Agora Lava Jato atua com Temer para não quebrar empresas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Em momento em que o governo Michel Temer tenta atrair investidores estrangeiros a empresas brasileiras como um dos pés para sair da crise econômica, a força-tarefa da Operação Lava Jato passou a preocupar-se com as indenizações impostas a grandes grupos econômicos nacionais investigados no esquema da Petrobras e tornou-se, agora, um dos porta-vozes do governo na negociação com o Tribunal de Contas da União (TCU) para amenizar as contas devidas de empreiteiras e empresas alvos ao Estado.
 
O cenário é exatamente o oposto desde a destituição de Dilma Rousseff da cadeira do Planalto. Isso porque, há mais de um ano, em fevereiro de 2015, os procuradores da Lava Jato acusavam os acordos de leniência, propostos pela Controladoria Geral da União (CGU) e Advocacia Geral da União (AGU) de Dilma Rousseff, como uma estratégia para “livrar” empresas rés na Lava Jato de punições.
 
O discurso partia de membros do Ministério Público no Tribunal de Contas da União e técnicos integrantes, mas recebendo o aval dos procuradores do próprio grupo de Sérgio Moro. Isso porque logo nas primeiras ações de improbidade administrativa encaminhadas a Moro, o grupo do MPF cobrava um pacote de ações que, se acatadas pela Justiça, quebrariam as empresas investigadas.
 
Sob a coordenação de Deltan Dallagnol, os procuradores pediam de seis companhias, entre as grandes empreiteiras alvos da Lava Jato, o pagamento de R$ 4,47 bilhões por desvio de recursos da Petrobras, além da proibição de fechar novos contratos com o poder público e a suspensão de acesso a benefícios fiscais. Na lista, já estavam incluídas Camargo Corrêa, Sanko, Mendes Júnior, OAS, Galvão Engenharia e Engevix.
 
A resposta da frente econômica e jurídica do governo Dilma foi o tal acordo de leniência, que significava a punição de acionistas e empresas condenadas, mas sem a proibição de serem contratadas futuramente pela União e com o abrandamento das multas a serem pagas.
 
Ainda que com resistências por parte da Lava Jato, o então advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, levou a cabo uma campanha para que a ideia fosse aceita. Caso contrário, importantes empresas que controlam setores de impacto na economia brasileira poderiam falir, e o Brasil que já se encontrava em cenário crítico teria efeitos devastadores.
 
Mas somente após a saída definitiva de Dilma Rousseff do comando do país é que a força-tarefa passou a tomar consciência da segurança econômica do país e os efeitos negativos das metodologias judiciais que ela próprio iniciou. O mesmo Dallagnol tratou de, nas últimas duas semanas, dialogar com o TCU para convencer ministros a não impetrarem multas maiores às já avalizadas nos acordos de leniência.
 
Os procuradores da Lava Jato pediram ao tribunal para se comprometer a não impor indenizações maiores. Isso porque o TCU entende que os investigadores da Lava Jato calcularam errado os prejuízos aos cofres públicos por essas empresas.
 
Como exemplo, enquanto que o acordo de leniência assumiu um buraco de R$ 700 milhões pela Camargo Corrêa, que devem ser ressarcidos, o TCU amplia o rombo para R$ 1,1 bilhão apenas junto às obras da refinaria Abreu e Lima. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, deveria devolver R$ 5 milhões, segundo os procuradores. Mas para o tribunal, a dívida é de R$ 2 bilhões do ex-executivo da estatal. 
 
Entre outras estimativas e cálculos, o resultado da balança é que enquanto que a Petrobras admite um desvio total de R$ 6 bilhões, o TCU sobe o rombo de desvios para R$ 30 bilhões que deveriam ser ressarcidos à estatal por empreiteiras, empresas e réus.
 
Se há mais de um ano o valor das multas não preocupava a força-tarefa da Lava Jato, o grande esforço feito nos últimos dias pelos investigadores para convencer os membros do TCU a manter a baixa das multas e ressarcimentos não deixa dúvidas da mudança de posições.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

17 Comentários

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  1. Esquece Temer, o estrago na

    Esquece Temer, o estrago na credibilidade Brasileira já foi feito e agora não têm retorno. E ao contrário dos seus iguais o mundo externo têm longa memória, memória que você não vai conseguir alterar com o uso da rede Globo. Eu era um dos poucos que recomendava o investimento no Brasil e agora voltei atrás, imagine então a opinião dos meus colegas que sempre disseram que o Brasil seria uma repúblicana bananeira que não pode ser levada a sério.

    Credibilidade é um bem precioso e na sua ânsia desvairada por poder você a jogou fora.

  2. Só o Mago Merlim, aquele do

    Só o Mago Merlim, aquele do tempo da Távola Redonda,talvez seja capaz de fazer estas contas porque para a turma de Carlos Magno (que é grande como todos sabemos e está encastelada firmemente nos três poderes desta, agora mais uma vez , republica de bananas, da qual  todos nós somos parte, excetuando-se a turma do Carlos Magno e  parte da do Mago Merlim)  são só 30, 40, 100 , dinheiros. . Mas pensando bem são é mesmo 30 moedas e, de prata nem de ouro, de tão vira-latas que são…

  3. “Se há mais de um ano o valor

    “Se há mais de um ano o valor das multas não preocupava a força-tarefa da Lava Jato, o grande esforço feito nos últimos dias pelos investigadores para convencer os membros do TCU a manter a baixa das multas e ressarcimentos não deixa dúvidas da mudança de posições”:

    Pra nao mencionar que nem Lula nem Dilma foram denunciados por ninguem da LavaBunda enquanto Temer foi.

    A complexada “forca tarefa” da LavaBunda sabe que “manda quem pode, obedece quem tem juizo”…

  4. Parece que agora o MPF está

    Parece que agora o MPF está bem alinhado com o executivo. Só prova que agiam politicamente antes com intuito de desestabilizar o governo anterior.

  5. Agora Lava Jato atua com Temer (golpista) …

    Agora Lava Jato atua com Temer para não quebrar empresas.

     

    Agora o mal já está feito. Quem deve ser investigado a fundo é o TCU. Qual é a credibilidade deste órgão? nenhuma. É um órgão subordinado ao Congresso Nacional, cujos representantes (apadrinhados de caciques de currais eleitoais) são indicados pelos políticos que aí estão. Imaginem o resto e as barbaridades que lá ocorrem. Investiguem e constatarão. E o MP, salvo exceções, não tem a menor idéia de economia (são totalrnente ignorantes. São advogados concurseiros, alguns inconsequentes e irresponsáveis, não importa que tais concursos sejam para delegados, promotores ou juizes, que fazem concursos que são preparados por advogados e ansiosos por aparecer na mídia). Que sejam punidos empresários desonestos não se discute, mas punir as suas empresas que são responsáveis por mais de 400 mil empregos, levando-as a pré falência e famílias ao desespero é um verdadeiro absurdo que só ocorre numa país que perdeu o respeito pelo ser humano e pelo fiel cumprimento da lei, que não respeita a vontade popular expressa nas eleições, que é facilmente manipulado por uma elite e mídia desonesta que insuflam a população e infelizmente, com a parcialidade do judiciário (Pasmem, membros do STF, que fazem reuniões de conchavo com políticos na calada da noite, alegando que são amigos).

     

  6. Continuo afirmando que TODOS

    Continuo afirmando que TODOS os membros da lava rato deveriam ser presos sob acusação de crime de lesa pátria e perseguição política.

    Cada dia fica mais claro que agiam motivados por objetivos golpistas e que nunca pretenderam combater a corrupção.

    O estrago que fizeram com o país em todas as áreas, desde a econômica até a de convivência social entre pessoas é incalculável e não indenizável.

    Este bando de miseráveis deveria apodrecer na prisão. junto com aqueles que levaram ao poder através de golpe contra a democracia.

    Sem esquecer da globo e seus executivos e jornalistas(sic).

    Todo este pessoal incluindo os da lava jato, MPF, PF, STF, STJ, TRF4 me enoja.

  7. revelador…

    duas ordens ou mais…………………………………

    primeiramente destruam todas como pessoas.

    para depois, após o golpe, protegerem como empresas recém-nascidas

    preocupante mesmo………………………..

    pensar que nos estados unidos trataram de imediato como pessoas para salvar

    dizer que se preocuparam em proteger ou preservar as empresas americanas, mas sem dizer como, não traz significado algum para comparações………………………………………….mas, note que da mesma forma, alimentando com grana

  8. mas como já coloquei…

    não pode haver segredo conhecido em uma “unidade” de qualquer tipo ou proporções escondidas………………………….

    só o que pode ser reconhecido……………………………….pouco convincente misturar empresas com manobras políticas

    ao usar pessoas fica muito mais fácil

    duas ordens: golpe e compra nos escombros e ruínas

    1. é o povo, minha cara…

      não existe outro mais desligado ou burro

      não existe outro STF

      não existe outra Globo

      mas existem empresas que se encontram para tratarem de negócios

      pessoas? ao tratarem com o PT deixaram de existir como empresas

  9. Antes,  com Dilma, estavam se

    Antes,  com Dilma, estavam se lixando pra economia do país,  tocavam na banda do quanto pior, melhor. Agora, acumpliciam-se com o golpista. Mais hipócritas,  impossivel.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  10. “Preocupados”? Pré-ocupados?

    “Preocupados”? Pré-ocupados? Eu diria simplesmente “ocupados”. E juntos com o “PIG”, estavam ocupados antes em fazer derreterem as imagens das empresas e agora ocupam-se de evitar aquele derretimento.

    Mas não sei não, nesse mato parece haver coelho. Talvez afrouxar um pouco já que as delações começam a atingir os próprios golpistas… não sei. Mas se tem uma dupla que não merece um pingo de confiança, a meu ver, é essa dupla Judiciário de Curitiba e Imprensa do Instituto Millenium. Que a dupla finalmente “caiu na real” acho bem difícil de acreditar.

  11. É o conluio da farsa.

    Convenhamos, o GOLPE dado, agora é hora de acertar as arestas, absolver os ‘empreendedores’ e tentar acabar com o PT. Estava tudo combinado, era arrasar o país e tomar o poder na marra. Por falar nisso : o kúnha vai recomeçar a responder o processo com todas as garantias de um estado democrático de direitos? Que diferença heim?!

  12. Continuo afirmando que TODOS

    Continuo afirmando que TODOS os membros da lava rato deveriam ser presos sob acusação de crime de lesa pátria e perseguição política.

    Cada dia fica mais claro que agiam motivados por objetivos golpistas e que nunca pretenderam combater a corrupção.

    O estrago que fizeram com o país em todas as áreas, desde a econômica até a de convivência social entre pessoas é incalculável e não indenizável.

    Este bando de miseráveis deveria apodrecer na prisão. junto com aqueles que levaram ao poder através de golpe contra a democracia.

    Sem esquecer da globo e seus executivos e jornalistas(sic).

    Todo este pessoal incluindo os da lava jato, MPF, PF, STF, STJ, TRF4 me enoja.

    1. Caro Jossimar esse seu
      Caro Jossimar esse seu comentário é o q melhor expressa a
      indignação do Brasileiro CONSCIENTE e não MANIPULÁVEL!
      Obrigado pela sua coragem e palavras, vc prestou grande serviço
      ao país e acredito q deu uma grande contribuição a nação,vaaleu!!

  13. Sobre O Financiamento Ao Sítio
    Bom dia.
    Nassif e demais postantes. Peço perdão pelo “off topic”, até mesmo porque não consigo mais falar sobre os neo-hegelianos. Estes dementes já me encheram até a tampa.
    Mas, falando sobre o financiamento do blogue, recebi, agorinha, mensagem com valor e formas de participar, como contribuinte (do blogue “bien sûr”). Sugiro que aumentem o leque de modos de pagamento para boleto bancário | eletrônico. Do ponto de vista do contribuinte, é bem mais prático e permite auferir, caso, por qualquer motivo, necessário o seja.
    Abraço e que tudo dê certo. Este blogue é fundamental, no tocante a um debate hígido.

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