Agência Xeque: os fakenews de Pérsio Arida com o câmbio

Há que de diferenciar o intelectual do propagandista.

Mesmo tendo lado, o intelectual busca a verdade dos fatos; já o propagandista procura os fatos que se adequam à sua verdade.

Há tempos a discussão econômica nacional é dominada pelos propagandistas que, valendo-se do baixo nível de informação passado pela mídia, tratam as discussões

É o caso de Pérsio Arida que, assim como a maioria absoluta dos economistas do Real, tornou-se um propagandista do mercado. E foi designado pelo mercado para ser o avalista da candidatura de Geraldo Alckmin. E foi assim que ele se comportou na palestra ministrada à Câmara de Comércio França-Brasil.

Suas críticas maiores foram em relação à proposta de Nelson Marconi – economista do candidato Ciro Gomes – de fixar um câmbio competitivo, entre R$ 3,80 a R$ 4,00, como forma de estimular a indústria nacional.

Disse ele:

  1. “Tenho visto vários candidatos defendendo ideias sobre o câmbio, como fixar o câmbio entre R$ 3,80 e R$ 4 para estimular a competitividade, isso não faz sentido”.

Para entender o significado do câmbio no preço dos produtos, confira a tabela abaixo:

  • Um produto que tem 80% de insumos em reais e 20% em dólares, com margem de 20%. Com o dólar a R$ 3,20, o preço final é de US$ 615,00.
  • Se o dólar vai a R$ 4,00, a empresa terá duas alternativas. Se quiser manter a mesma rentabilidade, poderá reduzir o preço em 12,2%; se tiver condições de manter o mesmo preço em dólares, a rentabilidade saltará de 20% para 37%. Como não faz sentido?

2. O governo só consegue fixar o câmbio nominal, jamais o real.

A ideia da desvalorização cambial é aumentar o valor dos preços em dólares em relação aos preços em reais. O que Pérsio quis dizer é que, aumentando os preços dos produtos dolarizados, haverá inflação dos não-dolarizados voltando ao quadro anterior. É falso.

A desvalorização da moeda tem impacto direto sobre produtos exportados e importados (chamados de comercializáveis), que representam apenas um percentual de todos os preços. Depois, há uma onda de reajustes compensatórios dos não-comercializáveis, que nunca são em nível similar aos dos comercializáveis. Não sendo convalidados pela política monetária, os aumento tendem a perder fôlego e se diluir com o tempo. Haverá uma reacomodação dos preços em outro patamar. Em inúmeros momentos da história, desvalorizações cambiais resolveram questão de produtividade e de equilíbrio nas contas externas. 1982, 1999, 2008 estão aí para comprovar.

  1. O primeiro efeito de uma medida como essa seria frear o investimento estrangeiro no país.

É falso. O que freia investimento estrangeiro é a apreciação cambial, que cria vulnerabilidades nas contas externas pela perda de dinamismo da produção interna em relação aos importados. Está aí a Argentina escancarando essa imprudência.

A desvalorização do real tornará mais barato todos os ativos nacionais, e mais competitivos os produtos produzidos. Só no reino de Pérsio um ativo mais barato é desestimulante para o investidor.

Confira:

Imagine um investimento de R$ 100 milhões que gere exportações de US$ 3,125 milhões.

  1. Com o dólar a R$ 3,20, o investidor estrangeiro investirá US$ 31.250.000 e terá uma receita de exportações de US$ 3.125.000, ou 10% ao ano.
  2. Se o dólar vai para R$ 4,00, o valor do investimento cai para US$ 25 milhões, ou 20% a menos. Se forem mantidos os mesmos US$ 3.125.000 de exportações, corresponderão a 12,5%, ou 25% a mais de faturamento. Com a desvalorização, no entanto, a tendência é de aumentar as exportações.

Pergunto: como afirmar que desvalorização do real freará o investimento externo, se tornará a produção interna mais barata e mais competitiva?

  1. Haverá movimento especulativo contra a meta toda vez que ela estiver fora do mercado.

Outro sofisma. O mercado regula o câmbio através da oferta e demanda. Em um quadro de normalidade monetária, com as taxas internas de juros similares às taxas internacionais, o câmbio deverá refletir a competitividade da economia brasileira em relação à dos competidores internacionais. E a tendência seria a desvalorização do real. O que Pérsio chama de equilíbrio de mercado é um enorme fluxo financeiro que não vem para investimentos produtivos, mas para ganhar com as altas taxas de juros

Há dois caminhos simples para conter a especulação: ou taxas internas similares às internacionais, ou impostos sobre a entrada de capital de curto prazo. São instrumentos mais do que conhecidos das politicas econômicas.

  1. O Brasil já fez diversas tentativas nesse sentido, com o câmbio fixo, minibandas e intervenções cambiais maciças por meio de swaps, como feito no governo de Dilma Rousseff (PT). O único efeito foi retardar [a desvalorização] e causar prejuízo nas finanças públicas.

Todas essas medidas visaram justamente manter o câmbio artificialmente baixo, e não o contrário.

 

Luis Nassif

14 Comentários

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  1. Falência dos “coxinhas” salva Brasil do populismo cambial.

    Os economistas neoliberais que trabalham para os golpistas (e para os “tucanos”) anseiam por criar um “capital político” com a camada média através do “populismo cambial”. Com ele, “quebraram” o Brasil três vezes em oito anos do malfadado período do PSDB no Planalto.

    Além de conseguirem enganar os trouxas, o “populismo cambial” também serviria para acabar de arrebentar com o já combalido parque produtivo brasileiro. Seria o fim das indústrias e o retorno do perfil econômico da “República Velha”, objetivo da oligarquia paulista que voltou ao Poder em 2016.

    Para sorte do Brasil, os imbecis “coxinhas” que bateram panelas contra a Dilma foram desempregados pela famigerada “Operação Lava-Jato” e pelos golpistas. Não têm como torrarem as reservas cambiais brasileiras em Miami ou qualquer outro “paraíso” de compras no exterior.

  2. o maior produtores de fakes news sempre foi a globo

    Não podemos aceitar que A GLOBO E O RESTANTE DA GRANDE MIDIA “”QUEIRAM TIRAR O DIREITO DA MIDIA INDEPENDENTE E DO CIDADÃO COMUM A PASSAREM NOTICIAS PELA INTERNET, sobre o prestesto de que A INTERNET PRODUZ FAKES NEWS; pois AS MAIORES PRODUTORAS DE NOTICIAS FALSAS, sempre foram AS GRANDES MIDIAS: GLOBO, BAND, RECORD, FOLHA DE SÃO PAULO, O ESTADO DE SÃO PAULO, VEJA E ISTO É””. – Por isso “”SE HA NOTITICIAS FALSAS NA INTERNET, as FAKES NEWS, então QUE SEJAM PUNIDOS OS QUE PASSAREM NOTICIAS FALSAS, assim COMO DEVERIAM TER SIDO PUNIDAS AS GRANDES MIDIAS QUE PASSAM NOTICIA FALSA HA DECADAS””; pois “”””””””””””””””””NÃO PODEMOS CONFUNDIR CRIME VIRTUAL, COM O DIREITO DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO NA INTERNET”””””””””””””. – A Globo e a grande midia, QUE ESTÃO SEM CREDIBILIDADE, DEPOIS DE DECADAS MENTINDO PARA MANIPULAR O POVO DE ACORDO COM OS SEUS INTERESSES, está QUERENDO DESQUALIFICAR AS INFORMAÇÕES QUE SÃO POSTADAS NA INTERNET, que ELAS, A GLOBO E AGRANDE MIDIA OMITIRAM OU DERAM POUCO DESTAQUE. – Vamos mais uma vez RESISTIR. 

  3. Parasita, porque banqueiro

    É preciso que todos saibam que Pérsio Arida é um BANQUEIRO (BTG Pactual junto com André Esteves).

    Portanto, ele faz parte daquele seleto grupo de parasitas sociais que saqueiam os recursos públicos.

  4. Banqueiros contra Ciro

    Pelas propostas de Política Econômica que tem apresentado, Ciro Gomes será tratado como inimigo pelos banqueiros. Sua campanha à presidência sofrerá ataques demolidores, financiados pelos grandes rentistas.

    Esse participação de Pérsio Arida já é uma demonstração da guerra contra Ciro Gomes.

    1. e o que a PATATIVA do Ceará

      e o que a PATATIVA do Ceará tem feito ou dito sobre a prisão de LULA ?

      ENTRE a COVARDIA e a VILANIA

      “Art. 5º Todos são iguais perante a lei,.. LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;..”

      Você sabe LER e interpretar ? Então como se explica a prisão de LULA ?

      Tudo começou com ROSINHA que “dizendo-se contra mas sendo obrigada a manter sua coerência consigo mesma e com a tchurma”, não quis revogar outra DECISÃO dela mesma, de outro pleno, sobre a questão que REESCREVEU arbitraria e ilegalmente a Constituição brasileira ao permitir a prisão em 2a instância, que no dia, visava LULA.

      Eis que agora a 2a turma tinha uma oportunidade ímpar de, mesmo indo contra a LITURGIA e a tradição BOVINA, se esforçando inclusive pra disfarçar a COVARDIA e tibieza tipica daquela seara, tinha a oportunidade de tentar botar um fim a esta pantomima golpista ao fazer valer a CARTA à qual gravita a NOSSA cidadania.

      E o que os NABABOS vitalícios de salários e benefícios exclusivos falaram e decidiram ?

      Fachin fraquinho seguiu na dele, fechado com a republica americana de Curitiba

      Gilmar, Toffoli e Levandovsky, exalando “coragem” e cheirando URINA, disseram ser contra a medida, mas que NÃO acatariam o pedido de LIBERDADE dum homem pois antes, seus pares, comprometidos com o GOLPE, haviam decidido por manter o arbítrio.

      Celso de Melo, o tal DECANO se saiu pior na emenda ao comentar que “determinar a prisão após a 2a instância é esdruxulo”, e que ele por ser contra, mais uma vez lavaria as mãos e negaria a polêmica e a liberdade a um cidadão, um ser humano, preferindo seguir a liturgia ao não levantar nenhuma polêmica sobre esta deliberação que viola um dos nossos direitos mais elementares.

      Não fugirás a luta, diz um certo hino ..pois é, que a história saiba fazer Justiça a estes anões brasileiros

      LULA LIVRE

  5. A defesa da valorização da

    A defesa da valorização da moeda nacional por Pérsio Arida e os financistas ortodoxos brasileiros só se explica na minha opinião em uma razão de ser: dívidas em moeda estrangeira. A desvalorização tem todos estes aspectos que Nassif fala mas tem um bastante negativo que é ver suas dívidas em real crescerem se ela foi feita em moeda estrangeira. Empresas podem falir nessa história, principalmente se suas receitas não são em moeda estrangeira, mas sim em moeda nacional. A grandes empresas brasileiras desde o início do plano real sempre optaram por se endividar lá fora, pois lá não só os juros são muito mais baratos do que aqui como as condições de empréstimo são mais fáceis de serem obtidas. Isso faz com que ocorra um fenômeno que os economistas chama de desintermediação financeira e atinge principalmente os grandes grupos econômicos que são os entes capazes de captar empréstimso estrangeiros nessas condições. O pequeno e médio empresário brasileiro está fora desse mercado de crédito. Daí percebe-se quem representam os interesses da candidatura Alckmin e como ela ainda é presa a um modelo político de alianças formado no governo FHC.

  6. Dólar a R$2,1 é o correto

    O real está desvalorizado. O PIB brasileiro nominal em 2017 foi de US$2,1 trilhões, enquanto, por paridade de poder de compra (ppc), foi de US$3,2 trilhões. 

    Considerando-se a taxa cambial média de 2017 em R$3,2 por dólar, isso significa que, para que o PIB nominal fosse igual ao PIB ppc, o dólar deveria valer (US$2,1tri/US$3,2tri) R$3,2= R$2,1.

    Qualquer cotação do dólar acima de R$2,1 só beneficia os empresários exportadores (de aço, frango, soja, minério ou qualquer coisa). O povo? Tadinho do povo…

    O argumento em favor da desvalorização do real é: se é bom para os empresários, é bom para o povo, porque cria empregos.

    A maneira correta de resolver os problemas da economia brasileira não é devalorizando nossos produtos (e, portanto, nosso trabalho) no mercado internacional, mas investindo maciçamente em educação, ciência, tecnologia e inovação, para criarmos produtos competitivos por sua utilidade e qualidade, não pelo seu preço de banana. O dinheiro para isso tem que vir da taxação pesada do empresariado nacional (lucros e dividendos), cobrança de sua dívidas com o governo e punição severa da evasão fiscal e monetária.

    O que é bom para o povo é bom para os empresários. Não o inverso.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil

    1. O resultado

      Pela atual taxa real de câmbio, o R$ teria o mesmo valor que o US$ aos 3,88.

      O resultado do US$ a R$ 2,10 seria uma belíssima crise cambial em alguns meses, como na argentina.

       

  7. O destino do Brasil nas mãos de Ciro

    Que cilada cruel do destino, que vai testar a vaidade de nossas esquerdas. O único candidato com alguma intenção de votos suficientes para ir ao segundo turno e que é nacionalista, é Ciro Gomes. Mas este será eleito saco de pancadas do mercado, da mídia e pior ainda, por uma vaidade estúpida da esquerda será demonizado pelos ex eleitores de Lula, que não vai concorrer porque está preso. 

    Então, provavelmente, teremos Alckmin e Bolsonaro no segundo turno, tanto faz qual dos dois vencerá, o mercado está controlando ambos. E após um dos dois vencerem, a midia vai ocultar todos os seus erros, teremos mais anos de crise econômica profunda, o desemprego continuará aumentando, e a esquerda vai continuar a se fazer de vítima. Mais neoliberalismo selvagem. Mais crise. Mais cortes, na previdência, e encolhimento do Estado. Devemos parabenizar a esquerda por isto ? 

    E pior,  após Alckmin ou Bolsonaro vencerem, eles vão se manter no poder por décadas, vão mudar a Constituição ( mais ainda ), ou até rasgar a Constituição, fazendo outra. Se é isso que a esquerda quer, então venha o que tiver de vir.

    Eu,  pessoalmente votarei em Ciro, nem que eu fosse a única pessoa neste país a fazer isto, pelo menos minha consciência vai estar limpa. 

  8. Caro Nassif, falou tudo. Você

    Caro Nassif, falou tudo. Você teria algum estudo que demonstra que o câmbio não volta para o nível anterior em termos reais, como diz o cabeça de planilha?

  9. Agência Xeque: os fakenews de Pérsio Arida com o câmbio

    E se a gente pensasse como cientista? Humm, o que fez a China, que vem tendo “relativo” sucesso nas últimas décadas? Botou o Yuan para concorrer com o Dólar dos EEUU? Não! Botou a divisa nacional baratinha, tão baratinha que desmantelou indústrias pelo mundo afora. Cresceram milhares por cento, investiram em educação e pesquisa, nas empresas estatais e privadas locais e… nunca deixaram de se auto-respeitar. 

    É difícil entender?

  10. O risco Brasil

    O caminho de desvalorizar o câmbio, é correto, sem dúvida, mas não vai bastar para retornar o investimento, por uma razão muito simples: Após a quebradeira de empresas por operações inquisitórias- judiciáticas, vide o caso da Odebrecht, o país ficou queimado diante do empresariado internacional.

    O Brasil virou uma terra de ninguém, onde mediante qualquer suspeita, se pode prender empresários, com ou sem provas, e liquidar sua empresa. Quem seria o louco de investir num cenário destes? Vai demorar décadas ou séculos para nos livrarmos desta fama. Por isto, entre quem entrar lá na presidência, não espere milagres.

  11. Moeda nacional

    A maior picaretagem desse país com seu povo é a tal da moeda nacional.

    o povo recebe e comercia em real preços de alimentos , serviços , aluguéis, combustíveis etc todos dolarizados.

    Já aí está embutida uma carga “tributária” que só favorece aos big empresários, a quem pode contrair emprestimos em dolar a juros baixissimos no exterior e aos banqueiros.

    Vamos assumir que isso aqui é um país chulé, idealizado para poucos senhores e milhões de escravos.

    pels balboização do real. Se a economia é dolarizada , vamos negociar em dólar .

    banco central e forças armadas. Instituições inúteis em países escravos.

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