A real sobre o acampamento que bolsonaristas chamam de “espontâneo”

Não há espontaneidade nenhuma no acampamento 300 Pelo Brasil. Há organização sistematizada, pretensão paramilitar e vínculo declarado com o bolsonarismo

Jornal GGN – Começaram a repercutir no domingo (3), nas redes sociais, fotos de um acampamento em Brasília que visa “treinar” militantes de extrema-direita para promover atos que visam “derrubar” o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e sustentar a “governabilidade” de Jair Bolsonaro.

Governistas como Bia Kicis e Flávio Bolsonaro se apressaram em afirmam no Twitter que trata-se de um movimento “espontâneo”, sem indução de lideranças políticas ou partidárias. Mas as imagens por si só provam o contrário. E uma simples pesquisa na internet mostra quem está por trás dos “300 Pelo Brasil”, “o maior acampamento contra a corrupção e a esquerda no mundo”.

 

 

Os 300 Pelo Brasil têm a ativista “pró-vida” Sara Winter como garota propaganda. Ela estrela o vídeo divulgado no site “vakinha”, que já alcançou mais de 40 mil reais em doações para financiar o acampamento.

Os recursos levantados serão “gastos com a contratação de uma propriedade particular para colher e treinar os ativistas, além do preparo de refeições e disponibilidade de chuveiros para banho. Haverão também gastos com a compra de barracas, material de protesto (cartolinas, canetas, megafones, caixas de som portáteis, microfones, alugueis de carros de som, etc)”, afirma o movimento.

As barracas vistas no acampamento – todas iguais, minando logo de cara a tentativa de pregar espontaneidade – geraram polêmica logo no primeiro dia. Internautas questionaram se as lojas Havan, do bolsonarista Luciano Hang, teriam patrocinado os 300 pelo Brasil com doações do equipamento.

Sara Winter é uma figura dedicada exclusivamente a idolatrar Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, sua função diária é atacar pautas e lideranças “de esquerda”. Vende palestras e seminários pelo Brasil e América Latina contra o aborto, ideologia de gênero e outros temas do tipo.

Quando Bolsonaro escolheu Damares Alves para ser a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Sara Winter – que é amiga pessoal e já havia trabalhado antes com a pastora, no gabiente de Magno Malta – logo ganhou um cargo: coordenadora de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade.

Sara, em nome dos 300 Pelo Brasil, promete organizar a estrutura do acampamento para treinar militantes “em revolução não violenta” e “táticas de guerra de informação.”

A jornalista Jéssica de Almeida, que fez a thread no Twitter logo abaixo, entrou anonimamente no grupo dos 300 Pelo Brasil e recebeu a seguinte orientação: “Você não é mais um militante. Você é agora um militar”.

Segundo os organizadores, as agressões vistas no domingo em Brasília, contra jornalistas do Estadão e outros veículos, seriam “apenas o começo”. A promessa é de “extermínio da esquerda” – ou de quem ousar contrariar o governo.

 

 

 

Não há espontaneidade no acampamento 300 Pelo Brasil. Há organização sistematizada de influenciadores digitais ligados com relações políticas, pretensão paramilitar e vínculo declarado com o bolsonarismo. A dúvida é: quem mais está bancando toda a estrutura? Os 50 mil reais pretendidos com a “vakinha” são a única receita para um acampamento com “centenas” de integrantes, e que promete se dar por encerrado apenas “quando o Maia cair”?

No vídeo acima, um homem com camiseta amarela se aproxima blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio durante uma transmissão ao vivo no final de domingo (3).

O empresário que se auto-declara “conservador” afirma que foi quem garantiu a estrutura para acomodar os militantes do acampamento, mostra que tem relacionamento com a deputada Carla Zambelli desde a época em que Eduardo Cunha era presidente da Câmara, e critica, por fim, a liderança de Sara Winter. “Ela vai ser engolida pelos caras”.

Redação

9 Comentários

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  1. A palavra financiar (diferente de patrocinar (ou sustentar) é muito apropriada para esclarecer o processo de manter estas organizações mascaradas.
    Financiar é uma espécie de empréstimo que geralmente cobra juros ou participações.
    No caso destas organizações “clandestinas” que existem no braZil desde antes da “redentora” de 64, financiadores estrangeiros (ou nacionais) mandam o “capital inicial” e depois, estando no poder, empregam os militantes em cargos públicos ainda que fantasmas (mórmoleza), tendo evidentemente o devido retorno do assalto ao estado, mediante privatizações, concessões e alterações de leis para favorecê-los. Quanto aos militantes portanto, NÓS os pagamos para que eles nos controlem, ameacem ou agridam.
    Quem não sabe por ex. que a Funabem (a Febem federal) era utilizada para abrigar, com excelentes salários, diárias e reembolsos, militantes do CCC?
    Vc? Se for da época, saiba que foram pagos com seus impostos…

  2. Ou seja, um bando de vagabundos contra a democracia e financiados por uma malta empresarial. Estao aproveitando que as pessoas interessadas na integridade do outro mantém-se de quarentena e portanto nao montarao um acampamento para estancar as bravatas destes otarios.
    O que precisamos afastar de imediato são os corruptos da famiglia ora aboletados no poder. Do congresso as eleições cuidarão.

  3. Àquela coisa bizarra existe mesmo?? Achei que àquele vídeo tinha sido produzido pela esquerda pra ridicularizar os bolsominions…, mas pelo jeito a esquerda nem precisa fazer força, eles se ridicularizam sozinhos!!!

    1. E isso que eles querem, que um grupo se oponha fisicamente para bozo vociferar que para violência os comunas do pt se aglomeram.
      A crise de saúde vai passar e as respostas do povo serão firmes. Ate lá, que se contaminem e tentem respirar.

  4. “em revolução não violenta” e “táticas de guerra de informação.”

    O que seria essa “revolução não violenta” num acampamento de pessoas armadas?
    Pistolas d’água e palavrões homéricos que só a sara sabe dizer?
    Hummm! Tá mais para contrabando de armas.
    Acho engraçado o nosso governo “democrático” incentivar acampamento em frente ao palácio do planalto com gente armada.
    Se é contra o governo é crime, se é a favor, é “manifestação espontânea” do povo que ama seu governante.
    Morri e acordei numa realidade paralela.
    Afff!!!

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