BC quer tirar parentes de políticos de lista de fiscalizados e mexer em limite do Coaf

Foto: Fotos Públicas

Jornal GGN – O Banco Central lançou uma consulta pública a respeito da mundança de regras de fiscalização por parte das instituições financeiras que podem ter impacto na apuração de crimes de lavagem de dinheiro. Segundo reportagem da Folha, as duas medidas mais polêmicas são a retirada de parentes de políticos da lista de pessoas fiscalizadas e a alteração da linha de corte de R$ 10 mil para transações que precisam ser comunicadas obrigatoriamente ao Coaf.

Hoje, transações bancárias acima de R$ 10 mil, ainda que fracionadas, geram notificações dos bancos ao Coaf. Foi assim que o ex-motorista de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, acabou sendo reportado. 

Com a mudança, segundo a Folha, só operações em dinheiro acima de R$ 50 mil terão que ser obrigatoriamente comunicadas. Isso fará, na visão do BC, com que os bancos tenham de mudar sua política interna de checagem de transações, independente do valor envolvido. “Assim, estaria aumentando a responsabilidade das instituições no monitoramento de seus clientes e nas comunicações ao Coaf.”

Há ainda o argumento de que o limite de R$ 10 mil está “gerando ruídos, com uma sobrecarga de informações que não têm relação com lavagem de dinheiro. Além disso, o valor de limite ficou defasado após dez anos de vigência da atual norma.”

Quanto à lista de fiscalizados, ela deve aumentar, foram incluídos deputados estaduais, vereadores e presidentes e tesoureiros de partidos políticos. Mas a ideia é que os parentes dos deputados deixem de ser uma fiscalização obrigatória para todos os relacionados. Ficaria a cargo do banco reportar quando identificar um caso que chame atenção e que envolva parente.
Desde 2009, “pais, filhos, companheiros e enteados de pessoas consideradas politicamente expostas, entre elas os políticos, são alvo de uma vigilância mais rigorosa dos bancos, com o objetivo de monitorar e coibir eventual lavagem de dinheiro com origem em desvio de recursos do Estado. São pessoas politicamente expostas (PEP no jargão usado em órgãos de controle)”, explicou a Folha.
O desembargador Fausto de Sanctis, especialista em lavagem de dinheiro, considera que a medida “fragilizará os controles” e também comentou que o ideal era inserir na lista outros agentes.
“Templos e igrejas há de serem livremente criados, mas seus líderes devem ser monitorados diante dos recursos que normalmente são movimentados em nome da fé. Também os doadores de tais instituições e de instituições filantrópicas deveriam merecer atenção quando obtiverem algum benefício fiscal em tais doações”, disse.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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