment financeiro e empresarial. O programa de governo da campanha presidencial do PSB deve ser lançado no próximo dia 29. A candidata também estuda fazer um discurso ou um documento mais sucinto a respeito de seus compromissos na área econômica.

      Na entrevista, Neca disse que a meta de inflação anual num eventual governo Marina Silva permanecerá em 4,5%, mas será perseguida uma política que permita fixar o percentual em 3% a partir de 2019.

      Neca tem 63 anos e é uma das acionistas do Banco Itaú. Tornou-se amiga de Marina Silva desde a campanha de 2010. Com que frequência conversam? “Quase todo dia. A gente se fala por telefone bastante”.

      A partir da consolidação de Marina como candidata a presidente, revela Neca, cresceram as ofertas de doações. “Acho que é o pragmatismo, saiu a primeira pesquisa…”, filosofa.

      Sobre o risco de paralisia política no início de uma eventual administração federal marinista, por causa do pouco apoio no Congresso, a avaliação da coordenadora do programa de governo é que “o PSB é um partido que não é tão pequeno assim”. E haverá alianças. Cita alguns acertos eleitorais neste ano nos Estados “já com o PMDB”. E fala que Marina “tem certeza que muitas pessoas do PSDB e do PT vão estar fazendo parte do governo, no Executivo”.

      Ao analisar o que considera erros do governo Dilma, faz a seguinte avaliação: “Ela tem uma incapacidade de ouvir. Desagrega. Acho que a Dilma reproduz uma liderança masculina. É aquela pessoa dura, que bate na mesa, que briga, que fala que ‘eu vou fazer, eu vou acontecer, eu sei’. Isso é, no estereótipo, uma liderança muito mais patriarcal do masculino, do coronelismo brasileiro”.

      A seguir, trechos da entrevista:

      *

      Folha/UOL – Como foi a semana depois da morte de Eduardo Campos até a escolha formal de Marina Silva como candidata a presidente?
      Neca Setubal – Foi uma das semanas mais intensas que vivi em toda a minha vida.
      A convivência com o Eduardo [Campos] durante todo esse tempo tinha sido muito intensa. Nós aprendemos a gostar muito do Eduardo, a respeitar, a admirar.
      Tem vários depoimentos de pessoas que tinham se afastado e que aos poucos, vendo o Eduardo, convivendo com o Eduardo, começaram a voltar a ficar mais próximos.
      A Marina ficou completamente derrubada nesse momento [da morte], pela relação que ela tinha construído com o Eduardo. Apesar de toda a imprensa relatar muitas intrigas, para as pessoas que me perguntavam eu sempre falava: “Acho que tem diferença, especialmente das equipes locais, mas ela e o Eduardo têm uma sintonia impressionante”. Era incrível a sintonia dos dois. Havia complementaridade, respeito e admiração.
      Foi um impacto muito grande. Nos dois, três primeiros dias, houve uma imobilização, realmente, de luto.

      Na quarta-feira [20.ago.2014], houve alguns momentos de tensão entre os grupos do PSB e da Rede?
      Talvez tenha havido tensão interna no PSB, mas de grupos. Eu não sou tão ligada às questões partidárias, não acompanho isso. Não sei dizer [se houve tensão]. Da Rede, nenhuma. Nenhuma no sentido de que nós nos recolhemos. Obviamente, a gente achava que isso [Marina ser candidata a presidente] iria acontecer. Ela não teria como não ser. A gente também acreditava que o PSB não tinha como não lançá-la como candidata.

      E no plano dos assessores? Houve a nomeação de Walter Feldman como coordenador. Antes, era Carlos Siqueira. Aí houve tensão?
      O Carlos Siqueira é muito ligado ao Eduardo. Acho que desde sempre ele já era ligado ao Miguel Arraes. Ele está muito sensibilizado ainda. Como todos. Houve um certo desentendimento dele em relação ao desejo da Marina tê-lo como coordenador. A Marina sempre teve uma relação muito próxima ao Carlos Siqueira. A mudança para o Walter Feldman é porque agora, como a campanha tem um novo CNPJ, a coordenação financeira precisa estar ligada com a Marina, porque ela será a responsável -junto ao PSB, logicamente.

      A partir de agora, a regra para receber doações terá as restrições impostas pela Rede, que rejeita dinheiro de algumas empresas, como a do setor de fumo, por exemplo?
      Isso ainda não foi discutido. Acredito que em 2010 a Marina não recebeu doações da indústria do tabaco e de armas. Obviamente, com Eduardo teve outra conotação. A campanha já [doações] recebeu de [empresa de] bebida alcoólica. Não sei se de agrotóxico, talvez tenha alguma restrição. Mas eu não sei. Eu acredito que não terá de bebida alcoólica.

      No caso de tabaco, se houve alguma doação como é que será tratado?
      Bom, aí já foi. Agora vai zerar tudo e vai começar de novo. É outro CNPJ.

      Como fica o programa de governo preparado em conjunto por você, pela Rede, e por Maurício Rands, pelo PSB? Temas como legalização do aborto e descriminalização da maconha estarão mencionados?
      O programa não entra em nenhum desses dois temas.
      Temos um tópico sobre política de drogas, de “drogadição”, dentro da área de saúde. Acreditamos que não seja um tema de segurança, mas de saúde, e está dentro dessa área mais em termos de prevenção, de recuperação. Não entramos na questão da descriminalização da maconha, nem a favor nem contra.
      Em relação ao aborto, temos no programa um eixo que trata das questões de cidadania e identidades. O foco desse eixo é a questão dos direitos humanos. Vamos tratar todas essas questões relativas às mulheres, relativas à saúde LGBT, em termos de direitos humanos, mas também não vamos entrar especificamente nessa questão. Ninguém é a favor do aborto, mas a favor de dar suporte às mulheres nessas situações.
      E tanto a Marina quanto o Eduardo já haviam se pronunciado sobre isso.

      Legalização do aborto não é uma questão mencionada?
      Não, não é mencionada. Não mencionamos esse termo. Mas está tratada em todas as questões que envolvem mulheres e apoio às mulheres e contra a violência.

      Haverá menção a mulheres que por eventualidade tenham praticado aborto e têm que receber apoio do Estado para um tratamento?
      Acho que isso sim. Isso sim. Está mencionado. Nesse caso, o SUS deve atender as mulheres.

      E para drogas o foco é no tratamento daqueles que são dependentes?
      No tratamento e na prevenção. Exatamente.

      A sua posição pessoal sobre esses dois temas é mais liberal do que era a de Eduardo e do que é de Marina?
      Em relação ao aborto, sou a favor. Acho que é um direito das mulheres. Acho que isso deveria ser liberado.
      Em relação às drogas, não tenho uma posição. Acho muito complexo.

      Eduardo Campos falou várias vezes que a meta de inflação seria perseguir 4,5% nos próximos quatro anos para assumir uma meta, de 3%, a partir de 2019. Isso vai estar explicitado no programa?
      Vai.

      Dessa forma?
      Dessa forma. Exatamente. A meta de inflação vai para o centro, para 4,5%, ao longo do governo de quatro anos. Para depois chegar a 3%. Isso está explícito.

      Economistas ortodoxos e alguns do governo dizem que para reduzir a inflação ao longo de quatro anos nesse nível seria necessário aumentar juros e produzir desemprego no país. Esse tema é tratado no programa?
      Não dessa forma, não vai dizer. Acho que não existe “vou aumentar juros”. Nenhum programa vai colocar dessa forma.
      O capítulo de economia tem um olhar que combina com uma parte da gestão de recursos naturais. Busca-se um diálogo com o desenvolvimento sustentável.
      O Eduardo [Campos] tinha um compromisso com o social. Ao mesmo tempo que enfatizava a gestão, nunca perdia de vista o compromisso com a questão social. Ele dizia que conseguiria compor: trazer a inflação [para o centro da meta] e ter responsabilidade fiscal. No programa de governo tem o que ele falou. Ele já havia falado de ter um conselho de fiscalização.

      Marina, como o programa já está pronto, concordava com todos esses pontos e vai assumi-los?
      Vai assumi-los. Vai assumir todos os programas. Ela tinha se posicionado em alguns pontos de uma forma diferente do Eduardo. Por exemplo, o caso do Banco Central. Ela achava que não era necessário ter uma autonomia formal do Banco Central. Ela não achava que precisaria…

      De uma lei…
      …De uma lei para dar mais autonomia. Mas acho que são os consensos. Existiam diferenças e o programa reflete o que é de consenso. Então ela, enfim, aceitou isso.

      No caso do Banco Central, como Eduardo propunha autonomia, mandatos para o presidente e diretores, isso tudo está mantido e será assumido por Marina?
      Será assumido pela Marina. A declaração dela é que vai assumir todos os compromissos do Eduardo.

      No caso do Banco Central, uma lei seria proposta?
      Muitas vezes, Marina falava: “Bom, isso não era a minha posição, mas essa foi a posição do Eduardo e a gente concordou com isso”. Então, ela vai assumir essas posições.

      A autonomia do Banco Central?
      É.

      Há no programa alguma explicação objetiva sobre como fazer para que a inflação recue para o centro da meta de 4,5% ao ano?
      Nesse detalhe, não. Mas o programa foca pontos muito claros.
      Destaca metas da inflação, o tripé [macroeconômico]. Destaca muito fortemente a reforma tributária, a responsabilidade fiscal muito grande da qual o Eduardo falava. Marina manterá isso. Nos primeiros meses [de governo], Eduardo falava, entregaria ao Congresso uma proposta de reforma [tributária] que se daria ao longo do governo dele. Isso será mantido, está no programa de governo.

      Mas como será possível baixar a inflação, manter os programas sociais, ampliando até alguns programas e ter responsabilidade fiscal?
      A gente tem sempre que se reportar ao Eduardo, principalmente nesses temas macroeconômicos. A história dele é de muita coragem. Arriscava. Ele trazia para as pessoas o resultado dele em Pernambuco. Claro, Pernambuco é um Estado pequeno, obviamente. Mas em Pernambuco ele conseguiu virar a história, em termos de desenvolvimento econômico.
      O que ele havia passado a falar ultimamente é que todo mundo perguntava de onde iria tirar os recursos para a educação integral de ensino médio, para o passe livre -que custa R$ 12 bilhões por ano-, o ensino integral custa R$ 20 bilhões. Ele falava: “Então, e os R$ 50 bilhões da energia por causa do rombo que aconteceu? E quando a taxa Selic aumenta 0,5 ponto percentual, que significa R$ 15 bilhões na dívida?”.
      Essa era a fala dele. Não sei como a Marina vai construir essa narrativa.

      Há em geral uma dúvida no establishment a respeito de Marina. Eduardo Campos foi governador de um Estado por oito anos. Tinha experiência administrativa. Marina Silva não tem. Como ela responderá a essa crítica?
      Acho que é muito relativo. Hoje, temos uma presidente cujo perfil é de gestão, pragmático, racional. Talvez o oposto da Marina. E o resultado que nós temos é bastante insatisfatório. Toda essa fala da Dilma gestora se desfez ao longo de quatro anos.
      Mesmo os números de entrega do PAC são muito abaixo [do esperado].
      Fernando Henrique tinha pouca referência de gestão. O Lula acho que nenhuma, menos ainda que Marina -que foi por quase oito anos, sete anos, ministra do Meio Ambiente, além de senadora.
      Eu entendo que o mercado se preocupe. Aí a complementaridade Eduardo e Marina era uma coisa muito bacana, muito boa. Mas isso para mim, realmente, não é um problema. Por que não é um problema? Pelos exemplos que eu dei anteriores, e porque acho que a principal qualidade do presidente da República é liderança, é ter uma visão política. No Brasil não faltam técnicos bons. A questão é ter um olhar técnico com uma visão política.
      Tem que ser competente, lógico. Mas tem que ter uma visão política e tem que ter uma visão, uma liderança. Escolher as pessoas certas. E aí a Marina, diferentemente do Eduardo, cada um com seu estilo, a Marina é uma pessoa que trabalha em equipe. O Eduardo era uma pessoa muito mais centralizadora. A Marina é uma pessoa de equipe.

      Vai ser necessário que no lançamento do programa de governo Marina faça uma síntese de compromissos na área macroeconômica?
      Talvez. Vamos começar a trabalhar amanhã [22.ago.2014], o Maurício [Rands] e eu, sobre como vamos fazer o lançamento.

      Está segura de que Marina vai assumir todos os compromissos expressados por Eduardo?
      Vai, certeza. O mercado visualizando as pessoas que estão ao lado dela vai ter muito mais segurança. Ela já tem vários economistas. Terá outras, mais operadoras. Tem [Eduardo] Giannetti, André Lara Rezende, Eliana Cardoso, José Eli da Veiga. São economistas que têm um olhar mais acadêmico. Eles já dão um certo aval para o mercado -embora eu entenda que não seja suficiente porque eles são mais teóricos. Acredito que ao longo da campanha nós vamos ter outras pessoas que estarão se aproximando, que são mais, vamos dizer, operadores.

      E ela própria, a candidata Marina Silva, fazendo uma declaração mais específica sobre economia?
      Isso sem dúvida.

      Eduardo Campos defendia o fim da reeleição, mandatos de 5 anos coincidentes para todos os cargos executivos e legislativos. Isso está no programa?
      Está. Explicitamente desta forma. Marina é contra a reeleição completamente.

      Hoje, o Brasil tem eleição a cada dois anos. Nesse formato proposto, haverá só uma vez a cada cinco. Marina tem opinião a respeito desse aspecto da mudança?
      Acho que não é por aí. Por quê?
      A Marina personifica muito a nova política. A nova política que está em construção traz embutida uma maior participação da sociedade, ao longo dos anos. A eleição é um aspecto, claro. Talvez o mais importante. Mas está implícito que ao longo dos anos os cidadãos teriam muito mais possibilidade de participação, participação virtual, vindo de diferentes ferramentas que existem hoje.

      Isso está no programa?
      Está.

      De que forma será essa participação ao longo do mandato de uma eventual presidente Marina Silva?
      Inovação na democracia digital. Plebiscitos. Referendos.
      Esta nova forma de participação que os jovens estão fazendo, todos esses vários aplicativos. Trabalhar com transparência nas contas públicas, acompanhando.
      Eu sei que parece muito idealismo, “imagina romper com isso…”.

      Tem alguma ferramenta descrita, objetivamente, sobre a maior participação popular?
      Como seria alguma ferramenta não tem. Mas existe uma discussão, uma análise sobre isso.

      Seria mais desejável ter mais plebiscito, referendo?
      Isso está explicitado.

      É mais democracia direta…
      Mas com respeito aos partidos. Não é uma posição alternativa ao sistema político.
      Mas esse sistema político, no mundo, foi cunhado no século 19. Não dá, realmente, conta. Nós estamos em uma transição. Não está claro como será a nova forma de participação, mas é um momento no mundo de discussão desse sistema.

      Uma das dúvidas a respeito da eventual eleição de Marina Silva é como ela lidará com o Congresso Nacional. Haverá um impasse?
      Nós acreditamos que é possível fazer diferente e que tem que ser feito diferente e que isso não vai ser feito do dia para a noite.

      Mas em um primeiro momento? Para não haver uma paralisia.
      Teve o Itamar Franco [1930-2011; presidente de 1992 a 1995], que também teve problemas. Primeiramente, o PSB é um partido que não é tão pequeno assim. Você tem as alianças. Algumas alianças já com o PMDB. A Marina aposta nisso que o Eduardo também apostava. Ela tem certeza que as pessoas, que muitas pessoas do PSDB e do PT vão estar fazendo parte do governo, no Executivo.
      Agora, na Câmara acho que vai precisar muito diálogo mesmo. Aí uma pessoa como o Beto [Albuquerque] vai ser fundamental.

      Beto Albuquerque?
      Beto Albuquerque. Uma pessoa do diálogo, uma pessoa que sabe transitar nas diferenças, nos diferentes partidos, uma pessoa como Walter Feldman, que tem também experiência na Câmara.

      Só que dentro do Congresso tudo funciona muito na base das alianças formais…
      E das bancadas específicas.

      Exato. Digamos que a bancada do PMDB aceite apoiar o governo mas peça o Ministério dos Transportes. Esse tipo de negociação é viável num governo Marina Silva?
      Acho que não dessa forma.

      Seria como?
      Acho que a Marina vai negociar e discutir em termos de programa. Se o partido se comprometer com o programa de governo, acho que a discussão vai ser dentro dessa linha.

      O partido teria de dizer “eu concordo com o programa da presidente Marina Silva” e daí participa do governo?
      Acho que vai ter discutir. Dando um exemplo, no caso dos Transportes, vai ter que entrar na proposta de transporte. Como que o partido vai se colocar em relação a isso? Tenho certeza que será assim. Certeza.
      Claro que isso não vai mudar do dia para a noite. Não é possível. Mas a Dilma hoje tem uma coligação enorme. Tem 12 minutos na televisão e não consegue aprovar muitos dos projetos de lei que ela quer aprovar.
      Acho que é possível uma nova forma de acordo. Claro que tem que ter acordos. Faz parte da política. A Marina é uma política antes de qualquer outra coisa. Marina é uma pessoa política. Todo o olhar dela -eu vejo isso muito porque eu não sou. Não venho dessa área. Para mim é muito claro enxergá-la dessa forma. Toda decisão dela, as falas dela, tudo isso é dentro de uma visão do político. E quando ela insistiu na criação da Rede é porque ela acredita na reforma política como a primeira reforma. Ela acredita que é por aí: se não passar pelo político nós não vamos mudar.

      Mas muitos acreditam que o início de um eventual governo Marina Silva terá uma certa paralisia no país. Esse risco existe?
      Acho que não. Estamos vivendo um momento histórico brasileiro, absolutamente inédito.
      Ontem [20.ago.2014], Marina falou uma coisa que me fez sentido. Toda a homenagem feita pela sociedade e a comoção com a morte do Eduardo, embora a maioria das pessoas nem o conhecessem, foi uma demonstração de que as pessoas têm um respeito pela política. Não é que ninguém quer saber de política e que política não faz parte da vida. Mas que quando se apresenta uma liderança política, essa liderança política é homenageada.
      Estou querendo dizer que acredito que isso tudo que aconteceu, com a morte do Eduardo, que nós estamos respondendo às manifestações de 2013.
      A governabilidade vai existir como existiu ato contínuo depois do movimento [de junho de 2013]. Votou-se e se aprovou sei lá quantas medidas que estavam engavetadas, em uma forma de pressão.
      É lógico que depois vai depender da capacidade da Marina, caso eleita, e de sua equipe.

      Quais foram os principais erros do governo Dilma Rousseff?
      Quando a Dilma assumiu, fiquei com uma esperança. Achei aquela posse uma coisa digna. As primeiras falas. Nos primeiros meses eu tinha mudado a minha percepção em relação a ela, achando que ela ia acontecer.
      Ao longo do tempo, no meu entendimento, o principal problema do governo Dilma é a questão política. Acho que ela tem uma incapacidade de ouvir. Tem um discurso absolutamente racional, de uma gerente, gestora.
      É bom ser gestora, mas gestora tem que ter liderança. Acho que ela não tem essa capacidade política, de ouvir e de agregar as pessoas. Ela desagrega. Essa centralização e falta de visão política, no meu entendimento, fazem com que ela queira estar em todos os ministérios. É impossível ela conseguir gerir todos os ministérios. Fica fazendo coisas erráticas e sem planejamento. Acho que são essas as principais dificuldades. Incapacidade política, uma incapacidade de ouvir.

      E de liderar, seria isso?
      E de liderar, exatamente.

      Há uma declaração sua dizendo que Dilma reproduz um modelo masculino dentro do governo. O que é isso exatamente?
      O século 21 é o século do novo. Está nos colocando o desafio de construir uma nova sociedade. A construção de uma nova sociedade é um olhar muito mais feminino. A mulher é que dá à luz. Esse olhar feminino tem que ser diferente, não é o mesmo olhar do masculino. Tem que saber equilibrar o masculino e o feminino. Todos nós temos o masculino e o feminino.
      É uma visão e uma ação. Não é só o olhar, mas é uma atuação. Você tem que saber ouvir, saber acolher, saber ser criativo, saber lidar com os diferentes, e com o inusitado. E saber acompanhar. E ao mesmo tempo tem que ter muita firmeza. Não é uma coisa mole, chorosa. Muita firmeza, muita determinação. Tem que ter esse equilíbrio.
      Acho que a Dilma reproduz uma liderança masculina. Claro que tudo isso é radical, óbvio. Um bom líder tem que ter sempre os dois mecanismos. A Dilma é aquela pessoa dura, que bate na mesa, que briga, que fala que “eu vou fazer, eu vou acontecer, eu sei”. Isso é, no estereótipo, uma liderança muito mais patriarcal do masculino, do coronelismo brasileiro, do político tradicional que vai resolver tudo sozinho.

      As atitudes e a forma de governar da presidente evocariam uma forma de governo antiga?
      É isso.

      Há uma crítica recorrente sobre a criação da Rede Sustentabilidade: se Marina Silva foi incapaz de fundar um novo partido, porque deixou para fazer muito em cima da hora, como conseguirá governar o país?
      Um ponto que eu acho que foi verdadeiro que foi muito em cima da hora. Foi, assim, no tempo limite.

      Exato.
      Isso é um ponto realmente. E por que não foi antes? Não foi antes porque a Marina não queria sair do PV e entrar em um outro partido sem saber qual era aquela base. Ela sempre falava: “Eu não posso pular no escuro, nós temos uma base para criar um novo partido?”.
      Porque você tinha uma base do PV que não se confirmou. Era então preciso construir essa base.
      Precisava se consolidar uma base que tornasse possível a criação do partido. Outros partidos que não têm base nenhuma, zero, foram criados na base burocrática. Não era o que a Marina queria.
      Marina queria criar um partido orgânico. É um partido orgânico porque tem diretórios em todo o país, tem uma militância, mas não se concretizou na questão burocrática que os outros concretizaram.

      Com a Marina candidata a presidente, como vai ser a arrecadação de fundos para a campanha? Vai ser melhor ou pior do que estava sendo com Eduardo Campos?
      Vai ser melhor, com certeza.

      Por quê?
      Porque a gente já está vendo isso. Porque eu fiquei até chocada, para dizer bem a verdade.

      Mas por quê?
      Não sei. Mas o que eu quero dizer é assim… Acho que é o pragmatismo, saiu a primeira pesquisa…

      Pelo fato de ela ser mais competitiva, pelo menos nesse momento do que estava sendo Eduardo?
      Sim, pela pesquisa, só por isso.

      Houve um aumento…
      A procura.

      De possíveis doadores?
      Isso. Agora, várias pessoas da Rede receberam telefonemas de pessoas, empresas, que estão interessadas em fazer doação.

      Se Marina Silva vier a ser eleita a presidente da República você gostaria de ajudar participando do governo? Com um cargo?
      A gente nunca discutiu cargo. Ainda mais com a Marina. Mas eu certamente estarei ao lado dela. Não sei como, mas certamente estarei.

      E se ela te convidar para participar em algum cargo, você estaria à disposição de ajudá-la?
      Estaria à disposição.

      A sua família, a família Setubal, é acionista do Banco Itaú. O Itaú tem relações com o governo. Teve uma autuação da Receita Federal e recebeu uma multa de um valor altíssimo, quase R$ 19 bilhões. Se você vier participar do governo, haveria conflito de interesses?
      Acredito que não porque eu sou acionista do Banco Itaú. Logicamente, faço parte da família, mas eu nunca ocupei nenhum cargo no banco nem no Itaú Social. Nunca participei. Participo do Conselho Consultivo que não é nem deliberativo.
      Outro dia eu estava com meus irmãos e a gente estava conversando. O Brasil foi outro Brasil. Pensar que meu pai [Olavo Setúbal, 1923-2008] foi convidado a ser presidente do Banco Central, ele não aceitou, na época do [governo] João Figueiredo [1918-1999]. Imagine que conflito de interesse seria. Mas se passava naquela época. Ditadura. E outra coisa: o José Carlos Moraes de Abreu, que era presidente do banco, participava do Conselho Monetário Nacional [risos]. Outro mundo, né? Outro mundo. Isso que era conflito de interesse real.

      O Banco Itaú vai contribuir com as campanhas neste ano?
      Não sei. Imagino que já tenha até contribuído, mas não tenho certeza.

      Na conversa com os seus irmãos esse assunto não surge?
      É porque o banco, como todos os demais bancos, contribui com todos os candidatos.

      O Supremo Tribunal Federal está para concluir um julgamento que vai resultar no veto a doações de empresas para partidos e para políticos. É uma boa providência?
      Na minha opinião, devia ter um teto. Um teto para pessoa jurídica. Um teto, já tem, mas é altíssimo, de 2%, sei lá, do faturamento. Devia ter um teto muito mais baixo.

      Como é sua relação hoje com Marina?
      É muito próxima. Acho que desde 2010 a gente construiu uma relação muito próxima.

      Falam por telefone? Com que frequência?
      Ah sim, quase todo dia. Quase todo dia. A gente se fala por telefone bastante.

      Vocês não se conhecem há muitos anos?
      Não, desde só de 2010, 2009. Sou muito ligada a Oded Grajew, Guilherme Leal. Guilherme eu conheço desde a adolescência. Foi a partir daí que participei do movimento Brasil Sustentável, que lançou a Marina.
      E foi uma relação que a gente teve uma identidade muito forte, as duas, com as vidas opostas. Acho que a Marina tem essa capacidade, embora todo mundo fale que ela seja intransigente, que ela não tem diálogo. Mas ela é a pessoa que eu conheço que tem essa capacidade de conversar com o Roberto [Setubal], meu irmão, e com outros e todo mundo.

      Acesse a transcrição completa da entrevista

      A seguir, trechos da entrevista:

      *

      Folha/UOL – Como foi a semana depois da morte de Eduardo Campos até a escolha formal de Marina Silva como candidata a presidente?
      Neca Setubal – Foi uma das semanas mais intensas que vivi em toda a minha vida.
      A convivência com o Eduardo [Campos] durante todo esse tempo tinha sido muito intensa. Nós aprendemos a gostar muito do Eduardo, a respeitar, a admirar.
      Tem vários depoimentos de pessoas que tinham se afastado e que aos poucos, vendo o Eduardo, convivendo com o Eduardo, começaram a voltar a ficar mais próximos.
      A Marina ficou completamente derrubada nesse momento [da morte], pela relação que ela tinha construído com o Eduardo. Apesar de toda a imprensa relatar muitas intrigas, para as pessoas que me perguntavam eu sempre falava: “Acho que tem diferença, especialmente das equipes locais, mas ela e o Eduardo têm uma sintonia impressionante”. Era incrível a sintonia dos dois. Havia complementaridade, respeito e admiração.
      Foi um impacto muito grande. Nos dois, três primeiros dias, houve uma imobilização, realmente, de luto.

      Na quarta-feira [20.ago.2014], houve alguns momentos de tensão entre os grupos do PSB e da Rede?
      Talvez tenha havido tensão interna no PSB, mas de grupos. Eu não sou tão ligada às questões partidárias, não acompanho isso. Não sei dizer [se houve tensão]. Da Rede, nenhuma. Nenhuma no sentido de que nós nos recolhemos. Obviamente, a gente achava que isso [Marina ser candidata a presidente] iria acontecer. Ela não teria como não ser. A gente também acreditava que o PSB não tinha como não lançá-la como candidata.

      E no plano dos assessores? Houve a nomeação de Walter Feldman como coordenador. Antes, era Carlos Siqueira. Aí houve tensão?
      O Carlos Siqueira é muito ligado ao Eduardo. Acho que desde sempre ele já era ligado ao Miguel Arraes. Ele está muito sensibilizado ainda. Como todos. Houve um certo desentendimento dele em relação ao desejo da Marina tê-lo como coordenador. A Marina sempre teve uma relação muito próxima ao Carlos Siqueira. A mudança para o Walter Feldman é porque agora, como a campanha tem um novo CNPJ, a coordenação financeira precisa estar ligada com a Marina, porque ela será a responsável -junto ao PSB, logicamente.

      A partir de agora, a regra para receber doações terá as restrições impostas pela Rede, que rejeita dinheiro de algumas empresas, como a do setor de fumo, por exemplo?
      Isso ainda não foi discutido. Acredito que em 2010 a Marina não recebeu doações da indústria do tabaco e de armas. Obviamente, com Eduardo teve outra conotação. A campanha já [doações] recebeu de [empresa de] bebida alcoólica. Não sei se de agrotóxico, talvez tenha alguma restrição. Mas eu não sei. Eu acredito que não terá de bebida alcoólica.

      No caso de tabaco, se houve alguma doação como é que será tratado?
      Bom, aí já foi. Agora vai zerar tudo e vai começar de novo. É outro CNPJ.

      Como fica o programa de governo preparado em conjunto por você, pela Rede, e por Maurício Rands, pelo PSB? Temas como legalização do aborto e descriminalização da maconha estarão mencionados?
      O programa não entra em nenhum desses dois temas.
      Temos um tópico sobre política de drogas, de “drogadição”, dentro da área de saúde. Acreditamos que não seja um tema de segurança, mas de saúde, e está dentro dessa área mais em termos de prevenção, de recuperação. Não entramos na questão da descriminalização da maconha, nem a favor nem contra.
      Em relação ao aborto, temos no programa um eixo que trata das questões de cidadania e identidades. O foco desse eixo é a questão dos direitos humanos. Vamos tratar todas essas questões relativas às mulheres, relativas à saúde LGBT, em termos de direitos humanos, mas também não vamos entrar especificamente nessa questão. Ninguém é a favor do aborto, mas a favor de dar suporte às mulheres nessas situações.
      E tanto a Marina quanto o Eduardo já haviam se pronunciado sobre isso.

      Legalização do aborto não é uma questão mencionada?
      Não, não é mencionada. Não mencionamos esse termo. Mas está tratada em todas as questões que envolvem mulheres e apoio às mulheres e contra a violência.

      Haverá menção a mulheres que por eventualidade tenham praticado aborto e têm que receber apoio do Estado para um tratamento?
      Acho que isso sim. Isso sim. Está mencionado. Nesse caso, o SUS deve atender as mulheres.

      E para drogas o foco é no tratamento daqueles que são dependentes?
      No tratamento e na prevenção. Exatamente.

      A sua posição pessoal sobre esses dois temas é mais liberal do que era a de Eduardo e do que é de Marina?
      Em relação ao aborto, sou a favor. Acho que é um direito das mulheres. Acho que isso deveria ser liberado.
      Em relação às drogas, não tenho uma posição. Acho muito complexo.

      Eduardo Campos falou várias vezes que a meta de inflação seria perseguir 4,5% nos próximos quatro anos para assumir uma meta, de 3%, a partir de 2019. Isso vai estar explicitado no programa?
      Vai.

      Dessa forma?
      Dessa forma. Exatamente. A meta de inflação vai para o centro, para 4,5%, ao longo do governo de quatro anos. Para depois chegar a 3%. Isso está explícito.

      Economistas ortodoxos e alguns do governo dizem que para reduzir a inflação ao longo de quatro anos nesse nível seria necessário aumentar juros e produzir desemprego no país. Esse tema é tratado no programa?
      Não dessa forma, não vai dizer. Acho que não existe “vou aumentar juros”. Nenhum programa vai colocar dessa forma.
      O capítulo de economia tem um olhar que combina com uma parte da gestão de recursos naturais. Busca-se um diálogo com o desenvolvimento sustentável.
      O Eduardo [Campos] tinha um compromisso com o social. Ao mesmo tempo que enfatizava a gestão, nunca perdia de vista o compromisso com a questão social. Ele dizia que conseguiria compor: trazer a inflação [para o centro da meta] e ter responsabilidade fiscal. No programa de governo tem o que ele falou. Ele já havia falado de ter um conselho de fiscalização.

      Marina, como o programa já está pronto, concordava com todos esses pontos e vai assumi-los?
      Vai assumi-los. Vai assumir todos os programas. Ela tinha se posicionado em alguns pontos de uma forma diferente do Eduardo. Por exemplo, o caso do Banco Central. Ela achava que não era necessário ter uma autonomia formal do Banco Central. Ela não achava que precisaria…

      De uma lei…
      …De uma lei para dar mais autonomia. Mas acho que são os consensos. Existiam diferenças e o programa reflete o que é de consenso. Então ela, enfim, aceitou isso.

      No caso do Banco Central, como Eduardo propunha autonomia, mandatos para o presidente e diretores, isso tudo está mantido e será assumido por Marina?
      Será assumido pela Marina. A declaração dela é que vai assumir todos os compromissos do Eduardo.

      No caso do Banco Central, uma lei seria proposta?
      Muitas vezes, Marina falava: “Bom, isso não era a minha posição, mas essa foi a posição do Eduardo e a gente concordou com isso”. Então, ela vai assumir essas posições.

      A autonomia do Banco Central?
      É.

      Há no programa alguma explicação objetiva sobre como fazer para que a inflação recue para o centro da meta de 4,5% ao ano?
      Nesse detalhe, não. Mas o programa foca pontos muito claros.
      Destaca metas da inflação, o tripé [macroeconômico]. Destaca muito fortemente a reforma tributária, a responsabilidade fiscal muito grande da qual o Eduardo falava. Marina manterá isso. Nos primeiros meses [de governo], Eduardo falava, entregaria ao Congresso uma proposta de reforma [tributária] que se daria ao longo do governo dele. Isso será mantido, está no programa de governo.

      Mas como será possível baixar a inflação, manter os programas sociais, ampliando até alguns programas e ter responsabilidade fiscal?
      A gente tem sempre que se reportar ao Eduardo, principalmente nesses temas macroeconômicos. A história dele é de muita coragem. Arriscava. Ele trazia para as pessoas o resultado dele em Pernambuco. Claro, Pernambuco é um Estado pequeno, obviamente. Mas em Pernambuco ele conseguiu virar a história, em termos de desenvolvimento econômico.
      O que ele havia passado a falar ultimamente é que todo mundo perguntava de onde iria tirar os recursos para a educação integral de ensino médio, para o passe livre -que custa R$ 12 bilhões por ano-, o ensino integral custa R$ 20 bilhões. Ele falava: “Então, e os R$ 50 bilhões da energia por causa do rombo que aconteceu? E quando a taxa Selic aumenta 0,5 ponto percentual, que significa R$ 15 bilhões na dívida?”.
      Essa era a fala dele. Não sei como a Marina vai construir essa narrativa.

      Há em geral uma dúvida no establishment a respeito de Marina. Eduardo Campos foi governador de um Estado por oito anos. Tinha experiência administrativa. Marina Silva não tem. Como ela responderá a essa crítica?
      Acho que é muito relativo. Hoje, temos uma presidente cujo perfil é de gestão, pragmático, racional. Talvez o oposto da Marina. E o resultado que nós temos é bastante insatisfatório. Toda essa fala da Dilma gestora se desfez ao longo de quatro anos.
      Mesmo os números de entrega do PAC são muito abaixo [do esperado].
      Fernando Henrique tinha pouca referência de gestão. O Lula acho que nenhuma, menos ainda que Marina -que foi por quase oito anos, sete anos, ministra do Meio Ambiente, além de senadora.
      Eu entendo que o mercado se preocupe. Aí a complementaridade Eduardo e Marina era uma coisa muito bacana, muito boa. Mas isso para mim, realmente, não é um problema. Por que não é um problema? Pelos exemplos que eu dei anteriores, e porque acho que a principal qualidade do presidente da República é liderança, é ter uma visão política. No Brasil não faltam técnicos bons. A questão é ter um olhar técnico com uma visão política.
      Tem que ser competente, lógico. Mas tem que ter uma visão política e tem que ter uma visão, uma liderança. Escolher as pessoas certas. E aí a Marina, diferentemente do Eduardo, cada um com seu estilo, a Marina é uma pessoa que trabalha em equipe. O Eduardo era uma pessoa muito mais centralizadora. A Marina é uma pessoa de equipe.

      Vai ser necessário que no lançamento do programa de governo Marina faça uma síntese de compromissos na área macroeconômica?
      Talvez. Vamos começar a trabalhar amanhã [22.ago.2014], o Maurício [Rands] e eu, sobre como vamos fazer o lançamento.

      Está segura de que Marina vai assumir todos os compromissos expressados por Eduardo?
      Vai, certeza. O mercado visualizando as pessoas que estão ao lado dela vai ter muito mais segurança. Ela já tem vários economistas. Terá outras, mais operadoras. Tem [Eduardo] Giannetti, André Lara Rezende, Eliana Cardoso, José Eli da Veiga. São economistas que têm um olhar mais acadêmico. Eles já dão um certo aval para o mercado -embora eu entenda que não seja suficiente porque eles são mais teóricos. Acredito que ao longo da campanha nós vamos ter outras pessoas que estarão se aproximando, que são mais, vamos dizer, operadores.

      E ela própria, a candidata Marina Silva, fazendo uma declaração mais específica sobre economia?
      Isso sem dúvida.

      Eduardo Campos defendia o fim da reeleição, mandatos de 5 anos coincidentes para todos os cargos executivos e legislativos. Isso está no programa?
      Está. Explicitamente desta forma. Marina é contra a reeleição completamente.

      Hoje, o Brasil tem eleição a cada dois anos. Nesse formato proposto, haverá só uma vez a cada cinco. Marina tem opinião a respeito desse aspecto da mudança?
      Acho que não é por aí. Por quê?
      A Marina personifica muito a nova política. A nova política que está em construção traz embutida uma maior participação da sociedade, ao longo dos anos. A eleição é um aspecto, claro. Talvez o mais importante. Mas está implícito que ao longo dos anos os cidadãos teriam muito mais possibilidade de participação, participação virtual, vindo de diferentes ferramentas que existem hoje.

      Isso está no programa?
      Está.

      De que forma será essa participação ao longo do mandato de uma eventual presidente Marina Silva?
      Inovação na democracia digital. Plebiscitos. Referendos.
      Esta nova forma de participação que os jovens estão fazendo, todos esses vários aplicativos. Trabalhar com transparência nas contas públicas, acompanhando.
      Eu sei que parece muito idealismo, “imagina romper com isso…”.

      Tem alguma ferramenta descrita, objetivamente, sobre a maior participação popular?
      Como seria alguma ferramenta não tem. Mas existe uma discussão, uma análise sobre isso.

      Seria mais desejável ter mais plebiscito, referendo?
      Isso está explicitado.

      É mais democracia direta…
      Mas com respeito aos partidos. Não é uma posição alternativa ao sistema político.
      Mas esse sistema político, no mundo, foi cunhado no século 19. Não dá, realmente, conta. Nós estamos em uma transição. Não está claro como será a nova forma de participação, mas é um momento no mundo de discussão desse sistema.

      Uma das dúvidas a respeito da eventual eleição de Marina Silva é como ela lidará com o Congresso Nacional. Haverá um impasse?
      Nós acreditamos que é possível fazer diferente e que tem que ser feito diferente e que isso não vai ser feito do dia para a noite.

      Mas em um primeiro momento? Para não haver uma paralisia.
      Teve o Itamar Franco [1930-2011; presidente de 1992 a 1995], que também teve problemas. Primeiramente, o PSB é um partido que não é tão pequeno assim. Você tem as alianças. Algumas alianças já com o PMDB. A Marina aposta nisso que o Eduardo também apostava. Ela tem certeza que as pessoas, que muitas pessoas do PSDB e do PT vão estar fazendo parte do governo, no Executivo.
      Agora, na Câmara acho que vai precisar muito diálogo mesmo. Aí uma pessoa como o Beto [Albuquerque] vai ser fundamental.

      Beto Albuquerque?
      Beto Albuquerque. Uma pessoa do diálogo, uma pessoa que sabe transitar nas diferenças, nos diferentes partidos, uma pessoa como Walter Feldman, que tem também experiência na Câmara.

      Só que dentro do Congresso tudo funciona muito na base das alianças formais…
      E das bancadas específicas.

      Exato. Digamos que a bancada do PMDB aceite apoiar o governo mas peça o Ministério dos Transportes. Esse tipo de negociação é viável num governo Marina Silva?
      Acho que não dessa forma.

      Seria como?
      Acho que a Marina vai negociar e discutir em termos de programa. Se o partido se comprometer com o programa de governo, acho que a discussão vai ser dentro dessa linha.

      O partido teria de dizer “eu concordo com o programa da presidente Marina Silva” e daí participa do governo?
      Acho que vai ter discutir. Dando um exemplo, no caso dos Transportes, vai ter que entrar na proposta de transporte. Como que o partido vai se colocar em relação a isso? Tenho certeza que será assim. Certeza.
      Claro que isso não vai mudar do dia para a noite. Não é possível. Mas a Dilma hoje tem uma coligação enorme. Tem 12 minutos na televisão e não consegue aprovar muitos dos projetos de lei que ela quer aprovar.
      Acho que é possível uma nova forma de acordo. Claro que tem que ter acordos. Faz parte da política. A Marina é uma política antes de qualquer outra coisa. Marina é uma pessoa política. Todo o olhar dela -eu vejo isso muito porque eu não sou. Não venho dessa área. Para mim é muito claro enxergá-la dessa forma. Toda decisão dela, as falas dela, tudo isso é dentro de uma visão do político. E quando ela insistiu na criação da Rede é porque ela acredita na reforma política como a primeira reforma. Ela acredita que é por aí: se não passar pelo político nós não vamos mudar.

      Mas muitos acreditam que o início de um eventual governo Marina Silva terá uma certa paralisia no país. Esse risco existe?
      Acho que não. Estamos vivendo um momento histórico brasileiro, absolutamente inédito.
      Ontem [20.ago.2014], Marina falou uma coisa que me fez sentido. Toda a homenagem feita pela sociedade e a comoção com a morte do Eduardo, embora a maioria das pessoas nem o conhecessem, foi uma demonstração de que as pessoas têm um respeito pela política. Não é que ninguém quer saber de política e que política não faz parte da vida. Mas que quando se apresenta uma liderança política, essa liderança política é homenageada.
      Estou querendo dizer que acredito que isso tudo que aconteceu, com a morte do Eduardo, que nós estamos respondendo às manifestações de 2013.
      A governabilidade vai existir como existiu ato contínuo depois do movimento [de junho de 2013]. Votou-se e se aprovou sei lá quantas medidas que estavam engavetadas, em uma forma de pressão.
      É lógico que depois vai depender da capacidade da Marina, caso eleita, e de sua equipe.

      Quais foram os principais erros do governo Dilma Rousseff?
      Quando a Dilma assumiu, fiquei com uma esperança. Achei aquela posse uma coisa digna. As primeiras falas. Nos primeiros meses eu tinha mudado a minha percepção em relação a ela, achando que ela ia acontecer.
      Ao longo do tempo, no meu entendimento, o principal problema do governo Dilma é a questão política. Acho que ela tem uma incapacidade de ouvir. Tem um discurso absolutamente racional, de uma gerente, gestora.
      É bom ser gestora, mas gestora tem que ter liderança. Acho que ela não tem essa capacidade política, de ouvir e de agregar as pessoas. Ela desagrega. Essa centralização e falta de visão política, no meu entendimento, fazem com que ela queira estar em todos os ministérios. É impossível ela conseguir gerir todos os ministérios. Fica fazendo coisas erráticas e sem planejamento. Acho que são essas as principais dificuldades. Incapacidade política, uma incapacidade de ouvir.

      E de liderar, seria isso?
      E de liderar, exatamente.

      Há uma declaração sua dizendo que Dilma reproduz um modelo masculino dentro do governo. O que é isso exatamente?
      O século 21 é o século do novo. Está nos colocando o desafio de construir uma nova sociedade. A construção de uma nova sociedade é um olhar muito mais feminino. A mulher é que dá à luz. Esse olhar feminino tem que ser diferente, não é o mesmo olhar do masculino. Tem que saber equilibrar o masculino e o feminino. Todos nós temos o masculino e o feminino.
      É uma visão e uma ação. Não é só o olhar, mas é uma atuação. Você tem que saber ouvir, saber acolher, saber ser criativo, saber lidar com os diferentes, e com o inusitado. E saber acompanhar. E ao mesmo tempo tem que ter muita firmeza. Não é uma coisa mole, chorosa. Muita firmeza, muita determinação. Tem que ter esse equilíbrio.
      Acho que a Dilma reproduz uma liderança masculina. Claro que tudo isso é radical, óbvio. Um bom líder tem que ter sempre os dois mecanismos. A Dilma é aquela pessoa dura, que bate na mesa, que briga, que fala que “eu vou fazer, eu vou acontecer, eu sei”. Isso é, no estereótipo, uma liderança muito mais patriarcal do masculino, do coronelismo brasileiro, do político tradicional que vai resolver tudo sozinho.

      As atitudes e a forma de governar da presidente evocariam uma forma de governo antiga?
      É isso.

      Há uma crítica recorrente sobre a criação da Rede Sustentabilidade: se Marina Silva foi incapaz de fundar um novo partido, porque deixou para fazer muito em cima da hora, como conseguirá governar o país?
      Um ponto que eu acho que foi verdadeiro que foi muito em cima da hora. Foi, assim, no tempo limite.

      Exato.
      Isso é um ponto realmente. E por que não foi antes? Não foi antes porque a Marina não queria sair do PV e entrar em um outro partido sem saber qual era aquela base. Ela sempre falava: “Eu não posso pular no escuro, nós temos uma base para criar um novo partido?”.
      Porque você tinha uma base do PV que não se confirmou. Era então preciso construir essa base.
      Precisava se consolidar uma base que tornasse possível a criação do partido. Outros partidos que não têm base nenhuma, zero, foram criados na base burocrática. Não era o que a Marina queria.
      Marina queria criar um partido orgânico. É um partido orgânico porque tem diretórios em todo o país, tem uma militância, mas não se concretizou na questão burocrática que os outros concretizaram.

      Com a Marina candidata a presidente, como vai ser a arrecadação de fundos para a campanha? Vai ser melhor ou pior do que estava sendo com Eduardo Campos?
      Vai ser melhor, com certeza.

      Por quê?
      Porque a gente já está vendo isso. Porque eu fiquei até chocada, para dizer bem a verdade.

      Mas por quê?
      Não sei. Mas o que eu quero dizer é assim… Acho que é o pragmatismo, saiu a primeira pesquisa…

      Pelo fato de ela ser mais competitiva, pelo menos nesse momento do que estava sendo Eduardo?
      Sim, pela pesquisa, só por isso.

      Houve um aumento…
      A procura.

      De possíveis doadores?
      Isso. Agora, várias pessoas da Rede receberam telefonemas de pessoas, empresas, que estão interessadas em fazer doação.

      Se Marina Silva vier a ser eleita a presidente da República você gostaria de ajudar participando do governo? Com um cargo?
      A gente nunca discutiu cargo. Ainda mais com a Marina. Mas eu certamente estarei ao lado dela. Não sei como, mas certamente estarei.

      E se ela te convidar para participar em algum cargo, você estaria à disposição de ajudá-la?
      Estaria à disposição.

      A sua família, a família Setubal, é acionista do Banco Itaú. O Itaú tem relações com o governo. Teve uma autuação da Receita Federal e recebeu uma multa de um valor altíssimo, quase R$ 19 bilhões. Se você vier participar do governo, haveria conflito de interesses?
      Acredito que não porque eu sou acionista do Banco Itaú. Logicamente, faço parte da família, mas eu nunca ocupei nenhum cargo no banco nem no Itaú Social. Nunca participei. Participo do Conselho Consultivo que não é nem deliberativo.
      Outro dia eu estava com meus irmãos e a gente estava conversando. O Brasil foi outro Brasil. Pensar que meu pai [Olavo Setúbal, 1923-2008] foi convidado a ser presidente do Banco Central, ele não aceitou, na época do [governo] João Figueiredo [1918-1999]. Imagine que conflito de interesse seria. Mas se passava naquela época. Ditadura. E outra coisa: o José Carlos Moraes de Abreu, que era presidente do banco, participava do Conselho Monetário Nacional [risos]. Outro mundo, né? Outro mundo. Isso que era conflito de interesse real.

      O Banco Itaú vai contribuir com as campanhas neste ano?
      Não sei. Imagino que já tenha até contribuído, mas não tenho certeza.

      Na conversa com os seus irmãos esse assunto não surge?
      É porque o banco, como todos os demais bancos, contribui com todos os candidatos.

      O Supremo Tribunal Federal está para concluir um julgamento que vai resultar no veto a doações de empresas para partidos e para políticos. É uma boa providência?
      Na minha opinião, devia ter um teto. Um teto para pessoa jurídica. Um teto, já tem, mas é altíssimo, de 2%, sei lá, do faturamento. Devia ter um teto muito mais baixo.

      Como é sua relação hoje com Marina?
      É muito próxima. Acho que desde 2010 a gente construiu uma relação muito próxima.

      Falam por telefone? Com que frequência?
      Ah sim, quase todo dia. Quase todo dia. A gente se fala por telefone bastante.

      Vocês não se conhecem há muitos anos?
      Não, desde só de 2010, 2009. Sou muito ligada a Oded Grajew, Guilherme Leal. Guilherme eu conheço desde a adolescência. Foi a partir daí que participei do movimento Brasil Sustentável, que lançou a Marina.
      E foi uma relação que a gente teve uma identidade muito forte, as duas, com as vidas opostas. Acho que a Marina tem essa capacidade, embora todo mundo fale que ela seja intransigente, que ela não tem diálogo. Mas ela é a pessoa que eu conheço que tem essa capacidade de conversar com o Roberto [Setubal], meu irmão, e com outros e todo mundo.

      Acesse a transcrição completa da entrevista

      A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets, com opção de assistir em HD):

      1) Principais trechos da entrevista com Neca Setubal (10:50)

      2) Marina dará autonomia ao BC e chamará operadores do mercado (2:42)

      3) Com Marina, crescem doações para campanha, diz Neca Setubal (1:02)

      4) Muitos do PT e do PSDB estarão no governo Marina, diz Neca (3:40)

      5) Neca: Dilma não lidera nem equilibra masculino e feminino (3:24)

      6) Nova política exigirá mais plebiscitos e referendos, diz Neca (3:11)

      7) Neca: Aborto é tema de saúde para Marina, mas não será liberado (1:14)

      8) Marina trabalha em equipe; Eduardo centralizava, diz Neca Setubal (2:11)

      9) Se Marina vencer, estarei ao seu lado, diz Neca Setubal (0:33)

      10) Ser acionista do Itaú não produz conflito de interesses, diz Neca Setubal(1:47)

      11) Falo com Marina todo dia, diz Neca Setubal (1:26)

      12) Quem é Neca Setubal? (1:48)

      13) Íntegra da entrevista com Neca Setubal (72 min.)

       

      1. Quem manda é a Neca Setúbal e não Erundina

        Gilberto, que coisa heim, tá mais feio do que eu imaginava, o mercado financeiro de olhos nos mais de 300 bilhões de reservas do nosso pais, sem falar no pré-sal com sua previsão de faturamento de mais de 27 trilhões de reais nos próximos anos, o que justifica esse jogo sujo pelo poder por parte dessa elite prá lá de esperta:

        Folha: “No caso do Banco Central, uma lei seria proposta?
        Neca Setúbal: Muitas vezes, Marina falava: “Bom, isso não era a minha posição, mas essa foi a posição do Eduardo e a gente concordou com isso”. Então, ela vai assumir essas posições.

        Folha A autonomia do Banco Central?
        Neca Setúbal: É.

        1. Estava tudo pronto?

          Avatar, 

          Penso que esta entrevista, não saiu hoje por acaso. Ela demonstra que ainda há uma forte disputa interna no PSB. Há muita gente tentando assumir o comando da campanha, uma parte com o apoio da imprensa. Penso que Neca Setubal pertence claramente a este tipo.

          Entrevista encomendada, e com que rapidez.

          Sai de baixo!!!

  1. Pode ser que Erundina segure

    Pode ser que Erundina segure o partido, mas as declarações da nova coordenadora do programa de governo de Marina, Neca Setúbal deixam  muito a desejar. O Banco Itaú vai governar o Brasil sob a sigla do PSB? Sim, porque isso está implícito  no programa econômico citado por Neca, com a independência do Banco Central e uma assessoria especial de profissionais do mercado para conduzir e dar a Marina a experiência que ela não tem, nem nunca teve. Ahi, mamãe, socorro!

  2. Pode ser que Erundina segure

    Pode ser que Erundina segure o partido, mas as declarações da nova coordenadora do programa de governo de Marina, Neca Setúbal deixam  muito a desejar. O Banco Itaú vai governar o Brasil sob a sigla do PSB? Sim, porque isso está implícito  no programa econômico citado por Neca, com a independência do Banco Central e uma assessoria especial de profissionais do mercado para conduzir e dar a Marina a experiência que ela não tem, nem nunca teve. Ahi, mamãe, socorro!

  3. Pode ser que Erundina segure

    Pode ser que Erundina segure o partido, mas as declarações da nova coordenadora do programa de governo de Marina, Neca Setúbal deixam  muito a desejar. O Banco Itaú vai governar o Brasil sob a sigla do PSB? Sim, porque isso está implícito  no programa econômico citado por Neca, com a independência do Banco Central e uma assessoria especial de profissionais do mercado para conduzir e dar a Marina a experiência que ela não tem, nem nunca teve. Ahi, mamãe, socorro!

  4. Sempre fui eleitor da

    Sempre fui eleitor da Erundina, estou cobrando dela a mesma posição tomada quando foi convidada para compor a chapa do Haddad em São Paulo. Não tenho outra candidata para votar e espero não perder a única que me sobrou. 

     

  5. Sempre fui eleitor da

    Sempre fui eleitor da Erundina, estou cobrando dela a mesma posição tomada quando foi convidada para compor a chapa do Haddad em São Paulo. Não tenho outra candidata para votar e espero não perder a única que me sobrou. 

     

  6. GMendes e STF

    Nassif,

    Nem lerei o texto.

    Abafar crise política convocando Luiza Erundina é sinal que o PSB pode continuar a fervilhar, com ou sem $$$ do Itaú.

    Tem a Rede Sustentabilidade, que nem existe mas já atrapalha bastante, tem o grupo político do PSB, tem a viúva Renata Campos , tem Gianetti e ainda tem a própria Marina Silva, ou seja, muita coisa que precisa ficar relativamente acomodada em curto espaço de tempo.

    Não creio que Luiza Erundina seja a pessoa indicada para lidar com este leque de problemas criado, em dois tempos, pela candidata cuja habilidade política fica próxima do zero.

    Como eu disse ontem, a única chance de disputa que esta candidata tem deve-se a GMendes e ao STF, que, com a contagem em 6 x 0, permitiu ao juiz  vista a um processo que já está resolvido, o de financiamento de campanhas políticas. Sem $$$ de terceiros, a acreana não teria qualçquer chance.

    Considero este fato um exemplo ímpar da falta de responsabilidade que existe no patropi, pois 6 x 0 num grupo de onze, zefini, ou nenhum dos onze conhece a matemática de padaria ?. 

     

  7. Se a Erundina está fazendo isso

    de sã consciência e de boa vontade, a erundina tamém foi devorada pela traíra. Traíra é um peixe predador.

  8. Erundina na capanha de Marina

    Erundina na capanha de Marina é uma punhalada nas costas dos que sofreram com ela durante o seu mandato como Prefeita de São Paulo quando ela foi, um dia, filiada ao PT.

    E ainda assim, o pragmatismo de Dilma e Lula são severamente criticados até mesmo aqui no blog.

    Quero ver mesmo é o quanto de pragmatismo Erundina vai ter que praticar e engolir tendo nas fileiras “socialistas” figuras como Bornausen e Heráclito Forte e, como pano de fundo e entusiasta marinista, toda a bancada do Itaú, da Natura, da Globo e dos “iluminados” que pregam o estado mínimo e o sufocamento de assaliariados (com a falácia da sustentabilidade e de que o pum dos bovinos polúi mais que monóxido da carbono) como saída para o “caos” em que o Brasil se encontra.

  9. A indicação de Erundina vai

    A indicação de Erundina vai criar maiores atritos internos.

    Agora por briga interna dentro do PSB por poder.

    Palavras ditas por um amigo do PSB.

    Aguardem.

    1.   Não estou dentro do PSB mas

        Não estou dentro do PSB mas não tenho dúvida a respeito disso.

        Erundida, goste-se ou não dela, não leva desaforo para casa. Marina, goste-se ou não dela, idem.

        O PSB que se prepare, porque Marina já ultrapassou Aécio, ou seja: qualquer fagulha entre elas será explorada à exaustão pela mídia.

      1. André ,acho que a midia já

        André ,acho que a midia já abraçou a Marina,a Entrevista  de Neca sobre o “Mercado”,não foi para os Mercadistas foi para midia, e acho que ela não  está alcançando Dilma no 2 segundo Turno,pois tão batendo muito na economia,e a midia faz o trabalho de Reforçar,aterrorizar….é só minha opinião.

         

        Att

         

  10. Esta Luiza Erundina é uma

    Esta Luiza Erundina é uma oportunista. Ficou indignada com a foto do Lula como Maluf, fêz um depoimento desqualificando a política Marina e agora vira coordenadora de sua campanha.

    Ainda, a Neca Setubal deve estar sonhando e sonhando com o barulho da máquina registradora de dinheiro.

  11. Socorro!
    Adoro Erundina

    Socorro!

    Adoro Erundina mas..faiscas a  vista!

    Vão bater de frente e não demora , são opostas..

    na primeira puxada de orelha de Erundina chamando

    Marina para o mundo real ela vai correr para floresta

    das vaidades.

  12. E o mundo gira.
    Disputa de

    E o mundo gira.

    Disputa de petistas com ex petistas, com proto petistas..

    petistas ..petistas aqui..ex petista ali.Alguem por favor ..

    mande um panfleto..Lula criou a oposição !

  13. Como eleitor e admirador da

    Como eleitor e admirador da combativa e coerente deputada Erundina, gostaria de saber dela se a candidatura Marina reúne um mínimo de elementos que possa qualificá-la como progressista.

    Eu estive no auditório do TUCA em 2010, quando Erundina deixou as mágoas com o PT de lado e apoiou Dilma no segundo turno. Trata-se de uma grande brasileira e alguém que coloca questões pessoais em segundo plano.

    Agora, existem dentro da atual candidatura do PSB diversas contradições, como a visão mercadista de Marina e seus assessores, a falta de base parlamentar e apoio de movimentos sociais, e a falta de clareza relativa a um projeto articulado de país.

    Espero que Erundina não me decepcione e coloque todos os pingos nos is.

    1. Quem está coordenando é a Neca Setúbal

      Veja o cometário de Gilberto feito mais cedo. O jogo sujo justifica o olho grande dos baqueiros: A economia do nosso pais é uma dais maiores e mais próperas do planeta, ainda não vimos nada

    2. e mais…

      as posições reacionárias e atrasadíssimas de marina, que, com certeza, não são aprovadas por erundina.      lembro-me do velho ditado: pior cego é aquele que não quer enxergar!!! apenas para relembrar algumas posições de marina: é homofóbica, contra pesquisa de células tronco, contra casamento de pessoas do mesmo sexo, contra a política de legalização do aborto, contra mecanismos de legalização das drogas leves etc… etc… etc… sem contar aquele discurso blablablá do qual não se aproveita nada e muitos acham lindooooo!!! ah! sua guru é neca setúbal, herdeira do itaú! ah! na sua gestão, a queda do desmatamento foi muito, muito, muito menor do que a de isabela teixeira. e nassif escreveu muito bem sobre os possíveis problemas na economia.    xô marina!!!    

    3. Abacaxi

      Acho que jogaram esse abacaxi no colo da Erundina. Está entre a cruz e a espada.

      Se mantem sua coerência histórica, teria que rachar;  protestar como quando Lula deu um aperto de mão com o Maluf em SP.

      Se tenta conciliar interesses (como está tentando) poderá estar fazendo, segundo seu próprio ponto de vista, pior que Lula, uma vez que este recebeu apoio emtroca de tempo na TV e ela está se abraçando com o capital e os rentistas.

      É uma sinuca de bico para o Socialismo do PSB. O responsável por esta situação, o fiador, já não está mais aqui para segurar o abacaxi.

  14. O jogo vai ser prá lá de sujo

    Acabei de atender o telefone e vi no bina que é o número 139056100. Uma gravação que na verdade era uma pesquisa sobre intenção de voto. Era como se fosse um questionário do IBOPE, só que apertando teclas para responder, sempre o Aécio na 1a. opção. A coisa tá feia, estão jogando com tudo, pesquisa desse tipo é ilegal, até que ponto essas operadoras de telecomunicação estão envolvidas nessa sabotagem contra o Brasil. Como Erundina pode se prestar a este serviço, é muito sem noção, me lembro de Erundina quando de um Encontro de Prefeitos em Goiânia, fui conhecê-la, aqueles passos vagorosos, e me pareceu uma pessoa ética, depois dessa de se aliar aos abutres econômicos que estão de olho no nosso pais, minha percepção é outra

    1. A máfia está indo com muita sede ao pote.

      Depois que respondi todas as perguntas, o robô ainda quis saber em quem votei em 2010. É bem provável que se eu tivesse respondido Zé Serra, o robô  viesse continuado a conversa mas, diante da minha resposta, de eleitor decidido, agradeceu e desligou. Fiz uma pesquisa com o número do telefone que me ligou, o  139056100, mas só apareceram links estrangeiros, vou procurar saber dessa história, acionar a operadora, no caso a GVT, tel fixo,  tenho direito de saber, não é mesmo. A máfia está indo com muita sede ao pote.

      https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=139056100

    2. “…sempre o Aécio na 1a.

      “…sempre o Aécio na 1a. opção…”

      A culpa vem da Fenícia, Grécia e Roma que insistiam em colocar a letra A como a primeira do alfabeto…

  15. absorvente.

    E a erundina que se rebelou algumas ocasiões contra esse tipo de arranjo, vai se prestar agora à absorvente para conter o sagramento dessa falsa aliança entre o Rede e o PSB?

    1. So dura ate Erundina tiver

      So dura ate Erundina tiver que se pronunciar a respeito da prometida-pelo-Itau “independencia” do bc…  Ai ela roda a baiana.

  16. Triste papel

    Triste papel o da Erundina que um dia mostrou que era mulher de fibra e hoje amoleceu. Aliou-se à direita mais raivosa que infernizou sua gestão na Prefeitura de São Paulo e a processou na justiça. Foi socorrida pela solifariedade de petistas que a admiravam. Hoje virou esse adendo esquisito da campanha de Marina onde quem manda de verdade é o Itaú. Diferente do Maluf é?!!! Erundina mostrou ser tão oportunista quanto qualquer dos políticos que criticava. Triste, muito triste papel.

    1. Diferença

      Diferentemente do Maluf que apoiou o PT na eleiçaõ municipal e não teve papel relevante algum na gestão do Haddad. Veja-se a ntrevista da Sra. Neca Setubal, do Itaú, a Fernando Rodrigues no UOL: ela fala como quem domina o cenário.

      1. “Diferentemente do Maluf que

        “Diferentemente do Maluf que apoiou o PT na eleiçaõ municipal e não teve papel relevante algum na gestão do Haddad”… opa, opa, opa!!! Informe-se antes, meu querido

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