Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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O acerto e os erros do PT, por Aldo Fornazieri

O acerto e os erros do PT

por Aldo Fornazieri

O PT está certo em manter a candidatura Lula. A correção dessa tese se deve a alguns motivos: cabe ao Judiciário, arbitrário e persecutório, excluir Lula das eleições e não ao seu partido. Seria faltar com o dever da lealdade o PT excluí-lo. Ademais, se o Judiciário (incluindo a Justiça Eleitoral) é golpista, como de fato o é, é preciso confrontá-lo, tensionar o seu arbítrio até o limite. Manter a candidatura Lula representa uma tática correta para pressionar pela sua liberdade. Por fim, existe uma possibilidade, embora remota, que se consiga manter o registro da candidatura e o nome de Lula na urna eletrônica, fator que poderia representar a sua libertação e a vitória eleitoral e um estancamento da destruição do Brasil.

Mas a arte da política não é igual a uma soma matemática. A política é cheia de paradoxos, onde os pares antinômicos trocam a todo o momento de posições. O PT erra quando mantém a candidatura Lula a seco, sem ocupar espaços políticos e eleitorais no presente e sem construir uma alternativa diante da possibilidade de insucesso da manutenção e do registro da candidatura de Lula. Essa construção implicaria que se indicasse um candidato a vice desde já para que ele ocupasse os referidos espaços e apresentasse o programa do que Lula fará no governo, potencializando a luta pela sua liberdade e pressionando o Judiciário. Os políticos prudentes são aqueles capazes de antecipar o advento das adversidades futuras e de agir no presente ou para evitá-las ou para reduzir os seus efeitos danosos. E são aqueles que sabem medir as consequências de cada decisão e de cada ato político, adotando providências em relação a elas.

A direção do PT não vem sabendo conduzir o partido, a militância, os simpatizantes e os seus eleitores. Ela vem fomentando a tese despolitizada do Lula ou nada. Esta tese significa o seguinte: caminhar com Lula até o fim, mesmo que ele esteja excluído das eleições pelo Judiciário, o que equivale dizer que se a candidatura Lula for legalmente inviável será transformada numa anti-candidatura. Anti-candidatura é abstencionismo eleitoral, ao menos para as eleições presidenciais.

Se a anti-candidatura é uma opção, a direção do partido precisa anunciá-la para que os candidatos a outros cargos, a militância e os eleitores se preparem para esta situação e não sejam pegos de surpresa. E se esta é a opção, a prudência recomenda que se indague quais seriam as suas consequências. Uma das consequências previsíveis seria a despotencialização eleitoral do partido, com um aumento das dificuldades para eleger deputados, senadores e governadores. O PT não poderia ocupar o espaço de TV e rádio destinado à propaganda presidencial. Deixaria, inclusive, de ocupar esse espaço para denunciar o golpe, defender a liberdade de Lula, um programa para o país etc.

A palavra de ordem “Lula ou nada”, estimulada por setores da direção do PT vem gerando uma militância despolitizada, sectária, religiosa, agressiva, assemelhada à militância radical de direita, cujo único argumento é a ofensa contra aqueles que não concordam com ela. A partir de uma senha “Ciro não passa no PT nem com reza brava”, essa militância, incluindo alguns analistas, se dedica mais a atacar Ciro Gomes do que a atacar o governo, a direita, Bolsonaro, o PSDB e o centrão. Parte dessa militância volta também seu sectarismo contra Guilherme Boulos e Manuela D’Ávila, sugerindo que fazem o jogo da direita ou que são esquerdistas inconsequentes, cobrando uma coerência que passa longe do próprio PT.

Essa arrogância tacanha e irresponsável pode comover ânimos desolados e ressentidos, mas pouco ajuda a tarefa de defender a democracia, combater o golpe e enfrentar os neofascistas. Que direito têm essa arrogância de cobrar coerência dos outros? Ou o PT não se aliou a uma horda de partidos golpistas, com Michel Temer à frente? Ou o PT não está se aliando, agora, em 15 ou 16 estados, com partidos golpistas, a exemplo do PSD, PPS, MDB, PRB, PP etc.? As direções petistas têm seus motivos para fazer essas alianças, mas não se pode cobrar coerência dos outros quando não se tem coerência em casa. Critica-se Ciro por querer colocar um empresário como vice na chapa. Mas Lula não teve José Alencar, um dos maiores empresários do país? O que há de pior do que Temer?

A manutenção da candidatura Lula até o fim ou até uma decisão da Justiça Eleitoral deve implicar na consciência de que o PT caminhará sozinho nessa empreitada, mesmo que venha substituir Lula na reta final da campanha. É uma escolha que precisa ser respeitada, assim como precisam ser respeitadas as candidaturas de Ciro, Boulos e Manuela. É preciso respeitar essas candidaturas em nome da coerência, da responsabilidade e da ética, pois o campo progressista precisa fortalecer a frente democrática na luta contra o golpe e contra o fascismo, criando a perspectiva da unidade no segundo turno.

Quem coloca os interesses do povo acima dos interesses partidários precisa entender que o campo progressista não deve sair enfraquecido nas urnas, pois isto representaria o aprofundamento do caráter anti-social e anti-nacional do golpe. Atacar os candidatos do campo progressista significa fazer o jogo do conservadorismo, um jogo contra os interesses do povo. Cabe perguntar: o PT deve estar a serviço do povo ou de si mesmo? O sacrifício de Lula, preso injustamente, deve ser instrumento de luta a serviço do povo ou a serviço da cúpula do PT? A direção do PT não tem o direito de interditar o debate legítimo interno em nome de um argumento constrangedor: “quem quer debater alternativas é traidor de Lula”. A luta pela liberdade de Lula não pode ser instrumentalizada para fins dos conflitos e dos interesses internos o PT.

Lula vinha fazendo críticas autocrítica dos erros do PT desde 2014. José Dirceu, dois dias antes de ser preso novamente, fez autocrítica em entrevista à Rede Brasil Atual. Mesmo que parcial, foi uma autocrítica significativa. Não é possível que os mandarins da burocracia partidária continuem olímpicos no pedestal da arrogância, distribuindo éditos e sentenças condenatórias contra aliados, estimulando o destempero agressor daqueles que não têm argumentos.

Setores petistas, visando sobreviver politicamente, agora criaram uma nova tática ilusionista: radicalismo verbal na exigência da liberdade de Lula e inconsequência e imobilidade na prática. Ou não é verdade que desde a condenação de Lula em 25 de janeiro até sua prisão, em 7 de abril, não houve nenhuma mobilização significativa para defender o presidente? Ou não é verdade que desde a prisão de Lula, excetuando-se o ato de São Bernardo e a vigília em Curitiba, não há uma mobilização para a libertação de Lula? Parecem acreditar numa luz mística salvadora: os 35% das intenções de voto no presidente. Mas para que essas intenções se tornem algo concreto é preciso superar impasses terríveis e fazer mediações corretas com a realidade para que as intenções de voto não sejam apenas ilusões a fugir entre os dedos. Causa estupefação que os argentinos se manifestem nas praças pedindo a libertação de Lula e que no Brasil não aconteça nada parecido.

Os militantes e simpatizantes do PT precisam encarar a realidade, a verdade efetiva das coisas: 1) o PT não tem força para mobilizar milhões de pessoas para exigir e possibilitar a libertação de Lula; 2) o Judiciário não libertará Lula antes das eleições e é improvável que o liberte no curto prazo; 3) em que pese existirem brechas jurídicas, é improvável que o TSE aceite a inscrição da candidatura Lula, mesmo que sub judice. A tática do PT precisa responder e indicar caminhos a essas questões ou será uma tática que vende ilusões para comprar derrotas.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

 
Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

20 Comentários

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  1. Vice agora nao
    A tática de nao indicar o vice agora está corretíssima pois qualquer divulgação anteciparia a queimação antecipada do mesmo pela imprensa golpista, como ja começaram com wagner e haddad

    Apesar do medo da direita do nome e cara de lula na urna eletrônica ela deve estar la mesmo que lula ja eleito em 1o turno abdique por causa da ficha limpa e seu vice assuma como sarney e tancredo.

    Ao meu ver o unico erro da tática sao as coligações com os golpistas que vao eleger junto com lula um congresso fisiológico outra vez.

    1. Bruno, se o PT conseguisse

      Bruno, se o PT conseguisse emplacar isso – ou seja, o Lula aparecer na urna, for eleito em primeiro turno e seu vice assuma – seria a maior jogada política contra um golpe de estado, sem apelar pras armas. Um contragolpe de mestre contra o golpe. Mas infelizmente eu duvido que STF e rentistas permitam qu o nome de Lula apareça na urna em outubro. Afinal, como está mais do que provado desde a prisão de Lula, o STF não segue mais a lei, mas sim criam leis conforme a cara do freguês – que digam as decisões opostas da Benta Carneira, vulgo Carmen Lúcia, no caso do Aécio e no caso do Lula.

      Minha esperança está que haja uma transferência grande de votos de Lula pro candidato que o PT escolher. Esta escolha será feita aos 48 do segundo tempo. Se um candidato do PT já sair com 10 por cento de intenção de votos, a chance de ele estar no segundo turno é grande. 

       

  2. O Problema não é o PT, mas sim a postura dócil do próprio Lula d

    O Problema não é o PT, mas sim a postura dócil do próprio Lula de não convocar seus apoiadores a  resistir. Essa opção pela via institucional está desmobilizando sua base social que fica passiva e inerte esperando uma reação do partido. No dia da prisão do Lula em São Bernardo, os cerca de 20 mil apoiadores do ex-presidente estavam dispostos a lutar. Se o Lula não tivesse se entregado mais de 100 mil manifestantes se somariam aos que estavam resistindo em São Bernardo. Dependendo do que ocorresse no sindicato dos metalúrgicos do ABC as manifestações seriam encampadas pelos 32% que apoiam Lula incondicionalmente no país inteiro.

    Ocorre que Lula decidiu não reagir, mesmo que muitos militantes e dirigentes estivessem dispostos a lutar. O Lula chamou para sí a responsabilidade de resolver todos os problemas do país e infelizmente não há nada que o PT ou seus apoiadores possam fazer. Se o Lula acredita na via institucional e aceita ser condenado pacificamente por esse judiciário fascista docilmente o que os dirigentes petistas podem fazer?

    Só o Lula pode oferecer uma resposta para a crise. Não há ninguém que tenham o poder de desatar esse nó górdio. Se o ex-presidente decidir indicar um nome para sucedê-lo na campanha ou se vai indicar o Haddad para vice na chapa do Ciro Gomes, ninguém sabe. O certo é que a decisão caberá ao Lula e não à direção nacional do PT ou dos militantes do partido. Resta saber se o ex-presidente vai decidir o que fazer com seu capital político de 32% de apoio a tempo de vencer as eleições.

    Não sei qual será o desfecho dessa crise, no entanto acatarei o que o Lula decidir. Se ele julgar que a melhor saída é indicar o Haddad vice do Ciro, que assim seja. Mesmo não gostando do Ciro terá meu voto, mais por causa do Lula e do PT.

     

  3. Definitivamente o Fornazieri pisa a bola

    Não posso criticar este artigo apenas por ser um dos piores do Autor, pois já falei isso antes, mas, desta vez direi que o artigo é um dos melhores em favor do golpe e em favor da traição a Lula, ao PT e ao povo.

    Embora começando por reconhecer um fato que o próprio Fornazieri tinha desconhecido durante muito tempo – a legitimidade do Lula candidato – o texto é tão, mas tão ruim, que dá preguiça responder e, se o fizer, é difícil saber por onde começar, então tentarei pela ordem:

    Colocar agora um vice, embora seja apenas “uma pontinha”, poderia indicar ao povo uma estratégia inadequada e inoportuna. Além da divisão interna, o PIG faria um festival com o nome do vice, enchendo a bola como se candidato fosse, tirando o foco do Lula, desidratando a votação que hoje o PT ostenta.É feita uma crítica pesada acima da direção do PT, eleita democraticamente e que respeitamos. Ainda mais, o próprio Lula sinalizou este caminho, que considero correto, qual é forçar a barra contra o golpe mediante a sua candidatura, envolvendo várias estratégias dentro de uma só. Uma eleição sem Lula não vale nada. Sem Lula eles podem impichar a qualquer um eleito nesta eleição meia boca, quando quiserem, como fizeram com Dilma e agora querem fazer com Pimentel em MG. Afirma o autor sobre a militância do PT: despolitizada, sectária, religiosa, agressiva, assemelhada à militância radical de direita. Afirmação falsa e de absoluta má fé. O PT tem seguido como ninguém as atitudes democráticas que achamos corretas, sem violência, em forma pacífica e disciplinada. Estamos ganhando apoios e aumentando as intenções de voto no PT graças a isso.Atacar Ciro Gomes?: Essa foi demais! São os espertos que querem trazer a Ciro a toda hora dentro deste debate. Ninguém convidou ao Ciro para nossos debates e ninguém fala dele, apenas quando provocados a todo hora por gente como o próprio Fornazieri, que querem levar de graça a enorme votação que estamos pouco a pouco conquistando.Arrogância? Só pode ser do Fornazieri, de vir a desconhecer as orientações do próprio Lula e de milhões de brasileiros que acompanham e acreditam nesta estratégia.O PT caminha sozinho? Nada disso, o PT, como desde há muitos anos, caminha com a maior parte do eleitorado, inclusive de todo o eleitorado, pois a política gira ao redor do PT. O que há hoje é PT ou anti-PT, transvestido de muitas roupagens.Atacar candidatos progressistas? Não é verdade. Lula está com todos eles e, mesmo acreditando que seja o Ciro um sujeito progressista (que eu não acho), é ele mesmo quem tem comprado brigas com a esquerda.Instrumentalização do Lula? O PT está sendo absolutamente solidário com os desejos e orientações de Lula, mesmo sabendo que poderia fácil ganhar a eleição apostando as fichas em qualquer Ciro da vida. A luta do PT não é contra esta eleição, mas contra o golpe como um todo. Abandonar isso e partir para garantir eleição é o mesmo que reconhecer que tudo que foi feito pelos golpistas é válido e, pior ainda, que Lula seja culpado de alguma coisa.Fornazieri deve encarar a sua realidade, de um comentarista ultrapassado e injusto.

    O PT não vende ilusões Fornazieri, você é quem vende – como Judas – a candidatura de rebeldia do PT contra o golpe, apenas por alguma possibilidade esperta de fazer o Ciro Gomes gratuitamente presidente, com pouquíssimos votos dele mesmo, mas apenas pelos votos que você tenta aqui surrupiar de uma militância convicta e responsável pelo momento em que vivemos. Vai procurar a sua turma.

      1. Explicações para de idiotas para espertos!

        Bem, isso qualquer idiota como eu explica:

        O sistema eleitoral brasileiro e seus critérios de proporcionalidade e uso do tempo de TV quase que DETERMINAM tais alianças, e claro, isso não é um acidente, mas pensado e formulado para manter escolhas progressistas majoritárias sempre sequestradas por parlamentos conservadores.

        Um sistema de contenção.

        Por óbvio, as alianças não se farão onde o PT não precisa!

        Ou seja, ou o PT faz isso, ou deixa de disputar eleições e vai para a luta armada. Ou ganha a presidência e fecha o Congresso (até prefiro essas duas últimas).

        Viu, qualquer imbecil como eu sabe disso, e você não sabia?

    1. Camarada,

      Não vou acrescentar NADA ao que disse, salvo:

      – Tem caras que têm o condão de nos despertar um ódio que não dedicamos nem aos priores fascistas.

      – aldo é um deles.

      Só uma surra boa, de vara de marmelo, daquelas que se usava nas antigas.

      Surra de criar bicho e depois, banho de sal grosso em cima.

       

  4. Tá quase!

    Mais um poquinho e o aldo se revela!

    Não dá mais para levar a sério nada do que ele diz.

    A questão Lula não se resume em ter ou não ter eleição (eu acho que nem terá).

    Mas sim em manter alguma aparência de institucionalidade em um país que mantém um presidente sob sequestro após um processo ilegal.

    E aí o aldo vem com a cantilena de vice, táticas, candidatura a seco ou no molhado.

    Fica a dica: aldo, se filie ao PT e debate ali dentro o que acha de errado!

    É dentro do PT que se debate o que o PT deve fazer.

    Conselho? Se fosse bom a gente vendia…

    Eu posso falar isso, porque ainda sou filiado (ainda), e acho que o Lula se entregar do jeito que se entregou uma idiotice, uma covardia.

    Acho que a luta sem atos de afronta clara a institucionalidade um erro estratégico.

    Mas exigir que um partido que apanha desde que nasceu, que tem seu líder sequestrado, que diga que vai indicar esse ou aquele vice para agradar o ego de quem não tem peso algum, é o que?

    Que tática eleitoral suicida é essa? 

    O que o PT ganha indicando ciro (esse com letra minúscula, do tamanho dele), Haddad, Boulos, ou qualquer outro de forma antecipada?

  5. O acerto….

    Que acertos? Caudilhismo Messiânico Ditatorial. Vivemos 88 anos de Ditadura Getulista. E só. Não temos Politicas de longo prazo? Contribuição Sindical que dura quase 1 século. Contribuição que é Obrigatória? Contribuição à Entidade Privada é Imposto? E pode ser imposto? Eleições Obrigatórias. Obrigatório pode ser Livre? Ditatorial pode ser Democrático? Estado Farsante sustentado por Ditadura de Federações. Não à toa, hoje, noticia que TCU quer controlar e fiscalizar Orçamento de OAB. OAB de ascenção ditatorial juntamente com Caudilho, que dando Golpe Militar, chega ao Poder destruindo Democracia Plena, Republicana, Livre, Liberal e Facultativa. As Elites que ascendem, e não se reconhecem elites, dão sustentação à fraude. OAB que é construida para calar as Catedras de Faculdade de Direito do Largo São Francisco. De onde Estudadantes desarmados partiram para serem chacinados por Ditador, que tais Elites Esquerdopatas vangloriam até hoje. UNE nasce com a mesma função. E sob as bençãos da mesma Ditadura. Coincidência? Somos a Pátria das Coincidências.  E querem falar em Democracia em 2018? O Mundo já projeta o Terceiro Milênio. O Brasil roda no próprio eixo, Estado sem controle nem representação, atrelado à farsa ditatorial surgida nos longinquos anos de 1930. O Brasil é de muito fácil explicação.   

  6. Quem melhor tem julgado o PT

    Quem melhor tem julgado o PT é o golpe, são os golpistas. Rejeitando tudo de certo que fizeram (pensam que acertam nisso), quando estavam no poder, e aproveitando todos os erros, muitos sendo judicializados, por esse meio prendendo seus militantes, os mais notórios Lula e José Dirceu, que voltou para cadeia. Os mais graves de todos os erros a Lei da Ficha Limpa e nomear Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. Estruturaram o Judiciário para promover o golpe (já aí desrespeitando o Art. 5º da Constituição) e o Levy iniciando o desmonte das bases econômicas da política do PT, tudo direcionando rumo ao neoliberalismo. Houve outros, claro, adotado desde 2003, somente agora apontado por José Dirceu, o de não politizar as ações em benefício da população, não indo além da propaganda política, sem chamar o povo para participar das dec9isões, que o favorecia. Quanto à candidatura de Lula para presidente, melhor transcrever palavras de Breno Altman a respeito:  “Qual é a fortaleza, o que é que hoje permite à esquerda ter condições de resistir e enfrentar o golpismo em sua agenda? Qual é o fator fundamental de unidade? Lula. Esse fator fundamental de unidade representa grandes chances de vitória no primeiro turno se as eleições forem democráticas. É ao redor do Lula que se aglutina a resistência”. “Se é ao redor do Lula que se move a força do campo progressista, que diabos de estratégia é essa que propõe renunciar a esse fator? Qual é a inteligência dessa estratégia?”,

  7. Pra mim, Lula não será

    Pra mim, Lula não será candidato. Os que apoiam o golpe – o rentismo internacional – não tira uma presidente as custas de uma redução de 10 por cento do PIB per capita [ maior que a depressão americana dos anos 30] e 30 milhões de desempregados e sub empregados pra que Lula volte em 19. Ainda mais com a entrevista da Benta Carneira, vulgo Carmen Lúcia, na Band, em que pra mim ficou claro que o STF vai entrar com tudo pra evitar que o nome de Lula entra na urna (enquanto a gente ouve um monte de caso de prefeito que até preso disputa eleição – mas a lei pro Lula é diferente). A grande questão é saber o quanto de votos Lula transfere para o candidato do PT. Isso será feito as 48 do segundo tempo. Se um candidato petista (pra mim, hoje, os nomes pra essa função é Jacques Wagner e Haddad ) partir com 10 por cento nas pesquisas, há uma grande chance de que ele possa ir ao segundo turno – isso se lava jato e stf não o alvejarem antes. Seria o pesadelo dos golpistas que no segundo turno não houvesse um candidato ungido por eles – no caso, hoje, Alkimin, embora eu não descarte que se o picolé de xuxu não chegar a dois dígitos antes das convenções partidárias, ele terá seu tapete puxado por Dória e o joão dólla seja o candidato pra presidente – o que significaria que o reinado tucano em Sampa teria um fim após um tenebroso inverso de 25 anos. 

  8. Aldo morde e assopra (na sua trajetória)

    Na primeira linha: O PT está errado. E muito dividido. Isola-se, divide a centro-esquerda e a esquerda (sabe-se lá o que isso significa pois há matizes de várias esquerdas e centro-esquerda, há até direita-liberal-democrática com quem se deve contar, exemplo, Cláudio Lembo – mas os raciocínios simplistas, dualistas, autoritários, ensimesmados no próprio umbigo, ou 8 ou 80 sempre, vão ter dificuldade de entender isso).Ao longo da história, o PT que às vezes discursa pela união, foi quem mais dividiu (isso fica pra quem se der ao trabalho de examinar a História). Um dos erros ainda persistentes é o culto à personalidade, altamente stalinista e despolitizante, e, mais do que falta, o rechaço à autocrítica. Francisco de Oliveira, marxista original, André Singer, idem e corajoso na sua crítica interna, lançando A Crise do Lulismo :ambos não comparecem aqui. Por que será?

  9. Aldo ??!1 Alllllldo ??  ..ta

    Aldo ??! Alllllldo ??  ..ta escutando ?

    Olha  ..o país é o MESMO, as Instituições GOLPISTAS estão todas aí

    CIro mesmo, na cara de pau, como se nos fizesse um favor, disse que é a ULTIMA CHANCE estas eleições de out/18

    Fica difícil vc cobrar uma estratégia dum partido pra um momento eletivo SE, se os sujeitos do GOLPE estão todos aí, livres, leves, IMPUNES e soltos  ..pior, DITANDO regras e exceções casuísticas

    Fato, pra essa turma insaciável, quanto mais vc ajoelhar, mais terá que ajoelhar, até que não te sobre um fio de dignidade

    O que vc propõe, que se participe deste processo como se nada tivesse acontecido ou estivesse acontecendo ?

    aliás, só por participar já é um erro, pois acreditas-e, ou se finge, que o processo é legal, moral, JUSTO

    Afinal  ..será mesmo que esta “negação” em querermos  ver, ou admitir, que estamos sob o JULGO, sob as BOTAS de Golpistas VIOLENTOS, de seres traidores e abjetos, será que esta negação é tão grande a ponto de hipocritamente pedirmos pra que o campo afetado e agredido aja como se nada estivesse acontecendo ?

    O que é isso, estratégia ou rendição ?  ..MEDO de admitir que, em verdade, pelas regras e Poderes, pelo desenho, não temos mesmo nada, ou muito pouco a fazer  ..a não ser a rendição

    Pro BRASIL sair dessa, infelizmente, com estes sujeitos empodeirados, e com tanta hipocrisia pacifista sendo propagada, infelizmente tudo idindica que terá que piorar muito ainda

     

  10. Cartas de Pasárgada…o fim do começo?

    Camarada Arkx, aproveito o tempo sozinho, as meninas do sabonete Araxá foram àquela cidadezinha mineira visitar os parentes e assuntar outros assuntos conspirativos, porque Minas se conspira até para dar bom dia, Vossa Mercê sabe…

    Já chega de falar do aldo, ele que apodreça junto com suas iniquidades teóricas.

    Vamos falar do Brasil.

    Creio que, definitivamente chegamos a um ponto de não-retorno, e isso me preocupa.

    Sinceramente me preocupa.

    Tomemos como exemplo todos os países onde houve uma ruptura estrutural seguida de alguma tentativa de organização pós-captalista.

    Talvez o que mais se assemelhe ao nosso país atrasado e marginal dos eixos do capitalismo seja a Rússia de 17.

    Veja bem, não é uma analogia, ou uma comparação, tais são impossíveis.

    Mas de certa forma, a então Mãe Rússia era um modelo que mesclava avanços europeizantes com o atraso semi-feudal, sociedade patriarcal e sexista, uma disparidade enorme entre campo e cidades, um modelo autocrático, um tecido social corrompido e maltratado por uma guerra, um processo de deterioriação que levou ao colpaso da ordem social, tudo isso propelido pela ameaça da fome, tudo isso emoldurado em delírios de grandeza associado a um paradoxal sentimento de vira-latas .

    Claro que sei que tais premissas não se aplicam ao Brasil, nem de hoje, e nem de ontem.

    Nossos problemas são outros.

    Mas há semelhanças.

    Vivemos em guerra civil interna (pelo menos os dados de mortos revela isso), um modelo de representação de poder que não mais representa nada, assimilando ares de autocracia, uma enorme disparidade social, regressão de direitos e claro, o reaparecimento da forma de vida precária nas franjas das cidades e do campo.

    Embora cada dado histórico seja próprio a cada país pré-colapso (seja Rússia, China, Cuba, Haiti ou os EUA antes da Secessão), há um liame que os une a todos.

    A incapacidade de manter a luta política dentro dos limites da institucionalidade.

    É preciso repetir isso um milhão de vezes, pois como a mentira se repete para virar verdade, só a repetição incansável da verdade a tornará História!

    Nossas estruturas políticas, nosso modelo econômico, nossa vida em sociedade não mais respondem aos nossos anseios.

    E se sabemos disso, o que tememos?

    Tememos muita coisas.

    Cada classe se acomoda na estrutura social buscando suas zonas de conforto.

    É algo parecido com “está ruim, mas pode ficar pior”, quando as perspectivas não são de esperança (como foram dentro do pacto lulopetista…esperanças falsas ou consumistas, havia esperança!).

    Há um leve movimento que derruba essa concepção para o “não temos nada a perder”.

    Dentro da interação de classes, e dentro do seio de cada uma delas, há, sabemos, hierarquias distintas e que interagem, sejam dentro das próprias classes, sejam umas em relações às outras.

    Há um esforço tremendo de um certo setor da política nacional em “acomodar”, dizendo insistentemente às classes mais pobres que “está ruim, mas pode ficar pior”.

    Eu não duvido, mas eu tenho por hábito acreditar que nada bom veio sem antes uma piora considerável.

    E não sou eu que inventei isso, é a História das nações que ensina com seus fatos.

    Aí a desonestidadae desses setores “centristas” que gostam de se enxergar centrados: não dizer que mesmo depois de uma sensível piora, pode vir algo muito melhor!!!!

    Também sei que nem sempre todas as sociedades foram bem sucedidas em seus momentos pós-rupturas (o Haiti é exemplo clássico), mas sei, por outro lado, QUE TODAS, EU REPITO, TODAS as nações que passaram por algum processo de melhoria significativa de suas condições passaram por algum processo de ruptura violenta, de alteração dramática dos contornos e hierarquias de classes.

    Para não ser incorreto, vou excepcionar talvez o Canadá e os países da Oceania, mas ainda nesses países, pode-se observar que ou não foram construídos em bases tão desiguais desde o começo (como o Canadá) ou a desigualdade ainda é fator presente e relavante como incômodo, como na Austrália e a situação das populações originárias.

    E o Brasil?

    Bem, o Brasil, como sabemos, gosta de se imaginar “pacífico”, avesso a conflitos de grande monta, acomodando suas hierarquias de classe com “jeitinhos” e “cordialidade”, reproduzindo aquela (auto)imagem de país sem grandes catástrofes (outra mentira) naturais.

    Somos aquilo que chamamos de “um povo simpático”.

    Temos a simpatia hipócrita carioca, traiçoeira mineira, submissa do Nordeste, mas também a indiferença separatista do sul com o ódio paulista.

    Esse ingrediente do nosso macunaímico caráter (ou falta dele) nos torna avessos a qualquer possibilidade de luta aberta, em condições onde todos os contendores possam se ver e saber as regras.

    Nossa violência é covarde, é a que abate o mais fraco, ou que pula na água antes do tiro.

    Não à toa, nosso esporte de escolha (o futebol) é tão avesso a arbitragens tecnológicas e insiste na “hermenêutica” das intermináveis discussões de mesas-redondas pós-jogos. 

    Algo estranhamente parecido com nosso judiciário!

    É esse sentimento que é cultivado em cada família, e legado como herança.

     

    Eu não reinvindico que nenhum partido vá dar conta de organizar uma sociedade para a direção anti-capitalista.

    Nenhum partido revolucionário deu conta disso, nem os Bolcheviques, que de verdade, aproveitaram a deixa de Kerensky e sua inépcia para consertar aquilo que era, de fato, irreparável.

    O problema é justamente o depois.

    Nossa sociedade caminha para a desagregação geral e não há nenhum ente capaz de aglutinar tais forças depois do apocalipse.

    Querem negociar com o fim.

    E com o fim não se negocia, só é possivel negociar novos começos!

     

     

     

     

    1. Xadrez das instituições que se desmancham no ar

      -> Creio que, definitivamente chegamos a um ponto de não-retorno, e isso me preocupa. Sinceramente me preocupa.

      -> Nossa sociedade caminha para a desagregação geral e não há nenhum ente capaz de aglutinar tais forças depois do apocalipse.

      a temperatura caiu muito e as baixadas amanheceram cobertas pela geada, algo que há muito já não acontecia.

      no alto do Morro Pontudo tive um encontro absolutamente inesperado e incomum. um Pastor evangélico e quatro irmãos chegaram para orar.

      negro, simpático, bem articulado verbalmente, aparentando uns trinta e cinco anos, o Pastor se desculpa e pede permissão para ali estar.

      conversamos. ele conta ter iniciado um projeto junto a sua comunidade.

      os fiéis não devem se limitar a frequentar o templo em busca da palavra. precisam sair às ruas ao encontro dos humildes e necessitados. não para fazerem pregação religiosa, mas para se tornarem relevantes em suas cidades, atendendo às demandas concretas da população carente.

      acrescenta que nenhuma comunidade deve se fechar em torno de si mesma. e sim se voltar para fora, colocando-se a serviço da cidade em que vive.

      além disto, afirma ser preciso superar o fanatismo entre os seguidores de religiões. e também sempre alertava para não se ficar vendo em tudo o diabo.

      pretendia iniciar um trabalho de capacitação com cursos profissionalizantes, geração de renda revertida para a própria comunidade, bem como assistencialismo mais imediato aos muitos miseráveis.

      o Pastor me conta que se mudou não há muito tempo para uma das pequenas cidades próximas. por 15 anos trabalhara como técnico eletro-eletrônico na indústria automobilística, em São Bernardo do Campo (SP).

      não pude deixar de ficar o tempo todo refletindo sobre a metáfora viva daquele encontro. pois foi assim que a Esquerda perdeu suas bases sociais para o neo-pentecostalismo.

      enquanto isto, meus caros amigos do Congresso do Povo pretendem realizar apenas mais Congresso entre eles mesmos, cujo principal ausente, como tem sido, será o próprio Povo…

      .

  11. A censura da tragédia e/ou a tragédia da censura!

    aldo e seus que tais são como aqueles caras que querem censurar as mulheres de escreverem ou de falarem sobre as violências que sofrem.

    Como querem impedir que o PT transforme seu infortúnio em tática política.

    Concorde-se ou não, quem escolhe não é quem está de fora, mas quem tem sua pele ardida no fogo da inquisição, não?

    aldo e que tais são aqueles que torcem o nariz quando uma estuprada ou assediada vêm a público manifestar sua posição sobre o ocorrido, dizendo: “cruzes, para que reavivar tais fatos em nossa memória, não é melhor que outro conte a história?”.

    Ou seja, para aldo e seus fascistóides, as vítimas têm que ficar caladas e aceitarem a comiseração dos demais, abdicando do protagonismo do próprio sofimento!

    aldo, é enfim, um como outros quaisquer que andam por aí! Para tais, só o desprezo!

  12. O importante é:

    – Lula candidato pelo PT no momento (ou Lula ou nada);

    – Mais adiante anuncio de seu vice (escolha importante); 

    – Procurar apoio internacional contra a condenação e prisão arbritarias de Lula (fortalecer sua candidatura ao nobel da paz. E isso passa por programar encontros, debates, videos etc);

    – Apoio ao Boulos e Manuela D’Avila; 

    – Ciro Gomes tem todo o direito de sua candidatura. Ninguém aqui diz o contrario. Mas isto não significa que não haja criticas, assim como criticamos o proprio PT;

    – E para terminar: o PT e movimentos populares devem chamar as pessoas para as ruas, programar Atos de resistência à prisão de Lula e a não garantia de seus Direitos.

  13. seguindo a história

    A experiência tem mostrado que quando intelectuais querem mostrar como Lula e PT devem agir, os últimos sempre acertam em não seguir suas recomendações.

    Acho que o artigo desta semana melhorou em relação ao anterior, chega a enxergar acertos. Mas erra ao sugerir que se lance logo o candidato a vice. Enquanto o substituto eventual não se torna público ele continua sendo chamado de candidato do Lula. E este candidato do Lula lidera as pesquisas quanto se exclui o próprio. Se o substituro for sinalizado agora ele deixa imediatamente de ser tratado pela mídia como candidato do Lula e passa a ser alguém desconhecido que vai ter que ficar disputando voto com nulidades da esquerda.

  14. Sensacional artigo, a melhor

    Sensacional artigo, a melhor análise que li até hoje sobre a conduta do PT. Sinceros parabéns, Aldo.

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