Anvisa e Butantã, duas instituições sob o fogo da baixa política, por Luis Nassif

Aí é uma pendência que será resolvida com a determinação do Ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, da Anvisa fornecer todos os dados em 48 horas.

No frigir dos ovos, o caso Anvisa-Butantã se resume ao seguinte.

Quando interromper os testes

A Anvisa seguiu os protocolos, ao suspender as pesquisas da Cinovac até esclarecer as circunstâncias da morte do voluntário dos testes. Sempre que ocorre um evento grave, este é o procedimento da parte da agência reguladora. O passo seguinte é submeter o caso a um comitê internacional que opinará sobre a continuidade ou não dos testes.

Quem interrompe os testes

Os titulares da pesquisa podem suspender espontaneamente os testes. Mas a palavra final sempre é da agência reguladora, partindo-se da lógica de que o dono da vacina é parte interessada.

Suicídio nada tem a ver com vacina?

Como lembrou o insuspeito Gonçalo Vecina, ex-presidente da Anvisa, quem pode assegurar que o impulso do suicídio não foi causado pela injeção da vacina? Seria um fenômeno raríssimo, mas é uma possibilidade. Daí a necessidade de uma análise acurada.

A questão política

Errou a Anvisa em não entender o jogo político em que se meteu. Se o Almirante que a preside tivesse um pouco mais de sensibilidade política teria entrado em contato com o Butantã e combinado uma nota conjunta sobre a suspensão dos testes. Mas, provavelmente, viu no episódio uma maneira de contentar o chefe, sem atropelar os protocolos, tendo o conforto do endosso da área técnica. Ainda mais em uma pasta em que o Ministro da Saúde se escondeu, depois de humilhado publicamente pelo presidente da República.

Por outro lado, a reação do Butantã e do Secretário de Saúde de São Paulo atendeu ao impulso político do lado do governador João Dória Jr. Partiram para a guerra. Ontem, repórteres falavam da avaliação de Dória, de que teria vencido a guerra da comunicação neste episódio.

O problema da comunicação

Diz o Butantã que o comunicado foi enviado no dia 6. Diz a Anvisa que os sistemas foram prejudicados pelo trabalho do hacker e ela só teve acesso aos dados no dia da divulgação. Como haviam se passado alguns dias, se apressou em suspender os testes rapidamente, para defesa dos voluntários. E, segundo a Anvisa, os dados do Butantã eram insuficientes. Segundo o Butantã, todas as informações estavam nos dados iniciais.

Aí é uma pendência que será resolvida com a determinação do Ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, da Anvisa fornecer todos os dados em 48 horas.

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. SP jogou uma linda casca de banana para os bananas ideológicos, que caíram bonitinho. Até o bananão-mor que se julga tão esperto cantou vitória. São extremamente previsíveis em sua estupidez, o que os torna presas fáceis para bombas semióticas como esta. A imagem do governo saiu ainda mais chamuscada com a afoiteza do marinheiro terraplanista e o chefe está puto de ter de reengolir as palavras. Aí corre a inventar um novo factoide, o da pólvora…

  2. A seguinte observação do artigo “Suicídio nada tem a ver com vacina?” é totalmente descabida e produto de falta de informação.
    O suicida era do grupo de controle via placebo, ou seja, a vacina não poderia ter causado nada porque ela NÃO ESTAVA SENDO APLICADA A ELE, seria melhor o autor se informar melhor antes de conjecturas.

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