No meio da confusão, nossos amigos imortais-mortais-imortais meditam, por Sebastião Nunes

Se o Jair Messias é um genocida em larga escala, merece ser julgado e condenado por uma corte internacional. Se nossos juristas não servem nem pra se limpar a bunda com suas leis covardes e tendenciosas, vamos torcer para que os lá de fora legislem por nós.

No meio da confusão, nossos amigos imortais-mortais-imortais meditam

por Sebastião Nunes

No último episódio desta distopia, Gabriel Arcanjo comunicou ao pseudo-espírito do pseudo-humano Bolsonaro que o genocida Jair Messias fora estraçalhado por uma multidão enfurecida.

– Ai, é? – indagou assustado o pseudo segundo. – Posso saber por quê?

– Por ser um genocida, oras! – ripostou Gabriel. – Tanto é genocida que o autor desta lereia distópica decidiu, com nossa anuência, incorporar genocida ao nome dele, ficando assim, à escolha da freguesia:

Jair Messias Genocida Bolsonaro ou

Jair Messias Bolsonaro Genocida ou

Jair Genocida Messias Bolsonaro ou

Genocida Jair Messias Bolsonaro ou, simplesmente,

Bolsonaro Genocida ou

Bozo Genocida ou…

– Chega! – gritou o pseudo-espírito, irritado com o novo e singelo (embora horrivelmente significativo) sobrenome de seu superior imediato. – Não gostei e não vou chamar ele de genocida.

– Claro que não gostou e tem razão em não chamar ele de genocida – retrucou Gabriel. – Apesar disso, e como pseudo-espírito de um genocida, você também tem direito ao título de genocida, com inicial maiúscula, passando a se assinar assim: Pseudo-espírito Genocida. Você deixa de ser um substantivo comum para ser um sujeito de verdade, todo maiúsculo.

– Mas eu não quero!

– Não adianta querer. Uma vez genocida, sempre genocida.

ENQUANTO ISSO, NOSSOS AMIGOS MEDITAM

– Qualquer dia desses Jair Messias Genocida será julgado num tribunal internacional como o genocida que é – disse Sérgio Sant’Anna. – Claro que genocida não tem foro privilegiado, nem aqui nem na China.

– Vocês viram os deputados na câmara chamando ele de genocida? – Meteu o bico Luís Gonzaga Vieira. – Parece que o novo sobrenome tá pegando pra valer.

– Tá pegando e vai crescer até virar um tsunami! – entusiasmou-se ferozmente Otávio Ramos. – Tão forte e tão violento que vai levar a canalhada toda de arrastão. Não escapará um único canalha, nem pra remédio.

– Sei não – pisou no freio Adão Ventura. – Já tinha jornalista chamando ele de genocida há algum tempo. Me parece que por enquanto é só uma marola.

– Foi marola no princípio – discordou Sérgio. – Mas tá virando regra.

– Também acho – disse Lobato. – Virando uma regra geral. Escute só a gritaria:

– Genocida é o caralho!

– O Mito não é genocida!

– Presidente genocida é a mãe!

Protestando contra a ideia de chamar Bolsonaro de genocida, seus cúmplices só faziam confirmar o título imposto pelo coro dos descontentes.

De onde vinha a gritaria? Das ruínas grotescas que existiam em frente, talvez. Que tipo de gritador poderia estar morando ali? Não eram ratos, que não falam a nossa língua. Pelo menos os ratos de quatro patas não falam. Baratas também não. Então?

ENQUANTO ISSO LÁ EM CIMA

Na eternidade não existe tempo. Mas as mãos que se agarram de qualquer jeito sentem o fluir do sangue nas veias, o crescente formigamento nos dedos, a fraqueza cada vez maior. Mesmo um pseudo-humano é feito de carne e osso.

Jair Messias Genocida Bolsonaro estava que não podia mais.

Jair Messias Bolsonaro Genocida, além de sentir dor, queria fazer xixi.

Jair Genocida Messias Bolsonaro, além de vontade de fazer xixi, queria cagar.

Genocida Jair Messias Bolsonaro estava arrependido de ser quem era.

Bolsonaro Genocida estava cansado de bancar o valentão.

Bozo Genocida começava a não gostar de ser genocida.

Porém, infelizmente, só aqui, nesta agoniada distopia.

Quando estava no meio de seus iguais e puxa-sacos, adorava ser genocida.

O sonho dourado de sua vida era se tornar um genocida mundialmente famoso. Como Hitler. Como Stalin. Como Mussolini. Como Trump quase conseguiu.

Só que aqui, nesta distorcida fantasmagoria, estava quase despencando. E, se realmente despencasse, sem nem ao menos saber para onde, adeus fama.

De repente, Bozo Genocida começou a chorar. De raiva e de medo. E, como todo canalha diante do inevitável, teve dó de si mesmo.

Sebastiao Nunes

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