Pesquisador reúne dados que revelariam a origem das fake news pró Bolsonaro, mas investigadores não parecem interessados

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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“Por mais que não tenha criado o conteúdo, essa pessoa [que fez o primeiro upload] é chave na disseminação —e pode ser um IP de uma agência de marketing ou alguém ligado a algum partido”, escreveu Patrícia Campos Mello
 
 
Jornal GGN – O professor Miguel Freitas, especialista em telecomunicações da PUC-Rio, enviou para a Procuradoria Geral da República, em novembro de 2018, um relatório com dados que ajudariam a identificar quem foram os primeiros disseminadores de fake news no WhatsApp contra o PT, durante a corrida presidencial vencida por Jair Bolsonaro. Mas quase 2 meses depois do feito, ninguém entrou em contato com o pesquisador.
 
A PGR enviou o relatório para a Polícia Federal mas, segundo informações da Folha desta quinta (17), o relatório sequer foi anexado no inquérito oficial sobre o caixa 2 no WhatsApp de Bolsonaro, e nenhuma providência foi tomada até agora.
 
De acordo com a jornalista Patrícia Campos Mello, num primeiro momento, a PF até chegou a negar que recebeu o relatório. Depois, pela assessoria, afirmou que o documento foi recebido “fora dos autos” pelo delegado Thiado Marcantonio, responsável pelo inquérito que apura o disparo em massa de mensagem no WhatsApp que favoreceram o presidente eleito.
 
O professor escreveu à PGR que o relatório reúne “informações técnicas e indícios sobre as origens de algumas das postagens falsas mais relevantes observadas neste processo eleitoral em grupos públicos de WhatsApp” e que poderia  “auxiliar em algumas linhas de investigação quanto ao uso e disseminação das ‘fake news’ na eleição de 2018.”
 
Freitas coletou dados de um total de 277 grupos de WhatsApp durante a eleição. Identificou 16 notícias falsas de grande circulação. Depois, chegou a “identificadores sobre o primeiro upload de cada vídeo ou imagem de WhatsApp”.
 
Os investigadores poderiam requerer na Justiça o registro que o WhatsApp mantém desses identificadores e, com isso, se chegaria ao IP da pessoa que fez primeiro o upload do material falso, além da data e a hora do envio. A Folha perguntou se alguma providência foi tomada e a assessoria disse apenas que o relatório foi recebido “fora dos autos”.
 
“Segundo o pesquisador, quando um arquivo de mídia é carregado pela primeira vez, ele produz nos servidores do WhatsApp um registro (log) que permite recuperar posteriormente a identificação do usuário que enviou esse conteúdo.”
 
“É tecnicamente possível obter, via judicial, informações sobre a origem de uma mídia digital enviada ou encaminhada na plataforma WhatsApp. Essas informações incluem o número do celular associado, a hora do acesso e o endereço IP do usuário que realizou o primeiro envio dessa mídia para a plataforma. Mídias digitais, tais como fotos e vídeos, encaminhados entre grupos e entre diferentes usuários dentro da plataforma WhatsApp preservam a capacidade de rastreamento ao usuário de origem”, afirma o relatório recebido por Procuradoria e PF.
 
Segundo a jornalista, nos EUA, o WhatsApp já forneceu esses metadados ao FBI (polícia federal americana) algumas vezes, mediante ordem judicial durante investigação de crimes.
 
 

 

11 Comentários

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  1. Prato Feito

    Da PF amiga da familia bozo o que esperar? De la não vira nada. Nem sobre as fakes news na campanha, investimento de empresarios, nem daquela facada mitologica, muito menos do laranja da familia bolsonaro. A verdade não interessa. 

  2. esse é o bozojudiciário, …

    do novo bozobrazil, …   fechando os olhos a crimes mais que evidentes, …. escandalosos, …  o bozomoro e o bozostf, além da bozomídia, …

    Todo mundo fingindo que não está acontecendo nada….

  3. Tanto interesse quanto neste

    Tanto interesse quanto neste caso é a necessidade de investigar o caso da tal facada publicitária no mito. Mas isto aqui é uma pocilga. Ninguém fará nada, como não fizeram com o helicoca, com a grana do serra no exterior, as contas do do aécio em Linchenstein, o apartamento do fhc em paris, o dinheiro do cunahdo do xuxu, a  espera sem fim pra condenarem o tal das pedaladas do tcu e aí por diante. Mas vou de Lima Barreto: Não temos povo, temos pública. E o shou da ópera bufa nã o pode parar.

  4. Se antes a PF estva no golpe,

    Se antes a PF estva no golpe, agora ela também está sob controle do próprio Bozo. Daí, nada se deve esperar. Mais fácil conseguir esses dados por meio legal no exterior, ou por algum vazamento/invasão nos computadores da empresa.

  5. O desinteresse não é só no WhatsApp

    Há desinteresse também em investigar o FaceBook do Adélio Bispo. Facebook, este, que foi alterado logo após a sua prisão, suprimindo-se a evidência do relacionamento entre Adélio e indivíduos ou organizações de extrema-direita.

    Como pode Adélio, preso, ter adulterado seu FaceBook? Se não foi Adélio, foi quem? E por que?

    Naturalmente, esté é mais um “mistério” no qual não há interesse em se decobrir a verdade. Assim como também não parece existir interesse em descobrir quem matou, e quem mandou matar, Marielle Franco e Andreson Pedro Gomes.

  6. Claro que o professor Miguel

    Claro que o professor Miguel Freitas sabe muito bem que, vivenciamos um sistema democrático ajustado aos sem-vergonha. Ou, se preferir: temos uma “democracia” de araque, ou seja, democracia pra inglês ver.

    Orlando

     

  7. depois do golpe com tudo –

    depois do golpe com tudo – inclusive o supremo   e do infame mensalão 

    que esperar disso?

    tá tudo dominado pela direita….

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