Por Gilberto Cruvinel
Tradução de José Bento
Um soneto me faz fazer Violante
Nunca na vida estive tão inquieto;
Catorze versos dizem que é soneto,
Brinca brincando vão os três diante.
Pensei que não achava consoante
E a metade estou deste quarteto;
Mas, se me vejo no primeiro terceto,
Nada há nos dois quartetos que me espante.
pelo primeiro terceto vou entrando
E parece que entrei com o pé direito,
Pois fim com este verso lhe estou dando.
No segundo já vou e até suspeito
que estou os treze versos acabando;
Contai se são catorze e já está feito.
Un soneto me manda hacer Violante
Y en vida nom me he visto en tal aprieto;
Catorce versos dicen que es soneto:
Burla burlando, van los tres delante.
Yo pensé que no hallara consonante
E estoy a la mitad de otro cuarteto;
Mas, si me hallo en el primer terceto,
No hay cosa en los quartetos que me espante.
Por el primer terceto voy entrando
Y aún presumo que entré por pie derecho,
Pues fin con este verso le voy dando.
Ya estoy en el segundo y aún sospecho
Que estoy los trece versos acabando:
Contad si son catorze, y esté hecho.
Fragmento de la película “Lope”. Soneto: “Esto es amor”.
……………………………………………………………………………..
Félix Lope de Vega y Carpio (Madrid, 25/11/1562 – Madrid, 27/08/1635) foi um dramaturgo e poeta espanhol, autor de mais de 1800 peças de teatro, das quais apenas sobreviveram 431, e de algumas centenas de autos, tendo chegado somente 50 aos nossos dias. Compôs ainda milhares de poesias líricas, cartas, romances, poemas épicos e burlescos, livros religiosos e históricos, entre eles os extensos poemas como La Dragontea (1598) e La Gatomaquia (1634), os poemas curtos Rimas (1604), Rimas sacras (1614), Romancero Espiritual (1619) e a célebre écloga Amarilis (1633) – uma homenagem à amada morta. Ainda são destaques por sua originalidade, os épicos Jerusalén conquistada (1609), o Pastores de Belém (1612) e o romance dramático La Dorotea (1632).
É chamado de o Shakespeare espanhol.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
De repente, não mais que de repente
SONETO DE SEPARAÇÃO
Inglaterra, 1938
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a caminho da Inglaterra, setembro de 1938
http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/soneto-de-separacao