Investigação sobre jatinho de Campos guarda dúvidas e poucos avanços

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
 
Jornal GGN – Em 30 dias da Operação Turbulência, desarticulada em Pernambuco para apurar esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a compra da aeronave que usava o ex-governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB), no acidente que o vitimou, levou a um grupo que pode ter movimentado R$ 600 milhões, de recursos desde a Refinaria Abreu e Lima até as obras de transposição do Rio São Francisco.
 
Entre os investigados, João Carlos Lyra de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira foram os nomes já divulgados. Mas, ao contrário da Lava Jato, as investigações não atingem os mesmos avanços.
 
Nesse um mês de investigação, o saldo de quatro empresários presos e um encontrado morto em um hotel em Olinda, em condições ainda não esclarecidas, mostra que as táticas usadas pelos investigadores, ainda que similares à Lava Jato, não angariam o mesmo apelo – midiático ou de aporte investigativo.
 
Do Blog de Jamildo

 
 
A apuração iniciada a partir do questionamento sobre a compra do jatinho em que o ex-governador Eduardo Campos (PSB) morreu, vítima de acidente aéreo há dois anos, chegou ao grupo que pode ter movimentado R$ 600 milhões, com parte do montante em recursos ilícitos da Re‐naria Abreu e Lima e da Transposição do Rio São Francisco. 
 
Nesses 30 dias, porém, poucas perguntas foram respondidas e o saldo das investigações é de quatro empresários presos e outro encontrado morto num motel em Olinda, em circunstâncias misteriosas até hoje.
 
Desde o dia em que a operação foi deflagrada, a Polícia Federal tem mantido silêncio sobre a investigação. Foi divulgado que o esquema tem três líderes entre os presos, mas os nomes deles não são confirmados pela PF. 
 
Provas compartilhadas com a Operação Lava Jato, porém, revelam que os responsáveis eram João Carlos Lyra de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira. O suposto papel de cada um dentro da organização, no entanto, é uma incógnita.

 
Os advogados dos três entraram com pedidos de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 5ª Região e tiveram as solicitações negadas pela Segunda Turma. Os desembargadores acompanharam o entendimento do Ministério Público Federal (MPF) de que há indícios de que os três comandavam a organização. 
 
A defesa reclama. Para Nabor Bulhões, defensor de João Carlos Lyra – e também do empreiteiro Marcelo Odebrecht na Lava Jato -, manter o empresário preso torna as duas operações muito parecidas. 
 
Ademar Rigueira, que representa os outros dois, vai além e acusa a Justiça de tentar forçar uma delação premiada através da prisão dos acusados. Ambos prometeram recorrer da decisão, mas sabem que isso significa que os empresários devem ficar no Cotel por mais tempo, pelo menos um mês, mesmo que a liberdade seja aprovada em instâncias superiores depois do recesso do judiciário. 
 
Considerado ‘laranja’ no esquema, Arthur Lapa Rosal também está no Cotel e não solicitou a liberdade à Justiça ainda. 
 
Paulo César Morato
 
O último acusado que foi alvo de mandado de prisão preventiva há um mês é Paulo César de Barros Morato, também visto como ‘laranja’. O empresário era o dono da Câmara e Vasconcelos, contratada por R$ 18 milhões para fazer a terraplanagem nas obras do Rio São Francisco.
 
De acordo com as investigações, há indícios de que a empesa era fantasma. Um ano antes da deflagração da Turbulência, o nome da empresa já havia entrado no radar da Lava Jato, depois da delação premiada do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Morato foi ouvido. 
 
Único foragido, ele foi encontrado morto no dia seguinte à ação em um motel de Olinda. Até agora, o único resultado divulgado pela Polícia Civil, à frente do caso, é que havia uma substância chamada organofosforado, conhecida popularmente como chumbinho, no corpo do empresário. Nos primeiros dias após a morte, o secretário-executivo de Defesa Social, Alexandre Lucena, afirmou que a tese de que Morato foi assassinado estava praticamente descartada, mas nada foi divulgado ainda sobre as conclusões das outras perícias.
 
Há uma polêmica sobre o fato de a Polícia Civil estar conduzindo as investigações. O deputado estadual Edilson Silva (PSOL) chegou a pedir ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicite ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a PF assuma o caso. 
 
O argumento é de que a operação envolve políticos do PSB, partido cujo vice-presidente é o governador Paulo Câmara, que controla a secretaria. A Polícia Federal mantém uma equipe acompanhando o inquérito presidido pela delegada Gleide Ângelo e afirma que só toma a frente da apuração se for provado que a morte está ligada à Turbulência. Não há previsão para a conclusão da investigação. 
 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. jato

    A investigação (???) sobre o veloz jatino é feita a passo de tartaruga, comme il faut.Mas há esperança, já que o bicho vive 200 anos.

  2. É porque não tem nenhum

    É porque não tem nenhum petista envolvido, basta alguém enfiar um e o curso da investigação toma outro rumo, sainda da letargia em que se encontra para o espetáculo midiático das condução coercitivas, busca e apreenssões e condenações sumárias.

  3. easy

    É fácil:

    Mande o mouro perguntar pro cupincha dele, o tal de youssefff. 

    Esse fio do kabrunco é quem pagava as prestação du aviãozinho do fio duma égua.

  4. A PF diz: ‘Afastem de mim este cálice; há muita turbulência’

    Prezados leitores,

     

    Como a PF não encontrou nenhum político do PT envolvido nas negociatas  e no esquema de corrupção, os ânimos dos seus agentes e delegados esfriaram. O mesmo se diga em relação ao MPF e ao PIG/PPV que procura esquecer, encerrar e enterrar o assunto. A hipocrisia e a moral de prostituta (com todo o respeito aos  e às profissionais do sexo) das instituiçoes burocráticas do Estado (polícias, ministério público e poder judiciário) fica escancarada. A polícia civil de PE simplesmente se recusou a periciar o corpo de Paulo César Morato; a PF corre para não chegar e inventa desculpas esfarrapadas para não assumir as investigações sobre a morte suspeita e não apurada. O PIG/PPV se esforça pra abafar o caso, encerrar e enterrar a chamada operação turbulência; faz sentido, pois Eduardo Campos era um falso paladino, muito assemelhado a Aécio Cunha, ambos muito bem cevados, apadrinhados e protegidos  pelo PIG/PPV, que sempre escondeu dos brasileiros as falcatruas e crimes que esses políticos cometiam.

    Se a operação “turbulência” tivesse encontrado algum indício de participação de políticos do PT (em especial o senador Humberto Costa) é certo que a PF prontamente assumiria todas as investigações, o PIG daria destaque e cobertura diária e os trabalhos teriam um andamento célere. Não podemos esquecer que o caso do helicoca foi enterrado, sem que os proprietários da aeronave (os Perrela, amigos íntimos de Aécio Cunha) sequer fossem indiciados pela participação ou cessão de veículo aéreo para transporte dos 445 kg de pasta-base de cocaína. Mais ainda: o que foi feito com a droga? Quem a encomendou? Qual o fornecedor e qual o destinatário da valiosa carga? O policial Lucas Arcanjo, encontrado morto em 26 de março deste ano, no quarto da residência, fez gravíssimas denúncias contra o atual senador Aécio Cunha, inclusive por tráfico de dogas e mando de assassinatos. A morte do policial não foi esclarecida e o caso caminha para o esquecimento. A operação denominada “Triplo-X” tinha como alvo o ex-presidente Lula, a quem a meganhagem da PF e do MP, assim como o juiz sérgio moro quiseram atribuir a posse de um apto em prédio no Guarujá; ao invés de Lula, essa operação deparou com o nome de Paula Marinho em anotações que mostram transações com a lavanderia Mossack & Fonseca e envolvimento dos irmãos Marinho e herdeiros em esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio; um prédio de luxo , de três andares, construído em área de proteção ambiental na Praia de Santa Rita, em Paraty, litoral sul fluminense, pertence à família controladora das organizações globo. Quando a operação chegou a esse ponto, foi abortada e esquecida pelo PIG/PPV. A operação “Zelotes”, cujo objetivo original era investigar grandes sonegadores e corruptores de funcionários do CARF, dentre os quais estão os grandes grupos de mídia (globo, folha, abril), grandes bancos (santander, bradesco, hsbc, etc), outras grandes empresas (ambev gerdau, etc.) foi totalmente desvirtuada e transformada num esquema de perseguição ao ex-presidente Lula e à família dele; nenhum grande sonegador ou ‘delegado’ corrupto do CARF foi punido; com a eleição do de(mo)nista Rodrigo Maia para a presidência da Câmara Federal, uma das primeiras providência tomatas foi anunciar que a CPI do CARF não será prorrogada.

    O parágrafo anterior demonstra que o objetivo dessas operações midiáticas da PF, do MP e do PJ não é o de combater a corrupção, mas sim o de servir de instrumento para que a plutocracia oligáquica possa destituir um governo popular e tomar o poder político federal por meio de um golpe de Estado com falsos ares de legalidade e institucionalidade. Se observaramos que pelo voto popular essa plutocracia sofreu quatro derrotas consecutivas, desde 2002, faz muito sentido que ela use do aparato burocrático do Estado´(PF, MP e PJ), para tomar a direção política do País.

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