Escolas públicas alemãs oferecem aulas sobre islamismo

Sugerido por Gunter Zibell – SP

Da Folha

Alemanha leva o islã à escola

ALISON SMALE
DO “NEW YORK TIMES”

FRANKFURT – Pela primeira vez, as escolas públicas da Alemanha estão oferecendo aulas sobre o islamismo para alunos do ensino primário, numa tentativa das autoridades de melhorar a integração da grande minoria muçulmana do país e conter a crescente influência do pensamento religioso radical.

As aulas oferecidas no Estado de Hesse são parte de um crescente consenso de que a Alemanha, após décadas de negligência, terá de fazer mais para atender à sua população muçulmana se quiser fomentar a harmonia social, superar o processo de envelhecimento populacional e afastar uma potencial ameaça à segurança interna.

A necessidade, dizem muitos aqui, é mais urgente do que nunca. De acordo com autoridades do setor de segurança e reportagens na imprensa alemã, pelo menos dois jovens alemães em Hesse foram mortos recentemente na Síria depois de atenderem ao chamado da jihad e terem sido aparentemente recrutados por pregadores radicais salafistas em Frankfurt.

 Gordon Welters/The New York Times

Ao citarem ensinamentos do islã sobre tolerância e aceitação, autoridades esperam que alunos se afastem de extremismo religiosoProfessores mostram ensinamentos de tolerância e aceitação do islamismo

Tais casos acionaram o alarme não só pelo fato de alguns jovens alemães serem vulneráveis ao recrutamento, mas também por eles poderem depois trazer a luta para seu país de origem. Outras partes da Europa com minorias muçulmanas em expansão estão enfrentando desafios similares de integração.

Uma resposta, esperam os funcionários de Hesse, está sendo posta em prática na escola. Ao oferecerem uma introdução básica ao islamismo para jovens muçulmanos logo na primeira etapa da escolarização, enfatizando seus ensinamentos sobre tolerância e aceitação, as autoridades esperam manter os jovens afastados do extremismo, ao mesmo tempo em que sinalizam a aceitação de sua fé pelo Estado.

Em uma sala de aula, Timur Kumlu pedia recentemente que cada um de seus 19 alunos de seis anos de idade pegasse o fio de um novelo de lã. Ele então orientou as crianças -cujos pais vieram de países muçulmanos tão diferentes como Afeganistão, Albânia, Marrocos e Turquia- a examinarem como, do mesmo modo que os fios, elas também estavam entrelaçadas.

“Agora estamos todos unidos -vocês vêm de diferentes países, e os seus pais também”, disse Kumlu, que lembrou às crianças que elas nasceram na Alemanha. “Nós precisamos educar de modo que elas desenvolvam uma personalidade com raízes comuns, na Alemanha e no islã”, disse ele.

Décadas de exclusão em relação àquilo que é considerado o padrão no país fizeram com que muitos muçulmanos da Alemanha aprendessem sua fé por meio do ensino mecânico nas escolas corânicas, de reflexões de tendência radical na internet ou no pátio de mesquitas em bairros de imigrantes nas grandes cidades, como Hamburgo e Berlim.

“Acho que está claro agora que, por muitos anos, nós cometemos o erro de alienar as pessoas”, disse Nicola Beer, que, como ministra da Educação de Hesse, pressionou pela instrução islâmica. Agora, disse ela, os alemães reconhecem que “nós estamos aqui juntos, nós trabalhamos juntos e nós educamos nossos filhos juntos”.

Fazil Altin, 34, advogado que preside a Federação Islâmica, disse que os muçulmanos e as autoridades de Berlim desperdiçaram 20 anos em batalhas judiciais sobre se o islamismo poderia ou não ser ensinado. Então, afirmou Altin, a federação aprovou uma aula semanal de 40 minutos, o que ele definiu como “irrisório”.

A seu ver, será preciso mais do que educação formal do Estado sobre o islamismo para superar as discrepâncias culturais. “É difícil ser muçulmano na Alemanha”, disse Altin. “O fato é que somos vistos como um perigo.”

Sabine Achour, educadora alemã em Berlim, casada com um advogado marroquino, expressou dúvidas sobre a disposição dos alemães em chegar a um meio-termo com os muçulmanos. “Os professores daqui têm a sensação de que o islã e a democracia não se encaixam. Mesmo nas situações em que a lei islâmica, a “sharia”, se enquadra nas práticas alemãs, ela não é aplicada.”

Kumlu, 31, disse ter sido motivado por sua ignorância sobre o islamismo quando, sendo mais novo, se deparava com o preconceito. Seus alunos agora são da terceira a quinta gerações de alemães, afirmou, “e eles deveriam estar em pé de igualdade com outras religiões”. 

Redação

15 Comentários

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  1. Mais uma ideia movida a boas

    Mais uma ideia movida a boas intençoes das quais o infermo esta repleto

    Não adianta o governo alemão tentar tornar o Islã mais diet se o Islã nao rever suas posiçoes sobre coisas como a Sharia 

    O Islã em sí mesmo é naturalmente totalitario!

    O Islã como religão nao abriu mao de reger a vida civel e penal do fiel

    Enquanto ele nao o fizer ( renegar publicamente a Sharia ) todo mulçumano sob pena de heresia esta obrigado a agir em prol dos interesses totalitarios do Islã seja ativamente ou ao menos passivamente.

    O Isla é INCOMPATIVEL com os preceitos de liberdade individual e democraticas que sao essenciais à vida do ser humano

    Ignorar isso a pretexto de parecer moderninho é algo que todo clérigo radical adora ver pois tudo o que eles precisam é que o ocidente incentive as pessoas a achar o Islã uma religiao moderada como é hoje a condiçao dos cristaos, e demais religiões

    enquanto o Islã nao renegar a Sharia e deixar claro ( à exemplo do que o  cristianismo  atual compreendeu ) que deve-se tolerar a ideia de alguem  morrer em nome de sua  fé mas NUNCA MATAR POR ELA   teremos serios problemas… 

     

     

    1. Não acho que seja assim tão problema.

      A maioria dos islâmicos na Alemanha veio da Turquia, que segue uma variante do sunismo que aceita o Estado Laico.  Nem o uso de véu por mulheres ou barba por homens é obrigatório. A Turquia é também o país muçulmano que menos reprime LGBTs, é questionado que os proíbem nas Forças Armadas, mas isso não é nada especial posto que a Bolívia também proíbe…

      Imigrantes de países como Argélia e Tunísia também estão acostumados a não seguir sharia. 

  2. ué??   ainda não apareceu

    ué??   ainda não apareceu nenhum ateu para questionar o ensino religioso nas escolas alemãs?

    seria porque não é uma religião cristã ?

     

     

  3. A esquerda aposta no Islã

    A esquerda aposta no Islã como alternativa ao cristianismo, uma aposta que vai levar o  mundo para as trevas.

    Se o comunismo matou mais de 100 milhões , o Islã já passa dos 200 milhões.

  4. Gunter Zibell – SP, você poderia contextualizar a transcrição

     

    Gunter Zibell – SP,

    Sempre me deixou contrariado a inserção de artigos ou reportagens no Fora de Pauta ou no Clipping do Dia ou em um comentário junto a outro post qualquer sem que haja uma por mais breve que seja introdução que sirva para contextualizar não só o artigo como também a relação de quem faz a inserção com o texto.

    O próprio artigo do Alison Smale, publicado originalmente no New York Times e posteriormente no jornal Folha de S. Paulo com o título “Alemanha leva o islã à escola” e que se transformou neste post “Escolas públicas alemãs oferecem aulas sobre islamismo” de quinta-feira, 23/01/2014 às 10:53, faz uma contextualização ao mostrar que a reação alemã é fruto do temor dos efeitos negativos que o modelo então existente de tratar o Islamismo pode trazer para o pais. Não me pareceu uma contextualização suficiente ou talvez se possa até mesmo questionar se se trata de uma contextualização precisa.

    Para que esta sua sugestão tenha mais entornos para que se possa entende-la com mais abrangência faço referência ao artigo de José Luis Fiori “Entre Berlim e o Vaticano”, publicado no Valor Econômico de 17/06/2009 que trazia o lema da democracia cristã alemã – partido de Angela Merkel – na campanha para o parlamento europeu em 2009: “Por Deus e contra a Turquia”.

    Para ficar um pouco mais contextualizada a minha referência acima trago um excerto de comentário meu junto ao post “Deputado italiano elogia ideias de atirador norueguês” de quarta-feira, 27/07/2011 às 16:48, aqui no blog de Luis Nassif. Meu comentário foi enviado quinta-feira, 28/07/2011 às 02:43, para junto de comentário de Ivan Moraes enviado quarta-feira, 27/07/2011 às 19:01, e ele pode ser visto na segunda página do post “Deputado italiano elogia ideias de atirador norueguês” no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/deputado-italiano-elogia-ideias-de-atirador-noruegues

    Farei entretanto, uma transcrição de uma transcrição. Em meu comentário, eu faço transcrição de trecho de outro comentário em que faço referência ao artigo de José Luis Fiori no post “As denúncias contra Sarney” de quarta-feira, 17/06/2009 às 15:59, no blog de Luis Nassif. Luis Nassif publicou o post com o intuito de se mostrar imparcial em relação a José Sarney defendendo-o da campanha que se fazia e, diga-se de passagem, ainda se faz, contra o ex-presidente, mas, nesta tentativa de mostrar imparcialidade, ele refere-se a José Sarney como um dos políticos mais atrasados da política nacional. Fiz vários comentários refuntando a afirmação de Luis Nassif. Em um dos comentários, enviado em quarta-feira, 17/06/2009 às 18:29, eu aproveitei para mencionar o artigo de José Luis Fiori como se vê a seguir:

    “Não, eu não considero Sarney o maior representante do que de mais atrasado existe na política nacional. Principalmente se eu tomo atrasado por um termo que eu posso definir a minha maneira. E nem o consideraria o maior representante do que de mais atrasado existe na política nacional, ainda que eu tome o termo atrasado como um termo definido a partir dos exemplos no seu texto que poderiam indicar atraso.

    Atrasado para mim é o lema da Democracia Cristã alemã, na campanha recente para o parlamento, segundo eu li hoje no artigo do José Luis Fiori intitulado “Entre Berlim e o Vaticano” e publicado hoje, 17/06/2009 no Valor Econômico. Diziam os democratas alemães:

    “Por Deus, e contra a Turquia”.

    Por Deus, isso é que é atraso. E tenho certeza que José Sarney jamais difundiria lema semelhante em uma campanha política. Para que ele fosse o que de mais atrasado a política nacional possuísse era necessário que a política brasileira estivesse muitos passos à frente da política alemã. Sou ufanista, mas nem tanto.”

    Talvez o trecho do meu comentário que transcrevi fique descontextualizado, pelo menos para a maioria das pessoas, mas espero que não fique para você.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 23/01/2014

    1. Olha, em geral não acho necessário…

      …fazer notas de contextualização.

      Há tempos se apresenta o fato da Alemanha ter 20% de não-alemães, a maioria islâmica.  Comentei várias vezes nas ocasiãos em que reclamo que o Brasil não tem política de aceitar imigrantes.

      Em 2010 também redigi um post sobre a problemática da inserção de muçulmanos na Europa Ocidental, onde nos principais países (exceto Itália, que é o mais fechado a imigrantes) formam de 5 a 15% da mão-de-obra e às vezes 40% das crianças em algumas escolas.

      E a todo momento falamos sobre inclusão de minorias, que podem ser étnicas ou religiosas.

      A inclusão é considerada avanço civilizatório.

      Então, essa notícia está bem no espírito do blog, dispensando contextualização.

      E não acho relevante pensar a relação de quem indica com textos. Não necessariamente precisamos concordar com a análise apresentada, mas que o tema seja relevante para discussão.

      1. Contextualizada, Nova Era é uma cidade em Minas Gerais.

         

        Gunter Zibell – SP (quinta-feira, 23/01/2014 às 16:23),

        Eu não disse que era necessário, como uma regra. Aliás, eu nem mesmo dissera que era necessário como uma opinião pessoal. O que eu deixei implícito como opinião pessoal era a importância da contextualização. E como você viu diante da pergunta de Leodffff, no comentário que ele enviou hoje, quinta-feira, 23/01/2014 às 14:05, para você, às vezes, a contextualização se faz necessária.

        A minha insistência em dar mais importância à contextualização visa permitir que se possa retirar mais de um texto. Só o conhecimento de quem fez a indicação do texto é insuficiente para mais bem o compreender. A opinião sobre o texto de quem deu a sugestão muitas vezes ajuda no esclarecimento do que o texto traz.

        Em geral em um jornal, em um livro ou na internet as palavras vêm frias, sem expressão e as idéias que as acompanham não se mostram com toda intensidade. Em um livro esta questão não é tão importante porque na longa jornada da leitura tudo fica contextualizado. O estilo, o conjunto das idéias, o conhecimento que temos sobre o autor, nos dão informações suficientes para entender toda a obra.

        Quando realizamos uma segunda leitura de um livro nós nos encontramos em um estágio maior de contextualização da obra. A leitura de uma segunda obra também é mais fácil e mais compreensível. E há informações que nem sempre se encontram disponível mesmo após uma ou mais leitura de uma obra. E há informações que quando aparecem surpreendem e provavelmente têm grande repercussão no entendimento de um texto. Uma primeira leitura da “Revolução dos Bichos” de George Orwell, sabendo que ele foi um agente do serviço britânico de espionagem, é diferente de uma leitura em que o sabemos apenas como um intelectual de esquerda.

        E há contextualizações que são impraticáveis de serem feitas. Antigamente eu dizia que um jornal deveria ter na primeira página a indicação de todos os valores que a empresa defende e todos que ela combate para que o leitor pudesse mais bem entender a informação ou análise que o jornal transmite. Uma página inteira assim, entretanto, apenas se vincularia ao espaço dos editoriais. Há ainda a ideologia e valores de cada jornalista que muitas vezes são diferentes das idéias do jornal. Enfim contextualização assim seria inviável.

        Na época da propaganda do jornal Folha de S. Paulo, em que se dizia que se tratava de um jornal com o rabo preso com o leitor, eu argumentava que era o leitor da Folha de S. Paulo que tinha o rabo preso ao jornal, pois aquele conjunto de jornalistas que escreviam na Folha de S. Paulo já eram bastantes conhecidos para que se pudesse entender com mais precisão toda a informação ou análise que eles apresentavam.

        É claro que a importância que eu dou a contextualização é bem relacionada a um viés detalhista que me acompanha em todos os escritos no blog e que é mais um traço de personalidade. Viés que evidentemente não me parece ser algo apropriado para os comentários em um blog.

        E por fim lembro que o fato de eu considerar importante a contextualização para o artigo “A Alemanha leva o islã à escola” de Alison Smale não significa que eu avaliei que o artigo não se ajustaria ao espírito do blog. Ainda mais que na ânsia de ter um espaço democrático e aberto a todas as ideologias desde que não expresse idéias tipificadas, Luis Nassif tem transformado em post toda espécie de comentário.

        E faço uma contextualização que me pareceu não ter sido compreendida, talvez por eu não a ter deixado clara em meu comentário anterior. Com a menção do lema do Partido da Democracia Cristã da Alemanha na campanha ao parlamento europeu de 2009 (Um ano bem recente) e que volto a transcrever: “Por Deus e contra a Turquia” eu queria destacar o quanto a própria cultura ocidental cristã era responsável pela espécie de muro que se ergueu separando as duas culturas e que agora os alemães começam a descobrir que o precisam derrubar.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 23/01/2013

    1. Claro que é.

      Fala da inclusão de grupos em uma sociedade e respeito à religiosidade, ambos são coisas positivas, não?

      Essas crianças crescerão e poderão se candidatar ao parlamento no futuro. E aprendendo em escola pública já saberão que se trata de Estado Laico.

      1. Cuidado Gunter
        Nao substime o

        Cuidado Gunter

        Nao substime o poder de uma religião totalitaria

        A coisa funciona como uma programaçao oculta só esperando que alguem a acione…

         

  5. Eu faço uma indagação sobre

    Eu faço uma indagação sobre um pequeno trecho: “terá de fazer mais para atender à sua população muçulmana se quiser fomentar a harmonia social, superar o processo de envelhecimento populacional e afastar uma potencial ameaça à segurança interna.”

    Embora o texto não afirme, já li que os alemães estão se reproduzindo (a taxas menores que os muçulmanos. Este envelhecimento a que se refere é da população “alemã” ?

    1. É mais ou menos assim

      Em 1950 a Alemanha tinha mais ou menos 80 milhões de habitantes, mas basicamente alemães étnicos.

      Agora, passados 60 anos continua com mais ou menos essa população, mas 20% de imigrantes e seus filhos. isto é, sem imigração a população da Alemanha seria de uns 65 milhões.

       

  6. Nunca entendi a Alemanha

    Nunca entendi a Alemanha aceitar a presença dessa minoria turca. É certo que a Turquia já foi área de influencia da Alemanha mas, acho, que ela faria muito muito melhor se aceitasse de volta, por exemplo, os alemães/brasileiros de sua colonia aqui existente. Pelo menos faz parte da cultura ocidental cristã. Com esses mulçumanos, eles terão problemas graves no futuro. Pode ser preconceito mas na realidade é que onde existe minoria ou maioria mulçumana  a estupidez e violencia religiosa grassa.

  7. Nunca entendi a Alemanha

    Nunca entendi a Alemanha aceitar a presença dessa minoria turca. É certo que a Turquia já foi área de influencia da Alemanha mas, acho, que ela faria muito muito melhor se aceitasse de volta, por exemplo, os alemães/brasileiros de sua colonia aqui existente. Pelo menos faz parte da cultura ocidental cristã. Com esses mulçumanos, eles terão problemas graves no futuro. Pode ser preconceito mas na realidade é que onde existe minoria ou maioria mulçumana  a estupidez e violencia religiosa grassa.

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