As diferenças na estratégia de inserção na economia mundial entre Brasil e México

Do Correio Braziliense

Brasil x México

Júlio Miragaya

Brasil e México, embora separados por milhares de quilômetros, são países com muitas afinidades. Brasileiros e mexicanos são povos irmãos e não nos sai da lembrança a festa que fizeram em 1970, quando o Brasil sagrou-se tricampeão mundial de futebol. Esses são também os dois mais populosos países da América Latina, com 200 e 120 milhões de habitantes, respectivamente, e as duas maiores economias da região, com PIB de US$ 2,25 trilhões e US$ 1,4 trilhão, representando, conjuntamente, quase 60% do PIB total latino-americano.

O México, como o Brasil, tem a história marcada por momentos trágicos. Se aqui tivemos os portugueses massacrando milhões de Indígenas e trazendo mais de 5 milhões de africanos na condição de escravos, o México vivenciou a tragédia do massacre perpetrado pelos colonizadores espanhóis, liderados por Hernán Cortés, que aniquilou o Império Asteca e dizimou mais de 8 milhões de nativos.

Mas o que nos distingue mais fortemente da realidade mexicana talvez seja a distância física da maior potência mundial, os Estados Unidos. A proximidade com os EUA marcou profunda e tragicamente a história mexicana. Já país independente, livre do domínio colonial espanhol, o México teve surrupiado pelos norte-americanos, entre 1837 e 1853, nada menos que 55% de seu território, ou 2,41 milhões de km², o equivalente a mais da metade da área ocupada pelos 28 países que formam a União Europeia. De uma nação com 4,38 milhões de km², passou a pouco mais de 1,97 milhão de km².

Sucederam-se outros momentos trágicos no México: a intervenção francesa e a humilhação da imposição do imperador Maximiliano de Habsburgo, entre 1864 e 1867; a ditadura sanguinária de Porfírio Diaz, entre 1876 e 1911, e a Revolução Mexicana de 1910, liderada por Emiliano Zapata e Pancho Villa, vitoriosa em 1917, que promoveu ampla reforma agrária no país, mas deixou um saldo de 1 milhão de mortos.

A partir de janeiro de 1994, iniciou-se uma nova fase, com o México passando a integrar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), com os EUA e o Canadá. Nesse período, o México tem sido utilizado pelo imperialismo norte-americano como espécie de aríete contra os demais países latino-americanos que buscam caminho próprio, sem a tutela dos EUA, tendo sido um dos maiores incentivadores da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), refutada na 4ª Cúpula das Américas, realizada em 2005 em Mar del Plata. Recentemente, formou com países sul-americanos que seguem a cartilha econômica liberal (Colômbia, Chile e Peru) a Aliança do Pacífico, para se contrapor à proposta brasileira de formação da União das Nações Sul-americanas (Unasul).

O distanciamento político de Brasil e México só tem se acentuado. Nesses 20 anos, a submissão da economia mexicana aos EUA aprofundou-se intensamente. Mais de 80% de seu comércio exterior é realizado com os EUA. Em 2009, quando a economia dos EUA caiu 2,4%, reflexo da crise iniciada em 2008, a mexicana despencou 6,2%.

Se compararmos o desempenho das economias brasileira e mexicana a partir de 2003, quando Lula assumiu o governo e o México aprofundou o receituário liberal, com Vicente Fox, a disparidade é gritante. A economia brasileira cresceu 45,44% nesses 11 anos, enquanto a do México cresceu 30,71%. Em 2013, o Brasil cresceu 2,3%, o dobro do México (1,1%). A participação dos salários na renda é de 45% no Brasil e de 29% no México. Nesse período, o Brasil criou 16 milhões de novos empregos formais; o México, apenas 3,5 milhões. Em 2013, o Brasil criou 1,4 milhão de empregos; o México, meros 200 mil. O Brasil reduziu a pobreza absoluta a 15,9% da população; no México, houve aumento para 51,3%.

Não obstante o desempenho sofrível, o México é tido como o “queridinho do mercado”, e o Brasil, o “patinho feio”. O curioso é que se os elogios ao modelo neoliberal mexicano são fartos, na hora dos capitalistas investirem seus dólares, parecem preferir o Brasil, onde os investimentos estrangeiros diretos saltaram de US$ 16,6 bilhões em 2002 para cerca de US$ 70 bilhões em 2012, enquanto, no México, refluiu de US$ 24 bilhões para US$ 15,5 bilhões no mesmo período.

Se o modelo liberal mexicano teve desempenho tão inferior ao modelo “intervencionista e estatizante” brasileiro, a que se devem os elogios do mercado ao modelo mexicano? Seria um ato de má-fé, de fundamentalismo ideológico ou uma estratégia de isolamento do Brasil no cenário internacional?


(*) Presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Redação

23 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. “Seria um ato de má-fé, de

    “Seria um ato de má-fé, de fundamentalismo ideológico ou uma estratégia de isolamento do Brasil no cenário internacional?” …  e precissa perguntar?

  2. Os quatro últimos parágrafos

    Os quatro últimos parágrafos são arrebatadores.

     

    Quem quer transformar o Brasil no México do Sul? 

     

    Bravo!

  3. O que dirão os opositores da política externa brasileira?

    “A economia brasileira cresceu 45,44% nesses 11 anos, enquanto a do México cresceu 30,71%. Em 2013, o Brasil cresceu 2,3%, o dobro do México (1,1%). A participação dos salários na renda é de 45% no Brasil e de 29% no México. Nesse período, o Brasil criou 16 milhões de novos empregos formais; o México, apenas 3,5 milhões. Em 2013, o Brasil criou 1,4 milhão de empregos; o México, meros 200 mil. O Brasil reduziu a pobreza absoluta a 15,9% da população; no México, houve aumento para 51,3%. Não obstante o desempenho sofrível, o México é tido como o “queridinho do mercado”

    Com a palavra AA e cia.

     

  4. Após anos, ainda válido

    “Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos” por Porfirio Díaz.

    O sonho de boa parte dos reaças brasileiros é o México. Atrelado à economia estadunidense, engessado e transformado literalmente em quintal.

  5. México vs. Brasil

    Em ano de eleições é importante comparar estes dois modelos, o neoliberal e o de centro-esquerda do PT. Conhecemos bem a comparação entre os governos FHC e Lula/Dilma. Podemos também comparar os modelos de empresas estatais, a Sabesp tucana e a Petrobras petista (calma, não estou dizendo que esta empresa pertence ao PT, mas sim que as medidas que impulsionaram na última década a nossa Petrobras ocorreram graças ao modelo implantado pelo PT). A primeira gera seca porque não aplicou seus lucros extraordinários, receitas da cobrança de água e esgôto da população, em melhorias do fornecimento de serviços, privilegiando os acionistas de seu braço econômico aumentanddo os ganhos de suas ações. A Petrobrás, muito ao contrário, desvalorizou suas ações graças à intensa aplicação em obras dos mais variados tipos visando privelegiar no futuro a educação, saúde, meio-ambiente, pesquisa e ciência, que já apresentam seus primeiros resultados. Mas se os ranzinzas e os pessimistas militantes ainda acham que tudo isso é uma jobuticaba, aí está lindamente expressa a comparação atual e oportuna entre os dois modelos envolvendo dois países diferentes.

    1. A SABSP foi realmente mal

      A SABSP foi realmente mal gerida, provavelmente nem foi a empresa que decidiu e sim o Governo do Estado, foi extraordnariamente inconsequente não procurar novas fontes de captação de agua, o Estado de São Paulo tem tres imensas bacias, Tietê, Paranapanema e Rio Grande, qualquer das tres tem agua para abastecer o Brasil inteiro, nem se pensou em um aqueduto do Tietê que está apenas a 180 km de distancia do Sistema antareira.

      Mas a Petrobras cometeu mega erros que prejudicaram sua capacidade de financiamento via mercado de ações.

      A capitalização por aguar as ações dos minoritarios foi um desastre, não serviu para nada a não ser dar uma rasteira nos minoritarios, a consequencia foi a queda permanente no valor das ações, rasteira no mercado só se dá uma vez.

      O segundo mega erro foi esperar cinco anos para fazer o leilão do pre-sal, perdeu-se um tempo precioso em que o fluxo poderia ajudar a Petrobras.

      O terceiro erro é usar a empresa para fazer demagogia com o preço da gasolina e diesel.

      O quarto foi um conjunto de equivocos de planejamento nos investimentos em refinarias, todas mal concebidas, mal executadas, com cost overruns gigantescos, obrigando o Brasil a refinar o petroleo de aguas profundas nos EUA, com custo de ida e volta que não se consegue recuperar no preço dos derivados. Uma refinaria se constroi em tres anos (na China em um ano), o PT está no poder há 12 anos e nenhuma refinaria ficou pronta, contuanos a usar as 11 refinarias antigas, a maioria construida no governo militar.

      Há erros ainda muito graves em investimentos no exterior, quase todos mal sucedidos.

      1. Verdade, vamos acabar com os

        Verdade, vamos acabar com os subsídios do diesel, isso terá impactos positivos nos preços dos produtos, o analfabeto em economia Motta Araújo garante.

        O problema da SABESP é a carência de rios no estado de São Paulo, que enfrenta o memso problema dos mexicanos, famosa tese de Motta Araújo, o historiador de botequim.

  6. Viva México

    Mas aos poucos os mexicanos vão recuperando os os territórios roubados pelos norte-americanos. Em pouco tempo a língua mais falada em metade dos EUA será o espanhol, milhões de mexicanos já vivem nestas regiões, mantendo a língua e suas tradições. 

  7. É um show de informação seletiva.

    Presidentes de estatais podem escolher números a dedo e as pessoas se consideram informadas. Mas será bom se contentar apenas com uma primeira visão?

    Investimentos diretos: indicador frequentemente citado porque aparentemente o Brasil sai melhor no filme. Mas quanto é investimento especulativo travestido de IED para evitar IOF? Ou para aproveitar juros altos? Fossem investimentos diretos mesmo a produtividade estaria aumentando.

    Nível de pobreza: é absurdo se imaginar que a pobreza no México é maior que no Brasil se a renda média é indubitavelmente maior e o índice de Gini é certamente menor (e com trajetória de queda similar à do Brasil tanto nos últimos 10 anos como nos 10 anteriores. É óbvio que os critérios de corte para se chamar de pobre são diferentes, apenas o México não chama de nova classe média. Dizer que no Brasil só há 16% de pobres, quando os próprios EUA reconhecem 15% (mesmo com renda 4 vezes maior e concentração menor) é uma desinformação que só interessa ao ufanismo.

    O que acontece, se usarmos a mesma régua, é que o Brasil tinha 6,14% vivendo abaixo de US$ 1,25/dia em 2009 e o México apenas 1,15% em 2008 (Relatório do Desenvolvimento Mundial – 2012.)

    PIB: ufanistas costumam usar o PIB em US$ correntes só porque a moeda brasileira valorizou mais que a mexicana de 1994 para cá. Mas isso não é bom, posto que nosso déficit em transações correntes já vai para os 4% do PIB.

    Pelo Banco Mundial, metodologia PPC, ( http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.PP.CD?page=3 ) o PIB do México era 70% do brasileiro em 1994, foi para 67% em 2002 e 69% em 2012.

    Ou seja, além de não variar grandes coisas (2 ou 3% para mais ou para menos em períodos de 8 a 10 anos) cresceu menos que o Brasil durante o período FHC e cresceu mais que o Brasil durante o período lá do PAN.

    E por que ninguém gosta de fazer comparações com Colômbia, Chile ou Perú? Porque evidentemente já sabem que esses países aproveitaram melhor o ciclo de valorização de commodities que Venezuela, Brasil e Argentina. Não é só o Brasil que cresce menos que a média latinoamericana.

    E quem quiser que brigue com o Banco Mundial.

     

      1. Boa sorte no seu trabalho.

        Daytona (para variar não-cadastrado) ajudará o blog a provar que o Banco Mundial está errado.

        Posto que apenas uso e apresento dados do Banco Mundial.

        Esse trabalho de Daytona será uma glória reconhecida internacionalmente.

        Muito mais importante que os insultos que ele dedica a comentaristas.

         

        1. Prezado Gunter, dizer que

          Prezado Gunter, dizer que você é completamente ignorante em economia não é xingamento, mas mera constatação, como se pode ver de seus repetidos e constrangedores comentários.

          Quer um exemplo? “Daytona (para variar não-cadastrado) ajudará o blog a provar que o Banco Mundial está errado.” Ok, vamos tentar, segundo o Banco Mundial: MéxicoPoverty headcount ratio at national poverty line (% of population)52.3%2012BrazilPoverty headcount ratio at national poverty line (% of population)15.9%2012 Segundo Gunter: “Nível de pobreza: é absurdo se imaginar que a pobreza no México é maior que no Brasil se a renda média é indubitavelmente maior e o índice de Gini é certamente menor (e com trajetória de queda similar à do Brasil tanto nos últimos 10 anos como nos 10 anteriores. É óbvio que os critérios de corte para se chamar de pobre são diferentes, apenas o México não chama de nova classe média. Dizer que no Brasil só há 16% de pobres, quando os próprios EUA reconhecem 15% (mesmo com renda 4 vezes maior e concentração menor) é uma desinformação que só interessa ao ufanismo.” Leia seu relincho, o Banco Mundial está errado! Os dados do Banco Mundial também demonstram que, enquanto a pobreza no Brasil foi reduzida nos últimos anos, no México, desde 2006, a pobreza tem aumentado. Viu só, os dados do Banco Mundial são absurdos, isso segundo seu próprio comentário. Olha esse gráfico aqui(também do absurdo Banco Mundial). http://data.worldbank.org/indicator/NY.GNP.PCAP.CD/countries/MX-XJ-XT-BR?display=graph  

          1. Além de mal-educado

            e ofensivo você assedia continuamente.

            Se for possível, peço o favor de não colocar meu nome em comentários grosseiros e ofensivos posto que isso é assédio.

            Veja as duas colunas à esquerda:

            http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_percentage_of_population_living_in_poverty

            Encontrará a fonte que eu já citei (que é Banco Mundial) e o gráfico:

            http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/71/Percentage_population_living_on_less_than_%242_per_day_2009.png/800px-Percentage_population_living_on_less_than_%242_per_day_2009.png

            E não vou mais lhe responder. Aliás, já disse isso na época em que você ficou chateado por não conseguir convencer de suas teorias fantasiosas sobre a Rússia. 

            Arrependi-me de não manter minha convicção de não dar trela a trolls.

            Uma pessoa que usa termos como “relincho”, “ignorante” etc não merece atenção.

            E se você não gosta do que eu escrevo, paciência, apresente suas teorias também.

            Passe como desejar.

             

          2. Ok, Gunter, os dados do Banco

            Ok, Gunter, os dados do Banco Mundial no site do Banco Mundial estão incorretos. Certos são os dados do Banco Mundial na wikipedia.

            Obrigado por mais esse momento Hariovaldo!

        2. Prezado Gunter, dizer que

          Prezado Gunter, dizer que você é completamente ignorante em economia não é xingamento, mas mera constatação, como se pode ver de seus repetidos e constrangedores comentários.

          Quer um exemplo? 

          “Daytona (para variar não-cadastrado) ajudará o blog a provar que o Banco Mundial está errado.” 

          Ok, vamos tentar, segundo o Banco Mundial: 

          México Poverty headcount ratio at national poverty line (% of population)52.3% 2012

          Brazil Poverty headcount ratio at national poverty line (% of population)15.9% 2012 

          Segundo Gunter: “Nível de pobreza: é absurdo se imaginar que a pobreza no México é maior que no Brasil se a renda média é indubitavelmente maior e o índice de Gini é certamente menor (e com trajetória de queda similar à do Brasil tanto nos últimos 10 anos como nos 10 anteriores. É óbvio que os critérios de corte para se chamar de pobre são diferentes, apenas o México não chama de nova classe média. Dizer que no Brasil só há 16% de pobres, quando os próprios EUA reconhecem 15% (mesmo com renda 4 vezes maior e concentração menor) é uma desinformação que só interessa ao ufanismo.” 

          Leia seu relincho, o Banco Mundial está errado!

           Os dados do Banco Mundial também demonstram que, enquanto a pobreza no Brasil foi reduzida nos últimos anos, no México, desde 2006, a pobreza tem aumentado. Viu só, os dados do Banco Mundial são absurdos, isso segundo seu próprio comentário. 

          Olha esse gráfico aqui(também do absurdo Banco Mundial). 

          http://data.worldbank.org/indicator/NY.GNP.PCAP.CD/countries/MX-XJ-XT-BR?display=graph

           

    1. câmbio e déficit em transações correntes

      É um alívio às vezes ver bom-senso no meio da briga ideológica que é muito intensa aqui no blog.

      A nós não interessa nem ser vira-latas, nem ufanistas. Sendo o primeiro, como temos sido, cumprimos à risca a política macroeconômica que vem de fora: juros alto, tentar crescer com poupança externa, câmbio sobrevalorizado. O resultado é a semi-estagnação que nos persegue desde 87. Sendo o segundo, nos contentamos com pouco e nos cegamos para problemas reais do Brasil.

      Nos anos 90 e 2000, nossa renda per capita cresceu, na média, menos que outros emergentes e PASMEM, menos que a OCDE. Deveríamos crescer mais rápido que eles, pois somos país de renda média!

      E o pessoal da esquerda fantasia acha que está muito lindo. Como se fosse sustentável distribuir ad-eternum uma renda per capita de uns 11.000 USD PPC. Uma hora, sem crescimento, isso dá conflito! Muita gente aqui parece que pegou horror à palavra crescimento. Vamos aumentar salários sem crescer…Vamos aumentar os gastos sociais, simples, aumentando a carga tributária, senão, é só fazer mais dívida…

      É bom às vezes mostrar pro pessoal que não está tudo às mil maravilhas; temos seguido uma política macroeconômica de forte cunho neoliberal que neutraliza o nosso desenvolvimento, estagnando nosso investimento interno. A economia do país é comida viva pela concorrência internacional e por rentistas e o público aqui quer se contentar em ser melhor que o México (outro com problemas semelhantes aos nossos)!

    2. nível de renda e pobreza

      Diz o Günter:

      “é absurdo se imaginar que a pobreza no México é maior que no Brasil se a renda média é indubitavelmente maior e o índice de Gini é certamente menor”

      A renda média por 3 critérios distintos:

      Segundo método do Banco Mundial (GNI per capita, método atlas (que apenas isola o efeito cambial):

      Br  = 11630; Mex = 9640 (dados de 2012, não há informação mais recente disponível). Fonte: células BE 31 e BE 152 da planilha disponivel em http://data.worldbank.org/indicator/NY.GNP.PCAP.CD/countries/HT-XJ-XM?display=graph

      Segundo a rpc corrente (o argumento de valorização cambial é duvidoso entre outros motivos porque desde 2011 o Real vem se desvalorizando mais que o Peso em relação ao US$) apurada pelo FMI:

      Br = 11310,9; Mex = 10629,9 (dados de 2013). Fonte: células aq 977 e aq 4805 da palnilah disponível em http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2014/01/weodata/download.aspx

      Segundo a rpc corrigida por PPP no método do FMI (que compara preços de cestos de consumo pré-determinados nos diferentes países):

      Br= 12220,9; Mex = 15562,6 (2013), células aq 4808 e aq 980 da mesma planilha anterior.

      Que o Günter entenda que o último método é melhor, é razoável, dizer que é indubitavelmente maior vai uma distância grande…

      De mais a mais, é menos importante o nível de renda atingido do que a velocidade com que muda. Na periodização, é preciso levar em conta momentos em que os modelos usados eram distintos, já que o México nem sempre foi um país liberal. De fato, na literatura especializada, é frequentemente equiparado a Brasil e Índia (como intervencionistas e autárquicos) ao menos no período 1950-1970. 

       

       

       

      1. O método atlas só…

        tira o efeito de oscilações cambiais, mas é uma série baseada em US$ correntes do mesmo modo.

        Então 1 e 2 são a mesma coisa, mas com cotação cambial de anos diferentes.

        Não há problema nenhum com o 3 e com o PPC. O mundo todo usa. A CIA usa para dizer que a China é maior que os EUA (isso até tem um fundo político, ok). Mas faz sentido pra todo mundo que produto deve ser comparado em relação a poder de compra.

        O argumento da valorização cambial não é ruim porque ela ainda existe: se o brasil foi um dos países que viu maior valorização de 2003 a 2010, paciência, foi pelos juros altos e pela valorização de commodities. Ainda não completou o ciclo de queda.

        Usar dólares correntes só faz sentido para se pensar influências em negociações comericais, compras de armas, ver o percentual do índice de preços que é tradable, etc. 

        O PIB dos EUA não caiu 30% (vis a vis Europa) de 1971 a 1975, certo? Nem o da Europa aumentou 50% no período, certo?

        Só os comentaristas daqui lembram da comparação com US$ correntes porque desfavorece o México.

        (Alguns até, quando descubrirem como PPC favorece o filme da Rússia mudarão de ideia e usarão seletivamente, como é usual por aqui.)

        Você não comentou sobre a concentração de renda, mas no outro post (semana passada) sobre México eu pus alguns gráficos facilmente acháveis no Google Images.

        Também não comentou o percentual muito menor no México de pessoas vivendo abaixo de 1,25 dólare e/ou 2 dólares.

        A velocidade relativa não tem mudado muito, as curvas dos dois países são quase paralelas.

        E meu comentário não é defesa de modelo liberal, mas constatação de certa indiferença entre esses dois países. Para falar de modelos é que se compara Peru/Colômbia com Venezuela. México e Brasil são dois meio termos parecidos entre si, só que no Brasil surgiu por necessidades políticas esse afã absurdo em um segmento de tentar pintar o México como o diabo, o que não é.

        Eles apenas chama de pobres quem é pobre, coisa que o Brasil não tem coragem de fazer.

        Que Brasil e México usaram modelos muito parecidos de 1950 a 1970, e até além, até 1990, é fato.

        E meu nome não tem trema.

        E o resto quem quiser que discuta com Banco Mundial.

        Afinal de contas, se eu estiver errado, o Banco Mundial também está.

        E isso seria um grande furo para o blog.

        Pessoal, ajudem o blog a provar que o Banco Mundial faz parte de uma conspiração com o PIG para defender o neoliberalismo no México e criticar o ‘governo popular’.

        Gente, que assunto mais chato, hein? Já deu!

        Quando o Brasil cresce mais que o México, não é muita a diferença. Quando cresce. Segundo o FMI, de agora até 2019 crescerá menos.

        Por favor, lidem com isso!

        O máximo que vão descobrir com esses posts é que são dois países que crescem um pouco menos que a média da América Latina e pronto.

    3. Os dados do BM sobre

      Os dados do BM sobre Investimentos diretos também são absurdos. O Gunter já explicou que esses dados estão incorretos(Gunter só considera corretos os dados que refletem sua visão ignorante de mundo).

      http://data.worldbank.org/indicator/BX.KLT.DINV.CD.WD/countries/MX-BR?display=graph

      Dados sobre o crescimento do PIB(incorretos, não refletem a opinião do Gunter).

      http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.KD.ZG/countries/MX-BR?display=graph

      Esse é o gráfico sobre as reservas, provavelmente o mais absurdo de todos, pois contraria tudo que Gunter, economista de botequim, diz. Em 2005, o México possuia mais reservas internacionais que o Brasil, hoje, o Brasil tem mais que o dobro. Esse é um dado muito importante para o Gunter, sujeito muito preocupado com o déficit nas transações correntes. Infezlimente, o Banco Mundial apresenta mais absurdos.

      http://data.worldbank.org/indicator/FI.RES.TOTL.CD/countries/MX-BR?display=graph

       

  8. Para os inacreditáveis GUNTER

    Para os inacreditáveis GUNTER e MOTTA ARAÚJO, as informações abaixo são um exemplo do sucesso do modelo mexicano.

    Se compararmos o desempenho das economias brasileira e mexicana a partir de 2003, quando Lula assumiu o governo e o México aprofundou o receituário liberal, com Vicente Fox, a disparidade é gritante. A economia brasileira cresceu 45,44% nesses 11 anos, enquanto a do México cresceu 30,71%. Em 2013, o Brasil cresceu 2,3%, o dobro do México (1,1%). A participação dos salários na renda é de 45% no Brasil e de 29% no México. Nesse período, o Brasil criou 16 milhões de novos empregos formais; o México, apenas 3,5 milhões. Em 2013, o Brasil criou 1,4 milhão de empregos; o México, meros 200 mil. O Brasil reduziu a pobreza absoluta a 15,9% da população; no México, houve aumento para 51,3%.

    Gunter e Araújo gostam de desemprego e pobreza, eles acham chique.

  9. Histori comparativa não tem

    Histori comparativa não tem valor cientifico. Paises são especificos, cada um como uma trajetoria UNICA, só sua, que sentido tem comparar situações tão diversas? A Historia do Mexico não tem ABSOLUTAMENTE NADA A VER com a do Brasil, nada mesmo. A geografia tampouco tem qualquer parecença.

    O México teve uma historia muito complexa, sede dos Imperios Azteca e Maia, colonização basicamente espanhola,

    fronteiras conflituosas com os EUA, a maior parte de seu territorio ´árido, de vegetação pobre e rasteira, na era moderna o Mexico foi o pais mais revolucionario da America Latina, a Revolução Mexicana de 1910 antecedeu à Sovietica, a reforma agraria foi violenta e completa, a Igreja foi expulsa das ruas, o Mexico foi o primeiro pais a nacionalizar o petroleo em 1938, foi criada no Mexico a DITADURA PERFEITA, eleições regulares mas o que saia indicava o sucessor, o Presidente do Mexico saia do poder com 2 a 3 bilhões de dolares e tinha que ir embora do Pais para não atrapalhar o sucessor, a Ditadura do PRI durou 70 anos ininterruptos, o Pais era tão esquerdista que abrigou Trotsky e o governo no exilio da Republica Espanhola, o Mexico só reconhece a Espanha de Franco depois que Franco morreu.

    A população mexicana é basicamente india e de sangue espanhol, não tem nossa mixagem com negros, italianos, alemães e japoneses.

    O Mexico não é neoliberal, sua energia eletrica é toda estatal, apenas tem formulas um pouco diferentes das nossas em algums setores, no petroleo são mais estatistas que o Brasil, comparações bobas e sem nexo, o Brasil é um Pais que não tem nada a ver com o Mexico, que tem 40 milhõs de seus nacionais nos EUA e grande parte da economia vive dessa ligação.

  10. Império do sul

    Bolívia, Uruguai e Paraguai também reclamam território tomado pelo Brasil. O Acre era da Bolívia, o Uruguai se extendia até São Gabriel – RS…. o Paraguai entrou com a outra parte em uma guerra com a tríplice aliança, que entrou com a cara….

  11. Isso não é jornalismo, e sim
    Isso não é jornalismo, e sim propaganda. Demonizar o neoliberalismo através dessa comparação não faz sentido nenhum. Contextos são muito diferentes. Nem o méxico foi sempre liberal e nem o Brasil sempre intervencionista. Mudanças nas diretrizes políticas e econômicas raramente apresentam resultados imediatos. Exemplos positivos para o liberalismo também não faltam. Por que não comparar com países que se desenvolveram através do neoliberalismo, ou com colômbia, Chile ou Peru, por exemplo?  O problema não é a política econômica ser ou deixar de ser liberal. Isso é uma consequência. O problema é a falta de investimento em capital humano. O liberalismo pode ser prejudicial ou benéfico dependendo de uma série de contextos e fatores. A política agrária européia, por exemplo, é extremamente protecionista. No entanto, essa idéia vendida pelo governo de que o Brasil está melhor do que os países liberais pelo nível de emprego é muito relativa –A Alemanha neoliberal “em crise”, na “versão local do Bolsa família” paga, todo mês, pelo menos 184 Euros(cerca de 565 R$) por criança, para TODAS as famílias, ricas ou pobres. Na Irlanda, onde a “crise neoliberal” foi bem mais grave paga-se 130 Euros. Há financiamento estudantil para todos em condições excelentes e apenas 50% tem de ser devolvido após formado. Um desempregado, além de ter o aluguel pago recebe valores bastante altos de seguro desemprego, muitas vezes por volta de 1000 Euros, variando de acordo com diversas condições, e praticamente sem limitação de tempo. Isso tudo com serviços públicos de qualidade e acessíveis à todos– um desempregado europeu tem uma vida muito mais digna do que um empregado que ganha salário mínimo no Brasil.  Tudo isso sem terrorismo do governo pois, diferentemente do PT, se encarregaram de tornar isso tudo uma conquista da sociedade e não de um governo. Existe, é claro, uma quantidade expressivamente maior de recursos disponíveis. Mas é essa a questão: Os recursos para um sistema de proteção social de tamanho alcance vieram exatamente do desenvolvimento econômico proporcionado pelo neoliberalismo. Mesmo que haja piora nos indicadores, devido à crise, essa piora parte de um padrão muito mais elevado. Considerar quem mora em uma favela classe média pode distorcer os índices, mas não muda a triste realidade. Nem o modelo liberal, nem o intervencionista são, ou devem ser absolutos. A abertura econômica só gera desemprego e consequências sociais negativas em um país ineficiente. Essa discussão é o bode expiatório do governo para a ineficência comprovada em democratizar educação de qualidade. Como sempre, é mais fácil empurrar a responsabilidade para estados e municípios do que resolver o problema.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador