Janot rebate quem tenta criminalizar reuniões

Jornal GGN – Rodrigo Janot, procurador-geral da República, se viu entre fogo cruzado. Depois que a lista de Janot foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e disponibilizada para todos, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, ambos do PMDB e ambos com cargos na presidência das duas casas legislativas, Câmara Federal e Senado Federal, ligaram a metralhadora giratória da defesa às custas de ataque ininterrupto.

Nesta terça-feira, dia 10, Janot afirmou que sempre recebeu a todos em seu gabinete, e isso significa ‘diálogo’ e ‘diálogo não contamina suas decisões como chefe do Ministério Público’. As declarações de Janot foram publicadas no G1.

A declaração de Janot não foi fruto de um bate-papo informal com jornalistas, foi uma resposta ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que o acusou de ‘aparelhar’ a Procuradoria-Geral da República e ceder a ‘jogo político’ na definição da lista de autoridades que deverão ser invetigadas na Operação Lava Jato. 

Janot lembrou a todos uma coisa muito importante e que vem sendo colocada em segundo plano, que é o fato de que ‘não se pode confundir investigação com condenação’. E, na última sexta, o ministro do STF, Teori Zavascki, autorizou a abertura de inquérito para que sejam investigadas 49 pessoas, sendo que 47 são políticos.

Cunha disparou sua metralhadora acusatória pois Janot, nos dias que antecederam a entrega dos pedidos de abertura de inquérito ao STF, reuniu-se com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e com o vice-presidente da República, Michel Temer. Cardozo negou qualquer pressão ou interferência por parte do governo nas investigações do Ministério Público.

“Acredito piamente que com diálogo se constrói. As portas do meu gabinete sempre estiveram abertas. Nunca deixei de receber quem quer que seja para assuntos institucionais e assuntos profissionais. Isso não quer dizer que o diálogo possa contaminar minhas decisões. As decisões são tomadas com a responsabilidade que o cargo me impõe”, declarou Janot nesta terça, na abertura de reunião do Conselho Nacional do Ministério Público.

“Se as portas do meu gabinete sempre estiverem abertas para quem quer que seja, as portas da minha consciência só estão abertas para as leis que jurei cumprir”, declarou ele.

Janot disse mais na abertura da reunião do CNMP. Ao relatar a decisão de Teori Zavascki de atender aos pedidos de abertura de inquérito e derrubada dos sigilos das investigações, afirmou que a revelação dos dados ajudará a sociedade ‘a testar o trabalho realizado pelo Ministério Público’.

“Acredito na conveniência da retirada do sigilo, porque num caso dessa dimensão é necessário que o Ministério Público tenha sua coerência testada, para que a sociedade possa confrontar essa coerência”, disse ele.

Janot fez estas declarações sobre sua atuação na Operação Lava Jato para evitar ‘ruídos de comunicação nas decisões e atitudes’. “Reassumo o dever e compromisso com o Ministério Público na condução serena dos trabalhos da Procuradoria-Geral da República. Serena, equilibrada e eficaz. Mais uma vez reafirmo meu dever com o Ministério Público e com o meu país”, finalizou ele.

Com informações do G1

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  • E Dilma, achando que o PMDB

    E Dilma, achando que o PMDB anda meio fraquinho, resolve elevar Henrique alves, derrotado politico a ministro. São coisas desse tipo que eu não entendo de jeito nenhum. 

    • É tão difícil entender que

      É tão difícil entender que Henrique Alves, mesmo derrotado na eleição passada, continua sendo uma das principais lideranças do PMDB- o maior partido no Congresso Nacional? O governo, infelizmente precisa do PMDB, garantir a governabilidade com maioria na Câmara, e no Senado. 

       

  • Cunha e Renan

    O que Cunha e Renan, como duas raposas políticas, fizeram nada mais foi do que se fazer passar por vítimas de uma investigação. Atirando contra o PGR e o Governo desviaram o foco principal da questão que é a da suas renúncias das respectivas presidencias, essa é a questão central. Não se ouve ninguém e de partido algum a cobrança de que os investigados-mór devem se afastar das respectivas funções pelo menos por uma questão de coerência, porque ética essa se perdeu a muito tempo.

  • Enredado....

    agora o Senhor procurador mor esta enredado em suas próprias teses. A partir do momento que barrou a investigação de "alguns" com argumentos simplórios e sem qualquer respaldo jurídico afrontou outros que inclusive tem base legal.

    Investigasse todos e não teria que explicar sua coerência, ou melhor, a falta dela.

  • Problema de Janot se resume

    Problema de Janot se resume ao que foi divulgado antes de apresentar sua lista. A maior reclamação reside em como ele conduziu e orientou os pedidos, tentando balancear a lista de acordo com o Executivo. Peguem os citados do PP: foram incluídos deputados que fazem oposição à liderança do partido (pela coligação com o PT), mesmo aqueles que denunciaram roubos na Petrobras no RS. Ao mesmo tempo, após as reuniões com Cardozo, surgiu a construção sobre a impossibilidade de abertura de inquérito contra Dilma. Tudo bem, há objeção constitucional. Mas e Lula? Quando o principal delator repete reiteradas vezes que Lula e Dilma sabiam e o primeiro sequer tem inquérito aberto, deixa sim o PGR margem para esse tipo de acusação. O mesmo ocorreu com Aécio, poupado das investigações (não é nem denúncia, oras). Fora o fato de que a agenda oficial foi desprezada seguidas vezes por ambos, entre si e com representantes de investigados. Ah, claro, problema no sistema. Coincidências políticas no Brasil são conveniências. 

    • mclane, uma correção ao seu

      mclane, uma correção ao seu comentário: o delator ladrão não disse que Dilma e Lula sabiam da roubalheira na Petrobras.Na verdade o que ele disse foi: FACE AO TAMANHO DO ROMBO, NAO É POSSÍVEL QUE DILMA E LULA NÃO SABIAM.

      Quanto à interferência do governo para inclusão ou exclusão de nomes na/da Lista de Janot, raciocine: por quê o Aécio Neves foi excluído da lista?

  • Muio bem então, está dito e

    Muio bem então, está dito e compreendido. Agora, mantenha distância regulamentar dos holofotes, sr. Janot, esses são mais perigosos que encontros com políticos de ambos os lados. Mais perigoso porque corrompe sem parecer que o faz. Sua porta de entrada não é a consciência é o ego. 

  • Eduardo Cunha e Renan

    Eduardo Cunha e Renan Calheiros: autores da própria absolvição ou atores numa farsa republicana?

    FÁBIO DE OLIVEIRA RIBEIRO

    QUA, 11/03/2015 - 09:50

    “Ne quid veri tacere non audeat”.  Após a denúncia dos presidentes da Câmara e do Senado, estas palavras de Cícero deveriam estar ecoando na imprensa. É preciso ousar não calar nenhuma verdade. A verdade, porém, é que a imprensa só se preocupa com uma coisa: divulgar versões que ajudem a comprometer Dilma Rousseff ou que garantam seu Impedimento.

    O regimento da Câmara dos Deputados prescreve que:

    “Art. 15. À Mesa compete, dentre outras atribuições estabelecidas em lei, neste Regimento ou por resolução da Câmara, ou delas implicitamente resultantes:

    XII - promover ou adotar, em virtude de decisão judicial, as providências necessárias, de sua alçada ou que se insiram na competência legislativa da Câmara dos Deputados, relativas aos arts. 102, I, q, e 103, § 2º, da Constituição Federal;” 

    http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/regimento-interno-da-camara-dos-deputados/RegimentoInternoatRCD22015.pdf

    O regimento do Senado não tem uma disposição semelhante, mas confere ao presidente poder para:

    “Art. 48  Ao Presidente compete:

    II – velar pelo respeito às prerrogativas do Senado e às imunidades dos Senadores;

    XXIII – desempatar as votações, quando ostensivas;

    XXXIII – resolver, ouvido o Plenário, qualquer caso não previsto neste Regimento;” 

    http://www.senado.gov.br/legislacao/regsf/RISF2015.pdf

    Eduardo Cunha e Renan Calheiros não tem condições de interferir diretamente no resultado do processo que foi iniciado contra eles no STF pelo Procurador Geral da República. Enquanto foram presidentes da Câmara e do Senado, entretanto, eles poderão bloquear qualquer iniciativa parlamentar que acreditem prejudicial aos seus interesses processuais. Não só isto, ambos estão em condições de fazer  favores administrativos ou de prejudicar os interesses corporativos do Ministério Público Federal e do STF para garantir um julgamento tendencioso.

    A ousadia me obriga a dizer que nenhum julgamento pode ser justo se aquele que for julgado estiver em condições de produzir o resultado que deseja.  Eduardo Cunha e Renan Calheiros tem interesse na própria absolvição. Em razão disto, eles não podem ocupar a presidência da Câmara e do Senado. A imprensa, porém, parece torcer para que ambos usem seus cargos para, sacrificando Dilma Rousseff, angariam apoio popular e midiático ao trancamento ou improcedência da denúncia que foi feita contra ambos pelo MPF.

    O perigo que ronda o Brasil não é a perpetuação do PT no poder. De fato, o partido político com mais governadores, deputados estaduais e federais, senadores, prefeitos e vereadores na atualidade não é o PT. A corrupção também não é um perigo, posto que – ao contrário do que ocorria na era FHC -  tem sido combatida pelas autoridades constituídas. O verdadeiro perigo neste momento é deixar dois parlamentares corruptos e sequiosos de salvar as próprias peles exercerem, em benefício próprio e sem nenhum compromisso partidário ou público, poderes atribuídos pela Constituição Federal e pelos regimentos da Câmara dos Deputados e do Senado.

    Eduardo Cunha e Renan Calheiros devem renunciar aos cargos que exercem. Caso não façam isto, devem ser destituídos dos mesmos pelos seus pares. Caso a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não sejam capazes de fazer o que é preciso o PGR pode e deve pedir cautelarmente, nos autos do processo criminal aberto contra ambos, que o STF decrete o afastamento deles cargos que estão exercendo. Uma decisão como esta não seria uma invasão de competência do legislativo, pois não teria o condão de revogar os mandatos populares atribuídos à ambos. Além disto, o STF pode e deve defender sua prerrogativa de julgar quem quer que seja sem temer algum tipo de interferência externa. “Ne quid veri tacere non audeat”.  

    http://www.jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/eduardo-cunha-e-renan-calheiros-autores-da-propria-absolvicao-ou-atores-numa-farsa-republicana

     

  • Nassif, essa lista e também

    Nassif, essa lista e também "investigação" ainda vai dar o que falar. No caso da petição do Deputado José Mentor, o "anjiho" Alberto Yossef alega, em sede de "delação premiada",  que entregou em espécie 380 mil no escritório do Mentor. Perguntado se tinha alguma testemunha afrimou que não. Perguntado se junto ao Mentor tinha alguém ou alguma testemunha disse que não. Essa ocorrência poderia ser mais uma dentre as outras 49 petições e passar despercebido. Mas o fato é que na CPMI do BANESTADO o Dep.José Mentor(Relator) ter sido o algós do próprio Alberto Yossef culminando com seu indiciamento e condenação posterior.  Ainda tento entender como duas pessoas que se odiam possam marcar um "encontro no próprio escritório" para fazer "negócios". Repito, ainda tem muita água para rolar no rastro dessa "lista". Abç

  • Acho que nos últimos testes o

    Acho que nos últimos testes o MP não foi tão bem assim. No caso dos aloprados não deu subsidios fortes para condenação. No caso do trensalão também foram retirados os nomes de políticos em função de não ter incluido as provas suficientes para condenação. A castelo de areia, satiaghara, quantos outros casos o MP está sendo derrubado na justiça em função dessa vontade de perseguir políticos algumas vezes sem fundamento e outras não incluindo no processo as provas existentes?

  •  
    Eles que são brancos que se

     

    Eles que são brancos que se entendam. Nunca soube de uma excelência qualquer, dessas de colarinho branco, receber em seus acarpetados gabinetes um réles pé de chinelo para ouvir sua versão, seu ponto de vista.

    Aliás, que seja de meu conhecimento, desconheço um único desvio nesta regra geral da casa-grande. Me reservo ao direito de não acreditar em nenhuma das palavras dessas ampanadas, sabe-se lá recheadas de quê.

    Orlando

     

     

  • SELETIVO

    Até nisso a publicação pela mídia é sletiva. "Parece" que não há polêmica nenhuma no fato de Cunha ter ido falar com integrante do STF, DR. GILMAR MENDES. Ninguém gritou contra, nem mesmo o Exc. Joaquinzão Id Amim Barbosa.

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