A humildade e isenção fora de série do colunismo de O Globo, por Luis Nassif

Nos grandes veículos globais, o grande diferencial em relação às redes sociais não é a caça a fakenews primários, mas a opinião abalizada, referencial, concorde-se ou não com ela, o estilo sóbrio. Nem se fale de outras virtudes essenciais, como a capacidade de mediação, da busca da informação exclusiva ou da análise diferenciada.

Por aqui, no campo das ideias e das opiniões, não há diferenças substantivas entre a militância blogueira, a retórica das redes sociais, e certo colunismo político.

Confira-se a coluna “E se o eleito for Ciro Gomes?”, de Ascânio Seleme, publicada em O Globo. Ele discute a questão da desnacionalização das empresas brasileiras.

Há uma enorme discussão sobre as diferenças entre empresas sob controle nacional e estrangeiro que remonta o século 19. Nos anos 80 e 90, a pedido do governo norte-americano, Michael Porter produziu um enorme estudo a respeito das vantagens competitivas dos países. Suas conclusões eram a de que a produção interna de tecnologia e inovação eram essenciais para o sucesso de uma economia. Todos os casos bem-sucedidos passavam pelo desenvolvimento de tecnologias próprias. Uma empresa com base no país de origem tende a desenvolver uma rede de fornecedores locais. Quando se lança internacionalmente, leva a rede junto, fortalecendo sistemicamente a economia.

Mais que isso, as empresas locais tendem a responder melhor aos impulsos da política econômica em relação a temas chaves como, por exemplo, a melhoria da balança comercial, além de se integrar com os centros de pesquisa, abrindo mercado para pesquisadores locais. Já as exportações das multinacionais obedecem às estratégias dos centros de comando.

Não se menospreze o papel das multinacionais. Podem ter papel relevante, especialmente quando induzidas a trazer para o país hopedeiro seus centros de pesquisa ou quando entram em áreas pioneiras aportando tecnologia ou desenvolvendo cadeias de fornecedores locais.

Do mesmo modo, há uma intensa discussão teórica sobre a importância e os limites das políticas de proteção à produção nacional. Uma política de conteúdo nacional pela Petrobras, no início dos anos 80, ajudou a criar fortes polos metalomecânicos em Caxias do Sul e Santa Catarina. E, não fosse o golpe, poderia teria feito renascer a indústria naval na última década.

Mas podem induzir a exageros como os tais campeões nacionais, que fizeram com que a JBS desarticulasse setores da pecuária e calçadistas com suas práticas monopolistas.

Levanto essas questões para apontar a complexidade do tema. E a maneira como um assunto dessa magnitude é abordado pelo colunista de O Globo.

Vamos a uma análise de seu artigo:

Os mesmos revolucionários de sempre criticaram duramente a anunciada fusão entre a Embraer e a Boeing (…) Esses neonacionalistas se irritam mais ainda quando se trata da Petrobras.

Ou são velhos revolucionários de sempre ou neonacionalistas. Não há coerência na identificação do alvo a ser atacado.

 

O curioso é que pessoas e instituições, que aplaudem entusiasticamente quando Jorge Paulo Lemann compra a Budweiser ou a Burger King, enxergam atentado à soberania nacional quando empresas brasileiras se unem, são incorporadas ou apenas compartilham negócios com estrangeiras. Veem no primeiro caso um exemplo da pujança da economia e da capacidade de iniciativa do Brasil e dos brasileiros. E no segundo só conseguem divisar entreguismo”.

É o mesmo que dizer que se a torcida comemora quando o Brasil ganha, tem a obrigação de comemorar quando o Brasil perde. Além disso, há total desinformação. A Inbev é empresa de capital belga. Uma das condições para a venda da empresa, era que os novos controladores manteriam o capital belga. O colunista ignora a obviedade de que a origem do capital não está na nacionalidade do controlador, mas no país onde o capital está registrado.

“Esta lógica, além de burra, é ideológica”.

Não consegue estabelecer uma hierarquia nos adjetivos, colocando a ideologia como um sub-sistema da burrice. O significado da frase é que nem toda burrice é ideológica, mas toda ideologia é burra. Em um texto altamente ideológico, como o dele, certamente não era essa a intenção do autor. Cometer uma inversão dessas para taxar alguém de burro não é uma atitude ideologicamente inteligente.

Francamente, é necessária uma boa dose de desfaçatez para apostar neste jogo. Imaginar que o Brasil vai perder porque a Embraer vira multinacional é besteira”.

Ele trata como sem-vergonhice quem ousa pensar de forma diferente. E o sem-vergonha é “um desses sites engajados, que se travestem de informativos ou jornalísticos” e que “disse que a negociação entre Embraer e Boeing foi “mais um capítulo do golpe de 2016”. E quem rebate com esse nível de argumentos seria o que? Um colunista isento, que só trata os fatos com seriedade, inteligência e objetividade jornalística, é claro.

O Brasil e seus cidadãos ganham mais com a venda da Embraer do que com as aquisições globais feitas por empresas brasileiras. Quantos empregos os brasileiros ganharam com a compra da Budweiser pela Inbev?

Ninguém tem a menor ideia sobre os impactos diretos da compra da Embraer na geração de empregos, os impactos na cadeia de fornecedores, no desenvolvimento tecnológico. E nosso douto colunista já deu sua sentença, inclusive reiterando que a Inbev é uma empresa nacional,

O restante da coluna é uma colcha de retalhos de notas de baixa  política, soma de certezas cegas e arrogância muito comuns em blogs e sites engajados.

O título provocativo – “E se o eleito for Ciro Gomes?” – merecia como contraponto: e se o tema fosse analisado por Martin Wolf? Mas, enfim, cada grande veículo tem o Martin Wolf que merece.

 

Luis Nassif

16 Comentários

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  1. Há grandes diferenças…

    …entre a compra da cervejaria com a da Embraer.

    A cervejaria não é estrategia militarmente ao país, o adquirinte poderia em menos de 6 meses construir outra cervejaria na Belgica e concorrer com esta e no caso da Embraer o prazo é bem maior, a cervejaria não era uma empresa publica e tem a questão do preço que foi pago.

    Só pra começar e eu nem sou jornalista. Sou um ensino medio, não tenho tempo de dedicação integral e não ganho salario dacglobo.

    Há por não ganhar salario da globo posso falra o que quiser que não vão me puxar o cabresto.

     

  2. Perfeito, Nassif.
    A elite

    Perfeito, Nassif.

    A elite brasileira é assim: mesquinha, inepta, colonizada. Darcy Ribeiro cansou de nos avisar.

  3. A humidade o colunismo
    Esta lógica, além de burra, é ideológica”. (Seleme)
    ” É ideológica”, pois infelizmente certas pessoas escrevem equívocos, e assim caminha a humanidade cegamente e compra ideias.
    No caso, da Petrobrás que perdeu muito na área naval, porque os tais neonacionalistas botaram as patas em cima do avanço nacional. Não, só eles que divergem, também certos meios de comunicação que produzindo reportagens reforçam estas ideologias. Veja bem, quando o ex governador de São Paulo livrou o Estado daquele elefante branco do Banespa, foi um bafafa e temos o Banco Santander, temos hoje um banco muito mais competitivo. No entanto, ao meu ver, não seria inteligente, pois a Boeing tem uma missão diferenciada da Embraer, pois se tratar de tecnologia de soberania nacional, alguns se arrepiam sobre acordo destas duas empresas , a Embraer e Boeing.
    Não se deve generalizar com um grito patriota ” aqui estrangeiro não coloca mão ” Se bem, que algumas nações líderes sempre trocaram informações, tecnologia, mas não dispuseram de suas patentes com o Brasil.
    Tenho dúvidas, a Embraer seria sempre Boeing? Com objetivos para gerar lucratividade geral ou a Embraer seria uma espécie de concubina?
    Se bem que, pensando mais ou menos, é remoto, o Brasil entre em guerra com os Estados Unidos e já que o Brasil é aliado no front com aquele país, não seria um desastre total compartilhar a ciência tecnológica com eles.
    Well, no meu olhar Andreense, o Brasil não é Irã, Arábia Saudita, Japão ou Ishael, ou Rússia . Pra frente, Brasil!

  4. Inbev ,gracas ‘as patranhas
    Inbev ,gracas ‘as patranhas de Lemann ,foi proporcionada pelo BNDES,envolvido com argumentos nacionalistas que seduziram seu presidente.

  5. Se não há diferença entre
    Se não há diferença entre empresa estrangeira ou nacional. Ou ainda, se um país não pode avaliar quais são as empresas ou áreas estratégicas para o seu desenvolvimento, pergunte ao autor porque o EUA mantém o CFIUS tão ativo. Esse sinismo dessa imprensa colonizada brasileira, deixa-nos cansados.

  6. O Imperador Moro

    O Imperador Moro, um espécie de semi-deus na Terra Brasilis,  decidiu pela “desnacionalização” das empresas brasileiras.

    Onde ele escreveu “desnacionalização” entenda entrega para o Império ao qual ele serve, sendo que a midia, como é o caso desse colonista, apenas repete o morismo, o catecismo no qual todos temos que rezar…

    Só mesmo no Brasil para um reles juiz ter tando poder, a ponto de ter fomentado um golpe de Estado e a todo momento afronta Instituições na perseguição a Lula….noutro pais, Moro já estaria preso quando do primeiro crime: o grampo contra a presidência da República.

    História do Golpe: Como a Lava Jato foi pensada como uma operação de guerra, por Luis Nassif

    https://jornalggn.com.br/noticia/historia-do-golpe-como-a-lava-jato-foi-pensada-como-uma-operacao-de-guerra-por-luis-nassif

  7. Entendo-a, mas é exagerada sua crítica aos campeões nacionais

     

    Luis Nassif,

    Não me importo muito sobre essa questão de privatização, estatização, nacionalização ou internacionalização. O que interessa é se o sistema é capitalista ou não e se o mercado é competitivo. O sistema sendo capitalista garante o máximo de crescimento. E o mercado sendo competitivo há possibilidade de se ter arrefecimento na tendência auto destruidora do sistema capitalista em razão da concentração desabrida que o sistema provoca.

    Um exemplo que expõe a minha radicalização crítica em relação a essas alternativas está a defesa de que o Brasil deve optar em se vender à China e não aos Estados Unidos. Como os Estados Unidos crescem pelo consumo no país, ele não precisa que o resto do mundo seja rico. Ele precisa que o resto do mundo exporte barato para os Estados Unidos. Já a China, que sobrevive com uma elevada taxa de poupança, precisa que o resto do mundo seja rico para comprar mais da China. Então vender as grandes empresas nacionais para a China é um bom negócio para o Brasil.

    Em relação a esses processos de nacionalização, estatização ou privatização e seus contrários, eu sempre gosto de lembrar de parodiar Fernando Pessoa na frase dele “Não existir Deus é um Deus Também”, ou seja, privatizar é não privatizar também, estatizar é não estatizar também, nacionalizar é não nacionalizar também.

    Essas situações paradoxais tornam-se ainda mais intensa dada a característica contraditória do sistema capitalista associado com essas situações paradoxais, em que pode chegar ao mesmo ponto pelo caminho inverso e também dada a própria contradição de o Estado, sendo instrumento de dominação dos poderosos, traz também efeito distributivo quando mais forte for a sua presença.

    O artigo de Ascânio Selenio perde ainda mais relevância quando se vê que ele argui com frases antigas próprias de uma época em que se discutia sem saber sobre o que se falava. Não o conheço. Nunca o li por moto próprio, mas lembro que você recentemente deu destaque a outro texto dele que se não me lembro é porque não teve importância. Deve ser um senhor mais velho que não perdeu o cacoete de escrever com as más ideias de antigamente.

    Daí que só o que me interessou no seu texto e para mencionar como crítica foi o seguinte parágrafo de sua autoria:

    “Mas podem induzir a exageros como os tais campeões nacionais, que fizeram com que a JBS desarticulasse setores da pecuária e calçadistas com suas práticas monopolistas”.

    O que eu tenho a dizer sobre esse parágrafo eu já disse antes e provavelmente várias vezes. Lembro aqui um comentário que enviei para você segunda-feira, 24/03/2014, às 00:28, lá para o post “Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA” de domingo, 23/03/2014, às 11:57, aqui no seu blog com texto de João Villaverde publicado no jornal O Estado de S. Paulo de domingo, 23/03/2014, com o título “Coutinho perde espaço no governo”. O post “Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA” pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/luciano-coutinho-os-campeoes-nacionais-e-a-lca

    Eu meu comentário há uma passagem em que, para justificar eleitoralmente uma possível demissão de Luciano Coutinho pela ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff, eu digo o seguinte:

    “Demissão, entretanto, que sob o aspecto político é muito útil para ela obter o voto de parte da esquerda que abomina a formação de grandes grupos empresariais, o voto de parte da direita capitalista libertária que idealiza o modelo capitalista como formado por infinitas pequenas empresas de melhor qualidade, pois seriam sobreviventes de um sistema de concorrência perfeita que expulsa não os menores mas os piores e o voto de parte da direita energúmena de virtude autêntica ou de virtude hipócrita (Embora neste caso não seria energúmena) que acredita que a corrupção é o cancro que atravanca o progresso do Brasil.”

    Vi o seu comportamento na sua crítica à política dos campeões nacionais semelhante ao comportamento que a ex-presidenta Dilma Rousseff teria se tivesse demitido o Luciano Coutinho. Você pretende com esse discurso crítico à política de campeões nacionais agradar parte da esquerda que abomina a formação de grandes grupos empresariais, agradar parte da direita capitalista libertária que idealiza o modelo capitalista como formado por infinitas pequenas empresas de melhor qualidade e parte da direita [e também esquerda] energúmena que acredita que a corrupção é o cancro que atravanca o progresso do Brasil.

    Avalio o ofício do jornalismo muito semelhante ao do político, daí que é muito grande a participação de jornalistas na política. Devo reconhecer que eu tenho resistência ao jornalista enquanto bem avalio a função política. O político emite sua opinião ou pratica algum ato, ainda que contrarie a ideologia dele, tendo como meta representar pessoas ou fazer com que as pessoas que ele gostaria de representar possam eleger o seu representante, ainda que muitas vezes para tal fito ele precise receber votos de quem ele não vai representar.

    A opinião do jornalista, entretanto, é feita apenas para alcançar o maior número de pessoas, pois ele ganha em razão do maior alcance que ele consegue obter. E para que sua opinião alcance o maior número de pessoas você não tem que convencer as pessoas. Convencer pessoas é tarefa hercúlea que o mais capaz dos jornalistas sabe que não tem como conseguir. Para alcançar o maior número de pessoas, o jornalista precisa emitir opinião semelhante a maior quantidade de leitores.

    Então essa tentativa de alcance do maior número de leitores é o que você fez no parágrafo deste seu post que eu transcrevi acima. E reproduzi em seguida o meu parágrafo em meu comentário para você no post “Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA” porque, de certo modo, aquilo que é direito de um político fazer não me parece ser o correto para o jornalista.

    Demitir Luciano Coutinho, embora eu considere que Luciano Coutinho seja junto com a esquipe dele, um dos brasileiros mais qualificados para presidir o BNDES, seria um ato eleitoreiro sem consequências ruins caso houvesse outro que o pudesse substituir a altura. E seria também válida a demissão caso fosse intenção de mudar a política econômica de formação de grandes grupos econômicos.

    A crítica válida à formação de campeões nacionais é a mesma crítica que você fizera no parágrafo anterior em que você diz que “há uma intensa discussão teórica sobre a importância e os limites das políticas de proteção à produção nacional”. Essa crítica poderia ser estendida à política de campeões nacionais.

    Em meu comentário lá no post “Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA” eu menciono a crítica de Paul Krugman à política de campeões nacionais. É uma crítica de autoridade, que de certo modo pareceu-me mais decorrente de uma má tradução do que fruto da correta compreensão da política uma vez deu como exemplo semelhante a política que foi praticada na França que para mim foi mais uma política de estatização de grandes empreendimentos industriais do que uma política de campeões nacionais.

    Daí porque entre a opinião de Paul Krugman e de um tupiniquim, eu prefiro, por o considerar mais fundamentado, o artigo do professor David Kupfer que pertence a equipe de Luciano Coutinho intitulado “Campeões nacionais e multinacionais” e que foi publicado no jornal Valor Econômico de segunda-feira, 13/05/2013, trazendo uma explanação sobre a política de campeões nacionais. O endereço do artigo “Campeões nacionais e multinacionais” no site do jornal Valor Econômico, se bem que só para assinantes, é:

    http://www.valor.com.br/opiniao/3120336/campeoes-nacionais-e-multinacionais

    Agora ao dizer que essas políticas podem “induzir a exageros como os tais campeões nacionais” você acabou realizando uma crítica rastaquera pelo uso de termo quase sem conteúdo como “exageros” e o uso do termo depreciativo “tais”. E o pior foi sua conclusão de que essas políticas ou esses exageros fizeram com que a JBS desarticulasse setores da pecuária e calçadistas com suas práticas monopolistas.

    Primeiro a JBS não é monopolista. Segundo o setor afetado foi o calçadista e não a pecuária. E o setor calçadista foi afetado pelo câmbio e não pelo gigantismo da JBS. E se o setor pecuarista sofreu algum efeito mais forte, foi apenas o setor leiteiro e não o de corte, onde a presença da JBS é importante. E o setor pecuarista não sofreu mais em todo o país, mas apenas naquelas regiões onde a seca foi mais intensa.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 08/07/2018

    1. Clever, caro

      há décadas que o setor calçadista sofre, o que nada teve a ver com a JBS, problema mais político (guerra de facções) do que econômico. Abraços

      1. Pois é! Funciona como um leitmotiv a insistência na crítica

         

        Rui Daher (Segunda-feira, 09/07/2018, 10:23),

        Valeu a leitura. Escrever tanto por um assunto tão chinfrim e saber que ninguém vai ler é um tanto um disparate se não um desvario. Saber que alguém leu, enche-me de júbilo. E para meu gáudio, o leitor foi você.

        O meu estímulo (ia dizer acicate, mas vi que já existiam muitas palavras estranhas neste preâmbulo) para comentar não é evidente convencer Luis Nassif, até porque mais do que você e eu, ele sabe que a história dele está mal contada. É mais exatamente o fato de ele saber que me motiva e me torna contumaz na critica que faço a ele.

        Não sabemos como será o futuro. Talvez possa vir a ser como o querem agora os austríacos: um mundo de micro empresários de modo a privilegiar o pleno emprego. Lá certamente não haverá lugar para os grandes grupos. Pode ser também que a intenção seja privilegiar o lazer, as horas vagas, uma vez que haverá menos oferta de empregos, mas será muito maior a produção que as grandes empresas fornecerão à sociedade. Só que esse desconhecimento é sobre um futuro que certamente não o será da nossa geração. No curto prazo, entretanto, e em um mundo competitivo, os campeões nacionais têm o seu lugar.

        Se Luis Nassif sabe disso e não diz, é preciso de uma boa explicação para não se ter um mau jornalismo. Daí eu dizer que entendo ele fazer a crítica aos campeões nacionais. Ele o faz porque precisa criar uma auréola de imparcialidade que mantenha o blog dele aberto a leitores de ideologias distintas.

        E entendo até mais essas críticas enviesadas de Luis Nassif no sentido de que percebo essa imparcialidade ainda que forjada como fermento para um entretenimento do blog de sorte a ficar sempre aberto a vozes díspares que evitam um letárgico esvaziamento persistente do blog a se transformar continuadamente no reduto ínfimo de voz uníssona. Há estudos de mais de década que já apontam essa tendência indelével dos blogs de se tornarem um nicho de manifestações de concordância mútua.

        Agora, torço para que haja outras formas de manter o espírito eclético ou holístico como quer ser Luis Nassif. Não se pode validar a conduta que, contra o que se constitui no seu próprio pensamento, põe-se a criticar políticas que ainda precisam de muitos estudos para se ter uma opinião mais definitiva, mas que os indícios demonstrados em todos os países são exatamente no sentido de as confirmar como necessárias e imprescindíveis a um crescimento mais consistente e vigoroso da economia.

        Analisando friamente, o primeiro governo da ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff mostra-se como irrepreensível. Se Luis Nassif, entretanto, disser isso, ainda mais em terras paulistas, o mandam para escanteio.

        Se você tiver tempo para ler o meu longo comentário enviado quinta-feira, 07/09/2017, às 15:26, para Junior 5 Estrelas junto ao comentário dele enviado quinta-feira, 31/08/2017, às 10:29, lá no post “Xadrez do fator é a economia, estúpido!, por Luís Nassif” de quarta-feira, 30/08/2017 às 00:32, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria dele, vai ver que até o programa dela para o segundo governo foi também irrepreensível.

        Quem ousa, entretanto, fazer uma análise assim, e não ser crivado de criticais ferinas? É claro que se ela tivesse poderes premonitórios, se soubesse que além da desvalorização no final de 2014 em razão da queda das commodities ali no percurso do segundo para o terceiro trimestre de 2014 haveria mais duas desvalorizações pela frente em 2015, uma em decorrência de uma segunda queda dos preços das commodities e a segunda em decorrência do primeiro aumento dos juros nos Estados Unidos, ela poderia buscar alternativas que talvez fossem mais apropriadas para uma realidade bem diferente daquelas quem em tempos passados o Brasil enfrentou e se saiu com garbo.

        O endereço do post “Xadrez do fator é a economia, estúpido!, por Luís Nassif” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-do-fator-e-a-economia-estupido-por-luis-nassif

        Enfim, você, eu e Luis Nassif sabemos que o problema do setor calçadista no Brasil é o câmbio. Câmbio que está defasado desde o real. E que Lula não teve condições de corrigir, embora tivesse tido uma oportunidade de ouro se tivesse conseguido deixar o câmbio em praticamente 4 reais para um dólar como ele chegou na crise de 2002. Só que se ele mantivesse o dólar nesse patamar e acompanhando a inflação provavelmente ele não chegaria ao fim do governo.

        A ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff também tentou corrigir o câmbio e o fez a passos lentos, pois além do câmbio ela precisava corrigir certas distorções que o crescimento muito forte da economia em 2009 e revelado no PIB de 2010 produzira. Conseguiu muita coisa, mas, em meu entendimento, as manifestações de junho de 2013 puseram tudo a perder.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 09/07/2018

  8. “Coerencia”?!
    “Ou são velhos revolucionários de sempre ou neonacionalistas. Não há coerência na identificação do alvo a ser atacado.”

    Po, Nassif, as mascaras já cairam há um tempão! É mais que claro que o que dá liga pra essa ignorancia jactante é o entreguismo de sempre, velho ou novo.

    Me desculpe, mas esse pessoal abandonou qualquer possibilidade de persuasao racional há muito tempo! Coisas terriveis devem ter acontecido no grêmio estidantil ou no DCE.

    E Uma vida inteira foi construida em cima disso.

    A reativaçao costante e permanente dos donos da comunicaçao jamais vai permitir uma “sublimaçao” (a nao ser aquela que o velho Marcuse, lá de trás, que eles ignoram rotundamente, chamava de “sublimaçao repressiva”).

    Nassif, estão criando a quarta ou quintageração nesse atoleiro, nesse bestialogico da guerra fria. Já era!

    Essa gente nao está nem aí para o custo humano desse bate boca abestalhado, como duzentos milhoes de pessoas vivem ou vao viver.

    Querem é ficar fazendo acerto de contas de ideologias rasteiras…

    …E uns poucos ainda estão ganhando muito bem pra isso!

    Repetindo: já era!

    1. Perfeito
      E o mais preocupante: dinastias estão (de)formadas por mais três gerações. Filhos e Netos já estão “garantidos” e já aprenderam e apreenderam como “financiar e manter” padrões e ganhos para repassá-los e ensiná-los a filhos e netos na sequência… Desde muito antes de 1500 já era assim e continuamos incapazes de romper este círculo vicioso de exploração e negligência com valores e cidadania planetária.

  9. O mal que os superficiais podem causar

    Existe mil maneiras de usar a retorica para inverter valores, os articulistas têm as suas. Parece que esta incomodando a verdade de que vendem as empresas nacionais duramente criadas e desenvolvidas a toque de caixa, deixando o Brasil pouco a pouco mercê do mercado e das companhias (paises) estrangeiros. Mas o que esperar de uma imprensa que sempre que pode desvaloriza seu Pais e o brasileiro em detrimento de qualquer porcaria que venha de fora? Não sei se são apenas ideologos sem pensamento mais aprofundado ou apenas se contentam em ganhar seu quinhão nesta questão.

    Quando Hannah Arednt fala da banalidade do mal que foi mal compreendido por muita gente, ela analisa esse mal que não é mais o mal radical que aparece em Kant, porém o mal extremado praticado pela superficilidade daqueles que têm difilcudades de pensar profundamente sobre as consequências de seus atos egoistas ou burocraticos. 

  10. A Embraer é uma empresa de

    A Embraer é uma empresa de interesse fundamental que gera lucro interno de U$ 6 bi ao ano. Os lucros continuados, pelo nosso país, em três anos agrega com a sociedade U$ 18 bi. Ou seja, para interromper essa acumulação, 80% de toda sua série continuada está sendo trocada por U$ 3,5 bi.

    No pacote de Temer e a cobiça estrangeira, segue de graça: domínio da conjuntura etratégica, transferência do knowhow dos cientístas e da mão de obra especializada, sem contar que a remessa dos lucros para matriz o reinvestimento interno vai para outra nação.

    Simples colonia. 

     

  11. bom post

    Não vale a pena discutir com esses colonistas. Eles escrevem o que o patrão pede.

    Defender a Embraer nesses termos não é so burrice é vira-latismo mesmo.

    Até o “mercado” reconheceu um mau negocio,  baixa de 14 ¨%.

    Qualquer pessoa mediamente esclarecida sabe que uma empresa como a Embraer não se faz só com dinheiro.

    Precisa de ter conhecimento tecnico, alta tecnologia, competencia gerencial etc.

     

    Já uma empresa de cerveja… não precisa muito mais do que um bom mestre cervejeiro…O resto vem como consequencia.

    Quase todo o mundo que conheço beberia outras cervejas do que as que são oferecidas pelas grandes marcas…

    Todo mundo quer cervejas artesenais! Pena que sejam tão caras..

    Somos obrigados a beber “coisa ruim”!

     

     

  12. Ideologos agem assim: apela

    Ideologos agem assim: apela para a desqualificação ideologica, para encobrir a propria ideologia subjacente aodiscurso. Quem peida escondido, acusa o peido como sendo dos outros

    Peidos a  parte, não se compara cerveja com aviões.

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