Belos, recatados e do lar: não somos todos?, por Rita de Souza

 
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Não, não somos. E não é porque beleza é algo tão subjetivo que cada um é algo diferente. Não vamos discutir beleza numa sociedade em que loiras branquinhas e magrinhas com dentes perfeito figuram nas colunas sociais, sendo que 54% da população é negra, 52,5% está acima do peso e que mais de 20 milhões de pessoas não têm acesso nenhum à dentistas (e para confirmar esses números, fiquem à vontade para consultar o IBGE, o Ministério da Saúde e o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo).
 
O quesito “do lar” já nos distingui uns dos outros, em todos os sentidos: quase 30% da população (cerca de 60 milhões de pessoas) não têm casa própria, e serviços básicos, como acesso à rede de esgoto ainda não chegam para 36% da população. 
 
No Brasil, cerca de 40% dos lares são comandados por uma mulher, ou seja, a mulher é responsável, sozinha, pelo sustento da família, mesmo recebendo, de salário, 30% a menos que os homens para exercerem a mesma função. Poderia citar aqui muitos números, mas creio que já demonstrei minha tese.
 
Sobrou o recato. Ah, o recato! Essa é a parte poética da coisa, e ironicamente é o único quesito que nos iguala a todos. Ora, vejamos: recato é um substantivo masculino, com dois significados: no agir e no falar é “precaução para evitar dano, transtorno ou perigo; cautela, resguardo, prudência”; e nos hábitos ou no que é visível na roupa: “característica do que é decente, do que tem pureza; honestidade, pudor, modéstia”.
 
Tá certo, não nos iguala, é mais uma coisa a nos diferenciar. Se fôssemos todos precavidos para evitar dano, não teríamos tantos acidentes por uso de álcool (não vou mais procurar números, eles estão aí para quem quiser saber!); não haveria tanta roubalheira e corrupção (isso é dano!), não haveria injúria, calúnia e difamação; não haveria agressão e nem a necessidade de leis como a Maria da Penha. Mas, se houver esforço e boa vontade, todos podemos ser prudentes, cuidadosos e resguardarmos o bem comum. 
 
Todos podemos ser honestos, modestos, gente bacana mesmo, que tem empatia, ou seja, se coloca no lugar do outro, sente a dor do outro! Podemos ter a decência de preservar o bem comum. 
 
A decência, a pureza, a honestidade não deveriam ser motivos de assombro, deveriam ser parte natural do nosso caráter, da nossa moral, da nossa bondade!
 
Mas o que eu queria mesmo dizer é que não tem nada demais uma mulher optar ficar em casa para acompanhar o crescimento dos filhos, prover educação e carinho, e cuidar da limpeza e arrumação da sua casa. Se isso for uma opção dela, pois quando é uma coação por parte do marido pode ser chamado de cárcere privado. O lugar da mulher, hoje, onde ela quer estar. E para o mimimi de feminismo cacetinho, tenho também algumas palavras: sou grata por todas as mulheres que lutaram para poder escolher seu lugar no mundo, pois todo nosso direito de escolha é resultado de sua luta! 
 
*ps. As mulheres lindas, recatas e do lar da dona Eny, que figuram na foto, abriram suas casas, e suas pernas, para homens abastados de todo o Brasil. Atendiam em Bauru, e faziam delivery para festas chics. Faziam bem o que gostavam de fazer, e cunharam seus nomes na história. No dia 12 de abril de 2016, o governador do Estado de São Paulo deu o nome da maravilhosa cafetina a um viaduto naquela cidade!
Redação

2 Comentários

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  1. ótimo texto…
    a essencia é a

    ótimo texto…

    a essencia é a solidariedade pelo bem comum…

    abs a todas as mulheres que, muitas vezes sozinhas criaram seus filhios

    e legaram a eles o mínimo de recato no mais profundo sentido  

    para que hoje respeitem os outros e o processo democrático…

  2. O texto é bom, MAS…

    Esse assunto já deu, estamos no fundo divulgando a VEJA. Enquanto isso, o Blog nao tem anunciado as manifestaçoes existentes… Ontem pus no Clipping várias notícias sobre manifestaçoes, algumas já ocorridas e, mais grave ainda, uma que deveria ocorrer (já deve ter ocorrido) hoje de manhã, e pedi que fosse divulgada a tempo dos paulistas que frequentam o Blog participarem. Mas nem uma linha foi publicada hoje.

    É preciso que divulguemos os atos de reaçao, para nao nos desanimarmos, e para que eles engrossem, aumentem, incentivem outros. Ou o Blog prefere que nao haja reaçao popular? Prefere “soluçoes” por cima, “acordos”?

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