Leonora Amar, atriz e primeira dama

Com a Internet, a pesquisa de música virou um emaranhado de fios. Puxa-se um, vai se desenrolando, chega-se em outro.

O meu novelo de fim de semana começou em Silvinha Mello, cantora dos anos 30 e 40. Recentemente encontrei Ricardo Cravo Albin, em um evento no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Mencionei Silvinha Mello. Disse-lhe que não encontrara nem em seu dicionário, nem na Internet. Um dos maiores especialistas da música brasileira, Ricardo admitiu que a falha era grave e ficou de incluí-la em breve em seu dicionário.

Eu tinha sabido dela alguns meses antes, em meus passeios pela praça Buenos Aires, quando o trabalho me libera algumas manhãs para andar, ouvir música e terminar com um cafezinho, um suco de uva e os velhos fregueses do Café Colón. Em uma das edições do jornal da Collectors, fico sabendo que foi das primeiras cantoras a fazer sucesso nos Estados Unidos, em temporadas no Blue Angel, de Nova York, cantando composições de Ari Barroso.

Silvinha pegou rabeira em Carmen Miranda. Filha de pernambucanos, nasceu em Vitória (ES) em 1914. Mudou-se para o Rio com 9 anos. Aos 18 anos começou a cantar nos programas de César Ladeira na rádio Mayrink Veiga, junto com Francisco Alves, Carmen Miranda e Silvio Caldas.

Gravou seu primeiro disco em 1931, interpretando duas músicas de Heckel Tavares, “Chove Chuva” e “O Pequeno Vendedor de Amendoim”. No seu repertório havia basicamente José Maria de Abreu, Sivan Castelo Branco, mas fundamentalmente Joubert de Carvalho -de quem gravou, entre outras, “A Carícia de Tuas Mãos”, “Teu Retrato”.

No jornal confirma a informação de que Silvinha casou com um diplomata francês e se mudou para Paris, onde teria falecido em 1978 -informação não confirmada.

Aliás, como a pesquisa musical brasileira, hoje em dia, se resume esse abstração da “entoação”, muito tema fica solto no ar, à espera de um historiador. Um dos temas poderia ser das cantoras brasileiras de segunda linha, que seguiram para os EUA no rastro do sucesso de Carmen Miranda.

É o caso de Leonora Amar, nascida em 1926, que fez temporada nos cassinos de Poços de Caldas no início dos anos 40, depois se mudou para os Estados Unidos, tornou-se cantora da rede CBS, fez shows em Nova York, na esteira de Carmen Miranda, se apresentou na NBC cantando “Aquarela do Brasil”, “Na Baixa do Sapateiro”, “Star Dust” e “Carinhoso” com tal sucesso que foi contratada pela Warner e se tornou a estrela do filme “Equador”, estrelado por Errol Flyn, e, depois, de “Capitão Scarlatt”, filme de largo sucesso na época. Quando esteve em Poços de Caldas, lá por volta de 1945, dividia com Linda Darnel um apartamento em Burbank, Califórnia. Chegou a ser apontada por algum crítico como das mais belas atrizes daqueles anos.

Em seguida, mudou-se para o México. Descoberta pelo produtor Raul de Anda, estrelou o filme “Desquite” e “Cuide de seu Marido”. Tornou-se celebridade no México, a ponto de ser considerada a rainha de Acapulco, fazendo mais sucesso que a própria Maria Félix – considerada na época das mulheres mais belas do mundo. Lá, conheceu o futuro presidente da República Miguel Aleman, com quem teve dois filhos.

Já era das mulheres mais ricas do México, quando decidiu voltar a Los Angeles, produzindo e atuando em três filmes, através de sua própria companhia, a Produções Sol. No Brasil, estrelou um único filme, “Veneno”, ao lado de Anselmo Duarte e dublada por Cleide Yáconis.

Depois, radicou-se definitivamente no Rio de Janeiro, onde se tornou incorporadora imobiliária. Mora em Copacabana. Recentemente consegui seu telefone. Atendeu uma senhora, que julgo ser ela própria, me informando que dona Leonora está viajando. Mas que irá passar meu telefone para ela que, se tiver interesse, entra em contato.

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