MP de Minas Gerais reabre investigação sobre aeroporto de Cláudio

Investigação de obras feitas em terreno da família de Aécio é retomada por Eduardo Nepomuceno, que chegou a ser afastado da Promotoria de Patrimônio Público por influência de Perrella
 
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Foto: Agência Brasil
 
Jornal GGN – O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) reabriu o processo de investigação sobre o aeroporto construído no município de Cláudio, há 150 km de Belo Horizonte, em terreno que pertencia a parentes de Aécio Neves (PSDB) .
 
A obra foi concluída em 2010, durante o período em que Aécio Neves foi governador no estado, e custou cerca de R$ 14 milhões aos cofres mineiros, para receber aviões de médio e pequeno porte. De acordo com uma matéria da Folha de S.Paulo, publicada quando o processo foi aberto, em 2014, Múcio Guimarães Tolentino, irmão da avó de Aécio, Risoleta Tolentino Neves, que foi casada por 47 anos com Tancredo Neves, avô do senador, era responsável pelas chaves do portão que dava acesso a pista, assim como seus filhos. Então, para utilizar o aeroporto, era necessáro autorização da família do atual senador.
 
Em 2015, quatro promotores do MPMG, Maria Elmira Evangelina do Amaral Dick, Fernanda Karan Monteiro, Tatiana Pereira e José Carlos Fernandes Júnior, pediram o arquivamento da investigação entendendo que a construção e reforma da pista não teve superfaturamento e nem favoreceu à família de Aécio, porque houve a desapropriação do terreno onde se encontra o aeroporto. Ainda, em defesa do senador, os promotores disseram que as obras fizeram parte de um programa de governo “envolvendo diversas outras obras” no estado. 
 
A decisão do promotor Eduardo Nepomuceno, da 17ª Promotoria de Patrimônio Público do MPMG em reabrir o caso nesta semana partiu de uma interceptação telefônica feita pela Polícia Federal, em abril de 2017, registrando a fala do primo de Aécio, Frederico Pacheco (filho de Múcio) com outra pessoa não identificada. Na gravação, o interlocutor desconhecido pergunta a Pacheco se alguém poderia “abrir o portão” para uma terceira pessoa, chamada de Duda que estaria chegando de avião. A resposta do primo de Aécio foi que o portão já estaria aberto, por alguém que seria segurança do senador.
 
A defesa de Aécio Neves acusa o promotor que reabriu o caso de perseguição política, lembrando que Nepomuceno chegou a ser afastado do cargo pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), por unanimidade, “pela ausência de racionalidade e de desrespeito à dignidade das pessoas submetidas a investigações que duraram anos”. 
 
De fato, o promotor foi obrigado a se despedir da promotoria de Defesa do Patrimônio do MP estadual. A ação contra ele no CNMP foi aberta pelo senador Zezé Perrella (MDB), parceiro político de Aécio Neves que, desde 2012, iniciou uma perseguição implacável contra o promotor.
 
Entre 2003 e 2014, Nepomuceno foi responsável por abrir seis processos e instaurar cinco inquéritos contra Perrella e o governo de Minas, na gestão de Aécio. A primeira tacada de Perrella contra Nepomuceno aconteceu quando conseguiu protocolar um pedido de investigação contra o promotor na corregedoria do Ministério Público Estadual, ainda em 2012. Demorou três anos e meio de inspeção até o corregedor Luiz Antônio Sasdelli Prudente concluir irregularidades do promotor por atrasos nas suas investigações. Mas, na época, nenhum procurador do MP aceitou levar adiante o caso. 
 
Em meados de 2015 o CNMP assumiu a denúncia e montou uma equipe para avaliar Nepomuceno. Em seis meses de trabalho o grupo de três procuradores concluiu que o promotor “não atuou de maneira relapsa ou negligente” e não havia “culpa ou dolo no desempenho de suas atribuições”. Ainda assim, contrariando a equipe, o relator do processo no CNMP, Sérgio Ricardo Souza, decidiu pela remoção compulsória do promotor, ratificada em março de 2017, pelo Ministério Público.
 
Em entrevista ao El País, sobre a decisão, o promotor disse que estava “de mãos atadas” na época do afastamento, deixando cargo onde havia atuado por 14 anos para atuar na área criminal. Ainda assim, recorreu da “sentença” e, finalmente, em abril deste ano, a juíza federal Vânila Cardoso Andrade de Moraes, da 18ª Vara de Belo Horizonte, anulou ato do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), reconduzindo Eduardo Nepomuceno para a Promotoria do Patrimônio Público.
 
Redação

6 Comentários

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  1. Gostaria só de parabenizar o

    Gostaria só de parabenizar o GGN pela foto que ilustra o post. Perfeita. Como demosntra o araque das auterosas, é só justiça de faz de conta.

  2. Pois é…

    É muita indignação!  Álvaro Dias aparecenndo nos programas eleitorais, falando sobre corrupção como se não soubéssemos sobre o que falou Youssef. É muita cara de pau, como se diz por aí!  Alckmin mostrando-se preocupado com os pobres!De uma falsidade sem par!  Richa, pelo que sei, já foi solto. Pobres professores do Paraná!  José Serra escondidinho, e o caso dos 23 mi na Suiça?

    E sobre o Aeroporto de Cláudio, como gastamos os dedos no computador para fazer comentários à época! E lá se vão anos! E o pior, existe um vídeo sobre escuta pela PF, de conversa comprometedora entre Aécio e Perrella e que envolve Anastasia também! E pensar que, apesar de tudo, Aécio continua Senador da República e Anastasia, segundo pesquisas, está em primeiro lugar para o governo mineiro!  Desanimador!!!  

  3. Pronto, virou moda… depois

    Pronto, virou moda… depois das acusações contra Alckmin, Richa e Haddad provocarem protesto até no Conselho dos procuradores (que dada a inoportunidade, provavelmente causará arquivamento das denúncias), Aécio agora também quer posar de perseguido e injustiçado. E, claro, que seu caso também seja enterrado, “o dos outros não foram? Então…”

    Haddad já mostrou que o acusador Pessoa mente. Alckmin e Richa não sei… parece que as acusações contra eles procedem, mesmo não sendo esse o melhor momento para serem colocadas. Agora Aécio e esse “aeroclube” privado pago pelo estado aí…

    Talvez, para separar o injusto do justo, o melhor fosse tomar caso em separado. Aécio pegando carona mais uma vez, bem… alguém já viu script de vida mais fixo, constante que Aécio pegando carona na dos outros?

    Ô moleque dependente, né não?

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