Agência Xeque: agências de checagem ignoram fake news da Folha

Agência Xeque – Manchetes têm índices de leitura substancialmente maiores do que o conteúdo. Parte relevante dos fake News se baseia em manipulação de manchetes, sem correspondência no conteúdo.

É nesse vício que incorre o Painel, da Folha, com a manchete: “Inclusão de pedido de liberdade Lula em pauta do STF alarma o mercado”. Trata-se de um fenômeno bastante conhecido dos colunistas de notas: a síndrome do fechamento, faltando algumas notas, e a necessidade de gerar manchete de impacto.

Diz a nota:

Temporada de apostas – A decisão do ministro Edson Fachin de incluir um pedido de liberdade de Lula na sessão da Segunda Turma do Supremo do dia 26 alvoroçou empresas com peso no mercado. Dirigentes de instituições financeiras de dentro e de fora do país acionaram contatos para especular sobre as chances de o petista sair da cadeia. A maioria dos magistrados que vai julgar o recurso é contra prisão em segunda instância. Isso, porém, não os impediu de, em maio, negar a soltura do ex-presidente.

Gato escaldado No PT, a decisão de Fachin foi vista como “um sopro de esperança”, mas integrantes do partido admitem que não dá para ter otimismo após as sucessivas derrotas de Lula na Justiça.

Observações:

  1. É evidente que a colunista não ouviu “dirigentes de instituições financeiras de dentro e fora do país”.  Ninguém ouve fontes variadas para uma mera conclusão genérica.
  2. Se nem integrantes do partido – que certamente não foram ouvidos para a nota – acreditam na libertação de Lula, porque dirigentes do mercado se alarmariam?
  3. A pressa no fechamento fez com que, nas notas, não se registrasse nenhuma menção a mercados alarmados.
  4. Mesmo assim, a manchete foi utilizada por inúmeros portais, sites e blogs, replicada no Facebook e no Twitter.
  5. O tema não interessou a nenhuma agência de checagem, apesar de seus desdobramentos nas redes sociais. Elas terão que se decidir, logo, se estão a serviço da notícia ou de grupos políticos.

Links para consulta:

Google: https://www.google.com.br/search?q=Inclus%C3%A3o+de+pedido+de+liberdade+Lula+em+pauta+do+STF+alarma+o+mercado&rlz=1C5CHFA_enBR770BR770&oq=Inclus%C3%A3o+de+pedido+de+liberdade+Lula+em+pauta+do+STF+alarma+o+mercado&aqs=chrome..69i57j69i60.701j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8

Facebook

https://www.facebook.com/search/str/Inclus%C3%A3o+de+pedido+de+liberdade+Lula+em+pauta+do+STF+alarma+o+mercado/links-keyword/articles-links

 Twitter

https://twitter.com/search?q=Inclus%C3%A3o%20de%20pedido%20de%20liberdade%20Lula%20em%20pauta%20do%20STF%20alarma%20o%20mercado&src=typd

 

Luis Nassif

10 Comentários

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  1. Parabéns Nassif.Uma aula.O

    Parabéns Nassif.

    Uma aula.

    O que intuíamos de maneira genérica, você demonstra didaticamente.

    E o importante de se destacar nesse jogo de manipulação é seu objetivo principal: desgastar a imagem do principal adversário político da grande mídia, do mercado financeiro e dos interesses internacionais ligados a esses dois atores.

    Ou seja, a manipulação não é feita apenas para atrair a atenção do público, mas também e, principalmente, para reforçar uma determinada visão de mundo e, com isso, manter a sociedade mobilizada para sua defesa – suscetível de ser manipulada.

  2. Fake agência presidida por banqueiro não tem seriedade alguma

    para fazer tal tarefa, Especuladores de mercado são os que lucram com mentiras e meias verdades. Num país e época onde na mídia tradicional pululam as fake news não combatidas, é esperar demais que eles melhorem, se já começaram assim. Os bancos exploram a população com estas taxas e juros abusivos há anos. Vamos acordar. Certamente que não precisamos de facebook ou instagram, mídias que são desde a sua semente para a ilusão da vida social superficial. Quando e onde que superficialidade combinam com veracidade e credibilidade. Podem rimar, mas não se relacionam

  3. bem observado

    Quem leva essa imprensa a sério?

    Obviamente que ninguém que seja minimamente informadoe e honesto.

    È só mais uma etapa do golpe do propósito de calar toda a oposição ao golpe.

    O trabalho ainda não está concluido, precisa continuar.

    Chegará a hora que as pessoas mais sensiveis, ou inconformadas terão que sair do país!.

    Pelo menos para mim, o ar está ficando irrespirável.

    Um exilio voluntário (ou não).

    Tenho pensado muito nessa opção.

     

     

  4. Se marcar sobre pressão, eles entregam o jogo e recuam.

    Será extremamente importante daqui para diante ficar não de forma autoritária, mas sim contrapondo no campo democrático o discurso da grande imprensa.

    O GGN poderia abrir uma seção que seus leitores enviassem fake news (mostrando porque são fakes) e fosse acumulando barrigas até que esta palhaçada terminasse.

  5. “O lobo do lobo do homem”

    1 – Sobre a prática do fact-checking: não é a prática o problema porque deveria ser atividade comum ao trabalho jornalístico, mas se tornou campo autônomo como um desenvolvimento do jornalismo em um mercado qualquer, e naturalmente, assumido pela mídia corporativa comercial, afinal, a notícia, suas versões e a influência política e econômica são o seu negócio. Me parece estranho que a esquerda morda a isca e ataque a atividade instrumental  e não sua dominação por interesses mercadológicos, até certo ponto, compreensível, ainda que inadmissível. A notícia como mercadoria está sendo disputada por todo mundo; caberia à esquerda e aos jornalistas independentes e supraideológicos (se isso existe) entender a armadilha e tomar a frente nessa disputa. Esse modelo de agências de fact-checking que toma a dianteira no país é resultado lógico da guerra de informação que tem ocupado o jornalismo, especialmente, após a criação e popularização da internet e suas redes de comunicação. Ou achavam mesmo que a imprensa corporativa não iria encontrar outros meios para garantir sua posição de portadora (oficial) da verdade (oficial)? 

    A agência Xeque deste GGN é uma boa iniciativa, mas outros trabalhos que visem a “alfabetização comunicacional” são mais importantes para desenvolver no leitor/espectador a capacidade de analisar por si mesmo os critérios de verossimilhança e manipulação daquilo que lhe é oferecido, afinal, blogues de esquerda não estão imunes a errar, deliberadamente ou não, todos têm seus interesses – ideológicos, econômicos, pessoais – e não podem negar que influenciem suas escolhas, desde o que divulgar ou omitir até a forma – diagramação, manchetes, fotos, aspectos gráficos, tipo de linguagem – e a repercussão (este o foco de tais agências, impedir o espalhamento do espalhafato). Do contrário, é como enxugar gelo e dado que o jornalismo mercantil se tornou majoritariamente “panfleto” e peça de propaganda de seus próprios e únicos interesses corporativos – defeito de que a mídia alternativa de esquerda também padece muitas vezes e em alguns sites/blogues/canais –  é praticamente impossível dar conta de todas as distorções e desvendar todas as intenções, pois não é, em alguns veículos, a exceção mas a regra de ouro de tolo. 

    Por que a mídia independente bate tanto na prática de fact-checking (repito, o que eu sempre considerei uma atividade normal do jornalismo que, devido ao volume e à “industrialização” da profissão, se tornou algo especializado), permitindo que se torne identificada como nicho de mercado, ou especialização, destes veículos comerciais – o que favorece a intenção de se tornar referência de verdade jornalística – e não faz um esforço conjunto para esclarecer o público sobre funcionamento básico da prática jornalística, como ler uma notícia, como fazer por si mesmo a checagem e análise não apenas de fatos mas dos vieses e interesses, das vozes escondidas por trás das notícias e dos veículos?  Se a mídia independente não se preocupar com sua própria necessidade de ser mais consistente e confiável – erros comuns até manipulações e “notícias” tendenciosas também são encontrados nela, não se pode negar -, a batalha da narrativa ficará algo autorreferente ao mundinho jornalístico e perdida como luta pela pluralidade de visões porque o leitor se cansará de disputas em que o interesse público não é o maior objetivo,  sequer um deles. 

    Com isso não digo que não seja importante revelar a hipocrisia dessas agências específicas, apenas que a escolha da forma de disputa com elas é inútil e às vezes também hipócrita, e não favorece o engajamento do leitor, que afinal, quer saber, antes de tudo, as verdades factuais possíveis em cada evento e não ser arrastado para uma briga que parece apenas disputa entre comerciantes da mesmo produto, sem diferenças significativas em seu conteúdo, apenas truques de embalagem. A esquerda, e as mídias independentes que assumem se alinhar a esse campo ideológico, especialmente, erram ao agir de forma espelhada, em que suas referências não são independentes como pretendem, mas são verdadeiras ou falsas em função da relação que têm com o campo oposto: o que permite que a Globélica seja detestada por esquerda e direita por motivos opostos e contraditórios e acusações impossíveis de comunismo sejam lançadas entre direitistas adversários; que o Facebook tenha sido criticado no lançamento da parceria com tais agências, tidas por líderes da extrema-direita batedora de bumbo como “socialistas” e semanas depois, tenha se envolvido em uma batalha de contrainformações que revelou seu verdadeiro caráter ideológico mais próximo a eles, reacionários golpistas; e isso se dá porque a estratégia adotada pela mídia independente e pela esquerda é como quem  raciocina, invalidamente, na base dos  argumentos falaciosos ou sofismáticos: “o amigo do meu amigo é meu amigo”  e “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. 

    Apenas a educação  formal, e contínua através também dos meios de comunicação social, e a prática do debate público e privado, podem permitir que o cidadão se torne mais autônomo e menos dependente do jornalismo, até para dizer a ele o que e o que não é verdade e o que ele deve ou não pensar – nesse abominável mundo novo há quem queira até patrulhar quem pode ou não ter e expressar opinião, na versão esquerda-cool do MBL e seus ideólogos pseudo-intelectualizados. Assim como o judiciário avançou sobre a política alegadamente para  suprir suas deficiências, em desvio de sua natureza e função, o jornalismo é vítima de sua própria agenda de “procurador público informal” incumbido de tutelar a verdade, os fatos, as interpretações, as versões, de condenar ou absolver, numa missão vaidosa de guiar a opinião pública e os poderes oficiais, pretendendo muitas vezes substituí-los se a indução não funcionar,  de suprir o espaço entre a sociedade e as instituições como de fato o quarto poder, que como o judiciário, não foi eleito por ninguém, e ainda que seja acessado por livre  vontade, ou nem tanto, do cidadão, este não pode destituir meios e jornalistas desonestos ou incompetentes para sua função fora da concorrência profissional entre eles, que se dá no mercado comercial. 

    Não há santos nesta história, sem trocadilhos, e a maior prova é de que a fonte da manipulação da Agência Lupa, ou Apupa, no caso do terço –  que rendeu sermões da esquerda diante da falta de confissões de culpa da direita noticiosa onde a boa fé foi imolada  –   foi o serviço oficial de notícias do Vaticano, cujas disputas internas por poder produziram, em primeira mão, a fake news com a qual a agência se sentiu autorizada, literalmente, a praticar sua subreptícia missão de desqualificar os adversários corporativos através da manipulação da prática jornalística, que nesse caso teve a sorte de poder jogar para os outros e se eximir da própria responsabilidade meta-euforica-mente; “Deixe a sua meta, não discuta, deixe a sua meta fora da disputa… deixe-a simplesmente, metáfora” (Metáfora, Gilberto Gil) ; ou metalingua(li)geiramente… 

    Lição para todos, além da agência: fontes oficiais não são neutras, nem suficientes para qualificar com exatidão o que por essência é suscetível de interpretações subjetivas não substantivas – quanto maior a disputa de interesses envolvendo um assunto, maior a chance de distorção e necessidade de apurações mais rigorosas – nem dispensam checagens adicionais de contra-prova. A chiadeira da mídia independente de certo modo revela sua fraqueza e dependência não admitida: por que se submeter aos critérios de uma empresa privada como o Facebook e ser sua sócia ao hospedar páginas de notícias e não buscar outros canais de divulgação e monetização? Esperar que o lobo seja justo com o galinheiro? Contraditório com o discurso de mídia “independente”. 

     

    2 – Sobre o exemplo, na reportagem, de como se des-montar uma não-notícia baseada em falsas informações: o mesmo que foi mencionado sobre o Facebook e a mídia mercantil: esperavam o que? E por que? Vão continuar alimentando a fábula com a qual eles lucram de que são legítimos naquilo que fazem e que o produto que oferecem merece confiança se a mentira com roupa de notícia e de interação é o que lhes permite manter a audiência cativa e o patrocínio pagando as contas? Acorda, mídia alternativa – ou mais pobre; às vezes, é a única diferença – e se torne independente de fato. 

     

    “O jornal

    Gilberto Gil

     

    Um jornal é tão bonito
    Um jornal é tão bonito
    Tudo escrito, tudo dito
    Tudo num fotolito
    É tão bonito um jornal

    Vigilantes do momento
    Senhores do bom jargão
    Façam já soprar o vento
    Seja em qualquer direção
    Que o jornal é a matéria
    E o espírito do mundo
    Coisa fútil, coisa séria
    Todo escrever vagabundo

    Um jornal é tão diverso
    Um jornal é tão diverso
    Tudo impresso, tudo expresso
    Tudo pelo sucesso
    É tão diverso um jornal

    Não importa a má notícia
    Mas vale a boa versão
    Na nota um toque de astúcia
    E faça-se a opinião
    De outra feita, quando seja
    Desejo editorial
    Faça-se sujo o que é limpo
    Troque-se o bem pelo mal

    Um jornal é tanta gente
    Um jornal é tanta gente
    Tudo frio, tudo quente
    Tudo preso à corrente
    É tanta gente um jornal

    Um que dita, um que escreve
    Um que confessa, um que mente
    Um que manda, um que obedece
    Um que calcula, um que sente
    Um que recebe propina
    Um que continua honesto
    Um puxa-saco dos fortes
    Um que mantém seu protesto
    Um que trafica influência
    Um que tem opinião
    Um jornalista de fato
    Um rato de redação

    Um jornal é igual ao mundo
    Um jornal é igual ao mundo
    Tudo certo, tudo incerto
    Tudo tão longe e perto
    É igual ao mundo um jornal
    © Gege Edições / Preta Music (EUA & Canadá) ” (Fonte: http://www.gilbertogil.com.br/sec_musica_2017.php?)

     

     

    Sampa/SP,  16/06/2018 – 22:44 (alterado às 23:00). 

    1. Joio, trigo, bem me quer, mal me quer…
      Interessante que ninguém, que eu tenha visto pelo menos, fez uma leitura irônica do fato de que o Papa fez uma homilia semanas antes do envio do terço, em que descrevia exatamente o que houve na disputa entre mídias tradicional e blogueira. Homilia essa que foi ou ignorada ou desqualificada com elementos gráficos que induzem interpretações subconscientes mais que palavras: a foto do Papa atrapalhado com o vento em sua batina.
      Na seara religiosa ou em que o elemento de compaixão poderia neutralizar a polarização política, essa não foi a primeira disputa entre golpistas e a resistência, e seria interessante uma leitura integral dos fatos, apresentados em conjunto, para refrescar a memória e desmascarar de vez o modus difamandi da vertente golpista da imprensa (que a mídia alternativa parece esquecer que é com quem está disputando espaço, legitimidade e mercado, quando se debate ingenuamente em esperar, e vocalizar… que sejam imparciais quando devia era se concentrar em mais e melhor jornalismo – os leitores não fazem leituras estanques dos fatos, e a compreensão é construída cumulativamente, ou seja, não adianta bater no óbvio da manipulação da lupa míope que já perdeu essa batalha específica, cuja recusa em admitir é a própria confissão de que errou…, e esquecer que a bola continua rolando…).
      1 – o falecimento de Dona Marisa com a recusa da mídia hegemônica, cúmplice do bullying que a vitimou, em noticiar o fato como tal, despersonalizando tanto pessoa quanto próprio evento; depois, com críticas ao luto tão rasteiras que viram exploração onde havia contextualização: o fato, a morte, não foi acidental e a recusa em noticiar ou, quando isso foi impossível, a distorção cruel do contexto, foram o caso típico da negação que confirma pelo excesso. Prevaleceu a verdade e a imagem da mídia corporativa foi desgastada.
      2 – A homenagem religiosa e civil à Dona Marisa no dia em que Lula se entregou espontânea e altivamente à Polícia Federal em abril deste ano, e as acusações ao bispo Dom Angelico Sândalo de que teria transgredido regras da Igreja Católica numa cerimônia ecumênica. Não colou e o que ficou foi a memória do amor socialmente vivido e compartilhado, na foto do jovem Francisco Ramos Proner, que rodou o mundo de maneira a impedir a omissão e a calar as vozes reacionárias.
      3 – O silêncio sobre o Papa ter faltado à comemoração do aniversário de 3 séculos de N. S. Aparecida em 2017, de que tinha prometido participar em 2013 no encontro mundial da juventude no Rio de Janeiro. Tentou-se abafar a crítica simbólica do Papa ao golpe e ao desinterino protegido e patrocinador da mídia golpista. A maioria leiga não percebeu o impacto mas a comunidade católica (de que não faço parte) suponho que tenha entendido o recado.
      4 – A proibição de visitas a Lula, principalmente de religiosos como Frei Leonardo Boff, na carceragem da PF, em que esteve acompanhado do Nobel da Paz, Peres Esquivel, ambos pessoas idosas, em abril deste ano. Fotos, vídeos e atos silenciosos falaram mais alto e em bom som sobre o arbítrio nazista dos carcereiros judiciais que toneladas de letras e salivas. Depois as visitas foram liberadas e o fato de sua prisão ser política e antijurídica ficou didaticamente entendido pelo povo. A prova foi o recuo do judiciário e o silêncio da mídia hegemônica sobre possíveis “privilégios” numa cela de 15 metros, com apenas duas horas de acesso ao ar livre. Exemplo sintomático da capitulação foi artigo de Frei Betto, asséptico, descritivo como um relatório sob encomenda para dirimir dúvidas sobre tais privilégios, no jornal golpista co-responsável pelo golpe e pela prisão política mundialmente denunciada – uma sádica “prestação de contas” do judiciário sobre o serviço fielmente cumprido por ele e seus auxiliares MPF e PGR, ao consórcio do qual os donos do jornal são porta-vozes. No artigo, o Frei fez questão de “esclarecer” uma história divulgada à exaustão por blogues de esquerda, de que Lula havia conquistado a simpatia dos guardas: segundo o frei, não era o caso, o que foi ressalvado com destaque zeloso da relação fria e profissional da PF…
      5 – Uma caminhada ou procissão feita por militantes do PT à Aparecida, comunicada no acampamento LulaLivre, em que o caso do terço teve início, que foi alvo de controvérsias e pedido de desculpas posteriores pela Igreja e pelo padre que mencionou a situação do arbítrio contra Lula durante missa. Um blogue do Paraná, geralmente alinhado à pauta antigolpe, chegou a debochar do aspecto religioso da resistência com ironia de que queriam canonizar Lula…
      Não houve a mesma exigência, pela imprensa e mídias sociais, de laicidade política da igreja de São Paulo quando seu arcebispo defendeu a farinata de João AgriPinóquio Doria da Escória na capital, num assunto de conteúdo essencialmente político e pouco representativo do papel religioso da igreja. A cobertura da mídia hegemônica noticiou o fato de maneira a utilizar o papel da igreja como uma ratificação e benção eclesial louvável ao ato político de propaganda e sem menção aos laços políticos entre a cúpula católica de SP (cujo arcebispo Dom Odilo Scherer “perdeu” para o argentino Jorge Bergoglio a escolha papal…, ah, esses argentinos…, e o brasileiro foi, em 2014, excluído por Francisco, o Papa, do conselho que supervisiona o Banco do Vaticano,) e a direita.
      6 – A homilia do Papa, já comentada, e que foi a causa não percebida do episódio do terço na agência Lupa Estrábica, em que mais que uma disputa comum entre mídia hegemônica e blogueiros, foi a “resposta” daquela ao conteúdo acusatório da homilia sobre o papel político da mentira jornalística, de forma a dizer: “não podemos contestar o conteúdo da homilia, então vamos revertê-lo contra aqueles que a usaram contra nós antes, e que genial, com a palavra oficial do próprio Vaticano! Quer melhor maneira de nos reapropriar daquilo que não conseguimos distorcer – a homilia original – e ainda com símbolos que calariam qualquer possibilidade de disputa discursiva!” Mas não combinaram com os russos, nem com o Vatican News, e acabaram produzindo por si mesmos o melhor argumento contra o risco de sua promessa como agência-porteira e capataz: notícia não é um produto como outro qualquer, e se a rotulagem comum é alvo de muitas disputas entre consumidores, especialistas, vigilância sanitária e indústria, por que com notícia seria diferente?
      Mas o que a blogosfera faz diante da vitória simbólica mal explorada? Lamenta que seus opressores não se desculpem… Faz a denúncia do óbvio – que as agências representam o poder econômico que resolveu abandonar a disputa do lado da prática do jornalismo noticioso original (percebeu que estão falidos?) e resolveu se aproveitar da situacao pelo outro lado do balcão, o da “certificação”, aliás feita é defendida também na blogosfera, e cujo conflito de interesse já estava presente quando anunciaram a parceria… mas como irritou e atingiu inicialmente a direita raivosa, a “blogofera alternativa” se omitiu do debate isento – em tom de retaliação e menos de jornalismo.
      Se o escândalo da Cambridge Analytica tivesse sido adequadamente noticiado na blogosfera e trazido para a realidade brasileira, o caso da parceria das agências de fact-checking não teria sido a isca aplaudida inicialmente, sem muita análise do que isso significa no contexto brasileiro, por exemplo, se essa iniciativa do Fakebook é feita em outros países, as críticas e situações polêmicas que já tenham ocorrido, as acusações de que o aplicativo é instrumento de censura em outros países – e aqui também, sempre reclamadas como questões pessoais ou individuais e não sistemáticas -, com denúncias muito mais graves que mentiras paroquiais.

      Não sei por que a cobertura midiática alternativa no Brasil sobre o Fakebook é tão subalterna, ingênua, despreparada jornalisticamente – pouco noticiam ou discutem a fundo seus escândalos e críticas internacionais -, e não percebe que serve apenas de cobaia para seus experimentos empresariais e de marketing, pela audiência, credulidade midiática e impotência institucional regulatória desta terra onde tudo é negociável, e mesmo quando ganha, perde a oportunidade de se tornar mais forte como concorrente e independente aos olhos do público.
      Mania de conciliação com o inimigo dá nisso.

      Sampa/SP, 17/06/2018 – 14:04 (alterado às 14:10, 14:20, 14:25 e 15:06).

  6. Nassif pega um fake news
    Nassif pega um fake news cabeludo da Globo(jornais,tvs, internet)e enfia na cara deles (Lupa, Facebook)pra já cortar esta seletividade/manipulação,eles estão achando q podem ser igual ao nosso judiciário moralista sem moral !

  7. Por causa da mentira da Lupa
    Por causa da mentira da Lupa o DCM, Revista Forum e Brasil 247 foram censurados: alcance derrubado e notificacao para seus seguidores de que tais sites seriam propagadores de noticias falsas…
    quando a Lupa descobre que ela Lupa eh que divulga fake, colocou o caso “sob observacao” ate que o Papa entre na confusao armada pela direita.
    Que mundo!

  8. Acho muita bondade da sua

    Acho muita bondade da sua parte para com a “Folha”, caro Nassif, atribuir a anomalia profissional jornalística citada à mera síndrome do fechamento ou ainda à necessidade de gerar impacto (também conhecida como imprensa marrom). Em lugar de taxar o que ocorreu – e continua ocorrendo – naquele jornal como “fake news” seria mais acertado chamar de propaganda partidária, e o que a torna deplorável é o fato de travestir-se de Jornalismo. A manchete e o teor do texto publicitário são iguaizinhos à declaração da atriz Regina Duarte, “tenho medo”, propaganda assumida veiculada faz uns anos.

    O fenômeno da comercialização de conteúdo jornalístico não é de hoje, apesar de ter alcançado níveis muito altos, que impedem considerarmos qualquer imprensa como algo mais do que mero panfleto publicitário. Não é à toa que haja curso de Jornalismo na Escola Superior de, pasme, Propaganda e Marketing.

    São duas as formas que há de comunicação social, em massa: propaganda e jornalismo. São oposta em suas naturezas. A primeira busca distorcer a verdade de forma convencer; a segunda busca a mais fidedigna forma de retratar a realidade. Confundiu as duas – ou buscando a verdade em propaganda comercial ou torcendo a verdade em jornalismo – dá nisso aí.

    Se a “Folha” quer mesmo causar impacto, que publique machete como “Lula é inocente” e texto discorrendo com honestidade sobre todas as milhares de manifestações da academia brasileira e mundial sobre a farsa que é a Lava Jato, por exemplo.

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