Lava Jato não tem nada a ver com Mãos Limpas, mas com a CGI, por Weden

por Weden

A turma de Curitiba e a PGR veem alimentada a própria vaidade, quando comparam a Lava Jato com a operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália, nos anos 90. Essa comparação deve ficar para os entusiastas; possivelmente, parte da população menos informada, setores da mídia e facções políticas beneficiadas com a atuação do juiz Sérgio Moro, MPF e Polícia Federal.

Em nenhum momento, a operação Mãos Limpas teve tendências partidárias. Muito pelo contrário. Ela devastou o quadro político italiano justamente porque não escolheu agremiação.

A LJ deve ser vista como realmente é: uma operação política que teve como álibi o combate à corrupção. È incrível como até os críticos da atuação da República de Curitiba acabam incorrendo na mesma comparação ingênua.

O modelo mais apropriado para se compreender a LJ é a Comissão Geral de Investigações, criada logo após o golpe de 1964 e, depois de breve pausa, recriada em 1968 (ver link 1).

A CGI, que teve como primeiro chefe o general Oscar Luis da Silva (ver link 2), nasceu com o suposto objetivo de combate à corrupção. Tal qual a LJ. Mas da mesma forma visava em última instância banir opositores ao regime. A diferença está no fato de que a LJ visa destruir não opositores, mas o próprio governo e um partido, ou principalmente seu maior nome.

A sabotagem sobre os contratos da Petrobras, com prejuízos imensos ao país, a invasão de privacidade da família do ex-presidente, as gravações ilegais no gabinete de Dilma, os vazamentos seletivos, a preferência por personagens do PT, como marqueteiros, tesoureiro de campanha etc. Tudo isso mostra que a LJ é uma operação especialmente política, até pelos expurgos que fez, poupando outros partidos e personagens.

Em 2014, O Globo (ver link 3) trouxe uma reportagem em que relata como essa bandeira anti-corrupção acabou resultando em contas devassadas e sigilos quebrados ilegalmente daqueles vistos como políticos pouco confiáveis ao regime, como Juscelino Kubitschek, dada sua força eleitoral. Mas não deixou de preservar a reputação de nomes amigos da ditadura. 

A perseguição a JK , sem que nada provasse, manteve o político mineiro sobre pressão a partir de numerosos inquéritos. Era uma forma de evitar que ele tivesse “maiores ambições políticas”, como chegaram a declarar membros da CGI. Tal qual faz agora o juiz Sérgio Moro, com Lula.

O ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola foi outro que teve sua vida revirada em busca de qualquer deslize que pudesse servir de álibi para uma condenação. Tanto quanto hoje com Lula.

Aliás, justamente, por não perceber que a LJ não era uma operação como a Mãos Limpas, mas sim como a CGI, é que nem Dilma nem Lula tomaram maiores cuidados. 

A operação Mãos Limpas não cometeu arbitrariedades, não quebrou sigilos ilegalmente, não escolheu partidos. Quem fez isso, de alguma forma, mesmo no quadro político-partidário mais restrito da ditadura, foi a CGI. Esse é o modelo da LJ. Esta talvez um simulacro piorado, porque mais arbitrário, em plena democracia.

LINK 1

http://dibrarq.arquivonacional.gov.br/index.php/comissao-geral-de-investigacoes

LINK 2

http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/silva-oscar-luis-da

LINK 3

http://oglobo.globo.com/brasil/comissao-de-investigacao-arquivou-denuncias-contra-amigos-do-regime-mas-devassou-contas-de-opositores-11891656

 

Redação

9 Comentários

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  1. Exatissimamente

    “A LJ deve ser vista como realmente é: uma operação política que teve como álibi o combate à corrupção. È incrível como até os críticos da atuação da República de Curitiba acabam incorrendo na mesma comparação ingênua.”

    É realmente impressionante. Não querem dar o crédito para a eficácia da grosseira subideologia do “sinistro projeto de poder petralha”, sem a qual não teria nenhuma liga a mistura de concurseiros ignorantes, golpistas da mídia e de partidos de oposição, empresariado mimado, e teleguiados fascistas e sociopatas.

  2. excelente…

    lava jato não quer resolver nada

    o que ela quer mesmo é parar tudo, zerar o Brasil para atrair empresas e investidores estrangeiros

    e nesta então não teremos mais governo, apenas despachantes de toda riqueza nacional, estilo FHC

    Temer é laboratório. Não governa. Apenas atende; como podemos ver das suas nomeações absurdas e festejadas pelo mercado

  3. Sem dúvida, Moro é tucano,

    Sem dúvida, Moro é tucano, coxinha e fascista. Está escrito na cara dele, para quem quiser ler. E eu vou além, caro Weden, seu projeto é basicamente de criminalização da política e entreguista. Aí acrescenta-se mais uma “qualidade” ao herói dos coxas, o complexo de vira-lata.

    A verdade é que eles só conseguem apoio na sociedade através do discurso do “político ladrão”. Claro que tem que ler nas entrelinhas político “do PT” ladrão. Mas os fatos são avassaladores. Os pemedebistas são medalha de ouro nesse quesito. E os tucanos acabam aparecendo, não tem blindagem do pig que dê jeito. Podem não ir presos, mas são desmascarados.

    Chega num ponto que o pig não consegue manter a seletividade intacta. O caminho natural do “projeto Moro” é a criminalização da política. Da política que se assume como tal, é bom frisar. Porque Moro não faz outra coisa, pois justiça não faz. Assim como o pig, que não faz jornalismo, como sabemos.

    O final desse processo leva inevitavelmente à procura de um nome “puro” de ‘fora da política” e no caso extremo ao banimento da democracia

  4. Weden,
    Concordo

    Weden,

    Concordo plenamente.

    Desde a primeira delação contra o Aécio em que NENHUMA providência foi tomada pelo juizeco de curitiba que comento aqui que esta operação NUNCA teve nada a ver com combate o corrupção.

    Foi apenas uma estratégia dos golpistas para enfraquecer o PT e o governo Dilma, que coitada, foi vítima de sua própria inocência. Pressionaram até o limite para que ela renunciasse e não ficasse escancarado o golpe. Mas, a mulher é teimosa, então não restou outra alternativa.

    Ressalte-se que ela mesma deu a senha aos golpistas quando foi na GLOBO afirmar que o melhor controle da mídia era o controle remoto. Foi a senha para a globo ficar segura de que poderia fazer o que quisesse que a “liberdade de expressão” estaria garantida.

    O bandidos de fato JAMAIS foram incomodados pelo Moro porque ele e o Já Not são os líderes e protetores dos bandidos. Por que o José Dirceu está preso e a mulher e a filha do Cunha estão soltas? Porque o Aécio, delatado umas dez vezes, jamais foi chamado ao menos para prestar esclarecimentos?

    Para mim, pela ruína que provocaram no país, TODOS os integrantes da lava jato deveriam ser presos para o resto da vida. Não passam de bandidos desavergonhados.

  5. http://www.diariodocentrodomu

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/as-diferencas-entre-a-lava-jato-e-a-mani-pulite-segundo-um-especialista-italiano-por-jura-passos/

    Daniella della Porta e Alberto Vannucci são os autores de Corrupt exchanges: actors, resources, and mechanisms of political corruption, obra citada 12 vezes ao longo das cinco páginas de Considerações Sobre a Operação Mani Pulite (Mãos Limpas), artigo do juiz federal Sérgio Moro publicado em 2004 pela revista do Centro de Estudos Judiciários, da Justiça Federal.

    Nesse artigo famoso, Moro antecipou em dez anos o que faria na operação Lava a Jato, tornada Lava Jato após a queda do avião que vitimou Eduardo Campos, cujo dono não apareceu até hoje. O novo apelido popular foi incorporado até pelos homens de toga, que não se importaram com a confusão entre uma limpeza a jato e um jato sujo.

    O DCM submeteu as citações de Moro à apreciação de Alberto Vannucci, professor de Ciência Política da Universidade de Pisa, pesquisador da corrupção política na Itália e colunista do jornal italiano Il Fatto Quotidiano. O autor aprovou a escolha dos pontos ressaltados pelo juiz brasileiro. “Se fosse meu aluno, seria bem avaliado”, comentou.

  6. Comparação Tendenciosa

    Caro Weden,

    Seguindo as informações trazidas por ti mesmo, entendo forçada sua comparação. O Sergio Moro é um membro do Poder Judiciário, que chegou  via concurso público; diferente do General, com quem vc compara o magistrado. Esse é o ponto.

    “Aliás, justamente, por não perceber que a LJ não era uma operação como a Mãos Limpas, mas sim como a CGI, é que nem Dilma nem Lula tomaram maiores cuidados.”

    Maiores cuidados: entenda-se não deixaram de solapar a viúva, como diria Elio Gaspari.

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