O anacronismo dos modelos atuais de mídia e o futuro com a internet

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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por alcarpinteiro

Ref. ao post: As mudanças de estilo na mídia e a aparência de neutralidade

Seleme participou do debate como aquele técnico de time rebaixado por antecipação: resta dizer que o campeonato do ano seguinte será brilhante.

O modelo de negócios dos jornais atuais já era e o modelo que irá substituir não está claro para ninguém. Vejamos:

1- Fontes de receita dos jornais de papel: classificados; publicidade; assinaturas e venda avulsa; poder de influência sobre a sociedade. Todas estas fontes dependem do número de leitores, que declina irremediavelmente e cada vez mais rápido.

2- Os leitores mais jovens já usam outros meios para se informarem. O relógio que mede a sobrevida dos jornais atuais já está contando faz tempo. A seção de obituários será a mais lida por seus leitores em pouco tempo, visto que só lhes restaram os leitores idosos.

3- Não adianta transferir tudo para o formato digital. Nassif já apontou várias razões. Ninguém vai ficar preso à assinatura de um jornal digital, se agora pode ter acesso a várias fontes de informação e a custo zero. 

4- O poder de influenciar os leitores era muito fundamentado na via única de comunicação: os jornais publicam e os leitores leem, sem poder de externar sua opinião sobre a matéria. O jornal digital é obrigado a aceitar a refutação dos leitores, o que reduz seu poder de influenciar.

E será que a internet se reduzirá no futuro ao que o mercado de tv e rádio são hoje? Não se as condições atuais se mantiverem.

1- Rádio e TV são concessões. O poder público pode promover a concentração via legislação. Porém os jornais não são, mesmo assim há concentração. Isso porque os investimentos necessários para cobrir custos operacionais com produção de conteúdo, impressão e distribuição impedem a participação de muitos jogadores. Em condições assim, de custos crescentes, a concentração predomina. 

2- A internet não é concessão e os custos são muito baixos. A concentração ocorrerá como efeito dominante somente se o governo mudar as regras, ou se o publico mudar seu hábito e passar a exigir conteúdo cada vez mais custoso. Veja que o custo não precisa subir muito, basta que suba o suficiente para desequilibar um negócio cujas receitas são difíceis.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. Nem precisa esperar para ver o futuro da mídia.

    No meu modo de ver, a tecnologia está evoluindo para uma combinação única entre TV, celular e a internet.

    Pela internet muitas Redes de Televisão já transmitem programas de canais abertos.

    Através dos celulares temos uma possibilidade crescente de formatos com a internet: dos jornais, redes sociais, e agora acessos via celular à programas de TV ao vivo – é caso do programa de bandas da Globo de domingo passado, após o fantastico.

    A tendência é que a mídia televisiva, jornalistica e de celular, aos poucos, se projete em um só sistema, para descomplicar o acesso interativo dos usuários de Tv, jornal e Internet.

    É preciso entender que com a chegada da internet, o controle de redação foi passado à internet,  e esta ao celular. Midia Celular é o nome da nova mídia. 

     

  2. A queda no papel e na internet

    Os dados abaixo são da Alexa.com. Todos os principais sites da mídia corporativa perderam audiência na internet de 2013 para cá. E de forma significativa. Perdem no papel e na internet. Se perdem audiência, perdem receita. Existirá o pulo do gato? Impossível imaginar que sim. Primeiro, terão que brigar com muitos.  Em segundo, não mudarão seu papel de representantes da voz de seus proprietários. Ou seja, nunca tentarão salvar seus negócios com o jornalismo, de forma imparcial, relevante para muitos, com mais contrapontos. Estão condenados a se trasformar em meros house organs de Mesquitas, Marinhos, Frias. Provavelmente hospedados em algum provedor gratuito, já que vai faltar grana.

     

  3. Algumas das premissas do
    Algumas das premissas do autor são bastante otimistas. Tenho 49 anos e durante mais de uma década fui assinante da Folha de São Paulo. Hoje não leria jornal impresso nem que a Folha me concedesse uma assinatura gratuita. Com tantas opções na internet raramente visito o website da Folha de São Paulo. Na parte que toca esta empresa de comunicação está morta e a sobrevida deste zumbi não me interessa. Eu não pagaria por uma assinatura de um periódico virtual e confesso que sou totalmente imune a propaganda feita “on line”, pois não faço compras pela internet. Apesar de acessar a internet diariamente minha principal fonte de informação – e a que considero mais confiável – são livros impressos, que compro hoje com mais frequência do que comprava quando era assinante da Folha de São Paulo e a internet não existia. Tudo bem pesado, não me encaixo em nenhum dos perfis de consumidor definidos pelo autor como premissas que definirão as mudanças na estrutura da midia.

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