Ação coletiva na Globalização, por Augusto Santos Silva

Ex-ministro português aborda tensão entre globalização e ação coletiva propondo valores democráticos em benefício de ambas as partes 
 
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(Foto: João Relvas/LUSA)
 
Jornal GGN – O processo de globalização se intensificou no mundo a partir dos anos 1970. Quase cinquenta anos depois, quais foram as consequências sobre a democracia e a ação coletiva? Essas são questões discutidas no artigo acadêmico, a seguir, de Augusto Santos Silva, o ex-ministro, professor e sociólogo português da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP).
 
O trabalho conclui que a persistente desigualdade e a mobilidade (direito a circulação nos espaços públicos) se constituem como “uma nova e crítica dimensão da fratura social”. Se apropriando de Zigmunt Bauman, o ex-ministro português lembra que a mobilidade é uma das principais “consequências humanas” da globalização:  
 
“A mobilidade divide, porque são desiguais as condições de acesso aos recursos e capacidades indispensáveis; e porque esta desigualdade reproduz e acentua as desigualdades sociais mais gerais”. 
 
Sobre ação coletiva, o pesquisador retoma a avaliação do economista Joseph Stiglitz, para quem “a globalização implica uma maior integração dos países do mundo; esta maior integração implica uma maior interdependência e esta interdependência maior implica que haja mais ação coletiva.” 
 
Ocorre que, junto com a globalização ocorre o fortalecimento de estruturas políticas financiadas por grandes grupos do mercado resultando no “esvaziamento ou enfraquecimento da política, como esfera própria e determinante da ação coletiva” com “um potencial de desapossamento social que não é negligenciável”, pondera. Por outro lado, para garantir a globalização em si, aumentando “a integração e a interdependência do sistema mundial” é preciso “mais ação coletiva” e “concentrada”. 
 
O Santos Silva acha importante ressaltar que é preciso compreender que a globalização não pode ser comparada a um problema. “Em si, a compressão do espaço-tempo, a maior integração sistêmica, a maior interdependência e a diversidade e heterogeneidade do mundo não são fatos nem fatores catalogáveis sem mais, como ‘bons’ ou ‘ruins’”, defendendo seus efeitos positivos, já registrados, “em matéria de crescimento, geração e difusão de inovação, redução da chamada pobreza absoluta.”
 
Os grandes problemas em questão que surgem com o processo globalizador estão em como enquadrar a ação coletiva, no sentido de regular os “desequilíbrios e assimetrias, quer para o seu encaixe nas estruturas políticas e sociais”, pauta o sociólogo defendendo como solução, embasar as perspetivas de rumo da globalização nos “valores da democracia, do direito e do desenvolvimento”. Leia a seguir o artigo inteiro. 
 
Redação

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