Raquel Dodge, a mensageira do arbítrio, por Luís Nassif

Finalmente, a Procuradora Geral da República Raquel Dodge explicita a que veio: aprofundar o arbítrio.

Nem se fale do absurdo de endossar a condução coercitiva. O papel da PGR é seguir as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Há uma turma que defende a condução, outra que a condena. Logo, não há jurisprudência formada. Qual a razão para Dodge endossar a versão mais radical, em um momento em que o arbítrio campeia sem freios pela Polícia Federal, por procuradores e juízes de primeira instância?

Essa decisão em favor do arbítrio foi apenas o primeiro sinal.

Antes disso, Dodge havia substituído a subprocuradora Ela Wieko como uma das representantes do Ministério Público Federal junto ao Supremo. Ela, figura referencial do MPF, foi substituída pelo subprocurador Juliano Villaverde.

Coube a ele, com delegação de Dodge, defender a maior aberração jurídica dos últimos tempos:  o mandado coletivo de busca. Por ele, qualquer policial pode invadir casas, ante a mera suspeita de que algum crime esteja sendo cometido. Trata-se de uma violência inconcebível, especialmente para as residências de menor renda. Não se trata de medida para o Jardim Paulista, mas para favelas e periferia.

Responsável pela colaboração internacional no âmbito da PGR, figura relevante de investigações históricas do MPF, como o caso Banestado, o procurador Vladimir Aras escreveu em seu Twitter:

“Uma lição que ecoa há 255 anos no mundo e que está no art. 5º da Constituição: a casa é o asilo inviolável do indivíduo. Por mais humilde que seja, que seja uma cabana, um casebre ou uma choupana em que entrem o frio e a chuva, nem o Rei da Inglaterra pode ali entrar sem direito”.

Tempos sombrios, de masmorras silenciosas, trazendo o que de pior existe no mais recôndito da alma das pessoas.

Dodge tornou-se mais um vulto exterminador, em um país que clama por pacificação.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Não adianta. Enquanto o
    Não adianta. Enquanto o executivo não seguir a constituição e escolher um PGR que não seja alinhado com o corporativismo do MPF, não retornaremos à normalidade.

    A constituição definiu claramente que a escolha deve ser feita por quem representa o povo, ou seja, o executivo, com aprovação do legislativo.

    E digo, não irei votar em nenhum candidato que não defenda esta bandeira.

    Uma das maiores causas deste estado de exceção que vivemos, foi a decisão do PT, historicamente equivocada, de abrir mão deste poder.

  • ...do poder como agente corruptor...
    Nassif, Eugênio Aragão, que já demonstrou com sobras ter caráter, coragem moral e cognição com a realidade, teceu elogios tanto à Raquel Dodge, como antes, a Rodrigo Janot, e não creio que estivesse enganado. Opinou BASEADO NA REALIDADE QUE VIU, ou seja, ANTES dessas pessoas conquistarem o cargo de tamanha responsabilidade, com ele, o PODER, e o lado perverso da moeda: as pressões dos verdadeiros donos do poder: A Globo, o grande empresariado, a força que emana do status e do ódio imenso de nossas elites - com quem essas pessoas passam a conviver quase que 24 horas por dia, martelando-lhes no cérebro "o que devem fazer", enfim, os fracos de caráter sucumbem mesmo, e acabam como que por se entregarem ao esgoto, ao estupro de suas almas, numa perversa desconstrução da própria humanidade.....
    .
    Penso que temos dois casos clássicos dessa corrupção nos agentes públicos brasileiros nesses tempos de paroxismos, de enfermidades mentais e espirituais severas: os cínicos, os absolutamente sem caráter, de coração e índole maus, que buscam o poder como um afrodisíaco para suas crueldades e covardias, citando como exemplos a delegada Érika Marena, o juiz Sérgio Moro e o procurador Carlos Fernandes dos Santos, e os de espírito covarde, apequenado, que se dobra às primeiras pressões da mídia e da sociedade, pessoas como o ministro Barroso, que teve um comportamento que aparentava decência nas primeiras semanas, e logo se tornou essa coisa amorfa e retrógrada, a ministra Rosa Weber, que mais parece um fantasma encolhido, e a procuradora atual, Raquel Dodge, que aparenta exaustão e "sensação de estar perdida, sem saber o que fazer", poucos meses depois de assumir o cargo. O caminho mais fácil para essa gente medrosa? Dobrar-se ao poder, às pressões sociais, ao menos têm despreocupação com a mídia - que passa a protegê-los e até a afagá-los.... - e despreocupação com as críticas de amigos, familiares, e a classe social que passam a fazer parte mais do que nunca. Essa tal de "elite" - como passam a se enxergar em espelhos medíocres e narcísicos.

    Raquel Dodge curvou-se a todos os que poderiam incomodá-la, e apenas isso..... Rápido demais, se houve dúvida ali, "lutas internas", foram dizimadas pelo apego ao poder, a perda dos princípios éticos, do amor ao que é justo.
    .
    Logo teremos um "Rodrigo Janot de saias" em versão acabada.
    .

  • tão sombrios que...

    o que eles desejam e tentam trazer para o país ainda não tem nome

    arbítrio é pouco, não alcança

    o que temos é a essência de uma vontade que poucos já tiveram com tanta liberdade,

    deixando para trás milhões de mortos e feridos..............................

    um momento do mal em direção à perversidade

    • O país saiu do espeto e caiu na brasa

      O pais saiu do espeto e caiu na brasa

      .....pelo menos na Era FHC os PGR eram, como Dodge,  engavetadores contumazes:  mas não tinha essa ânsia de punir a qualquer custo, mesmo sem provas....pelo menos, a apesar de engavetadores de processo do governo, como o faz hoje Dodge, não tinham a agravanete de Dodge e seu comparsas: o ocultar provas da inocencia dos réus listados como oposição ao governo, também naquela época não havia esta midia como existe hoje, ....ao menos, pelo que sei, não faziam das tripas coração para condenar inocentes para mostrar seriviço pra Globo e CIA...inclusive a velha mídia ainda não exercia o papel que exerce hoje, o de partido de oposição ao campo progressista, pelo menos não da forma virulenta que no momento o fazem.

      ...    o que esses Promotores fazem por cá, daria punição...nos EUA, onde há um certo controle externo e não o corporativismo que reina por aqui.....

       

      do Coletivo Transforma MP

      A ética do Promotor de Justiça Criminal

      por Rômulo de Andrade Moreira

        

      https://jornalggn.com.br/noticia/a-etica-do-promotor-de-justica-criminal-por-romulo-de-andrade-moreira

       

       

      • Mas Jose Carlos, vosmecê deve

        Mas Jose Carlos, vosmecê deve considerar que, até o governo de sua alteza o professor Cardoso, as coisas caminhavam dentro de parâmetros democráticos, digamos assim, regulares. Ou seja, o poder era exercido pelos mais preparados para a ardua tarefa de mandar, dirigir, governar. Respeitava-se cumprir regras e uma rígida hierarquia, onde os filhos das classes cuja origem remonta às Capitanias Hereditárias, cuja  a regra impunha que desde o berço, os filhos brancos e machos, seriam preparados para o exercío da arte de mandar, Mesmo após o golpe que derrubou a Monarquia, os militares golpistas que infiaram garganta do povo à dentro, a tal da República, tiveram o cuidado de manter inalterado o princípio da meritocracia de hereditariedade, em voga. Até o presente, muitos a querem manter, embora adcionem uns penduricalhos para camuflar.

        Esta regra de ouro da República dos Coroneis, só recentemente foi posta em cheque. Justamente por um ente originário saído dos fundões do Sertão Nordestino, que a desobedeceu. Primeiro, ousou não morrer de fome. E, o pior estava por acontecer. O Homem se tornou presidente da tal república de coroneis e, em pouco tempo a transforma numa República de verdade.

        A casa-branca entrou em desespero. Foi um baque e um enorme desassossego na ordem e nos costumes dos homens de bem. Claro que dona Carminha do STF, dona Chevrolet, digo, dona Dodge do PGR, delegadozinho dallagnol e juizeco moro, que ora fazem coro a toda essa reação dos serviçais dos coroneis, decorrem dessa hecatombe provocada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.

        Eles se desesperam de inveja, quando confrontados com o acervo curricular acomulado por mérito próprio, do Dr. Luis Inácio Lula da Silva. O Operário que se tornou o melhor presidente do Brasil, e foi consagrado doutor Honoris Causa pelas mais importantes Universidades do mundo. Feito que nenhum desses medíocres concurseiros que ora o perseguem, jamais alcansarão. E isso doi no âmago desses invejosos capachos do capital.

        Orlando

  • Para a Dra. Raquel

    Com todo respeito, imagine essa situação: A Sra. reside em um dos apartamentos de um edifício. A polícia acredita e pode ter até informações que nesse edifício more uma pessoa que é suspeita de um delito qualquer. A polícia pede mandato coletivo para condução coercitiva para todo o prédio e, de repente, a porta de seu apartamento é arrombada. Policiais vasculham todo o recinto com base em um mandato que talvez nem lhe foi mostrado ou talvez nem lido. E leva todo mundo para a delegacia, podendo levar ou não, pertences. É correto uma atitude dessa? É justo?

    Agora imagine-se morando em uma casa de periferia de uma grande cidade. As casas, Dra., ficam a poucos metros da viatura que parou na porta. Não há portaria, funcionário, interfone, câmeras de segurança, elevador e etc. Há poucos metros da rua fica todo o mundo daquela família. Tudo que essa família levou anos para conseguir e não é muito, pode, em questão de minutos, ser revirado, desarrumado ou destruído apenas porque mora na mesma rua de um suspeito. Pessoas que jamais foram vistas no convívio com os da casa podem provocar um trauma psicológico tremendo em pessoas honestas. Faz-se necessário investigar melhor antes de partir para a residência de pessoas sem medir as consequências. Equilíbrio nas decisões é o que se espera.

  • Graças ao conluio midiático

    Graças ao conluio midiático penal e sua guerra contra o Lula, voltamos à era pré-Vargas. Hoje por acaso passou pelas minhas mãos um trecho da lei sobre a recuperação judicial de empresas...trata-se de uma lei aprovada em 2005, quando o Brasil, graças ao prestítigio e as politicas de Lula, estava bombando....a lei reza que a recuperação judicial tem como objetivo preservar a empresa, os credores, a economia nacional: tudo ao contrário do que tem feito MPF, Judiciário e Globo nos últimos anos como estratégia para o golpe de Estado....e Dodge faz parte do esquemão....

    Nestes tempos de políticas regressivas imposta pelo Partido Regressista, que nunca aceitou o fim do Brasil Colonia e muito menos o fim do regime de cativeiro - até pegou em armas para regressar àquele periodo e, em 2016, conseguiu - bom vermos como era antes de Vargas, período ao qual regressamos, aliás, parece que estamos voltando mesmo é ao periodo colonial e escravista: Dodge faz parte deste desmonte: como é possivel que figuras como Dodge, que demonstra não saber o beabá da defesa do interesse nacional e analfabeta de pai e mãe no que diz respeito a politica em seu sentido maior e a questões geopoliticas, pode ocupar um cargo tão importante: se fosse nos EUA  o Trump já a teria posto na rua a ponta pés, se bem que, sendo ela da quota do governo golpista, no seu gavetão só nao suporta o HC do Lula: ela só é terrível contra os não afeitos ao regime regressista:

    "No Decreto-lei Nº 7661/1945, os procedimentos de falência e concordata, corriam como ações comuns, sem a necessária intervenção do Estado, a empresa que fracassasse perdia toda a sua reputação que muitas vezes levou anos para adquirir, no novo sistema, o governo reconheceu que as empresas são essenciais para a economia, e que merecem crédito, pois exerce função social, o que contribui para o bem comum.

    https://menezeseguimaraesadvocacia.jusbrasil.com.br/artigos/196856997/recuperacao-judicial-das-empresas-lei-n-11101-05

  • Essa safra de picaretas que

    Mas uma coisa é certa: essa safra de picaretas que começou com Roberto Gurgel, passou por Janot e desagou em Dodge, não tem fim. Só há uma saida: reformar o MPF,  de forma a tirar dessa gente esse poder que os embriaga. O modelo norte-americano pode ser um bom modelo, se bem que tudo o que importamos costuma ser piorado e muito: vide lei da delação. Nos EUA, se o promotor age para ferrar o réu de forma tendenciosa, por exemplo, esocndendo as provas de sua inocência, com certeza será punido...

    Promotor não pode contribuir para a condenação injusta de alguém

    https://www.conjur.com.br/2014-jul-27/romulo-moreira-promotor-nao-contribuir-condenacao-injusta

     

    O correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos, João Ozorio de Melo, publicou, no dia 8 de julho de 2014, reportagem denominada "EUA criam sistema de controle no Ministério Público para evitar condenações erradas". Segundo ele destaca, a "mentalidade dos promotores americanos está mudando, progressivamente. O esforço sistemático para condenar a qualquer custo todos os réus que caiam na malha da Promotoria e obter a pena mais alta possível para eles vem sendo substituído, aos poucos, por um esforço coordenado para buscar a verdade."

  • Causa espanto e preocupação.

    Causa espanto e preocupação. É monstruoso e demoníaco. A casa é o lar e sua defesa encontra respaldo e fundamentação até mesmo nas religiões. Jesus Cristo referiu-se várias vezes à morada do Pai (Deus). A morada de uma pessoa é uma extensão de seu corpo e seu contato imediato com a vida. É sagrada. Quem não possui uma morada está privado de contato humano digno e assemelha-se a um animal desprotegido. Daí a importância de sua inviolabilidade, tanto que sua violação transcende o mero espaço físico e atinge frontalmente o psiquismo. Ver seu lar invadido e remexido por mãos de desconhecidos, adentrando-o armados e imputando-lhe pretensos crimes fere todos os princípios que norteiam os Direitos Humanos. Falar em Direitos Humanos para essa gente é perda de tempo. Começa que não são humanos, são monstros demoníacos, conforme a figura vermelha e raivosa que ilustra o post.

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