Anotações para uma conversa sobre Crimeia

– Não se está reproduzindo um ambiente de ‘Guerra Fria’, nem de tempos ainda mais remotos. É uma disputa de poder, como tantas outras, mas o equilíbrio de forças mudou muito nas últimas décadas.

– A influência dos EUA não está diminuindo em anos recentes, ao contrário. Nos últimos 3 ou 4 anos quase todas as turbulências políticas (Líbia, Síria, Irã, Sudão, Egito, Tunísia e a própria Ucrânia) foram ou para não mudar nada ou para reforçar posições pró-EUA.

– Não há dúvidas sobre a importância estratégica da Crimeia para a Rússia, mas a eventual (e agora provável independência – como república títere – dessa região) pode ser uma ‘Vitória de Pirro’ no médio prazo: ocorre que, pela matemática eleitoral, os 3% (60% de 5%) de votos de falantes de russo dessa região farão falta nas eleições gerais da Ucrânia, há muito sempre ‘apertadas’. E a eventual secessão empurrará definitivamente a porção falante de ucraniano, que passará a ser maioria, para a esfera de influência da U.E.

– Ou seja, não interferir cabalmente na Crimeia é a possibilidade que resta à Rússia para que a Ucrânia não se filie à OTAN. E não intervir para impedir uma secessão da Crimeia não é de todo desinteressante para os EUA. Algo como entregar um anel ficando com 95% da mão. Um tipo de ‘gambito’.

– A existência de neonazistas participantes no lado ‘ocidental’ não estará sendo inflada para fins de propaganda? (É dúvida mesmo.) 

– A população da Ucrânia caiu 13% nos últimos 18 anos (de 52 para 45,5 milhões de pessoas), por imigração ou queda de natalidade. Em parte (cerca de 1 milhão) para países da União Europeia, o que pode influenciar parentes no país.

– Geopolítica não se dá apenas com ocupação de territórios, mas com imposição de relações comerciais favoráveis. E, nesse sentido, EUA, U.E. e China estão do mesmo lado na busca de preços mais baixos de hidrocarbonetos (o que pode afetar a popularidade dos governos de Rússia, Venezuela, Irã, etc.)

– Ao contrário dos regimes políticos de EUA e China, o atual da Rússia é dependente ainda de personalismo e simbolismos.  O ‘braço de ferro’ não é Putin vs Obama, mas Putin vs um sistema mais amplo (Democratas EUA + Republicanos EUA + eventual oposição interna [que pode incluir ressentimentos étnicos e até uma postura menos pró-Rússia do Cazaquistão])

– Se há um ‘sistema ideológico’ com chances de ser crescente no futuro próximo não é nem o neoliberalismo (tão afeito aos Republicanos e partidos conservadores da Europa) nem posturas autônomas vinculadas a preços de matérias-primas, mas o ‘social-liberalismo’ típico dos ‘Democratas’ norte-americanos. Há inclusive uma tendência de longo prazo que favorece essa corrente nos EUA. E que ‘dialoga’ com facilidade com as duas outras superpotências (U.E., quando consegue agir unida, e China.)

– Uma força política ser anti-EUA não significa que seja anti-imperialista ou progressista.

 [Região de Tataria, em 1954]

 [Crimeia atual & movimentos pró-Rússia]

 [Mapa de 1600. A região do antigo Canato corresponde aproximadamente à atual com maioria de fala russa, ainda que os Tártaros sejam agora pequena minoria. A atual Ucrânia pró-U.E. ocupa território que no passado foi Polônia. O Império Otomano já havia cedido a independência ou autonomia a alguns poucos reinos cristãos dos Bálcãs.] 

Redação

43 Comentários

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    1. Ainda meio ‘disfarçada’ a ocupação,

      de um modo que permite recuos.

      Agora, supondo que a Crimeia (ou mesmo partes orientais e do litoral que nunca foram parte da histórica Ucrânia de proximidade cultural com Polônia) saia mesmo da Ucrânia, e que não haja reação por medo de guerra, o que acontecerá é que aí sim a Rússia conviverá com um país hostil na fronteira ocidental.

      E não era essa a intenção com o patrocínio em 2004 e 2010 de Yanukovich.

  1. Os russos ficaram

    Os russos ficaram enlouquecidos com o tal telefonema do Obama. O caldeirão que estava quente, ferveu de vez e explodiu.

    Se antes era particularmente só a Criméia, agora até a Ucrânia (“ucrâniana”) entrou definitivamente no radar russo.

    Os russos estão 100% com Putin (graças a Obama). Ele despertou a “Mãe Russa”.

    Os ucrânianos sabem bem o que isso significa. Tanto é que os neo-nazis foram se esconder embaixo da cama e mandaram as mulheres para a linha de frente para pedir “Help” para o mundo ocidental.

    1. Upgrade!

      Lugar perfeito para um curso de aperfeiçoamento dos nossos ‘black blocs’. Passagem só de ida!

      Iriam entender a realidade ‘in loco’ e ao vivo, com possibilidade de participar!

  2. Gostaria de ouvir a opinião

    Gostaria de ouvir a opinião do governo de Israel sobre a parceria EUA/Neonazistas na Ucrânia…

    E o holocausto?

    1. Não só opinião de governos

      Mas as avaliações da mídia internacional. Teríamos que pesquisar nos sites de The Guardian e Le Monde, por exemplo.

      Eu acho que essa participação de neonazistas está sendo inflada para fins de propaganda anti-ocidente. Tenho ficado com a impressão de que há até uma ‘torcida’ para que alguma desgraça aconteça só para corroborar essa ‘preocupação’.

      (E algo como 200 mil judeus já emigraram para Israel nos últimos 20 anos, inclusive ajudando ao crescimento da direita nesse país.)

      Mas o Svoboda já tem 37 assentos (uns 10%) o que não é muito diferente de ‘Aurora Dourada’ (Grécia) e outros partidos na Hungria, Áustria, Holanda e Noruega. Deverá apoiar uma candidatura pró-Ocidental em maio, mas será subordinado a interesses, não o subordinador.

      De qualquer modo, esse não é o argumento usado pela Rússia, que fala em ‘interesses russos e russos étnicos, argumento esse que é muito frágil por sua vez, pois interesses geoestratégicos (evitar uma associação à OTAN?) não é justificativa para invasão, e não tem havido ameaças a russos étnicos, além do ex-presidente, claro.

      E, considerando várias posturas da Rússia, como restrições a imprensa e manifestações, não será esse país apto a ficar apontando o dedo para regimes ‘de direita’.

      O que a Rússia não queria, parece, e isso vem desde 2004 pelo menos, é que a Ucrânia reforce laços comerciais com a UE e que se afiliasse à OTAN.

      Mas vai, com tudo isso, conseguir o que não queria. 

      1. é difícil dizer que essa

        é difícil dizer que essa participação está sendo “inflada”, pois qualquer espectador externo fica extremamente preocupado quando vê uma tal informação e justamente vai atrás disso, não se trata de uma “campanha”.

        E não há dúvidas de que a ultra-direita tem uma presença clara nesse processo, se não com quantidade de membros, com a sua aceitação e tolerância em meio aos demais manifestantes e insurgentes com posições políticas não tão definidas. Há diversos relatos de setores da esquerda que foram escorraçados nas ruas apenas por aparecerem com suas identificações ideológicas em público.

        aqui um relato em inglês produzido por ucranianos anarquistas, para dar o contraponto da questão e uma análise da participação da extrema-direita: (publicada no dia 24/fev, antes da invasão russa)

        http://avtonomia.net/2014/02/27/fifty-shades-brown/

      2. “Eu acho que essa

        “Eu acho que essa participação de neonazistas está sendo inflada para fins de propaganda anti-ocidente”:

        Se fosse neonazismo antisemita “natural”, Israel ja teria se pronunciado, eles sao cricris a respeito disso.

        Se nao disse nada ate agora, eh porque ele foi plantado na Ukrania.  E nao foi por forcas “anti-ocidente”.

        1. Sobre isso de algo ser plantado

          note-se o que se fala de manifs pelo Brasil, como as de 2013, e o que é real e preocupante versus o que é divulgado por mídias e “lados”.

           

      3. Inflada?

        Inflada pela própria midia ocidental que com rarissímas exceções é contra a Russia e a favor da aproximação da Ucrania à UE?

    2. O governo de Israel alertou

      O governo de Israel alertou oficialmente os judeus –  nacionais ou não – residentes na Ucrania para se acautelarem face à maciça atuação de grupos paramilitares neonazista. O Gunter ainda acredita em contos da carochinha.

  3. Pragmatico!

    Vladimir Putin não joga poquer e já mandou aviso disso (a Siria saiu das machetes). Gosto do seu estilo direto, pragmatico, pratico, defendendo seu pais e sua gente!

    O cidadão é curto e grosso e age como deve agir o lider de uma potência como a Russia. Tenho certeza que se continuar essas ingerências ocidentais em zona de dominio do Kremlin o mundo vai ter problemas! Passam pela Ucrania importantes oleodutos e gasodutos, vitais pra a europa não congelar no inverno e pra Russia continuar desenvolvendo sua economia!

    É um senhor problema, pois se for necessario vai haver invasão militar sim! E aí…..?

    1. Bom, ao que parece…

      …esse estilo direto conseguirá manter a base de Sebastopol. Que já estava contratada até 2047.

      E empurrar de vez a Ucrânia para U.E. e OTAN, que é o que, parece, não queria.

      Será muito difícil que se eleja novamente um presidente russófono na Ucrânia. E mesmo partidos das regiões orientais poderão passar a ser ‘adesistas’.

      Os oleodutos continuarão passando pela Ucrânia, claro, pagando tarifas a um governo pró-EUA.

      E, entre outras coisas, economias como a França e Alemanha adiarão o desativamento de usinas nucleares e estimularão formas alternativas de obtenção de energia.

      A Rússia deixaria de ser considerada um fornecedor confiável. Deixar de participar no G-8 é irrelevante, claro, o ponto é que quase 60% das exportações da Rússia e boa parte das receitas do Estado russo são os impostos e lucros da exportação de hidrocarbonetos. 

      Talvez Putin tenha se precipitado, não tenha sido tão pragmático, e estejamos mais vendo uma Guerra de Teatro que um Teatro de Guerra.

      Mas vamos torcer pela paz, não?

      1. Prezado Gunter Zibel
        Nem só

        Prezado Gunter Zibel

        Nem só de jogadas geopolíticas ao estilo das cortes e nobreza das extintas  monarquias e impérios do século 19 europeus  (menos os Ingleses) , vivem os estados nações modernos .

        Recorde que todos os Ingleses consideravam uma guerra de brinquedo com a Alemanha de Hitler, à época . E não consideraram o fator orgulho -nacionalismo dos modernos estados nações pós queda das monarquias européias . E a Russia ainda é de alguma forma , uma superpotencia militar que está sofrendo tentativas de ataque  do seu orgulho como uma  nação importante do mundo (o segundo lugar também é honroso  e deve ser muito respeitado ) . A Rússia , junto com a China tem que ter um grande papel civilizatório no Mundo  , ao estilo Ocidental .

        E quanto as relações bilaterais Rússia Alemanha( -Gazprom -),penso que o interesse alemão é um compromisso de Honra  , pela entrega do lado oriental da alemanha , sem maiores custos, pós 1989 pelo desastrado Gorbachov (razão do golpe de estado que sofreu ?).

        Acho que o Problema Ucraniano parece ser a sua postulação para entrar militarmente na OTAN .E não os muito bem vindos tratados comerciais bilaterais e trilaterais (envolvendo também  a CEI, como deveria ser em um proceso de distenção civilizatório para com a Euro Asia) .

        E a entrada açodada e precipitada da Ucrania na OTAN , apesar de simbólica e aparentemente sem nenhuma importancia para a CEE ou Otan -Usa , pode-se constituir em uma percepção de humilhação À Rússia (as suas FAs ) .Lembre-se que foram eventos parecidos que levaram a ascenção do Demoníaco Nacionalismo vingativo, na alemanha  , na década de 30 do século 20.(Nazismo =Nacional Socialismo)

        Resumindo :Acho que a Ucrania na OTAN , só quando a própria Rússia também for convidada a participarda mesma  …..

      2. Utopia

        O governo da Crimeia ja vinha silazindando cancelar a autorização de 2017, não iriam se estender.

         

        Falar que alguns países vão gerar forma alternativa de energia é utopia, utopia cara, demorada e insuficiente para cobrir toda demada, ainda mais para uma UE em crise.

         

        Russia sair do G-8 é outra utopia que nunca irá acontecer. Se a logica fosse verdadeira USA já estaria fora levando em conta as vezes que foi contra a orientação desses orgãos.

  4. 1071 comentários e contando
    Ukraine protestA Ukrainian soldier asks Russian soldiers to go move away from a Ukrainian military base in Balaklava, Crimea on Saturday.A wounded pro-Western activist sits after clashes with pro-Russia activists at the local administration building in the northeastern city of Kharkiv on Saturday.Armed servicemen wait in Russian army vehiclesUkraine protestA Ukrainian soldier asks Russian soldiers to go move away from a Ukrainian military base in Balaklava, Crimea on Saturday.A wounded pro-Western activist sits after clashes with pro-Russia activists at the local administration building in the northeastern city of Kharkiv on Saturday.Armed servicemen wait in Russian army vehiclesUkraine protestA Ukrainian soldier asks Russian soldiers to go move away from a Ukrainian military base in Balaklava, Crimea on Saturday.Back Pause Forward

    Ukraine PM warns of war as Russian military seizes control in Crimea

    • Kiev puts armed forces on full combat alert
    • Putin and Obama hold 90-minute call over crisis
    • UN security council meets for emergency talks1071 commentsUkraine forces on combat alert as UN meetsRussian parliament approves troop deploymentUS warns Moscow over military interventionCrimea’s Putin supporters prepare to welcome advance

     

    1. O que aconteceu hoje

      é que o plebiscito de 25/maio sobre autodeterminação da Crimeia foi antecipado para 30 de março.

      Interessante o que Yatseniuk diz, que poderia romper relações com Rússia (o que afeta oleodutos, supõe-se.)

       

      1. Ameaças

        http://www.globalresearch.ca/ukraine-and-the-politics-of-anti-semitism-west-upholds-neo-nazi-repression-of-ukraines-jewish-community/5370790

        The US and the EU are supporting the formation of a coalition government integrated by Neo-Nazis which are directly involved in the repression of the Ukrainian Jewish community.

        There are about 200,000 Jews living in Ukraine, most of them in Kiev. This community is described as “one of the most vibrant Jewish communities in the world, with dozens of active Jewish organizations and institutions”. A significant part of this community is made up of family members of holocaust survivors. “Three million Ukrainians were murdered by the Nazis during their occupation of Ukraine, including 900,000 Jews.” (indybay.org, January 29, 2014).

        Ukrainian Jews were the target of the Third Reich’s Einsatzgruppen (Task Groups or Deployment Groups) which were supported by Ukrainian Nazi collaborators (Wikipedia). These “task forces” were paramilitary death squads deployed in occupied territories.

        Source: Dennis Nilsson wikimedia.org

        Contemporary Neo-Nazi Threat against Ukraine’s Jewish community

        While the Western media has not covered the issue, the contemporary Neo-Nazi threat against the Jewish community in the Ukraine is real. Ukrainian Neo-Nazis pay tribute to Stepan Bandera, a World War II-era Nazi collaborator who led the pro-Nazi Organization of Ukrainian Nationalists (OUN-B). The contemporary Neo-Nazi Svoboda Party which is supported by Washington follows in the footsteps of the OUN-B.

        Reuters / Gleb Garanich

        Neo-Nazis Honoring Stepan Bandera

        Reports from Kiev confirm that the Jewish community is the target of the Right Sector and the Neo-Nazi Svoboda party, which is supported and financed through various channels by Washington and Brussels:

        “Ukrainian Rabbi Moshe Reuven Azman asked Kiev Jews to leave the city and, if possible, the country, due to fears that Jews might be targeted [by Svoboda Brown Shirts] in the ongoing chaos. … Some Jewish shops have been vandalized and other threats to the Jewish community have been received.

        “I told my congregation to leave the city center or the city all together and if possible the country too… I don’t want to tempt fate…but there are constant warnings concerning intentions to attack Jewish institutions,” Rabbi Azman told Maariv. (JN, February 24, 2014)

        The leaders of the Ukrainian Jewish Community contacted Israel’s Foreign Minister Avigdor Lieberman requesting the assistance of Israel. (Edward Dolinsky, head of the umbrella organization of Ukraine’s Jews).

        Israel –which is unofficially a member of the Western military alliance (US-NATO-Israel)– has remained mum on the subject: Real Politik Uber Alles. No statement has emanated from Tel Aviv. The Israeli government has not responded to the request of the Ukrainian Jewish Community nor has it made any statements.

        America’s pro-Israeli lobby The American Israel Public Affairs Committee (AIPAC) has not taken a stance on the issue. Not a word from Israel’s Prime Minister Netanyahu.

        The Western Media: Talking about the Neo-Nazi Threat to Ukraine’s Jewish Community is Taboo

        Within the Western media, news coverage of the Neo-Nazi threat to the Jewish community in Ukraine is a taboo. There is a complete media blackout: confirmed by Google News search, mainstream coverage of the threat to the Jewish community in Ukraine is virtually absent.

        An article in the current issue of The New York Review of Books constitutes the pinnacle of falsehood and media distortion. The Jewish community in Ukraine is portrayed as an unbending supporter of the Maidan protest movement led by Right Sector Neo-Nazis:

        The protesters represent every group of Ukrainian citizens: Russian speakers and Ukrainian speakers (although most Ukrainians are bilingual), people from the cities and the countryside, people from all regions of the country, members of all political parties, the young and the old, Christians, Muslims, and Jews. Every major Christian denomination is represented by believers and most of them by clergy. The Crimean Tatars march in impressive numbers, and Jewish leaders have made a point of supporting the movement.

        In its broader coverage of the Ukraine “protest movement”, the Western media has failed to acknowledge the nature of the opposition, casually referring to “radical elements”.

        What is not mentioned is that these “radical elements” supported and financed by the West are Neo-Nazis who are waging a hate campaign against Ukraine’s Jewish community.

        Reunion of SS and UPA Nazi collaborators and their supporters in 2006 in the Ukraine. Civilisation Ukrainian-Style: Vandalising the Memorials to the Soldiers of the Anti-Hitler Coalition

        http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-4452331,00.html

        http://02varvara.wordpress.com/2008/11/28/civilisation-ukrainian-style-vandalising-the-memorials-to-the-soldiers-of-the-anti-hitler-coalition/

      2. “… o que afeta oleodutos, supõe-se”.

        A entrada em operação do gasoduto Nord Stream em dezembro passado:

        http://www.nord-stream.com/press-info/press-releases/nord-stream-final-load-test-successfully-completed-445/

        O principal cliente do gás russo, a Alemanha, está conectado diretamente com a Rússia, sem necessitar da passagem por nenhum outro país. Se a Ucrânia cortar a passagem dos gasodutos que atravessam seu território, o maior prejudicado será ela própria, que ficará sem energia. 

  5. A Russia não está nem ai pro resto

    A Russia, interessa mais a Crimeia, se tiver que escolher será mais ali.

    La tem a base naval onde esta grande parte da frota maritima, ponto estratégico de ataque e defesa, um dos poucos lugares do mar da russia que não congela em alguma parte do ano.

    Lá estava a esperança da Ucrania ter gas e ser menos dependente da Russia.

    As fabricas e industrias principais dicam no lado mais pro Russia e são dependentes deles para produzir.

     

    A Russia ficará com a Crimeia, imporá bloqueios que vão estrangular a economia e a industria da Ucrania e na próxima eleição, se a direita facista, golpista, ganhar estarão enfraquecidos e certamente irão perder.

    A Russia ira sair com o que quer, fara o que quiser com a Economia da Ucrania e cedo ou tarde tera influencia lá novamente.

     

    Se a coisa fugir disso, Alguma coisa ira acontecer, um atk da Ucrania ou mesmo uma simulação, uma resposta militar da Russia, o silencio da Otan, Onu e USA e o povo de kiev se tocando que ninguém ira ajuda-los e entrar para UE é um sonho que nunca irá se realizar.

  6. EUA versus Rússia: O ativismo de sofá e a perdição da Ucrânia

    http://networkedblogs.com/Ukp3g

    Por Raphael Tsavkko Garcia

    Algo que começa a encher o saco é gente que não entende NADA do que acontece na Ucrânia  querer dar aula ou lição. Pior ainda é quando querem impor uma dicotomia que nos lembra os anos 60, de “imperialismo malvado” dos EUA versus “bom comunismo” da Rússia, levando em conta que Putin é nada além de fascista;

    Não, o inimigo do meu inimigo não é meu amigo. 

    A Rússia tão somente age na Ucrânia para manter sua área de influência e acima de tudo sua importantíssima base militar na Criméia. E, claro, tenta evitar que a Ucrânia entre para a área de influência da UE/EUA, ou ao menos parte dela. 

    Nada além de jogo de interesses. Realpolitik de potências.

    Relembrem o papel da Rússia na Chechênia e no resto do Cáucaso. Se temos um imenso crescimento do fundamentalismo por lá dê graças às políticas russas contra o separatismo local que era originalmente laico e foi se radicalizando à medida que era reprimido e após duas guerras. Mas para defender o “nacionalismo” dentro do seio de nações inimigas a Rússia é uma mãe, vide Abkhazia e Ossétia do Sul. A Geórgia se aproximou do “ocidente”, logo, teve de ser castigada.

    O mesmo está acontecendo na Ucrânia. Se aproximam do ocidente, logo, é castigada.

    É lógico que os EUA e a UE tem interesse e mesmo podem financiar/apoiar alguns grupos revoltosos, mas não nos esqueçamos, este é o argumento de muitos petistas para atacar os protestos nas ruas do Brasil. Argumentos que viraram capa de jornais, aliás. Não acreditem em tudo que lhes chega pelo jornal.

    Forçar a escolha entre o imperialismo americano e o imperialismo russo é uma estupidez inominável. 

    Os EUA são o câncer do mundo, assim como a China o é para os países que vivem em sua órbita ou a Rússia o é para os países em mesma situação. Experimentem defender a Rússia na região Báltica. Ou a China no Tibete, em Taiwan… Não há “Estado bonzinho”, há realpolitik e estratégia.

    Em tempo, não há sequer consenso sobre o papel e importância de grupos fascistas entre aqueles que derrubaram o governo. 

    Sobre o papel da extrema-direita nos protestos, recomendo a leitura deste post do Global Voices.

    Em tempo 2: Você pode sim “escolher” a Rússia e, do seu sofá, achar que é o melhor pra Ucrânia – assim como pode fazer o mesmo escolhendo os EUA -, pois no fim quem vai sofrer é a Ucrânia, não quem está na frente do computador fazendo as vezes de oráculo da revolução. Se você NÃO entender do assunto, não parou um segundo para ler e entender, só pensa com o fígado ou vive nos anos 60 da Guerra Fria, melhor ficar calado.

    Mas, se escolher um lado, esteja preparado para depois defender as consequências. A luta das esquerdas não deve ser contra um imperialismo para que outro assuma e sim contra todas as formas de imperialismo.

    1. Fascistas compõem o novo governo “democrático” da Ucrânia

      Não se trata de posicionar pelo imperialismo A ou B, trata-se de opor ao renascimento do fascismo na Europa. Vários ministros do novo gabinete ucraniano pertencem ao partido Svoboda, que incluem um dos Vice Primeiro Ministro, além do comando – Pasmem! – das forças armadas. Isso mesmo, os fascistas estão no comando das forças armadas ucranianas. Há razões de sobra para a esquerda denunciar o processo na Ucrânia como golpe:

      http://www.rferl.org/content/ukraine-whos-who-cabinet/25279592.html

      1. Certissimo Almeida

        Quem pensa o contrário é gente que na maioria das vezes é jornalista, doutor de comunicação que acusa quem “defende” a Rússia e critica os golpistas na Ucrânia de gente que não entende do que fala.

        Usam um discurso utópico de que não tem que ter guerra, mas no fundo são uns hipócritas que defender o modelo americano.

        O Ocidente foi pretencioso querendo intervir na Ucrânia como todos nós sabemos que eles fazem, quem duvida recomendo livro de  Fernando Morais “Os últimos soldados da guerra fria” que embora fale sobre guerra fria revela um conjunto de ações praticados até hoje pelos USA.

        Estão apoiando fascistas com viés econômico e geopolítico sobre a Ucrânia, a guerra nunca é certa, mas nessa história a Rússia está correta e tenho para mim que irá resolver a situação sem grande uso de força, a não ser por provocação dos fascistas.

    2. Virou moda opnião contrária não entender nada!

      Santo é o USA né, invandiondo e devastando tudo, apoiando e financiando ditaduras ao logno da história, inclusive em toda america latina.

      Ridiculo, literalmente ignorante é quem pensa que quem “defende” a Russia é o comunista é bonzinho e USA os malvados, não tem bom nessa história, existe somente uns grande puxa saco, daqueles que se tirar foto sai pendurando no saco dos Estados Unidos.

      Gente hipocrita, que quer tratar de expor e descontruir a Russia, mas quando USA age igual ficam em silencio.

      Usam suas teorias crétinas para criticar a Russia, defender o USA, e sabe-se lá de que jeito botam o PT no meio, dai no final pagam de santo e dizem que a luta tem que ser contra qualquer sistema de imperialismos ou imposição, oras! passam o texto todo criticando Russia, acusando o PT, descontruindo e taxando de “gente que não entende NADA do que acontece na Ucrânia” quem pensa contra e no final paga de santo, dai já não sei se é ignorancia, má fé ou burrice mesmo.

      E outra, convenhamos amigo, pegar opinião de geopolitica e assuntos internacionais com blogueiro com formação em jornalismo e comunicação como Raphael Tsavkko Garcia e tão confiavel como acreditar na opinião de mercado do Diogo Mainardi x a Luiza.

       

      Minhas opiniõe são com base em estudo de geopolitica, inumeras palestra na FFLCH, professsores conhecedores do assunto nesse Brasil afora como  José William, André Roberto Martin, Alexander Dugin, Elias Alves, Roberto Leiser Baronas, não com base em blogueiros e jornalistas que pensam enteder alguma coisa, escrevem de forma politica e defendendo seus interesses.

      A Russia fara o que quiser, assim como USA sempre faz, não acontecerá nada com ela, e qualquer tentativa de diminuir o consumo de gás acarretará mais prejuizo a quem o fizer do que a Russia, que como sempre se manterá firme e será o que quiser ser.

       

      Ditadores, facistas são todos eles!

      Agora querer descontruir a Russia, engrandecer UE, Otan, USA já é conversa pra boi dormir e texto pra retrogrado ler.

      Definir quem pensa contrario como vivendo na decada passada e comunista é mais ridiculo ainda, fato é que esse texto está defesado, irreal, utopico e sem nenhuma condição de servir de base para nenhum tipo de conversa sobre o assunto, ainda mais pela falta de opiniões e fatos de gente que entende da coisa, não de blogueiro, jornalista, que analisa a coisa com ponto de vista sociologico, geografico, geopolitico nenhum e ainda por cima com viés partidário.

  7. Gunter, duas novas
    Gunter, duas novas informações para ajudar na analise: um governador pró-russo já renunciou para ser candidato nas eleições ucranianas de maio. Isso mostra que Moscou quer derrubar a oposição novamente no voto ou marcar posição se isso não for possível por causa do clima eleitoral ou fraude.
    A ocupação da Criméia e o movimento por sua independência são então apenas forma de evitar forte repressão do novo governo, em especial os pró-nazistas que já estavam com paramilitares indo para lá.
    A Criméia é territorialmente menor e sem nenhum gasoduto, mas concentra 60% da economia da Ucrânia. A separação terminará de destruir o país e por isso deve ser vista como um trunfo da Rússia e não o seu objetivo.
    Por fim, foi noticiada uma gigantesca manifestação popular na capital contra os nazistas, ou melhor, contra sua hegemonia no novo governo. Se for verdade isso significa que os embates internos do governo interino vão se agravar e desestabilizar de vez o pais, facilitando a intervenção russa, que pa ece estar sempre um passo à frente e não atrás como se poderia imaginar.

    1. Não necessariamente o eleitorado russófono

      apoiará candidatos russófonos.

      Uma parte do eleitorado do leste ucraniano pode gostar da ideia de que o país mude de esfera de influência.

      E em 2004 foi o candidato russófono, o mesmo Yanukovich, o acusado de fraude.

      Isso se houver eleições, né? 

      1. As últimas eleições mostram
        As últimas eleições mostram uma pequena mas consistente maioria pró-Rússia na Ucrânia. O fato e que os russófonos tendem a buscar a via democrática, se for mesmo sberta, e o povo em geral não parece apoiar uma aventura nazista e nem a lide da oposição que estava presa por corrupção.

    1. Eu não gosto mesmo de xadrez, Mário

      Apenas sei as regras.

      E, aparentemente, Putin não antecipou jogadas.

      Mas, você poderia apontar os pontos nas análises, quer seja a do texto quer seja a do Tsavkko (pus o link ontem) que julgaria inapropriados?

      1. No xadrez, caro Gunter, o

        No xadrez, caro Gunter, o domínio do tabuleiro é importante. Tanto quanto as peças que vc tem nele. Os russos já estão na Criméia ( e faz tempo). Tem uma frota e tropas que não precisam ser deslocadas. Aliás, a Criméia sempre foi russa e só cedida à Ucrania em 1954, quando ainda existia a União Soviética. Por isso, seus habitantes, com toda razão, se consideram russos. Conta nesse sentimento a identificação histórica, a luta contra o nazismo, a resistência heroica em Sebastopol, um dos marcos da “Gran Guerra Patria”, como lá é conhecida a segunda grande guerra. Aliás esse sentimento é compartilhado por muitos ucranianos. Não foi à toa que essa gente venceu o plesbicito para se alinhar ou não com a UE. Plesbicito que os outros (mistura de maidan e coxinhas ucranianos) com ajuda de occidente tentaram desconhecer, mudando as regras do jogo com essas manifestações. É verdade que conseguiram mas isto sim é vitória de Pirro. Por que? Porque a Ucrania sem a ajuda russa está só. Ou vc vai me dizer que a UE, esse arremedo de liga das nações, vai por o ombro? Será que a Alemanha, cansada de estar segurando o rojão da crise capitalista, vai topar se envolver numa ajudazinha de bilhões de dólares, de euros? Que a França, com água até o pescoço, vai dar uma mãozinha? O Reino Unido? Sobram então os norteamericanos e aqui entre nós no os vejo muito entusiasmados. Como vc pode ver, a Ucrania (sem a Criméia)  é neste momento uma peça do xadrez inútil.

        E se a Russia decidir intervir (coisa que eu duvido) o que fará Obama? Enviará tropas sozinho, sem aliados? Quanto tempo esses aliados levarão para responder? Estará Obama disposto a atravessar o Rubicão, visto que agora não enfrentará afegãos (que mesmo em condição de inferioridade estão dando um sacode nos marines) e, sim, uma máquina militar à altura?

        Do meu ponto de vista, o tabuleiro e as peças que nele estão indicam que a vantagem é toda russa. E é disso que estava falando.

  8. Ucrânia: laços indiscretos

    Ucrânia: laços indiscretos entre EUA e neo-nazista

    Por Max Blumenthal

    OUTRAS PALAVRAS – 25/02/20152

    Politicas abertamente pró-nazistas do Svoboda não impediram senador americano John McCain de falar num comício do partido; nem evitaram que a secretária-assistente do Estado, Victoria Nuland, desfrutasse um encontro amigável com líder da agremiação

    Obcecada com vitória geopolítica na Europa Oriental, Washington envolveu-se com grupos que defendem “supremacia branca” e atacam comunistas, anarquistas e judeus

    Por Max Blumenthal, no Alternet | Tradução Cauê Seignemartin Ameni

    Quando os protestos na capital da Ucrânia chegaram a um desfecho, este fim-de-semana, as demonstrações de extremistas fascistas e neo-nazistas assumidos tornaram-se evidentes demais para serem ignoradas. Desde o início dos protestos, quando manifestantes lotaram a praça central para combater a polícia ucraniana e exigir a expulsão do corrupto presidente pró-russia Viktor Yanukovich, as ruas estavam cheias de pelotões de extrema-direita, prometendo defender a pureza étnica de seu país.

    Bâners dos partidários da “supremacia branca” e bandeiras dos confederados norte-americanos [escravocratas] foram fixadas dentro da prefeitura de Kiev ocupada. Manifestantes içaram bandeiras da SS nazista e símbolos do poder branco sobre a estátua tombada de Lenin. Depois que Yanukovich fugiu do palácio estatal de helicóptero, os manifestantes destruíram a estátua dos ucranianos que morreram lutando contra a ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Saudações nazistas e o símbolo do Wolfsangel tornaram-se cada vez mais comuns na praça Maiden. Forças neo-nazi estableceram “zonas autonômas” em torno de Kiev.

    Um grupo anarquista chamado União Ucraniana Antifascista tentou juntar-se aos manifestantes de Maiden, mas encontrou dificuldades, com ameaças de violência das gangs neo-nazis itinerantes da praça. “Eles disseram que os anarquistas são gente como judeus, pretos e comunistas. E nem havia comunistas entre nós, foi um insulto”, ”, disse um integrante do grupo.

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    “Está cheio de nacionalistas aqui — incluindo nazistas”, continuou o antifascista. “Eles vieram de toda Ucrânia, e são cerca de 30% dos manifestantes.”

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    Um dos “três grandes” partidos políticos por detrás dos protestos é o ultra-nacionalista Svoboda, liderado por Oleh Tyahnybok, que clama pela “libertação” de seu país da “máfia judaico-moscovita”. Após a condenação, em 2010, de John Demjanjuk, um vigilante dos campos de extermínio que teria participado da morte de 30 mil pessoas no campo de extermínio nazista de Sobibor, Tyahnybok propôs à Alemanha  declará-lo um herói que “lutou pela verdade”. No parlamento ucraniano, onde o Svoboda detém inéditos 37 assentos, o vice de Tyahnybok, Yuiy Mykhalchyshyn, cita com frequência Joseph Hoebbels. Ele próprio fundou um thinktank originalmente chamado de Centro de Pesquisa Política Goebbels. Segundo Per Anders Rudling, acadêmico especialista em movimentos neofascista na Europa, o auto-intitulado “nacional socialista” Mykhalchyshyn é o principal elo entre a ala oficial do partido Svoboda e as milícias neonazistas, como o Right Sector.

    Right Sector é um grupo nebuloso, que se auto-intitula “nacionalista autônomo”. Seus membros são identificados pelo jeito skinhead de trajar, estilo de vida ascético e fascínio pela violência nas ruas. Armado com escudos e porretes, o grupo ocupou as linhas de frente das batalhas nas manifestações deste mês, enchendo o ar com seu tradicional canto: “A Ucrânia, acima de tudo!”. Em um vídeo-propaganda recente [veja abaixo], o grupo prometeu lutar “contra a degeneração e o liberalismo totalitário, pela tradição moral nacional e os valores familiares.” Com o Svoboda ligado a uma constelação de partidos neofascistas internacionais por meio da Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus, o Right Sector promete levar seu exército de jovens desiludidos a “uma grande Reconquista Europeia”.

    As políticas abertamente pró-nazistas do Svoboda não impediram o senador americano John McCain, de falar num comício do partido, ao lado de Tyahnybok; nem evitaram que a secretária-assistente do Estado, Victoria Nuland, desfrutasse de um encontro amigável com o líder do Svoboda, em fevereiro. Ansioso por se defender de acusações de anti-semitismo, o dirigente hospedou recentemente o embaixador israelense da Ucrânia. “Eu gostaria de pedir aos israelenses que respeitassem também nossos sentimentos patriotas”, Tyahnybok observou. “Provavelmente, todos os partidos do Knesset [parlamento de Israel] são nacionalistas. Com a ajuda de Deus, deixe-nos ser assim também.”

    Numa conversa telefônica vazada com o embaixador dos EUA na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, Nuland revelou seu desejo de que Tyahnybok permaneça “do lado de fora”, mas que se consulte com Arseniy Yatsenyuk, o preferido dos EUA para substituir Yanukovich, “quatro vezes por semana.” Em 5 de dezembro de 2013, na Conferência da Fundação EUA-Ucrânia, Nuland destacou que Washington havia investido 5 bilhões de dólares para “desenvolver habilidades e instituições democráticas” na Ucrânia, embora não tenha acrescentado nenhum detalhe.

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    “O movimento da praça Maiden incorporou os princípios e valores que são os pilares de todas as democracias livres”, proclamou Nuland.

    Duas semanas depois, 15 mil membros do Svoboda realizaram uma cerimônia com tochas na cidade de Lviv, em homenagem a Stepan Bandera, colaborador nazista da Segunda Guerra Mundial e então líder da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN-B), pró-fascista. Lviv tornou-se o epicentro das atividades neo-fascistas na Ucrânia, com os dirigentes eleitos do Svoboda liderando uma campanha para renomear o aeroporto (em homenagem ao líder fascista) e a antiga Praça da Paz. Isso, eles já conseguiram. Ela honra, agora, o Batalhão Nachtigall, rememorando um grupo, ligado à OUN-B, que participou diretamente do Holocausto. “Paz’ é um resquício dos estereótipos soviéticos”, explicou um deputado do Svoboda.

    Reverenciado pelos nacionalistas ucranianos como legendário lutador da liberdade, a verdadeira história de Bandera foi infame, na melhor das hipóteses. Depois de participar da campanha para assassinar ucranianos que defendiam a pacificação com os poloneses, durante a década de 1930, as forças de Bandera determinaram-se a  limpar etnicamente a Ucrânia ocidental dos poloneses, entre 1943 e 1944. No processo, mataram mais de 90 mil poloneses e muitos judeus, a quem o seguidor  mais destacado de Banderas, o “primeiro ministro” Yaroslav Stetsko, estava determinado a exterminar. Bandera aferrou-se à ideologia fascista mesmo nos anos do pós-guerra, defendendo uma Europa etnicamente pura e totalitária, enquanto o Exército Insurgente Ucraniano (UPA), ligado a ele, travava uma luta armada sem futuro contra a União Soviética. O banho de sangue só cessou quando agentes da KGB o assassinaram em Munique, em 1959.

    As conexões da Direita

    Muitos membros sobreviventes da OUN-B fugiram para a Europa Ocidental e para os EUA – por vezes, com ajuda da CIA –, onde forjaram silenciosamente alianças políticas com elementos da direita. “Você tem que entender, nós somos uma organização subterrânea. Nós passamos anos em silêncio, alcançando posições de influência”, disse um membro ao jornalista Russ Bellant, que documentou o ressurgimento do grupo nos Estados Unidos, em seu livro de 1988, Velhos nazistas, Nova Direita, e o Partido Republicano.

    Em Washington, a OUN-B reconstitui-se sob a bandeira do Comitê do Congresso Ucraniano para os EUA [Ukrainian Congress Committee of America (UCCA)], uma organização composta por “frentes 100% OUN-B”, segundo Bellant. Em meados da década de 1980, o governo Reagan ligou-se a membros da UCCA. O líder do grupo, Lev Dobriansky, serviu como embaixador nas Bahamas, e sua filha, Paula, teve um posto no Conselho de Segurança Nacional. Reagan recebeu pessoalmente Stetsko, o líder banderista que supervisionou o massacre de 7 mil judeus em Lviv, na Casa Branca, em 1983.

    “Seus problemas são nossos problemas”, disse Reagan para o colaborador nazista. “Seu sonho é o nosso sonho.”

    Em 1985, quando o Departamento de Justiça lançou a cruzada para capturar e processar os criminosos de guerra nazistas, a UCCA agiu rapidamente, pressionando o Congresso a travar a inciativa. “A UCCA também tem desempenhado um papel de liderança na oposição de investigações federais dos supostos criminosos de guerra nazistas, desde o início da relação entre as entidades, no final dos anos 1970″, escreveu Bellant. “Alguns membros da UCCA têm muitas razões para se preocupar. Elas remontam a 1930.”

    Ainda hoje uma força lobista ativa e influente em Washington, a UCCA não parece ter abandonado sua reverência pelo nacionalismo banderista. Em 2009, no 50º aniversário da morte de Bandera, o grupo proclamou-o “um símbolo de força e justiça para seus seguidores”, que “continua inspirando a Ucrânia hoje em dia”. Um ano depois, o grupo homenageou o 60º aniversário da morte de Roman Shukhevych, o comandante do Batalhão Nachtigall da OUN-B, que massacrou judeus em Lviv e Belarus, chamando-o de “herói” que “lutou pela honra e justiça…”

    De volta a Kiev em 2010, o então presidente Viktor Yuschenko concedeu a Bandera o título de “Herói Nacional da Ucrânia”, marcando o ponto culminante dos seus esforços para construir uma narrativa nacional anti-russa capaz de “higienizar” o fascismo da OUN-B. (A esposa de Yuschenko, Katherine Chumachenko, atuou no governo Reagan e foi ex-funcionária da Heritage Foundation, claramente identificada com a direita “neoconservadora”). Quando o Parlamento Europeu condenou a proclamação de Yuschenko como uma afronta aos “valores europeus”, a afiliação ucraniana da UCCA no Congresso Mundial reagiu com indignação, acusando a UE de “reescrever a história da Ucrânia na Segunda Guerra Mundial”. Em seu site, a UCCA tentou rotular os registros históricos da colaboração de Bandera com os nazistas como “propaganda soviética”.

    Após a derrubada de Yanukovich neste mês, a UCCA ajudou a organizar comícios em todas as cidades dos EUA, em apoio aos manifestantes. Quando centenas destes marchavam pelo centro de Chicago, alguns agitavam bandeiras da Ucrânia, enquanto outros orgulhosamente carregavam as bandeiras vermelhas e pretas da UPA e OUN-B. “Os EUA apoiam a Ucrânia!” eles gritavam.

  9. Não adianta analisar de forma utopica.

    Não adianta analisar de forma utópica.

    Obvio que no país perfeito não deveria existir guerra e intervenção de outros países, fato notório e sociológico é que isso não irá acontecer na Ucrânia, quem prega isso, dizendo que quem emitir opinião a favor da Rússia, USA ou EU é “sem noção ou sem conhecimento de causa”, na maioria das vezes são hipócritas que quando USA ou EU fazem suas aprontas pelo mundo não comentam nada, ficam mudo, em silencio e agora vem com tons de salvadores e defensores da oral e bom costume.

    Fato é que a Crimeia tem poços para gás natural, Tem a base de sebastpol, a parte pró Rússia é onde concentra grande parte das industrias (que são abastecidas com combustível da Rússia), sem contar o fato do gás que vai para U.E passar por lá.

    Obvio também que por essas questões a U.E e USA queriam influenciar a Ucrânia.

    O Fato é que não pode uma política americana dominar tudo, muito menos no quintal da Rússia, defender os americanos como o mais certinho, como muitos fazem e argumento, falando que o sistema deles é o melhor para o mundo é cretinice.

    Supor que a Rússia está fraca (economicamente) é mais sandice ainda, por acaso esses que argumentam isso falaram isso nas crises de emprego, bolsa, mercado imobiliário que USA passou? falaram isso no começo do ano quando USA diminuiu em mais de 50% o gasto com força militar?

    Temos muitos hipócritas defendendo uma versão utópica que nunca vira, e se passando de santo, argumentam com base na paz, mas no fundo usam isso como pano para defender a política americana e ainda tem a competência de, de algum modo, botar o PT e o governo do Brasil na patota toda, também esperar o que de texto de jornalista e doutores em comunicação comentando de geopolítica e geografia, são uns Mainardi x Luiza da vida.

    A Rússia não é atingível por ninguém. Fara o que quer, a nós cabe debater se USA ou Rússia, quem será o menos errado da história e debater o que poderia ser feito nos organismos internacionais para evitar a Ucrânia de se despedaçar.

    Pra mim será divisão, a Rússia está agindo de forma inteligente, vai tomar a Crimeia, como eu não acho eles são santos vai ficar por isso, mas creio que se a coisa ficar feia, a parte mais Russa da Ucrânia vai se separar e ficar igual uma coreia, com a diferença de que os hidrocarbonetos e industrias estarão do lado Russo, a parte que quer ir pra U.E ficara falida e sufocada.

    Por isso a preocupação e show nos organismos internacionais querendo a retirada das tropas Russas, porque se a Rússia fizer o que irá fazer, quem perde é o ocidente, e com razão, quem mandou querer se meter e influenciar na Ucrânia.

     

  10. Problemas

    Você afirma: “Se há um ‘sistema ideológico’ com chances de ser crescente no futuro próximo […] o ‘social-liberalismo’ típico dos ‘Democratas’ norte-americanos.” Por que democratas com aspas? Social-liberalismo, ainda mais típico dos democratas americanos. Não consigo nem vislumbrar isso! A única coisa que entendo que possa ser enquadrada nesta sua categoria é o chamado Obamacare. A deportação de imigrantes, bate recordes; o orçamento defesa continua lá em cima, e mais importante que tudo: não ter mexido na liberalização do sistema financeiro americano e fornecido trilhão de dólares para os bancos. Não existe nada mais antidemocrático hoje que o atual estagio do sistema financeiro. Aliás, ficou claro para aonde iria Obama ao designar lobos, alguns dos que havia sido centrais na desregulamentação do sistema financeiro para postos importantes do seu governo. Logo muito pouco de social consigo enxergar no atual governo democrata. Ou será que entendi erroneamente o que você chama por social-liberalismo?

    Você quis apontar com esse item que é melhor para o mundo que a Ucrânia se torne pró-ocidental e fique na esfera de influência dos EUA? E como você cncluiu que esse tal social-liberalismo tem tendência de longo prazo que a favorece nos EUA?

    Outro problema é quando afirma, “Ou seja, não interferir cabalmente na Criméia é a possibilidade que resta à Rússia para que a Ucrânia não se filie à OTAN.”. Você partiu do pressuposto que o item anterior estava resolvido, ou seja, que a votação na Criméia decidiria contrariamente aos que estão no poder.   Lendo os cometários, vi que você diz: “Será muito difícil que se eleja novamente um presidente russófono na Ucrânia. E mesmo partidos das regiões orientais poderão passar a ser ‘adesistas’.” Então por que defender que a Criméia não se torne indepente? Será que um contrato com a Ucrânia garante SEM DÚVIDA ALGUMA, a base de Sebastopol?

    1. Está com aspas por ser um nome próprio, de partido.

      E eu não quis apontar nada além do que acho provável que vá acontecer.

      Quem está defendendo que a Crimeia não se torne independente? Não eu. Leia de novo.

  11. O americano pouco está se

    O americano pouco está se lichando para a Ucrania, na verdade queria ferrar a Russia. Mas os Russos sabem o que é bom pra êles. O O epílogo vai ser o mesmo da Síria com uns tirinhos a mais ou a menos.

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