#VazaJato: “Jornalista que vaza não comete crime”, disse Dallagnol

As defesas dos próprios procuradores da Lava Jato nas conversas divulgadas são usadas para retrucar a tentativa dos mesmos de criminalizar o The Intercept

Jornal GGN – Antes de serem alvos dos vazamentos, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato defendiam que jornalistas têm o direito de publicar materiais obtidos por vias ilegais, porque fortaleceria a democracia. Hoje, os mesmo procuradores criminalizam as mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil e que seriam “FakeNews”.

É o que mostra a mais nova #VazaJato divulgada pelo jornal, por meio de newsletter a seus leitores: Deltan Dallagnol dizia a seus colegas, em um grupo chamado PF-MPF Lava Jato 2, em novembro de 2015, que “jornalista que vaza não comete crime”.

Ainda, logo após meses de defesa dos procuradores de Curitiba se valerem do vazamento à imprensa para obter o apoio da opinião pública à Operação, seja as informações divulgadas antecipadamente e seletivamente a alguns jornais da grande imprensa ou mesmo ilegais,  os procuradores criaram um grupo no Telegrama chamado “Liberdade de expressão CF”, em maio de 2018.

Na ocasião, Dallagnol disse: “Autoridades Públicas estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor do que o cidadão que não é pessoa pública.”

Anteriormente, em outro grupo do Telegram que faziam parte a força-tarefa da Lava Jato, chamado “BD”, uma procuradora chamada Monique Chequer, que não integra a equipe mas apoia, disse que o países que tem maior exito em combater a corrupção valorizam e protegem as fontes que expõe a corrupção, que são os chamados “whistle-blowers”.

“Saiu o índice de percepção da corrupção de 2016. Brasil caiu 3 posições. Aliás, 2/3 dos países caíram de posições. Dinamarca ainda liderando. É a matéria que saiu ontem”, compartilhou a procuradora, concluindo: “ Esse artigo antigo explica o sempre sucesso da Dinamarca e atribui uma das causas ao fato do país incentivar os “whistle-blower”: http://budapesttimes.hu/2013/03/19/why-denmark-always-finishes-on-top/”.

“Infelizmente, estamos muito, muito longe do modelo da Dinamarca”, respondeu outra procuradora, Livia Tinoco. “Enquanto aqui no Brasil há “complexa” discussão se o delator é imoral ou não”, continuou Monica.

Hoje, as defesas feitas pela própria Lava Jato e equipe de Deltan Dallagnol se voltam contra eles mesmos: Nós concordamos em absoluto com os princípios defendidos, em ambientes privados no Telegram, por Deltan e seus colegas”, escreveu o The Intercept Brasil.

“Jornalistas não cometem crimes ao apurar e publicar reportagens baseadas em informações obtidas ilegalmente, mas sim contribuem para o fortalecimento das instituições e da cultura democrática; aqueles que detêm poder público sacrificam sua privacidade em nome da transparência”, concluiu o jornal na nova #VazaJato.

Redação

10 Comentários

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  1. Politicamente e moralmente o Brasil está passando por um momento muito difícil. As pessoas públicas que deveriam zelar paraa manter a democracia estão rasgando a Carta Magna em nome de interesses próprios e, para isso, estão perdidos e cometendo muitas injustiças.

  2. O Brasil, ainda está engatinhando no combate à corrupção e quando parece que que vai engrenar, os Moros da da vida em conluio com o MPF com o intento de retirar da vid pública um político em favor de outro. Perseguindo uma parcela da sociedade e se fazendo de cego em outros seguimentos político. Criou uma distorção na política com a eleição de uma pessoa despreparada para governar. O que trouxe de bom foi que o judiciário mostrou a sua cara política autoritária, especialmente, o STF que tem se mostrado conivente, com os desmandos da extrema direita e criando uma possível bamba nuclear que se explodir causará a sua própria destruição.

  3. O que estariam fazendo Moro e Dallagnol em conjunto nos EUA? Muita coincidência, justamente neste momento de apuros, não?
    A resposta é muito simples.
    Estão prestando contas e pegando novas orientações, novas tarefas.
    Pegando algumas aulinhas de como conspirar sem serem pegos, dando um limpa nos celulares e aprendendo a como reagir em situação de crise.
    Podemos esperar novidades para quando retornarem, repletos de planos estrategicamente traçados pelos ianques.

  4. Nassif, só uma pergunta: Imagina você sendo alguém que já sabia que Teori iria ser assassinado. O que pensaria você se visse uma faixa em frente do “encomendado” chamado-o de traidor? Ajudaria alguma coisa?

  5. O Brasil foi sempre isso que estamos vendo roubos da direita mas antes não havia internet. Nos víamos as notícias e eram os obrigado a acreditar. Quem não se lembra da frase ” todo político é ladrao”? Mas nunca iam pra cadeia pq a direita que sempre governou combinava os arquivamento de corrupção. Por isso nunca foram pra cadeia. AI chegou o LULA ganhou quatro eleições e a direita ladra fez essa palhaçada toda pra assumir. Só não vê quem não quer.

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