As diferenças entre a internet e os outros meios

Por ruyacquaviva

Comentário ao post “As mudanças de estilo na mídia e a aparência de neutralidade

A mim parece que uma parte dos jornalistas ainda não se deu conta que a Internet não é um meio de comunicação de massa.
 
A imprensa, o Rádio e a TV são veiículos de massa, ou seja, há um transmissor e múltiplos receptores. O papel da massa é só o de consumir e apenas uns poucos podem produzir conteúdo.
 
Isso não é verdade na Internet onde quialquer um pode produzir conteúdo além de consumir.
 
Isso de cara implica em um número muito maior de transmissores. Nem todo mundo quer produzir conteúdo, é verdade, mas todos querem retransmití-lo e muitos (muitos mesmo) querem acrescentar a ele um toque pessoal, seja no formato de um comentário, um apoio ou uma crítica.
 
Durante a maior parte da História da civilização a notícia espalhou-se dessa forma. Desde o boca-a-boca da cultura oral, até os murais da Roma antiga, toda transmissão de informação foi muito mais pessoal. Apenas com o advento dos tipos móveis é que surgiu a primeira mídia de massa, a imprensa.

 
Muitos defensores dos jornais em papel argumentam que essa mídia sobreviveu bem ao advento do Rádio e da TV, mas estes dois são meios de comunicação de massa também. Hoje a imprensa escrita enfrenta uma tecnologia que retorna a uma comunicação muito mais natural, que é a comunicação bidirecional que permite a quem consome um conteúdo agregar opiniões e impressões pessoais e com elas atingir um público pequeno, mas dentro de uma rede ampla e complexa. O fenômeno dos chamados “virais” demonstra o poder de comunicação dessa rede, permitindo que vídeos, imagens e até mesmo textos produzidos de forma absolutamente despretenciosa possam atingir um número massivo de receptores, cada um com plena capacidade de agregar suas opiniões a esse conteúdo.
 
Não sou vidente para saber como o jornalismo vai enfrentar esses desafios nem como a atividade vai se configurar no futuro, mas posso dizer sem medo de errar, que será algo muito diferente do que é hoje em dia. Quem está prevendo que o mercado vai se acomodar ao novo meio de forma parecida com o que é hoje, está apenas expressando o seu desejo sobre o que ocorrerá e não uma avaliação racional que leve em conta os cenários mais prováveis.
Redação

14 Comentários

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  1. Excelente, Ruy

    Por isso a luta pelo controle da internet.

    Por enquanto eles começaram perdendo com a decisão do Congresso em endossar o que queria o governo. No começo eles, congressistas, ameaçaram mexer na neutralidade da rede, mas cederam.

  2. Eh isso:  voce eh comunicador

    Eh isso:  voce eh comunicador “celular”na internet ou eh leitor de jornal…

    Nao eh competicao!

  3. Óitma análise ruy.
    Sobre o

    Óitma análise ruy.

    Sobre o jornal impresso ter sobrevivido ao rádio e a TV, creio que a explicação reside em 2 fatores:

    1) Dos 3 é o que tem portabilidade desde sua origem. O rádio até conquistou a portabilidade mais cedo, e hoje tem presença praticamente certa em automóveis, mas no seu início tinha mobilidade restrita devido o seu tamanho. Já a TV, só foi ter portabilidade recentemente e mesmo assim, talvez tarde demais. Imagino que tem mais celulares e tablets com internet móvel (via redes de celular ou mesmo com wi-fi) por aí que aparelhos com TV digital. E não vejo porque isso mudaria. O meu celular só tem TV digital porque era parte do “pacote”, pois até hoje só usei para acompanhar a apuração do carnaval.

    2) A segunda explicação seria a mídia em si. Dos 3 clássicos, o jornal é o que permite maior aprofundamento nos fatos e possibilitando que o consumidor siga o seu próprio ritmo durante o consumo em si da informação. Rádio e TV são limitados por grades de horário apertadas e possuem uma linguagem diferente, baseada no áudio(visual), que  também determina o quanto pode ser informado de acontecimentos relevantes para o público. Ele, o jornal, pode chegar só no dia seguinte, sem o apelo áudio(visual), mas trazendo mais detalhes do que anda ocorrendo por aí.

    Só que na hora de encarar a internet, as vantagens dos jornais desaparecem e ficam só os defeitos.

    a) Um celular ou tablet com internet deve ter quase o mesmo peso de um “bom” jornal e ocupando menos espaço físico.

    b) Jornal suja as mãos.

    c) Nesses tempos de internetm não apenas de notícia em tempo real, mas também com desdobramentos em tempo real, o jornal de amanhã é uma eternidade.

    d) Existe informação de qualidade e com o mesmo “grau de credibilidade” que os velhos jornais na rede, e de graça.

    e) A internet pode ter o aprofundamento do jornal do papel, o áudio do rádio e a imagem da TV. E ainda vai além, possibilitando algum grau de participação do leitor, que era extramente limitado nos veículos tradicionais. É uma mídia completa e que vai bem além das possibilidades offerecidas pelos velhos meios.

    1. Sobre outras mídias

      Sobre outras mídias tradicionais, o jornal ainda tem uma vantagem fundamental. No rádio e na TV vc se informa sobre o que passa na hora.

      No jornal vc le o que quer a hora que quer e o resto descarta. Isso não é possível na TV e rádio.

      Por isso o jornal sobreviveu.

       

      Ja na internet…

      1. Achei aquele comentário do

        Achei aquele comentário do outro posta mais certeiro, Athos. Rádio e tv têm limitação de tempo; impressos têm limitação de espaço. A internet não tem os mesmos limites de tempo e espaços deles.

        Mas o que o Ruy sblinhou, me parece, é que a internet tambbém não é um meio de “massa” como os demais; que “sobrepassa” a cabeça dos indivíduos codificando a realidade. Cada um vai atrás de ler o que quer, e não somente recebe o que é largado na cabeça de todos ao mesmo tempo.

        Por exemplo, esses “virais” de internet ou “hashtags” de twitter não comovem um quark do meu corpo. Quando um ou outro comenta alguma coisa eu pergunto o que chamou a atenção e as respostas são sempre muito ralas.

        Sobre a tv, várias vezes vi no caminho de casa o bar cheio, tv ligada e ninguém “nem aí” pro jornal nacional. É claro, quando alguém comenta ouve logo um “é tudo ladrão”. Essa ideologia está na frente: as empresas querem seu bem e O Estado; governos e polííííticos querem seu mal. Quem quiser reverter isso vai ter trabalho. Eu não posto tantas ficahas assim na internet e nas “redes sociaaais”.

        Eu, particularmente, quando alguém vem repercutir algo que leu, viu ou ouviu na imprensa eu digo logo: “isso não é jornalismo, não; não é jornalismo, não: isso é campanha; é chacrinha: não levo a sério isso, não, rsrssr”

  4. Eu diria que a Internet é por princípio uma Mídia Celular:

    Eu diria que a Internet é por princípio uma Mídia Celular: pessoal e intransferível.

    Daí a necessidade de dados pessoais serem protegidos pela neutralidade e imobilidade, contra grupos de interesses derivados ou multiplicações econômicas, no que se refere a roubo de dados e uso de funções privativas.

  5. Só a dispersão da internet salva os jornais impressos.

    Quando o radio surgiu, não era mais necessário esperar o dia seguinte para se receber informação. Mas o jornal impresso não acabou. O radio não trazia imagens e permitia pouco aprofundamento e reflexão.

    Com a televisão surgiram as imagens e o jornal impresso não acabou. A notícia era assistida na TV e no dia seguinte aprofundada no jornal impresso.

    Com a internet tudo isso é feito ao mesmo tempo. Acesso imediato, imagem e aprofundamento.

    Só a dispersão de temas da internet pode fazer com que se procure um jornal que ordene as informações. Mas isso, sites e portais fazem também.

  6. Jornalista

    DIA DO JORNALISTA
    ORGULHO PELA PROFISSÃO SUPERA DIFICULDADES

    http://portal.comunique-se.com.br/index.php/destaque-home/74101-info

    De um leitor do Comunique-se:

    Felizes daqueles que conseguem uma oportunidade e estabilidade nessa profissão. É difícil. Quando não se é abençoado em conseguir uma oportunidade por merecimento ou por força própria, só mesmo quando se tem uma boa alma que te ajude. Que não fuja porque você não conseguiu se firmar no emprego. Poucas são as pessoas que mesmo vendo você cai não desiste de você e faz de tudo até que consiga ver você caminhando com os seus próprios pés. Infelizmente eu não tive essa sorte e ainda peno por uma oportunidade.

     

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