Haddad é bem avaliado pelo mercado, mostram FT e Bloomberg

Disparada do dólar tem mais relação com alta de juros nos EUA do que com cenário eleitoral brasileiro e, ainda, está longe de superar alta de 2002 
 
Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula 
 
Jornal GGN – Nas vésperas da eleição presidencial em novembro de 2002, o dólar no Brasil disparou quebrando todos os recordes desde a implantação da moeda: R$ 3,99 (considerando o valor nominal, sem descontar a inflação). 
 
Na época, a causa para a debandada de investimentos do país foi a eleição de Lula, em outubro daquele mesmo ano. O mercado acreditava que o novo presidente iria cancelar o pagamento da dívida externa. Mas errou. Em janeiro de 2006, o Ministério da Fazenda anunciou a antecipação do pagamento de dívida que o país tinha contraído com o Fundo Monetário Internacional (FMI), de US$ 15,57 bilhões. No segundo mandato de Lula, era a vez de anunciar a quitação de toda a dívida externa, então calculada em mais R$ 850 bilhões. 
 
Nesta semana, o dólar comercial bateu um novo recorde, vendido a R$ 4,20 e, segundo analistas escutados pela imprensa, devido à disputa eleitoral no país e ao movimento de alta na taxa de juros nos Estados Unidos. Alguns jornais chegaram a sugerir preocupação dos investidores com a volta do PT ao Planalto, agora com Fernando Haddad encabeçando a chapa do partido. O Valor, por exemplo, escreveu:
 
“Diante de uma das disputas presidenciais mais imprevisíveis na história do país, o que chacoalhou o mercado hoje [então dia 13] foi o risco de uma volta do PT ao governo (…) Segundo profissionais, muitos “trackings” (levantamentos) privados mostram o avanço do petista”. 
 
O primeiro ponto é que, um olhar mais atento, e que corrige a inflação, mostra que o alta do dólar hoje está longe de quebrar os patamares de 2002. Utilizando a ferramenta de cálculo disponível pelo Banco Central do Brasil descobrimos que para o dólar superar os efeitos econômicos daquele mês e ano, precisaria passar hoje dos R$ 11. 
 
                     
                                    *Considerando índice disponível até agosto/2018, quando dolar atingiu R$ 4,10
 
O segundo ponto, é que analistas de mercado escutados por jornais internacionais avaliam Haddad como um candidato capaz de acalmar os investidores externos. O britânico Financial Times, por exemplo, entrevistou o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, onde o petista deu aulas, afirmando que o candidato tem “histórico de conservadorismo fiscal quando foi prefeito de São Paulo”. O FT conclui que Haddad é um político “moderado” e que, inclusive, já “se reuniu com banqueiros”.
 
A agência especializada em notícias econômicas, Bloomberg, intitulou uma matéria sobre o candidato dessa forma: “Sucessor de Lula pode não ser o bicho-papão que os investidores brasileiros temem”. Além disso, reforçou o histórico de Haddad de bom gestor enquanto esteve à frente da prefeitura de São Paulo registrando de analistas do NCH Capital que candidato é “um pragmático, não ideológico”. A única crítica que os dois jornais fizeram é a resistência do partido em aceitar a reforma da Previdência, o que era esperado. 
 
Uma matéria do UOL Economia, publicada nesta quinta (13) sobre a disparada do dólar lembra que o cenário econômico brasileiro de 2002 tem poucas semelhanças com o cenário de 2018. O Banco do Brasil, por exemplo, possui hoje US$ 379,4 bilhões em reservas, um padrão histórico para a economia brasileira e deverá receber US$ 67 bilhões neste ano, de acordo com dados do Banco Central. 
 
Segundo o economista da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Vartanian, entrevistado por aquele portal, a alta de câmbio continuará nos próximos meses, mas o movimento se dá principalmente em razão de incertezas do desempenho das economias nos países emergentes diante do aumento das taxas de juros dos Estados Unidos. 
 
Redação

4 Comentários

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  1. Eu acho muita graça nessa

    Eu acho muita graça nessa historia de Haddad “moderado” e “investidores brasileiros”, como se a politica devesse ser feita apenas para “investidores” e o mercado e o povo que fique com migalhas.

  2. Vai manter o tripé

    Vai manter o tripé macroeconômico e as políticas neoliberais que trouxeram o Brasil até este ponto. Desenvolvimento do subdesenvolvimento não rola mais. Chega de continuísmo com o mercado rentista!

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