É curiosa a maneira como as Organizações Globo tentam se posicionar, depois da longa contaminação política que a marcou desde a década de 2010.
O modelo anterior ao da fase do jornalismo de esgoto era o de uma relativa diversidade política que ia do centro-esquerda ao centro-direita. Havia colunistas com opiniões dentro desse espectro, procurando atrair grupos variados de pensamento, dentro dos limites propostos.
Esse modelo foi soterrado pelo maniqueísmo posterior e passou a se igualar às redes sociais e suas bolhas – com pessoas com o mesmo pensamento concordando em tudo. Matou-se, com isso, o grande diferencial da mídia, que é o de servir como mediadora do debate público – sempre dentro de limites, no caso brasileiro limites muito estreitos.
Depois do impeachment e, principalmente, depois do terremoto bolsonarista, houve uma tentativa de escapar do terrível quadro anterior, em que canos de lixo eram utilizados como um espelho do jornalismo que se praticava.
Alguns jornais foram bem sucedidos. O Globo logrou uma relativa diversificação – menos no campo econômico – e conseguiu se firmar como o melhor jornal brasileiro, dentre os grupos tradicionais. A Globonews caminhava para ser a experiência mais bem sucedida de realinhamento editorial, com um time de comentaristas mais concordando do que divergindo, mas em cima de temas básicos, sem atropelar princípios civilizatórios.
Mas, aparentemente, obedecendo a uma regra de ouro – aliás, expressa pelo Ministro Luís Roberto Barroso no discurso de posse. Pode-se discordar aqui e ali, mas há alguns temas que são consenso, que representam processos civilizatórios. Não se trata de esquerda ou direita, mas de princípios, cláusulas pétreas. O direito à vida é um deles.
Por isso mesmo, a presença de Demétrio Magnolli e de Jorge Pontual nos comentários é algo chocante. Se houve algo que a pandemia ensinou foi a diferenciação entre a civilização e a barbárie. Ao endossar o genocídio de Gaza, como se fosse uma discussão banal entre esquerda e direita, ao justificar bombardeio de ambulâncias, hospitais, campos de refugiados, ambos destroem qualquer tentativa de modernização editorial do canal. Passam a ser porta-vozes da selvageria, do bolsonarismo mais explícito. E não adianta contrapor com o bom senso de outros comentaristas.
Eles se tornam a prova cabal de que a Globo não aprendeu a se colocar editorialmente, a manter um nível compatível com o da mídia de países mais avançados. Continua sendo um puxadinho da polarização dos anos 50, 60, dos tempos da ditadura. Mesmo os bons comentários caem na praga dos frutos podres, que desmoralizam qualquer projeto editorial.
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A globo é tendenciosa
Nassif, sobre o Magnolli eu acabei achando uma explicação para a sua cafajestice, ou sabujice. Eu o conheci na década de 70 quando estudava na Poli-USP e ele História-USP. Ele era, por incrível que pareça, da Libelu. Mas, a Libelu, tinha líderes intelectualmente muito superiores a ele. Destaque-se aí gente como José Arbex e Josimar Melo, o Bixo. Ambos deixavam-no para trás em todas as discussões. Some-se a isso a sua feiura. A minha teoria é a de que essa exclusão, intectual e estética, deu-lhe um profundo sentimento de vazio d’alma e o obriga a tentar chamar a atenção para si, dando ênfase a um discurso atrasado que é aceito por mentes iguais à dele, ou seja, extrema-direita bolsonarista.