Piso de Lula nas pesquisas é ‘bem diferente’ do de Bolsonaro, diz Coimbra

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Presidente do Vox Populi fala sobre pesquisas eleitorais na TV GGN 20 horas; tensão entre Rússia e Ucrânia também foi destaque

lula vestindo um terno escuro e camisa branca sem gravata, durante coletiva de imprensa à mídia independente
Foto: Ricardo Stuckert

Os conceitos que importam ao se analisar uma pesquisa eleitoral e o aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia foram tema da TV GGN 20 horas desta quarta-feira (23/02), que contou com a participação de Gustavo Oliveira, pesquisador do INCT-INEU, e com o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Vox Populi.

Um primeiro ponto de destaque envolve a queda dos casos de covid-19 no Brasil: nesta quarta-feira, o país registrou 133.563 casos. A média diária semanal ficou em 96.872, queda de 20,3% ante sete dias e de 41,7% ante 14 dias.

Quanto ao total de casos no mundo, a média em sete dias ficou em 2,847 milhões, queda de 13,5% em sete dias e de 34,7% em 14 dias. Dos 20 países com mais casos, 13 são da Europa. “Essa Ômicron, do jeito que veio ela tá indo também”, na visão do jornalista Luis Nassif.

Pandemia facilitou elaboração de pesquisas

“Saiu uma pesquisa da Modal Investimentos, de uma empresa especializada em análise de marca, dizendo que o Bolsonaro está no mesmo nível do Lula”, disse Nassif. “Daqui até as eleições vai ter muito disso”

Sobre as eleições, as pesquisas de opinião são alvo de análise de Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Vox Populi.

“Vamos considerar (a pesquisa da Modal) como uma exceção, um ponto fora da curva, não vou ficar inventando especulação a respeito de um instituto que nem conheço a rigor”, disse Coimbra a Nassif e ao jornalista Marcelo Auler.

“Aliás, essa Futura atuava no mercado do ES, respeitada – e este ano, quando ficou barato fazer pesquisa nacional por conta do telefone, uma instituição financeira também muito pouco conhecida na época bancou pesquisas para essa empresa. E está dando isso”, disse Coimbra. “O que eu sei é que tem um conjunto grande de pesquisas sendo feitas, e essa é claramente um ponto fora da expectativa”.

Coimbra também destaca a simplicidade com que as pesquisas começaram a ser elaboradas à distância por conta da pandemia, o que exigiu maior automação – como realização de pesquisas via internet, via robô e até mesmo a pesquisa convencional.

“E (pesquisa à distância) passou a ser a única opção durante um período da pandemia, todo mundo se acostumou com isso, e quem entrou no mercado por essa porta não quer sair, e continua a fazer”, diz Coimbra.

Conceitos de teto e de piso em uma pesquisa

Sobre os limites de alta, queda e oscilações existentes nas pesquisas durante uma campanha eleitoral, Coimbra diz que existem dois conceitos a serem usados: conceito de teto e de piso.

“Se você comparar teto e piso dos dois candidatos de verdade que tem nessa eleição, que são Lula e Bolsonaro, os outros são cada vez mais figuras decorativas na eleição – nunca conseguiram crescer, não só esse grupo do terceiro para baixo, mas outros nomes que já foram testados (…)”, diz o presidente do Vox Populi.

“Se você olhar (Lula e Bolsonaro) para esses dois, com esse conceito de piso e teto, nós vamos ver uma diferença enorme: Lula tem um piso muito alto que é formado pelo eleitorado petista, que votou no PT em qualquer hipótese, votou no Haddad… (Haddad) era um candidato praticamente desconhecido fora de SP, que tinha uma enorme dúvida a respeito se era candidato até faltando 40 dias para a eleição. Pois bem, o Haddad teve 35% dos votos”, lembra Marcos Coimbra.

Segundo o sociólogo, esses 35% de votos seriam o piso do Haddad, enquanto o piso de Lula é um pouco mais alto. “Ele (Lula) é um sujeito muito mais conhecido, fez duas presidências extremamente bem avaliadas (…) Então vamos dizer que o piso do Lula está um pouco acima de 35% e provavelmente um pouco abaixo de 45%”

No caso do atual presidente, Coimbra diz que ainda não é possível saber qual é o seu piso. “Nós vimos ele (Bolsonaro) ir perdendo vitalidade, perdendo tamanho ao longo do ano passado, e em dezembro ele estava no seu pior momento (…) Agora, no início do ano, ele fez um carnaval de benesses: aumentou salário mínimo, entrou em ação o auxílio emergencial, auxílio gás, piso nacional para professor do ensino fundamental. Enfim, ele botou tudo o que ele tinha (…)”

Enquanto Bolsonaro liberava benesses, Coimbra lembra que Lula esteve dedicado a outro tipo de tarefa: “a construção política não em torno propriamente do primeiro turno da eleição, mas em havendo um segundo, pronto para disputar competitivamente e para governar (…)”.

Avançam as tensões entre Rússia e Ucrânia

Outro tema envolve o aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia. Para falar a mais respeito, Nassif e Marcelo Auler conversam com o pesquisador Gustavo Oliveira, doutorando em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP)

“Desde que se iniciou essa crise, essa fase mais aguda no final de 2021, a Rússia sinalizou pela ameaça do uso da força, que ela era muito séria quanto a questão das garantias de segurança, com respeito a expansão da OTAN e com essa questão da Ucrânia viabilizar a questão da reintegração dos territórios separatistas”, diz o pesquisador.

Na visão de Oliveira, “a Rússia insistiu nessa abordagem de ameaçar usar força para tentar forçar os EUA e a Ucrânia a serem mais construtivos nessas negociações com a Rússia, mas acredito que a Rússia percebeu que a hora dos blefes já passou”.

O pesquisador ressalta que, agora, a Rússia “teria que respaldar essa reatividade política em discurso com alguma ação concreta, e a primeira ação delas – pode ser a única, mas pode não ser, isso é uma incógnita – foi dada agora, com o reconhecimento das duas repúblicas separatistas”

“Após mais uma negativa da Ucrânia de fazer as negociações da maneira como a Rússia queria, que foi dada uma reunião que foi 10 ou 11 em fevereiro, no formato da Normandia, que foram representantes da Rússia, Alemanha, Ucrânia e França”, lembra Gustavo Oliveira, ressaltando que o representante da Ucrânia se negou a consentir com as demandas da Rússia, o que acelerou o reconhecimento das repúblicas separatistas pela Rússia.

Na visão do pesquisador, o reconhecimento por parte da Rússia queima algumas pontes diplomáticas por algum tempo, e a retaliação já vem vindo por meio de sanções dos Estados Unidos e dos outros países europeus tanto contra a Rússia como contra as regiões separatistas.

“A longo prazo, talvez até a médio prazo, acredito que possa ter alguma tentativa de retorno de diálogo com os EUA, com as potências ocidentais, porque simplesmente a Rússia é um país incontornável (…) A Rússia deu esse recado, com o reconhecimento das independências, e aí é importante ressaltar que esse ato também cria mais obstáculos. Ele traz uma mensagem para os EUA, para a Ucrânia de que a Rússia é séria em suas intenções, mas ao mesmo tempo ela não resolve todos os problemas da Rússia (…)”

Veja mais sobre a tensão entre Rússia e Ucrânia, além das discussões em torno das eleições presidenciais de 2022, na íntegra da TV GGN 20 horas. Clique no link e confira! –

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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