Como convencer militares sobre a privatização da Eletrobras, por Luis Nassif

Na última sexta-feira, dia 01 de novembro, o Ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, decidiu prestar contas aos seus pares: palestrou no Clube Naval do Rio de Janeiro para presidentes de Clubes Militares das Três Forças e defender a privatização da Eletrobrás.

Na última sexta-feira, dia 01 de novembro, Dia de Todos os Santos, o Ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, decidiu prestar contas aos seus pares: palestrou no Clube Naval do Rio de Janeiro para presidentes de Clubes Militares das Três Forças e defender a privatização da Eletrobrás. Estavam presentes antigos comandantes da Marinha, o Secretário de Energia, o Diretor Geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo) e do Presidente da INB (Indústrias Nucleares do Brasil).

Depois de revelar a estrutura de funcionários do Ministério de Minas e Energia, 750 pessoas, Albuquerque embatucou em algumas questões básicas do setor. Admitiu não saber ao certo o que era cessão onerosa de petróleo.

Em seguida, abordou um tema controvertido, a capitalização da Eletrobrás. Não soube enumerar quais eram as subsidiárias da empresa, mencionou um número absurdo, de 40 empresas, confundindo subsidiárias controladas pela Eletrobrás com Sociedades de Propósito Específico, no qual a empresa detém participação minoritária.

Valeu-se do mesmo argumento do presidente da Eletrobrás Wilson Pinto, e do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para justificar a venda. O de que a Eletrobrás dispõe de apenas R$ 3,5 bilhões para investimento, para uma necessidade de R$ 9 bilhões. Prudentemente evitou comentar a dívida da União com a empresa, de R$ 3,5 bilhões – referentes a recursos próprios que a Eletrobrás utilizou para manter empresas distribuidoras de energia elétrica federalizadas no Norte e no Nordeste, que se encontravam em processo adiantado de privatização. Mesmo a Eletrobrás sendo uma empresa de capital misto, sua diretoria evitou a cobrança para não perder o álibi da sub-capitalização.

Omitiu também que o aumento de capital recentemente aprovado pelo Conselho de Administração era desnecessário. Visava apenas permitir aos atuais minoritários adquirir mais ações a um valor inferior ao que valerão os papéis após a privatização do controle.

Em relação à energia nuclear, o Ministro informou o interesse de americanos, russos e chineses por parcerias para operar usinas nucleares no Brasil, esquecendo que constitucionalmente se trata de monopólio da Uniao.

Finalmente, cometeu um crime de insider information, ao antecipar que encaminharia ao Congresso, no dia 4 de novembro, o Projeto de Lei da Privatização da Eletrobrás.

Não apresentou nenhum estudo sobre o valor potencial da Eletrobrás – que nada tem a ver com o valor contábil ou de mercado -, o impacto da privatização no mercado e no custo da energia, e os riscos de um insumo estratégico, que impacta toda a estrutura de custos da economia, em mãos do setor privado.

 

Luis Nassif

18 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Nassif: parece que a coisa tá ficando feia. Até alguns CisnesBrancos estão embarcando na conversa dos VerdeSauvas e das Milícias. Uma Arma que sempre procurou afastar-se dos holofotes parece que está se encantando com ganho de medalinhas pra botar no peito. Em 1889 alguns da periferia aderiram ao golpe e acabaram também dando golpe, tempos depois. Agora só falta a Arma do corretor de Alcântara, o que reservou a área quando sobrevoava pela estratosfera, vir dizer que a desalinização em Israel é a melhor do mundo. “Brasil já vai à guerra, comprou porta-aviões; um viva pra Inglaterra, de 82 bilhões; háhá, mas que ladrões. Enquanto os idiotas aplaudem a medida o povo sem comida escuta essas lorotas, dos patriotas” (JucaChaves).

    1. Qual terá sido o cachê deste milico sem-vergonha que quer entregar uma empresa estratégica para a soberania do país para a iniciativa privada? Em qualquer país medianamente civilizado ele sairia da “palestra” preso.

  2. Durante a ditadura militar iniciada em 1964 nem sequer se poderia cogitar do crime de lesa-pátria que se quer, agora, perpetrar com a entrega da Eletrobras a especuladores nacionais e estrangeiros. É que os militares da época tinham alguma visão de futuro para o Brasil e, no que se refere a nossa infraestrutura, eram nacionalistas. Os de hoje estão aí para defender o quê? Foi-se a Embraer, com apoio deles, vai-se o Pré-Sal com enorme prejuízo para o país e, com a Eletrobras, vão os nossos rios e nossa segurança energética. E o assalto ao patrimônio público não tem retorno. Com aplausos das forças armadas? Quem cala, consente.

  3. Só há um jeito de, TENTAR, convencer os brazilicos (ou milucas) a ficar contra as privatizações. Fazer como o Chile fez com o cobre: uma porcentagem para as FFAA, a título de estarem preparadas e equipadas para defender esse recurso mineral. Lá deu certo.

  4. Penso que o regime militar está sendo muito menos pernicioso para o Brasil do que o atual golpe midiático, corporativo e oligárquico. Já completei meus 76 anos e acompanhei muito bem o golpe de 1964.

    Os militares deram o aval para o investimento estrangeiro no Brasil e tinham, sim, medo da infiltração socialista ( lembrem 1962, a questão de Cuba e a quase guerra nuclear ), foram nesta conversa, o que aconteceu em toda a América.

    Ah, a Globo deu todo o aval e promoveu um show midiático para apoiar a queda da Goulart e o fim da democracia, bem como o surgimento do golpe militar.

    A CIA comandou, por detrás, o golpe militar, que chamaram de revolução. Fui contra e sempre serei em relação a regime ditatorial, seja lá qual for, pois o preço a ser pago é a liberdade e até a morte como aconteceu, ademais sou democrata e sempre a defenderei.

    Porém, não posso deixar de lado que, durante o Regime Militar, as leis trabalhistas ( com raras modificações, como a estabilidade que virou FGTS) e a Previdência não foram afetadas. Inclusive os militares fizeram modificações para beneficiar a aposentadoria dos professores. É bom lembrar isto.

    Depois, como os militares não quiseram vender os ativos soberanos de nosso País, como minério, petróleo, terras, etc, foram retirados do Poder, com o apoio da Cia e da mídia brasileira. Após o fim da ditadura militar, veio a galope o neoliberalismo, quando FHC e Cia Ltda começaram a vender nossos ativos soberanos, provando-se que o motivo da queda militar foi este.

    Assim, os neoliberais, hoje ultraliberais, já o fizeram após a revolução militar de 1964, alienando muitos bens que representavam nossa soberania.

    Lembro da venda da Vale do Rio Doce ao preço de 3 bilhões de dólares, quando só naquele ano, dera um lucro de 2,5 bilhões de dólares. Hoje a Vale do Rio Doce tem o valor de mais de cinquenta bilhões de dólares. Alienaram a Vale e, com isto, obtivemos um desastre ecológico jamais imaginado pelo povo de Minas e Espírito Santo, mostrando que a eficiência do setor privado inexiste, pois é o lucro que é seu alvo, deixando assim de promover a segurança do empreendimento.

    Perdemos também, durante governo neoliberal – 1991 a 2002, uma infinidade de bens que representavam nossa soberania, como a CEMAR, CESP-TIETE; CETEEP – COELBA, CONGÁS; COSERN; CPFL, RGE,,ELEKTRO; ELETROPAULO; ESCELSA; GERASUL;LIGHT; BAMERINDUS, BANESP, BANCO MERIDIONAL; BANCO REAL; BEA;BEG (Banco de Goiás); CARAIBA PQU (Petroquímica União S.A).

    Querem mais: TELEBRAS: EMBRATEL, TELESP, TELEMIG, TELERG, TELEPAR, TELEGOIÁS, TELEMS, TELEMAT, TELESP, TELEBAHIA, TELERGIPE, TELECEARÁ, TELEPARÁ, TELPA, TELPE, TELERN, TELMA, TELERON, TELEAMAPÁ TELAMAZON, TELEPISA, TELEACRE, TELAIMA, TELEBRASÍLIA, TELASA.

    A lista aqui não se encerra aqui. Foi apenas uma amostragem. Houve muito mais, inclusive em bens de estados federados.

    Quase venderam a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica.

    E retornam agora para completar a sua tarefa, encomendada pela nossa burguesia e por governos do exterior, interessados nas nossas riquezas, autorizando ativos da Petrobrás e terras brasileiras, a preço de banana. Inclusive, há até quem diga que eles irão alienar até o Aquífero Guarani.

    Lula entrou e tudo parou. Dilma também não permitiu. Aí o novo golpe neoliberal, após a “cassação” de Dilma (com o apoio da Globo, sempre a Globo ) agora, para vender de vez todo o País.

    Por isto, embora condene o golpe militar, nunca o aceitei, mesmo porque defendi ardentemente os ideais democráticos.

    Embora tenha sido contra, e sempre serei, uma ditadura militar, não posso deixar de lembrar alguns aspectos positivos. Porém, aparentemente a bola furou.

    Hoje, infelizmente, o patriotismo que existiu em militares ditadores está evaporando. Pode ser que existam. Torço para isto. Mas não há nenhum deles que estão ajudando a impedir a venda de nosso País, a alienação de nossa soberania, coisa que o militar ditador, por incrível que pareça, fez.

    O Brasil de nossos filhos será um Porto Rico, talvez, melhorado. Ou, um dia, explodirá como o Chile.

  5. I nfelizmente o nosso presidente foi nas aguas deste pulha do Paulo Guedes!!!!quero saber de quanto sera a “comessao” destes nojentos nesta transacao!!!! Estou decepcionada, pois, quando fiz o curso da ADESG, de Politicas e Estrategias,me ensinaram que a nossa Hidroeletricidade , Assim como nossas fronteiras, nosso litoral, nossas estradas, nossos aeroportos, etc seriam lugares a serem defendidos com unhas e dentes por serem de Seguranca Nacional!!Sr Presidente, estou lhe desconhecendo!!! Por todo respeito que lhe tenho e admiracao, por favor, da proxima vez, ouca a voz do povo antes de atitudes como esta!!!! O Sr nao conhece o carater do Presidente Wilson Pinto ,nem do Almirante Bento que desconhece o setor eletrico! Muito menos este senhor Paulo Guedes tem conhecimento da merda que esta fazendo! Eu sou engenheira aposentada da empresa que voces estao matando , trabalhei no setor por 42 anos. vc Fii auditora tecnica de obras subsidiadas pela Eletrobras
    Analisavamos pedidos de financiamentos das empresas do setor e auditavamos o que financiavamos. sou especialista pos graduada em equipamentos eletricos. Fui lider sindical, defendi, lutei contra a privatizacoes na epoca do Collor! Por conta disto, fui demitida! Fui uma das mentoras do Movento dos Demitidos .Ns nossa luta, o Sr nos hospedou, nos, As 7 mulheres lideres do Movimento. Conheci o Sr de perto e com todo meu respeito fraterno, humanistico, e de conduta politica, o Sr tornou-se psra nos, um idolo! Como pode o Sr agora, aderir as privatizacoes das empresas que sao o nosso orgulho!!!!????Lamento profundamente esta traicao!!!!E por favor, nao me venha defender o Guedes. Este, se depender de mim, vai arder nomarmore do inferno junto com Wilson Pinto e cia!
    Torco muito pelo Sr, pelo Brasil, mas, ta dificil de engolir esta. Espero que este ato nao sido em vao! Boa sorte!!!!

    1. Aparentemente é eleitora do Bozo.
      O que você esperava deste jumento?
      E não me venha dizer que não sabia.
      Deste crime o Bozo não pode ser acusado.
      TODOS sabiam o que seria o seu (des)governo.
      Sejam de direita, esquerda, extrema direita OU QUE MERDA FOR.

  6. Será que um governo popular terá peito para desapropriar tudo o que está sendo entregue a valores de troco de pinga? No caso, sem qualquer indenização, pois se trata de crime de receptação…

    1. Sempre haverá espaço e força para reagir.

      Agora, espanta o despreparo deste cidadão que representa neste (des)governo a arma que eu mais respeito. Meu pai foi da Marinha, eu me preparei em colégios da Marinha, e nunca vi tamanha demonstração de desapego a um dos mais sagrados valores para militares: o patriotismo.
      Lamentável!!

  7. Descubra quanto$$$$$$$ os verde saúvas estão levando para defender o crime de lesa pátria e pague mais.
    Num instante eles mudam de posição.
    Sempre disse que militares não servem para porra nenhuma a não ser bater e matar trabalhadores.
    Já tentaram destruir o país décadas atrás.
    Voltaram para concluir o trabalho.
    O povo terá o que merece pela extrema burrice.
    A não ser que siga o exemplo do chile.
    Mas, acho que somos burros e covardes demais para isto.

  8. Acho que chegou a hora de entender o que é RENTISMO, de onde ele vem e para onde ele nos leva. No meu entender, esse fenômeno econômico-social, que podemos dizer já é estudado por Marx no Capital, é produto da falência capitalista global. O Rentismo é, em grande medida, o mandante deste maldito processo de destruição de riquezas que estamos presenciando. Ele, em grande medida, encarna essa destruição. Em termos analíticos não existe mais qualquer diferença entre os bancos e o puro Rentismo, ambos são, agora, filhos da impossibilidade histórica do capital tornar útil toda a potência tecnológica e científica que criou.

  9. Informou quanto vai ser o butim deles ou não? Será que esses canalhas já viram falar em HONRA? São todos bundas sujas como o eleito deles e (há que ponto chegamos) não estão a altura dos assassinos do governo militar, que ao menos uma vantagem tinha sobre esses vagabundos, eram nacionalistas.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador