Arthur Schopenhauer e o golpe de 2016

Durante os governos Lula e Dilma o Brasil cresceu moderadamente distribuindo renda. As forças armadas começaram a ser modernizadas e presença internacional do país também cresceu. Isto se deu tanto no plano comercial, à medida que novos mercados para os produtos brasileiros foram abertos, quando no plano político.

A imagem externa do nosso país se consolidou mediante a criação do G-20 (que esvaziou o G-7 + Rússia) e da oficialização dos BRICS. As disputas com os EUA na OMC também projetaram a imagem de um Brasil sério comprometido com as regras do capitalismo internacionalizado. A proposta conjunta apresentada com a Alemanha contra a espionagem massiva realizada por agências norte-americanas também fortaleceu a presença externa do nosso país.  

Em sua obra A arte de escrever (L&M Pocket, Porto Alegre, 2005, p. 127), Arthur Schopenhauer afirma que:

A tese acima transcrita não se ajusta à realidade brasileira atual. É bem verdade que a ignorância degradou os brasileiros ricos e super ricos (os protagonistas do golpe de 2016) transformando-os em gado da Embaixada dos EUA. Mas não é verdade que os brasileiros pobres substituíram o saber e o pensamento pelos trabalhos diários. Muito pelo contrário.  

O golpe de 2016, que baniu os operários do poder (revogando a soberania popular como fundamento do poder político) rapidamente destruiu todas as conquistas internacionais brasileiras auferidas durante os governos Lula e Dilma. Sob o governo dos operários, nosso país era um player respeitado. Sob Michel Temer, preposto dos banqueiros e industriais que foi enfiado na presidência mediante um ardil arquitetado dentro da Embaixada dos EUA, o Brasil voltou a ser uma nulidade, um pária entre as nações e um quintal para os experimentos financeiros norte-americanos.

A natureza vil do golpe fica bem evidente quando comparamos o profissionalismo e patriotismo de Celso Amorim e Antonio Patriota ao pratiotismo* e servilismo aos EUA de José Serra e Aloysio Nunes. Invadido durante as manifestações em favor do Impedimento mediante fraude de Dilma Rousseff, o Itamaraty foi destruído pelo usurpador Michel Temer. É óbvio que ele atendeu as demandas da Embaixada dos EUA durante o planejamento do golpe.  

O elitismo de Schopenhauer não o impediu de reconhecer os vícios de uma elite ociosa (inclusive da elite brasileira). Todavia, em razão de seus preconceitos senhoriais o filósofo alemão não foi capaz de reconhecer nem mesmo a possibilidade de virtude num governo de operários em benefício de todos os cidadãos (como ocorreu no Brasil de 2003 a 2016).

 

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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