Quem não tem competência vai de mal a pior, por Sebastião Nunes

Enquanto o pseudo-humano Jair Messias segue pendurado em duas fake news, seu pseudo-espírito tenta usar a melhor arma que tem para salvá-lo do abismo. É a distopia que segue em frente.

Presented by W. Graham Robertson 1939

Quem não tem competência vai de mal a pior

por Sebastião Nunes

Se você não está lembrado, dá licença de contar: pisando pé ante pé no fio da navalha da trilha estreitíssima, nossos amigos despencaram no abismo, não juntos, mas um de cada vez, pois despencar parece com morrer, já que ninguém morre em grupo, como se fosse a um convescote, mas um de cada vez, como se estivesse cagando.

A eternidade é infinita, foi dito e redito. Nesse caso, pode ser que os abismos ancorados no eterno sejam também infinitos em sua fundura. Deixemos, pois, que nossos amigos imortais-mortais-imortais despenquem à vontade e voltemos os olhos para o que acontecia com o ex-capitão em suas tentativas de suborno.

Nos dois capítulos anteriores, Bolsonaro tentara subornar o guarda da porta 2020, sendo interrompido no melhor da argumentação. Teimoso, decidido a se livrar das agruras das profundas, considerou supimpa corromper São Pedro e Gabriel Arcanjo que, inocentes, flutuavam nas altas esferas, já que santos e anjos não pesam lhufas.

Com pés de orangotango e sorriso de Gioconda de caserna, aproximou-se das divinas criaturas, que se dedicavam, em paz e pachorra, a chupar despudoradamente grossos baseados. Oferta de quem? Da dupla Hendrix-Pança, é claro.

No episódio anterior desta infinita série, estava o dito Jair Messias à beira do abismo, agarrado teimosamente a duas fake news que, sendo o que eram, exibiam o seguinte palavreado:

BOLSONARO NÃO É UM GENOCIDA.

O MITO É UM CARA DUCARALHO.

Ora, sabemos todos que Jair Messias não passa de um genocida insaciável e um ignorante de pai e mãe, o que não vem ao caso no momento. No devido tempo – que seja breve – pagará seus pecados junto ao povo (que tarda a se rebelar), à divindade (que detesta se imiscuir em humanas pendengas) e à justiça internacional (que anda de olho nos seus infinitos delitos, embora não tenha se decidido a convocar uma corte supranacional destinada a julgar-lhe os crimes de lesa-humanidade). Esperemos, pois.

Estando cai não cai, Bolsonaro, aproximou-se com sua orangotanguice pedonal e seu indecifrável sorriso dos chupa-chupantes. Aproximou-se em ESPÍRITO, lógico, pois continuava dependurado nas fakes. Seria com certeza apenas um espírito de porco, mas ainda assim espírito.

ENTABULANDO NEGOCIAÇÕES

Chegou e disse:

– Cavalheiros, se acaso não os interrompo em seus honrosos afazeres…

– Já interrompeu – declarou São Pedro, chupando avaramente o que restava do consumido baseado. – E não me venha com papo furado.

Gabriel Arcanjo sacou dois novos baseados do baú sem fundo de Sancho Pança, que se postava serviçal nas proximidades, e concordou:

– Isso, sem papo furado.

Sentiu o espírito de Jair Messias que o mar não estava para peixe. Olhou para a figura pseudo-humana agarrada às fake news. Pensou que melhor seria deixar que o sacana se despenhasse e se esborrachasse, sob o peso de seus infinitos malfeitos. Mas, refletiu – o que lhe provocou violenta dor de cabeça – que se o pseudo despencasse, ele, que não passava do espírito do pseudo, sendo apenas um pseudo-espírito, despenharia também, se não sumisse de todo. De forma que não tinha escolha: precisava convencer aqueles idiotas…

– Idiota é a puta que o pariu! – rebateu o arcanjo Gabriel, que, como se fosse um bom goleiro, pegava até pensamento e não admitia ofensa.

– Mas eu não disse nada! – defendeu-se o espírito fajuto.

– Não disse, mas pensou – intrometeu-se São Pedro.

– Desculpem meu péssimo hábito de rebaixar as pessoas – replicou o pseudo, tentando escapar. – Mas nasci assim, deve ser hereditário.

– Você não podia ter tomado um banho antes de nos procurar? – reclamou São Pedro, tapando nariz. – Vá feder assim na casa do caralho!

– Não sabia que espírito fedia! – espantou-se o pseudo do pseudo.

– Não só fede, como às vezes fede mais do que gambá, o mais fedorento dos viventes – explicou Gabriel Arcanjo. – Mas, afinal, o que é que você quer?

– Queria que Bolsonaro, o pseudo-humano que está logo ali agarrado a duas fakes news, e já não tem mais forças, fosse tirado de lá e devolvido à terra firme.

Riram-se gostosamente São Pedro e Gabriel Arcanjo.

– Terra firme? – riu novamente São Pedro. – Quem foi que disse que estamos em terra firma? Aqui não tem terra nenhuma, cara. Aqui só tem o portão do Paraíso, apoiado em coisa nenhuma, ou seja, no nada.

O pseudo-espírito do pseudo-humano Jair Messias sentiu-se perdido. Olhou para Bolsonaro, que suava frio e olhava para eles no maior desespero.

– Preciso convencer estes dois – resmungou o pseudo-espírito. – Se não conseguir, estaremos fodidos e mal pagos.

Não perca, no próximo capítulo, a empolgante continuação desta distópica aventura político-satírica.

Sebastiao Nunes

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