
O Partido Republicano de Donald Trump não apenas detém a presidência dos Estados Unidos, como manteve a maioria no Senado e manteve a dominância na Câmara dos Representantes, o que lhe garante poucas restrições para implementar a agenda extremista pregada pelo Project 2025.
Contudo, é preciso ter em vista que os Estados Unidos são uma república federal, e os políticos do Partido Democrata controlam metade do país, o que pode estabelecer uma certa resistência às regras que a direita conservadora quer impor ao país via Trump.
Os estados da Costa Oeste e da Nova Inglaterra, além de Nova York, Nova Jersey e Illinois representam 32% da população dos EUA, 38% do seu PIB e 75% do investimento de capital de risco. Ao se adicionar grandes áreas metropolitanas azuis como Dallas, Washington D.C., Filadélfia, Atlanta e Phoenix, os dois primeiros números chegam perto de 50%.
“Isso significa que os estados podem resistir ao exagero de Trump usando as ferramentas do federalismo progressivo, muitas das quais foram aprimoradas durante a primeira administração (de Trump)”, explicam os economistas Laura Tyson e Lennon Mendonça em artigo publicado no site Project Syndicate.
Além das diversas medidas tomadas por Joe Biden e pelos democratas do Senado nas últimas semanas de governo, como a proibição de petróleo offshore, bloqueio da venda da US Steel para a japonesa Nippon Steel e a garantia de transferência de recursos para os estados, uma parte importante da resistência federalista virá de estados como a Califórnia, citando a sessão especial convocada pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, para “proteger o estado contra Trump”.
Tyson e Mendonça também destacam o papel que os procuradores-gerais estaduais terão na proteção de valores progressistas nos próximos anos, e a Associação de Governadores Democratas promete que “os americanos podem contar com os governadores democratas para continuar defendendo as liberdades fundamentais e nossa democracia”.
“Embora seja difícil, os governadores democratas terão a Constituição dos EUA do seu lado. A Décima Emenda — que a Suprema Corte considera tanto um escudo quanto uma espada para frustrar a invasão federal — prevê que os ‘poderes não delegados aos Estados Unidos pela Constituição, nem proibidos por ela aos Estados, são reservados aos Estados, respectivamente, ou ao povo’”, pontuam os articulistas.

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