Biden dá sinais de que comprometerá Trump a acordos, antes de deixar o poder

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Democrata Joe Biden toma medidas sutis para tentar manter algumas das políticas estebelecidas por ele, comprometendo Trump a segui-las

Com pouco mais de 2 meses para deixar o comando dos Estados Unidos para Donald Trump, o democrata Joe Biden toma medidas sutis para tentar manter algumas das políticas estebelecidas por ele, comprometendo Trump a segui-las, inevitavelmente, em seu mandato.

Um destes gestos foi a confirmação de Biden na reunião dos líderes do G20, na próxima semana, que ocorrerá no Rio de Janeiro entre os dias 17 e 19 de novembro. A confirmação foi feita diretamente pelo atual presidente dos EUA ao presidente Lula, em ligação, no final do dia de ontem (07).

O encontro demarcará os compromissos e pilares das 20 maiores economias do mundo para os próximos anos, que vão desde negociações e acordos comerciais, a redução da emissão de gases e proteção ao meio ambiente, combate à desigualdade, entre outros temas centrais.

Com a participação de Biden, ainda que no final de seu mandato, o representante dos EUA firmará acordos e compromissos que, caso não sejam cumpridos por Trump, deverão ser pressionados e alvo de críticas de seus pares, as lideranças mundiais.

Como parte das políticas dos democratas nos EUA, a questão ambiental é uma das preocupações centrais, em meio às desregulamentações que devem ser adotados por Trump para beneficiar indústrias e a exploração indiscriminada de qualquer fonte natural.

Diante disso, além do tema ser uma das pautas que serão tratadas pelas lideranças do G20, Biden fará uma visita à Amazônia nos dias anteriores à cúpula do G20.

“Enquanto estiver em Manaus, o presidente Biden visitará a floresta amazônica para conversar com líderes locais, indígenas e outros que trabalham para preservar e proteger esse ecossistema crítico”, escreveu a Casa Branca, em nota.

No comunicado, o atual governo Biden também destacou que a sua presença no G20 se dará com o objetivo de os EUA trabalhar em conjunto com as demais economias em “desafios globais compartilhados”, e mencionou diretamente a fome, pobreza, mudanças climáticas, ameaças à saúde e a dívida dos países em desenvolvimento.

Ainda, entre os acordos, um decisivo e que o atual presidente norte-americano já afirmou que assinará é a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. O acordo foi criado pelo presidente Lula, em julho deste ano, e foi firmado por 18 países.

No telefonema a Lula, Biden confirmou que assinará a Aliança, que administrará recursos para programas sociais e projetos de incentivo ao combate da fome e da pobreza mundial.

Os gestos de Biden vão na contramão do que faria Trump se já estivesse no poder. Apesar da possível participação do mandatário vencedor na cúpula G20, as políticas defendidas seriam outras.

Ainda, as iniciativas do atual presidente ocorrem em meio a uma sinalização clara de Biden de que trabalhará para uma transição democrática do poder a Donald Trump.

Nesta semana, além de discursar sobre isso, Joe Biden afirmou tranquilamente que “revezes são inevitáveis”, ao comentar sobre a perda de Kamala Harris, e também demonstrando a inexistência de qualquer risco de questionamento do resultado eleitoral, o que seria feito por Trump caso o resultado fosse ao contrário.

Para essa “transição pacífica e ordeira” prometida por Biden, noticiários dos EUA informam que a exigência, do lado de cá, é de que Trump adote compromissos ao que inesperadamente Joe Biden classificou como “unidade”, incluindo a questão migratória e demais políticas que devem ser firmadas pelos EUA no G20 no Brasil proximamente.

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