China apresenta iniciativa de segurança global para “combater mentalidade da Guerra Fria”

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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Proposta foi defendida pelo próprio presidente Xi Jinping, que afirmou que sistema estaria baseado no respeito à soberania e integridade territorial de todos os países, além da não interferência em seus assuntos internos

O presidente da China, Xi Jinping (foto: Huang Jingwen / Agência Xinhua)

Durante seu discurso na Cerimônia de inauguração da Conferência Anual do Foro de Bo’ao – espécie de Foro de Davos regional, que reúne 25 países asiáticos e também a Austrália – o presidente chinês Xi Jinping apresentou uma iniciativa no campo da segurança global, que segundo ele, visa “combater a mentalidade da Guerra Fria”, o hegemonismo, a política de poder, para criar “uma comunidade de segurança indivisível”.

“Já foi provado repetidas vezes que a mentalidade da Guerra Fria só leva à destruição da estrutura da paz global. Que o hegemonismo e a política de poder colocam em risco a paz mundial. Que o confronto em bloco apenas exacerba os desafios da segurança no Século XXI”, salientou o líder chinês, segundo matéria da agência estatal chinesa Xinhua.

De acordo com a visão de segurança internacional do presidente chinês, seu sistema teria como objetivo estabelecer o conceito de segurança “comum, abrangente, cooperativo e sustentável”, mas também afirmou que ele estaria baseado no respeito à soberania e integridade territorial de todos os países, além da não interferência em seus assuntos internos.

Xi assegurou que a proposta chinesa foi desenhada para “criar uma arquitetura de segurança eficaz e equilibrada e se opor às tentativas de alcançar a segurança de uma nação em detrimento da segurança de outro país”.

O mandatário chinês também aproveitou de fazer fortes críticas aos “países que utilizam sanções unilaterais como forma de retaliação” – não citou nominalmente os Estados Unidos ou a União Europeia, mas parece estar claro que se referia às medidas impostas por estes à Rússia, devido ao conflito com a Ucrânia.

Em vez disso, segundo o argumento de Xi, se geraria um novo sistema de resolução de disputas entre nações através do diálogo e sem duplicidade de critérios. “Assim, poderemos trabalhar unidos em disputas regionais e desafios globais, como terrorismo, mudanças climáticas, segurança cibernética e biossegurança”, completou.

Ao concluir, o presidente chinês usou uma metáfora conhecida: “os países ao redor do mundo são como passageiros a bordo do mesmo navio, e compartilham o mesmo destino. Para que o navio enfrente a tempestade e navegue para um futuro brilhante, todos os passageiros devem trabalhar juntos. A ideia de jogar alguém no mar é simplesmente inaceitável”.

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