A PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE mostra que o rendimento real do trabalhador caiu 8,8% no trimestre encerrado em fevereiro, na comparação com ano anterior. O valor passou de R$ 2.752 em fevereiro de 2021 para R$ 2.511 no trimestre findo em fevereiro de 2022.
A pesquisa evidenciou que a taxa de desemprego atingiu 11,2% no período e o número de desempregados chega a 12 milhões de pessoas.
Empregados com carteira assinada aumentaram em 1,1% em relação ao trimestre anterior e em 9,4% na comparação anual.
Dos empregados sem carteira assinada no setor privado houve estabilidade em relação ao trimestre anterior, mas com alta de 18,5% no ano.
O item ‘trabalhadores por conta própria’ apresentou um recuo de 1,9% na comparação com trimestre anterior, mas subiu 8,6% na comparação anual.
Trabalhadores domésticos ficam estáveis na comparação com trimestre anterior, mas sobem 20,8% em um ano.
A taxa de informalidade foi de 40,2% da população ocupada, um ligeiro recuo com relação ao trimestre anterior, que foi de 40,6% e maior que no ano anterior, que foi de 39,1%. Hoje são 38,3 milhões de trabalhadores informais.
A população subutilizada, ou seja, os que estão desempregados, aqueles que trabalham menos do que poderiam e as pessoas que poderiam trabalhar mas não procuram emprego, ficou em 27,3 milhões, 6,3% abaixo do trimestre anterior e 17,8% menor do que um ano atrás.
A taxa composta de subutilização foi de 23,5%, abaixo dos 25% do trimestre anterior e dos 29,2% do trimestre encerrado em fevereiro de 2021.
Os desalentados, ou seja, aqueles que gostariam de trabalhar mas não procuraram emprego por vários motivos e estão disponíveis para trabalhar, alcançou 4,7 milhões de pessoas. O número é estável em relação ao trimestre anterior, mas caiu 20,2% na comparação anual.
Já a população fora da força de trabalho chegou a 65,3 milhões de pessoas, alta de 0,7% quando comparada com o trimestre anterior e queda de 5% na comparação anual.
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A renda média de 2.511,00 reais, além de baixa, faz refletir sobre a imensa desigualdade da renda nos vários setores da sociedade. Aquelas parcelas acima de 40 salários mínimos até os milhões de reais e todos os demais, de menos de meio salário mínimo aos 40 SM. Como reduzir essas desigualdades e suas implicações sociais, se apresenta como um dos grandes desafios presentes ao País. Deixar de olhar como coisa natural o nível da desigualdade na renda, mera consequência da meritocracia de uns e da desmeritocracia dos outros. Mas o subproduto da exclusão social patrocinada por intermédio de alguns privilégios responsáveis por boa parte do atraso brasileiro. Enquanto boa parte do mundo pensa em como crescer suficientemente, estando bem à frente. O Brasil estagnou bem atrás.
De um lado a concentração da renda, do outro o empobrecimento. Baixo crescimento, desemprego alto, informalidade, subocupação, juros em elevação, mesmo assim se acredita em aumentar a competitividade e ser pólo de atração de investimentos. Pra qual País se está trabalhando, o que está descendo ou esse outro idealizado. Estar entre as maiores economias do planeta, coloca a questão do copo pela metade: tá enchendo ou esvaziando? Os impactos da pandemia e o conflito na Europa impedem uma leitura mais clara, tanto interna como externa. O que é inegável é que há uma deterioração em pelo menos parte do País.