A intolerável resposta do presidente do CFM aos governadores do Nordeste

Os primeiros artigos do Código de Ética médica vigente no Brasil são os seguintes:

I – A medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.

II – O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.

 

Diante dos dois primeiros artigos do Código de Ética, a única atitude cabível do CFM seria a de pedir celeridade ao governo federal na resposta positiva ao pleito dos governadores do Nordeste de reconhecimento do diploma de médicos brasileiros formados fora do Brasil para que possam enfrentar a pandemia e salvar vidas.

Tal solicitação de permissão para que médicas e médicos formados no exterior possam trabalhar no Brasil até que haja prova do Revalida, aliás, já existe nos liames legais do país e já se encontra em aplicação no Programa Mais Médicos, o que recobre o pleito dos governadores não somente da legitimidade ética assegurada pelo Código de Ética Médica, que é humanitário, mas também de legalidade completa.

Assistimos no entanto, estarrecidos, à manifestação, em vídeo público, de uma autoridade que deveria em momento tão crítico da vida nacional se governar pela prudência e bom senso, -o atual presidente do CFM Mauro Ribeiro-, ao contrário, desequilibrada, cheia de ódios e de irracionalidade, ferindo ao mesmo tempo a ética médica, que por seu dever de ofício deveria defender e a legalidade que regula o pleito. Prestou ao mesmo tempo um desserviço aos médicos e à população brasileira e agrediu a honra dos governadores do Nordeste empenhados numa luta atroz da pior epidemia dos últimos cem anos. Nos recobre de vergonha e mancha a profissão médica enquanto eminentemente humanitária.

Em lugar de apoiar os médicos que estão juntamente com os demais profissionais de saúde na linha de frente da epidemia, usando sua máquina para fazer treinamentos, ajudar na aquisição de EPIs, e exigir do governo federal a necessária celeridade no atendimento ao pleito dos governadores, o dr. Mauro Ribeiro preferiu fazer um vídeo histriônico e corporativista de confronto ao pleito humanitário dos governadores.

Qual o crime cometido pelos governadores do Nordeste se estão amparados pela lei?

Tomaram a dianteira no combate à epidemia e querem garantir a uma quantidade suficiente de médicos para atender a população. Fazem um apelo ao MEC e ao Ministério da Saúde, órgãos competentes na matéria, para encontrarem uma forma de trazer para atuação no Brasil durante a pandemia, médicos brasileiros formados no exterior.

O CFM deveria estar à frente das ações para que isso fosse garantido e ajudar desta forma os médicos do Brasil que não estão medindo esforços para trabalhar na assistência à população, ao contrário do governo Bolsonaro que simplesmente ignora e atrapalha as medidas de contenção da epidemia, a exemplo, (dentre muitos outros), da imperdoável obstrução do acesso a respiradores importados por estados e municípios que têm ficado retidos pela Receita Federal até manifestação da justiça… Se desconhece expressão pública do CFM quanto a esse crime.

Não Dr. Mauro Ribeiro, não se pode atribuir aos estudantes de medicina “sob supervisão” a responsabilidade de ser a força de trabalho que o país necessita, nem tão pouco aos médicos altruístas, muitos idosos e com comorbidades que se inscreveram junto ao Ministério da Saúde para constituir uma força tarefa  neste momento. Claro que todos podem dar sua contribuição, mas nós precisamos de muito mais médicos, quantos se possa arregimentar, independente do país onde se formaram, desde que devidamente habilitados e com força de trabalho para enfrentar os plantões nas UPAs, Pronto Atendimentos, UTIs, enfermarias e Unidades Básicas de Saúde pelo Brasil a fora.

O presidente do CFM certamente não tem a solidariedade, altruísmo e responsabilidade que os médicos brasileiros estão demonstrando nestes dias de pandemia ou outra teria sido a sua atitude.

O dr. Mauro Ribeiro, com seu ódio, ofensa aos princípios fundadores da ética médica, à legalidade e à humanidade à qual a Medicina deve estar a serviço, não nos representa!

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