Sem Bolsonaro no caminho, Witzel articula concorrer à Presidência em 2022 pelo PSL

Racha no partido pode beneficiar o governador do Rio, mostra reportagem do UOL; Segundo levantamento, sete dos 12 deputados fluminenses continuam com Bolsonaro

Jornal GGN – O racha no PSL entre o presidente Jair Bolsonaro e a direção nacional do partido, representada por Luciano Bivar, deve beneficiar Wilson Witzel. A informação é de reportagem do UOL.

O governador do Rio de Janeiro deseja se lançar candidato à Presidência da República em 2022 pelo PSL. Logo, o afastamento de Bolsonaro, que já manifestou que irá concorrer à reeleição, favorece seus planos de avançar na carreira política.

Bolsonaro manifestou nos últimos dias que deve deixar o PSL. A saída não será solitária e pode levar parte das bancadas na Câmara dos Deputados e nas assembleias legislativas nos Estados.

No Rio, o PSL conquistou a maior bancada na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), com 12 deputados federais. Segundo o UOL, sete parlamentares devem seguir os passos instruídos pelo filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, e cinco tendem a manter a fidelidade ao partido.

Witzel não foi eleito pelo PSL, mas sim pelo PSC. As duas siglas, no entanto, são aliadas. Nos bastidores discute-se um possível ingresso do governador do Rio no PSL com a saída eventual de Bolsonaro.

“O governador do Rio já manifestou vontade de concorrer à Presidência da República em 2022 —se trocar de partido, passa a contar com um fundo partidário maior do que tem hoje disponível no PSC”, escreve Gabriel Sabóia que assina a reportagem do UOL.

A dificuldade de escolha dos deputados que querem manter o apoio a Bolsonaro é que, saindo do PSL, eles perderão o tempo de exposição na TV durante a campanha eleitoral, além de um fundo partidário maior, que o partido ganhou direito de acessar por ter alcançado maior representatividade legislativa. Alguns deputados estaduais no Rio já manifestaram o desejo de concorrer a prefeituras no estado no próximo ano, 2020.

“Ao UOL, deputados estaduais que pretendem seguir ao lado do presidente disseram que apostam na criação de uma nova legenda por Bolsonaro, que poderia surgir a partir da fusão de dois ou mais partidos. Dessa forma, não seria necessária a abertura de uma janela partidária para a migração”, pontua Sabóia.

Os ataques de Bolsonaro contra o próprio partido começaram na semana passada, após novas matérias da Folha de S.Paulo sobre o escândalo de candidaturas laranjas, usadas pelo PSL nas eleições passadas para desviar recursos partidários.

Uma reportagem, divulgada há cerca de uma semana pelo jornal, revelou que, em depoimento à Justiça, um ex-assessor do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, comentou que “parte dos valores depositados para as campanhas femininas”, empregadas como laranjas do partido, “na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.

A matéria trouxe ainda dados de uma planilha apreendida em uma gráfica pela PF sugerindo que o dinheiro desviado de candidatas laranjas do PSL mineiro foi desviado como caixa dois para a produção de materiais das campanhas de Bolsonaro e Álvaro Antônio.

Dois dias após a reportagem, o presidente Jair Bolsonaro foi gravado pedindo a um apoiador que o aguardava na saída do Palácio da Alvorada para esquecer o PSL e ainda que o presidente nacional do partido, deputado federal Luciano Bivar (PE), ‘estava queimado’.

Desde então, a troca de farpas entre Bivar e Bolsonaro vem aumentando dividindo o PSL em duas alas. A avaliação inicial é que Bolsonaro quer descolar sua imagem dos escândalos do PSL.

Mas antes da crise entre Bolsonaro e PSL estourar, o senador Flávio Bolsonaro já manifestava problemas entre a família e a sigla. No mês passado, ele disse que os deputados fluminenses que votassem em favor de projetos de Witzel deveriam pedir desfiliação do PSL.

A desfiliação do PSL, entretanto, não é uma decisão fácil para os parlamentares, isso por causa da regra da fidelidade partidária. Segundo a normativa, políticos eleitos para cargos proporcionais no Legislativo, como deputados federais e estaduais, perdem o mandato se deixarem o partido.

Eles podem mudar de partido apenas durante a chamada “janela partidária”, lei criada em 2015 que, a cada ano eleitoral, abre o período 30 dias para que parlamentares mudem de partido sem perder o mandato.

Em entrevista ao jornal O Globo, Flávio Bolsonaro chamou Witzel de “ingrato” por criticar a gestão do pai e se colocar como pré-candidato à Presidência em 2020.

“Witzel diz que não contou com nosso apoio para se eleger, mas, na campanha, me procurou pedindo que assinasse uma autorização para poder divulgar fotos ao meu lado. Eu atendi. Não me arrependo, mas esperava mais consideração. Só existe uma palavra para isso: ingratidão. Ele é ingrato ao dizer que não se elegeu com o apoio de Bolsonaro. É uma narrativa que beira a traição”, disse Flávio.

“Quem quiser permanecer [com Witzel] vai arcar com o bônus e o ônus de ajudar um governo que será concorrente com o do Bolsonaro em 2022”, pontuou.

*Clique aqui para ler a reportagem do UOL na íntegra.

Redação

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