Ataques às urnas eletrônicas foram baseados em ficção

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Ao lado de Luis Nassif e Marcelo Auler, o jornalista Rubens Valente detalha os bastidores em torno de investigação da Polícia Federal

Os jornalistas Luis Nassif, Marcelo Auler e Rubens Valente discutiram a investigação da Polícia Federal em torno dos ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e o pedido do Ministério Público ao TCU na TV GGN 20 horas desta sexta-feira.

Rubens é colunista do portal UOL e autor dos livros “Os fuzis e flechas”, que fala sobre os indígenas durante a ditadura militar, e “Operação banqueiro”, em que relata os bastidores da Operação Satiagraha.

Sobre os dados de covid-19 no Brasil, o país registrou 184.311 casos nesta sexta-feira. A média diária semanal ficou em 177.287, queda de 3,3% ante sete dias, mas 50,5% acima do visto há 14 dias.

Quanto aos óbitos, 493 pessoas perderam a vida para a covid-19. A média diária semanal chegou a 659, alta de 38,8% ante sete dias e de 160,9% ante 14 dias. Dois estados não mandaram informações.

A média de casos globais em sete dias ficou em 2,445 milhões, queda de 12,7% em sete dias e de -9,4% em 14 dias. Dos 20 países com maior aumento de casos per capita, 16 são da Europa – destaque para Dinamarca, Eslovênia, Israel, Georgia e Portugal.

Notícias da sexta-feira

Entre os destaques desta sexta-feira, Nassif comenta sobre o depoimento do ex-ministro Abraham Weintraub à Polícia Federal. “O (Abraham) Weintraub foi depor na Polícia Federal aqui em São Paulo, e ele disse que um ministro do Supremo tentou comprar a casa dele. Ele é um mentiroso contumaz”, diz Nassif.

“O gabinete do ministro Ricardo Lewandowski disse que, através de uma corretora imobiliária, o ministro visitou duas casas no tal condomínio em São Paulo, que estavam à venda, mas nenhuma delas de propriedade do depoente – ele (Weintraub) aproveitou a coincidência e já criou esse pandemônio”, pontuou Nassif.

 Nassif também destaca matéria que saiu no jornal O Globo, onde o procurador-geral da República, Augusto Aras, tinha encaminhado uma ação contra senadores da CPI por espalhar fake news acatando uma denúncia do vereador Carlos Bolsonaro.

“A assessoria da PGR entrou em contato para falar que o que ele fez é um procedimento normal – você vai lá, uma denúncia assim, você encaminha para o denunciado para que ele responda. Então não tem nenhum endosso às questões do Carlos Bolsonaro”, disse Nassif.

Bloqueio de bens de Moro

Um ponto a ser discutido envolve o TCU (Tribunal de Contas da União) poder bloquear os bens do Sergio Moro por conta da descoberta de uma manobra tributária – “até foi o Tacla Duran que trouxe uma nota em que o Moro recebeu R$ 811 mil de uma empresa ligada à Alvarez & Marsal de engenharia, claramente visando contornar a tributação”, disse Nassif.

“Se ele (Moro) recebe nos EUA, ele paga imposto lá e aqui. Mas como ele é um juiz acima de qualquer suspeita, um cara que é contra as espertezas e tudo, ele fez essa manobra”, diz Nassif, lembrando que o procurador Lucas Furtado pediu o bloqueio de contas dos bens do Sergio Moro por suspeita de sonegação.

Ataques às urnas eletrônicas

“Outro ponto relevante é o envolvimento do general Braga Netto e da inteligência do Exército com o Bolsonaro”, diz Nassif.

“Nossa tese é o seguinte: Bolsonaro não é do dia a dia, ele não administra nada. Está nas mãos dos militares que estão no Palácio e do Centrão na parte política”, explica Nassif, lembrando que Bolsonaro chegou a recuar em suas acusações, mas voltou atrás.

Segundo Rubens Valente, um dos casos que tem o ministro Alexandre de Moraes como relator no STF envolve a live do dia 29 de julho de 2021, “na qual Bolsonaro fez vários ataques falsos, e mentiras e distorções, sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral no Brasil”.

“A pedido do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Supremo abre um procedimento – que lá chama-se petição. É uma espécie de pré-inquérito. O ministro Alexandre de Moraes determina à polícia, na figura da delegada Denisse Ribeiro, que investigue esse tópico nesta petição”, disse Valente.

O primeiro passo foi tomar o depoimento de dois peritos da Polícia Federal, que disseram ter sido convidados para uma reunião no Palácio do Planalto mais ou menos seis dias antes da live, em uma espécie de preparatória.

“Eles são especialistas em crimes cibernéticos, então o Palácio do Planalto – a pedido do Anderson Torres, ministro da Justiça – ouve essas duas pessoas em uma reunião com mais seis ou sete pessoas”, disse Valente. Entre as pessoas que estavam presentes nessa reunião, estão o diretor-geral da Abin, o ministro Anderson Torres, e o ministro Luiz Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência.

“Nessa reunião, o que os peritos dizem: que o tema da reunião, que o foco da reunião era uma planilha entregue por um coronel, que agora está na reserva, chamado Eduardo Gomes da Silva, que é um homem de confiança do ministro Ramos, do general Ramos”, disse Valente, destacando a gravidade e a importância que o general Ramos dava à tal planilha.

Planilha ficcional

Segundo Valente, o TSE emitiu um comunicado e as agências de checagem confirmaram que a planilha em questão é uma “grande palhaçada”.

“Existem erros graves de matemática, probabilidade, contas que não batem. Era uma criação mental”, disse Valente. “Com base nessa informação, a delegada começa a investigar como essa planilha chegou ao governo, por que essa planilha era discutida dentro do Palácio do Planalto. Ela toma o depoimento do coronel Eduardo Gomes da Silva”.

No depoimento, Silva confirma que era oficial de inteligência do Exército. “Aí começa a complicar”, disse Valente. “Em 2018, ele era oficial de inteligência do Comando Militar do Sudeste, um poderoso comando – sob ele está o segundo Exército inteiro. É um dos cinco ou seis comandos regionais (…) É uma das maiores unidades do Exército brasileiro, sediada em São Paulo”, diz Valente.

No depoimento de Gomes da Silva, ele afirma que um empresário chamado Marcelo Abrileri procura o Comando Militar do Sudeste “dizendo que tinha uma denúncia grave, uma coisa muito importante sobre as urnas eletrônicas”, disse Valente.

“Então, o Comando Militar reúne-se com esse empresário, de forma oficial, o coronel Eduardo Gomes é designado para estudar o caso”, explica o jornalista. “A partir daí, o empresário ‘muito obrigado pela sua informação’”.

Valente destaca que houve uma segunda reunião, que contou com a presença de Ramos – que, na época, era o comandante militar do Sudeste. “Imagine então o comandante militar do Sudeste, que hoje nós sabemos é bolsonarista convicto, bolsonarista de quatro costados, estava reunido com a sua inteligência e com esse empresário para discutir a tal da planilha”, diz Valente.

“O empresário é ouvido e confirma tudo: ‘eu cheguei até o comando porque o então candidato à deputado Luiz Phillipe de Orléans e Bragança, outro bolsonarista convicto, me apresentou a um coronel, que me apresentou a um general e eu fui lá recebido duas vezes no Comando”, disse Rubens Valente.

Depois que Bolsonaro assume a presidência e o general Ramos vira ministro, o militar sem mais nem menos liga para o empresário Marcelo Abrileri para ouvi-lo sobre a denúncia apresentada anteriormente.

“Então o Marcelo vai até Brasília em 2019, tem uma reunião com o presidente da República Jair Bolsonaro. Em 2021 ele volta ao Planalto, fala por telefone com todas essas pessoas por viva voz e tudo isso é discutido dentro do governo”, diz Valente.

“Infelizmente, a Polícia Federal não se aprofundou sobre esse tema. No relatório final da Polícia Federal, o tema todo que contei aqui não é citado”, diz Valente, que só descobriu essa informação por ter ido na fonte primária dos depoimentos.

“A história que está contada ali é a participação da inteligência do Exército brasileiro, do mais alto escalão – que é um Comando – em uma ficção (…)”, diz Rubens Valente.

Veja mais a respeito do envolvimento do Exército no caso das urnas eletrônicas, e do caso Sergio Moro, na íntegra da TV GGN 20 horas, que pode ser vista abaixo. Confira!

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

2 Comentários

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  1. É PRECISO EXIGIR PASSAPORTE DA VA.CINA PARA VOTARMOS,NOSSA SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR,NADA DE NEGACIONISMO E LEMBREM-SE…DIGAM SIM A PICADA DE TECNOLOGIA RNA EXPERIMENTAL,VIVA A CIÊNCIAAAA !!!

  2. A infame Abin poderia se chamar:
    Aba – Agência braZileira de Arapongagem ou
    Abfo – Agência braZileira de Fofocagem ou
    Abpi – Agência braZileira de Proteção ao Imperialismo ou
    Abccf – Agência braZileira de Combate ao Comunismo Fantasma ou
    Abvp – Agência braZileira de Vigilância do Povo
    (adicionem outras sugestões)
    Quem sabe um dia o braZil tenha agências voltadas ao real interesse nacional soberano, como a CIA (e mais de 1 dezena de agências do “deep state”), KGB / FSB, MI5 / 6, Mossad, BND, DGSE(xterna), etc.
    Uma das tantas vergonhas desta grande fazenda de exploração predatória, gerida por capatazes e corretores à serviço externo, neste nosso país que não consegue ser nação.
    Hoje o único gigante bobão do planeta.
    E cada vez mais!

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