
O ex-promotor Yoon Suk-yeol, de 61 anos, foi eleito novo presidente da Coreia do Sul. Deverá ser o mandatário do país asiático nos próximos cinco anos, governando junto com a aliança liderada pelo seu Partido do Poder Popular, conhecido por um discurso político ultraconservador, liberal na economia, alinhado com os Estados Unidos e forte teor anticomunista – com posições duras a respeito da China e da vizinha Coreia do Norte.
Mas para saber melhor o que esperar do próximo governo da Coreia é importante saber quem é Yoon Suk-yeol, e conhecer mais sobre a história que o levou ao poder.
Yoon construiu sua carreira no Ministério Público do seu país, organismo no qual ingressou em 1994. Ganhou notoriedade nacional aos poucos através de casos que foram fortalecendo sua imagem como investigador implacável. Por exemplo, em 2006, ele levou à prisão o empresário Chung Mong-koo, então CEO da Hyundai, que estava ligado a um caso de corrupção.
Em 2013, Yoon ganhou mais notoriedade ao dirigir uma equipe de investigação especial que examinou a participação do Serviço de Inteligência Nacional da Coreia em um escândalo de manipulação da opinião pública. No mesmo ano, ele chegou a acusar o então ministro de Justiça, Hwang Kyo-ahn, de tentar interferir nas suas investigações, mas acabou sendo removido da Promotoria de Seul e enviado à de cidade de Daegu.
Porém, o caso acabou fortalecendo a imagem de Yoon no país, e ele deu a volta por cima: em 2019 foi nomeado como novo Procurador Chefe: seu cargo era similar ao do Procurador Geral da República no Brasil. Mas ele não o exerceu por muito tempo, já que, desde 2021, seu objetivo passou a ser a campanha presidencial.
Yoon Suk-yeol foi eleito graças a uma pequeníssima margem de votos: ele obteve pouco mais de 16 milhões, enquanto seu principal concorrente, o governista Lee Jae-myung, conseguiu 15,8 milhões – em termos percentuais, o primeiro teve 48,6% enquanto o segundo ficou com 47,8%, após 98% das urnas apuradas.
Com isso, ele substituirá o atual presidente, Moon Jae-in, do Partido Democrático da Coreia, considerado de centro-esquerda, ou de esquerda liberal.
O discurso de Yoon é marcado por um forte elemento anticomunista, que inclui a ideia de promover um governo de posturas mais duras com relação à Coreia do Norte e à China. Essa mesma determinação sugere que o novo governo poderia se mostrar mais alinhado aos Estados Unidos – apesar das críticas que o presidente eleito fez ao país norte americano quando era governado por Donald Trump, e este fez uma visita à fronteira coreana, na qual se encontrou com o líder norte-coreano Kim Jong-un.
Entre as promessas eleitorais de Yoon está o desenvolvimento de tecnologia que permita à Coreia do Sul realizar um ataque preventivo, no caso de a Coreia do Norte disparar misseis nucleares contra o seu território.
O presidente eleito também defende as sanções internacionais contra a Coreia do Norte, e não só isso, reivindica o fortalecimento dessas medidas para forçar o vizinho a iniciar um processo de “desnuclearização”.
Outro fator que se destaca no discurso de Yoon Suk-yeol é sua ideia de apostar nas criptomoedas como forma de recuperar o crescimento da economia da Coreia do Sul. Durante a campanha, ele prometeu “revisar as regulamentações irracionais (a respeito das criptomoedas), que estão longe da realidade”.
Em termos de direitos civis, Yoon também é considerado bastante conservador, marcado principalmente pelo antifeminismo. Segundo perfil publicado no Washington Post, em matéria de Michelle Ye Hee Lee and Min Joo Kim, o futuro mandatário defende que as mulheres querem “mais trabalho e não feminismo”, e prometeu acabar com o Ministério da Igualdade de Gênero.
Sobre os direitos da comunidade LGBTI+, sua postura é considerada ambígua: afirma que não promoverá novas políticas, mas assegura que não reverterá direitos já adquiridos.
Yoon Suk-yeol também é considerado um negacionista das mudanças climáticas e já se disse contrário a mudanças visando uma diminuição das emissões de gases do país, por considerar que isso afetaria o desenvolvimento da Coreia do Sul e a competitividade da sua economia.

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