Mídia francesa compara Lula a uma fênix

"O fenômeno novo desta campanha é que Lula não está sozinho neste nicho", assinala o cientista político André Singer, entrevistado pelo Médiapart

da RFI

A imprensa francesa dá amplo destaque ao início oficial da campanha eleitoral no Brasil. Reportagens nas rádios, em canais de TV, jornais e sites de informação analisam principalmente a disputa à presidência, focalizada entre o ex-presidente Lula, que tenta voltar ao poder, e Jair Bolsonaro, disposto a conquistar um novo mandato.

Para o jornal Le Monde, “Lula entra em campanha para tirar Bolsonaro da presidência”. O petista, que disputa o cargo pela sexta vez, faz uma campanha de centro, na esperança de vencer o candidato da extrema direita, que ainda é muito “popular entre os evangélicos”, afirma a publicação.

A agência AFP apresenta o petista como uma fênix, o pássaro lendário da mitologia grega que morre, mas depois de algum tempo renasce das próprias cinzas. “Lula ainda é visto como ‘próximo do povo’ e é muito querido, principalmente em áreas pobres do Nordeste”, escreve a agência de notícias. “Mas também é ferozmente odiado por alguns brasileiros para quem ele é a encarnação da corrupção. Foi sobre o ódio ao PT que Jair Bolsonaro foi eleito em 2018”, recorda a AFP

O site da corretora de valores Bourse Direct afirma que após um mandato de quatro anos, marcado por crises sucessivas, “Bolsonaro não perdeu o gosto pela provocação”. O texto recorda que ele foi eleito em 2018 com o apoio de lobbies poderosos, entre estes o dos evangélicos e do agronegócio. Desta vez, embora atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto, o líder da extrema direita busca a reeleição com um amplo programa de ajuda social, informa essa mídia especializada no mercado financeiro. 

Lula enfrenta concorrência no segmento popular 

O site de jornalismo investigativo Médiapart publica uma reportagem realizada em Natal e Caetés, no Nordeste, explicando por que Lula permanece uma força política “incontestável” no Brasil. “O ex-chefe de Estado brasileiro, de 76 anos, continua sendo a figura central do Partido dos Trabalhadores e de todo o campo progressista. Esta hegemonia se deve a sua carreira, suas políticas sociais, mas também à preservação das práticas políticas do país”, escreve o repórter Jean-Mathieu Albertini. 

Pela primeira vez, no entanto, Lula não é mais o único candidato que se diferencia da elite política dominante. “Embora Bolsonaro não tenha experimentado a mesma miséria, ele vem de um passado pobre e de uma região negligenciada”, relata o jornalista francês. Bolsonaro, “por meio de sua maneira de falar e de uma estratégia de comunicação bem rodada, conseguiu cultivar a imagem de um homem simples e autêntico entre parte da população”, explica. “O fenômeno novo desta campanha é que Lula não está sozinho neste nicho”, assinala o cientista político André Singer, entrevistado pelo Médiapart

Temor da violência

No Reino Unido, The Guardian diz que a campanha é lançada em meio a temores de violência e distúrbios. O jornal relata que bolsonaristas atacaram dois atos políticos de Lula nas últimas semanas, jogando fezes e urina contra os militantes petistas, em Uberlândia, e explosivos no Rio. “Políticos e observadores temem que a violência política só aumente até 2 de outubro”, destaca o texto. 

Em Portugal, o jornal Público prevê uma campanha dura, “de embate mais do que debate, pela escalada da guerra de rejeições, movida por ódio, ressentimento e intransigência“.

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Redação

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