Por Gilberto Cruvinel
Não lamentes, ó Nize, o teu estado; Puta tem sido muita gente boa; Putíssimas fidalgas tem Lisboa, Milhões de vezes putas teem reinado: Dido foi puta, e puta d'um soldado; Cleópatra por puta alcança a c'roa; Tu, Lucrécia, com toda a tua proa, O teu conno não passa por honrado:
Essa da Rússia imperatriz famosa, Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta) Entre mil porras expirou vaidosa: Todas no mundo dão a sua greta: Não fiques pois, ó Nize, duvidosa Que isso de virgo e honra é tudo peta. ………………………………………………….
1. Manuel Maria de Barbosa l’Hedois du Bocage (Setúbal, 15/09/1765 – Lisboa, 21/12/1805) foi um poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX. Espírito aventureiro, boêmio, antimonarquista e anticatólico, foi romanticamente dominado pela ideia de sua vocação de poeta e do paralelismo de sua vida com a de Camões. A fama de Bocage não se divide apenas em “boa” e “má”, isto é, entre a modelar poesia arcádica ou romântica e a malexemplar poesia fescennina: esta mesma é motivo de controvérsia, a partir do ponto em que foi renegada pelo próprio autor.
2. Variante suggerida pelo proprio Bocage para o verso oitavo: “Não passa o conno teu por conno honrado”.
3. Este soneto, segundo o poeta Glauco Matoso, suscitou duvidas sobre a autoria (que alguns atribuem a João Vicente Pimentel Maldonado) e inspirou varias parodias.
Fontes:
1) «Bocage, Manuel Maria Barbosa du». Enciclopédia Mirador Internacional. UOL – Educação. Consultado em 11 de março de 2017.
2) Bocage, o Desbocado. Bocage, o Desbancado – por Glauco Matoso –
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Receita de golpe:
Ingredientes 2 conflitos de gerações 4 esperanças perdidas 3 litros de sangue fervido 5 sonhos eróticos 2 canções dos beatles –
Modo de preparar Dissolva os sonhos eróticos nos dois litros de sangue fervido e deixe gelar seu coração. Leve a mistura ao fogo, adicionando dois conflitos de gerações às esperanças perdidas. Corte tudo em pedacinhos e repita com as canções dos beatles o mesmo processo usado com os sonhos eróticos, mas desta vez deixe ferver um pouco mais e mexa até dissolver.
Parte do sangue pode ser substituído por suco de groselha, mas os resultados não serão os mesmos. Sirva o poema simples ou com ilusões. (Nicolas Behr)
Nota minha : sonetos de poesia fescennina podem potencializar o resultado, mas como efeito corre-se o sério risco da receita desandar e se ter o ato interrompido em momento inoportuno.
Manuel Maria B. du Bocage.
Sabia das coisas !!!!!
Soneto de Todos os Cornos- por Bocage – uma das paródias:
Não lamentes, Alcino, o teu estado,
Corno tem sido muita gente boa;
Cornissimos fidalgos tem Lisboa,
Milhões de vezes cornos teem reinado.
Sicheu foi corno, e corno de um soldado:
Marco Antonio por corno perdeu c’roa;
Amphitryão com toda a sua proa
Na Fabula não passa por honrado;
Um rei Fernando foi cabrão famoso
(Segundo a antiga lettra da gazeta)
E entre mil cornos expirou vaidoso;
Tudo no mundo está sujeito à greta:
Não fiques mais, Alcino, duvidoso,
Que isso de macheza e honra é tudo peta.
Técnicamente falando:
Eu também acho que o autor do soneto sabia das coisas;
PARA O AUTOR do soneto faz sentido a frase:” Puta é a mãe”, quando escreve: ‘ Todas no mundo dão a sua greta: Não fiques pois, ó Nize, duvidosa Que isso de virgo e honra é tudo peta. “
E O AUTOR também parece envolver na desquilificação a macheza quando diz: Dido foi puta, e puta d’um soldado;
Desse modo o autor, de várias maneiras desmonta essa calhorda armadilha de VELHOS SACANAS, de tentarem manter as mulheres sobre controle ou as desqualificam.
PROSTITUIÇÃO sempre foi e é uma espécie de ESCRAVIDÃO para maioria de mulheres exploradas, algumas “espertas se dão bem”, mas viram ladronas exploradoras, tais quais os seus cornos desqualificados.
Coragem, a semana está apenas começando…
Putas
M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.O. ! Grandes obras da literatura mundial só mesmo no GGN!
Dizem que é dele este soneto de arrependimento
Já Bocage não sou! . . . À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento . . .
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa! . . . Tivera algum merecimento,
Se um raio de razão seguisse, pura!
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:
“Outro Aretino fui . . . A santidade
Manchei . . . Oh!, se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na Eternidade!”
Fantástico e atual. Viva Bocage
Não lamentes, ó Nize, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas teem reinado: