Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Condenação de Lula: confronto ou derrota histórica, por Aldo Fornazieri

Condenação de Lula: confronto ou derrota histórica

por Aldo Fornazieri

A condenação de Lula por unanimidade pela turma do TRF-4 que o julgou, embora previsível, representou uma grave derrota para o ex-presidente, para o PT  e para as forças progressistas que defendem a democracia, a justiça e os direitos sociais. As ilusões que alguns alimentavam de que pudesse haver um dois a um ou até uma absolvição se esfumaçaram no céu tormentoso de Porto Alegre. Essas ilusões perdidas devem servir de lição, indicando que, embora se deva lutar nos tribunais superiores pela anulação do processo condenatório e pelo direito de Lula ser candidato, não se deve ter fé nos mesmos, pois amplos setores do Judiciário estão comprometidos com o golpe e com a interdição de qualquer ameaça que possa significar a vitória de forças comprometidas com os interesses do povo.

É preciso entender que o Brasil está sendo governado por uma canalhocracia de terno e toga, onde os segundos protegem os interesses dos primeiros – os predadores do mercado – e onde os primeiros garantem ganhos extraordinários aos togados, aos procuradores e aos grandes escritórios de advocacia, que constituem um sistema jurídico nacional mafioso.  A luta central, nos tribunais e nas ruas, deve ser pela anulação do processo, pois ele viola o Artigo 5º da Constituição, já que Sérgio Moro não é juiz natural para julgar um processo que, como ele mesmo reconhece na sentença, e que os desembargadores do TRF-4 ignoram, o caso do triplex nada tem a ver com a Petrobras e com a Lava Jato. Lula precisa nomear outros defensores, que tenham renome e reputação, pois a sua defesa em Porto Alegre foi desastrosa.

A luta mais importante, no entanto, precisa ser travada nas ruas, com mobilizações, atos, caravanas, com bloqueios de rodovias e avenidas e com a construção de uma greve nacional. É claro que existe uma debilidade organizativa e frágil capacidade mobilizadora do PT, dos sindicatos e das forças de esquerda em geral. Isto ficou patente durante todo o processo de derrubada da Dilma e foi reafirmado com a condenação de Lula. Com exceção de Porto Alegre, não ocorreram atos significativos em outra cidades.

Mas não existe outra saída: a força organizada precisa ser constituída no próprio processo de mobilização. Mais do que isto. É preciso ter direção e comando. Das reuniões e plenárias de que participei a convite de militantes petistas, no Rio Grande do Sul e em São Paulo,  foi possível constatar que a militância se recente de orientação, direção e comando. Não há um sistema eficaz de comunicação entre a direção e as bases. A rigor, a militância continua como um exército sem generais, tal como ocorreu no processo do impeachment. E a direção do PT continua como um comitê de generais de caserna sem exércitos. Não há um estado maior, um comitê de crise, uma situação de prontidão permanente para enfrentar esse momento.

O maior risco que Lula corre é o de ser abandonado e trocado pelos interesses eleitorais. Não manter a candidatura de Lula até o fim, mesmo que preso, significa abandoná-lo à mercê de seus inimigos. Significa deixar que crucifiquem o seu significado e a sua força simbólica, significa enterrar-lhe o punhal da covardia e da traição em seu coração. Permitir isso significa, acima de tudo, apunhalar a democracia e povo.

Manter a candidatura Lula até o fim é a única forma de confrontar o golpe, de fazer com que ele e seus áulicos do Judiciário enfrentem o dilema de manter Lula candidato ou de validar uma eleição ilegítima, com a manutenção da instabilidade política por mais quatro anos. Os progressistas e as esquerdas precisam superar a síndrome das derrotas históricas através de uma prática e de uma pedagogia do confronto. Ninguém nunca respeitará as esquerdas se elas não forem capazes de impor medo aos seus inimigos. Lula não pode ser o “Lulinha paz e amor”. Deve ser o leão, capaz de afugentar as hienas e os chacais que o querem política e simbolicamente destruído.

Dada a fragilidade e a tibieza do PT e das demais forças de esquerda, Lula deve ser o general de sua própria salvação. Deve ter o destemor de um Horácio Cocles, sabendo que a salvação de uma república do povo brasileiro pobre depende dele, acima de tudo. Lula não pode ser um Jango que se refugia no Uruguai sem lutar. Se ele conseguir trazer o povo que o apóia para as ruas, para o campo das batalhas, poderá derrotar os inimigos da república popular. Se for derrotado lutando, estará criando um novo paradigma para as forças progressistas. O paradigma da coragem e da virtude do combate, o paradigma do enfrentamento da falsa unidade, do confronto com uma elite que derrubou as frágeis estacas da democracia, de uma elite que odeia e esmaga os pobres.

É legítimo desobedecer juízes que violaram a lei

A desobediência às decisões de Moro, do TRF-4 e, eventualmente, de Tribunais Superiores, é legítima e legal, pois eles violaram as leis e a Constituição ao transformarem a 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba em tribunal de exceção, ao condenarem sem prova ao violarem o princípio constitucional de em dubio pro reo, substituindo-o pelo princípio inconstitucional da “dúvida razoável”. Se restar alguma decência aos Tribunais Superiores, anularão o processo contra Lula. Ao desobedecer esses juízes e  desembargadores se estará obedecendo a lei,  pois a vontade deles não pode ser substituta da lei. Ao assim querem, se instituíram como tiranetes do Judiciário. Moro e os desembargadores não têm moral para se arrogarem paladinos do combate à corrupção. Em primeiro lugar, porque não é esta sua função. Em segundo lugar, porque recebem acima do teto constitucional, sendo este privilégio uma forma de corrupção.

A desobediência civil à vontade arbitrária dos tiranetes do Judiciário se alicerça no pensamento liberal, desde John Locke. Ele afirmou, categoricamente, que um homem “não pode submeter-se ao poder arbitrário de outro”. Ao se transformar a Vara Criminal de Curitiba em tribunal de exceção e, ao juiz Moro escolher Lula como réu a ser julgado por ele, além de violar o Artigo 5º da Constituição, também se violou o princípio liberal escrito por Locke de que o poder “está na obrigação de dispensar justiça e decidir dos direitos dos súditos mediante leis promulgadas, fixas e por juízes autorizados, conhecidos”. Lula foi julgado segundo “leis” nem autorizadas e nem conhecidas e por um juiz que, pelo princípio da naturalidade, não estava autorizado, quebrando-se assim a objetividade da competência jurisdicional.

Além de combater os tiranetes do Judiciário e defender Lula, duas outras lutas precisam ser travadas. A primeira, consiste em continuar o combate ao governo iníquo, cínico e ilegítimo de Temer. Governo que degrada a vida do povo e envergonha o Brasil no mundo. É preciso bloquear a continuidade do desmanche social, cultural e nacional que esse governo vem promovendo.

Em segundo lugar, Lula, os progressistas e as esquerdas precisam definir propostas e ideias que representem um novo Brasil. Trata-se de propor um programa que expresse uma revolução democrática. Não basta, apenas, propor políticas sociais focalizadas para enfrentar os graves problemas de pobreza e da falta de direitos. É preciso propor um programa reformador, capaz de remover as condições estruturais da pobreza, da desigualdade, da injustiça e da inaptidão do Brasil para o desenvolvimento sustentável – desenvolvimento humano, educacional, ambiental, científico, tecnológico e industrial.

As forças progressistas e Lula precisam mostrar que serão capazes de resolver os problemas cruciais que mantêm o Brasil preso às iniquidades humanas, ao atraso no seu desenvolvimento e a uma presença marginal no mundo globalizado. A apresentação desse programa tornará o combate ao golpe mais convincente e eficaz, pois as forças conservadoras, dado o seu caráter predatório, são incapazes de apontar qualquer caminho de futuro para o Brasil.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

 

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

30 Comentários

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  1. TV
    Se a esquerda não enfrentar a TV, aquela que criou o terno mensalão do PT enquanto ignora o mensalão tucano, a que diuturnamente ataca Lula enquanto protege os bandidos do PSDB, de nada vai adiantar, porque parte do povo a despeito do bom governo Lula ainda acredita no JN

    Extinguir verba publicitária já que a esquerda “censurar” ou “cassar a concessão” seria “errado”, para que morram a míngua, seria um bom começo

    Em seguida afastar sumariamente todos os membros do MP e judiciário que forem partidários pela Loman em seu artigo 36, impeachment de Gilmar e cadeia preventiva, nos moldes da farsa a jato, para todos os denunciados do psdb até que delatem, para eles conhecerem a Lei de Taliao

    Infelizmente nada disso vai acontecer, obviamente. Dilma por ter sido torturada não ousou enfrentar o pré golpe e JEC foi o pior ministro da justiça que este pais ja teve.

    E as indicações do PT ao STF, nem jesus salva.

  2. plano b

     Voto em Lula desde 89 mas dessa vez ele tem que sair do pareo e o PT colocar o plano B desde o inicio, mas vao tentar mante-lo ate o ultimo momento e troca-lo pelo plano B, O Judiciario vai indeferir alegando que linduziu o eleitor a erro, não vai dar certo, veja o mesmo caso em Paulinia, Sinto muito, o PT precisa jogar nos minimos detalhes corretamernto que o Judiciario vai colocar empecilho.

  3. Horácio Cocles

    “Lula precisa nomear outros defensores, que tenham renome e reputação, pois a sua defesa em Porto Alegre foi desastrosa.”

    Não sei quem é Horácio Cocles. (nem pesquisei) …….Mas… Discordo quanto a avaliação dos defensores de Lula, Zanin e Valeska. Contra o lobo a ovelha pode muito pouco. Contra a matilha menos ainda. Nem Deus pai em pessoa poderia fazer algo contra votos que vem pré – escritos e pré – combinados, sob a batuta do presidente do tribunal golpista, o Grande irmão Flores.

    Talvez fosse melhor contratar o sábio Rui Daher. Esse tem o argumento definitivo: AK 47.

  4. As caravanas do Lula pelo Brasil e a criação de comitês em defes

    As caravanas do Lula pelo Brasil e a criação de comitês em defesa da candidatura do ex-presidente são as iniciativas mais promissoras nesse período de resistência ao golpe. Os dirigentes do PT precisam dar mais protagonismo aos militantes criando mecanismos de participação permanetes para canalizar toda a indgnação reprimida. 

    Muitas pessoas estão dispostas a lutar e participar das mobilizações, por isso cabe aos partidos políticos abrirem esses canais com as diferentes tendências que existem nos grupos de esquerda como a juventude, o feminismo, movimento negro, movimentos lgbt, indígenas, camponeses e assim por diante.

    Abre-se uma oportunidade para a convergência dessas lutas num programa político liderado pelo Lula.

  5. condenação…..

    Manter Lula como Candidato à Presidência da República é a única saída do PT e das Esquerdas Brasileiras. Qualquer Brasileiro, inclusive que se opõe a tais políticas e personalidades, sabe muito bem que a figura de ‘Corrupção’ é a saída estratégica para derrubar idéias. Corrupto era Putin. Corrupto era Fidel. Corrupto era Chavez ( e não quero simpatizar com tais biografias) Como citou o Professor Safatle e vários orgãos da Imprensa, na ‘Delação do Século’ a única figura a ser combatida foi Lula. Anteontem, novamente liberado foi Serra, de qualquer Processo. Prescrição. Coincidência? Azeredo. Prescrição. Coincidência? Enquanto isto milhões de Empregos e Empresas genuinamente Nacionais estão na cadeia (não é resultado de política brasileira histórica?) Enquanto a ‘honestidade histórica deste país’ representada por Temer, Jucá, Rocha Loures, Agripino Maia, Lobão, Aécio, Paulo Preto, Mensalões, Merendões, Trensalões continuam construindo a realidade brasileira. Coincidência? O Brasil é o país da coincidência. Somente as ruas mudarão tal realidade. Do Povo, pelo Povo, para o Povo. Somente as ruas. 

  6. O Minuteman

    Há muita gente escevendo grandes artigos mostrando a enrascada que nos metemos. Esse artigo é um bom exemplo. O duro é que  precisa chegar ao destinatário certo, o povão. O ponto é: Como fazer isso? Os progressistas, as esquerdas e mesmo os movimentos sociais ainda não descobriram como fazer o povo acordar. Talvez quando conseguirem seja tarde demais. O Brasil como os Estados Unidos na guerra da independência talvez esteja precisando  do seu minuteman.

  7. Fazer para merecer

    Cada povo tem o governo que merece. Talvez mereçamos o que hoje temos e não mereçamos o que está sendo tirado de nós. Neste período cada um deverá fazer um exame de consciência e conferir se está preparado para alguma atitude individual, antes de apostar na força do coletivo. Partindo da base que já fraquejamos quando Dilma precisava de nós.

    O sistema neoliberal desde há muito tempo está isolando as pessoas (face ao consumo) para atomizar e multiplicar o mercado. Afastamos-nos das ruas, dos clubes, das reuniões com amigos, das festas, dos saraus e ficamos cada vez mais isolados em casa, pedindo pizza e assistindo TV. No máximo, passando o dedinho no celular para saber o que ocorre com os outros. Parecemos soldados dispersos tentando achar companheiros pelo radio, falando baixinho para não sermos descobertos, no meio de um intenso tiroteio inimigo.

    Por exemplo, no pessoal:

    Ø  Somos capazes de deixar de assistir os noticiários de TV? (Eu, depois de muito tempo, consegui deixar de assistir e hoje assisto um que outro filme – normalmente repetido – nos intervalos em que a propaganda da TRIVAGO permite).

    Ø  Saímos para protestos na rua?;

    Ø  Estamos marcando posição perante amigos ou vizinhos?

    No coletivo,

    Ø  Acompanhamos as orientações de alguma entidade política ou sindical?

    Ø  Existe algum comando efetivo?

    Ø  Tentamos limpar arestas entre movimentos progressistas e gerar pontos de vista (bandeiras) em comum?

    Ø  Conseguimos fazer um comum denominador e acompanhar tantas palavras de ordem diferentes, a cada manifestação?

    Naturalmente, falta muito para que, na individualidade possamos sentir que estamos fazendo a nossa parte e devemos lutar para isso, mas, o que acho ruim neste assunto tem sido a falta de unidade de bandeiras de luta e a falta de comando nas cidades e bairros. Até agora a força pessoal do Lula tem conseguido reagrupar os históricos simpatizantes do seu magnífico governo.

    Os partidos de esquerda, movimentos populares e sindicais deviam estabelecer um comando único contra o golpe, em favor da democracia, com menos bandeiras, reagrupando o eleitor ao redor do projeto “Requião” (e a equipe montada) e do Lula como liderança, visando encher o congresso de parlamentares progressistas. Este grupo organizado deverá lutar para trazer novos votos desde o centro do espectro político, ganhando gente que, embora comportamentalmente seja mais conservadora, esteja disposta a apostar primeiro num projeto de recuperar a democracia e a autonomia da nação brasileira.

    No pessoal, isso requer não apenas um esforço de luta e disciplina, mas também de alguma humildade para simplificar as bandeiras e de reconhecer as verdadeiras prioridades de hoje. No coletivo, falta conversa nas forças progressistas e capacidade para reduzir as bandeiras e as palavras de ordem. Os partidos podem chegar separados, para tentar atingir cláusulas de barreira (os partidos menores) e para manter a sua individualidade programática no 1º turno, antes de se unir, mas, para encher o congresso de parlamentares progressistas há que redobrar o preparo cívico da população para um voto consciente, e apresentar chapas inteligentes e esforços conjuntos.

    1. Alexis

      Acho que o confronto do qual fala o professor Aldo Fornazieri passa pelas inumerações que você faz sobre as posições que devemos tomar hoje. Eu resolvi procurar o comitê do PT aqui na minha cidade para poder participar mais ativimente desse momento. Tenho acompanhado as manifestações e, apesar de trabalho, comprimissos e filho pequeno, tenho tentado estar presente em algumas elas. Acho que cada um de nos pode fazer um pouco de pratica no cotidiano, além sermos protagonistas de nosso tempo nos manifestando politicamente e socialmente nos jornais online ou não.

      Sem o povo na rua, o Judiciario não vai dar marcha a ré. Eh a velha historia: dê poder e deixem se lambuzar (para usar uma expressão cara a eles mesmos) e depois tente tirar. Agora so Lula sendo eleito e taca-lhes reformas. Ou a revolução. Senão, um século de solidão pela frente.

      1. Grato

        Grato Mara Luiza, é isso mesmo

        Por acaso, esta é uma das poucas vezes que concordo com Fornazieri quase que integralmente.

        Eu também saio pra rua (o fiz neste dia 24, frente aos tribunais em Belo Horizonte), mas, devemos cobrar das nossas lideranças uma ação conjunta, coordenada, com menos bandeiras e palavras de ordem. Em minha opinião, todos os partidos de esquerda e de centro democrático, assim como centrais, sindicatos e movimentos populares, deviam ter um único prograa de Governo, básico. Mesmo apresentando candidatos isolados (alguns partidos pequenos para entrar no limite das barreiras), todos deverão estar juntos no 2o turno e, ainda, com plataforma comum para encher o congresso de gente progressista.

  8. Lulamor
    Lulamor….esse nome escrevo aqui pq sonhei com Clementina de Jesus cantando uma bela música cujo tema era Lula…e o nome da músuca era Lulamor.

      1. Visão.Forma.Conhecimento (V.F.C.)
        Ei Maria Luisa, vc me fez chorar viu….divido meus sonhos em 3 momentos: Visão, forma e conhecimento, para facilitar uso a sigla VFC. E vc construi a FORMA! Grato.

        1 – MOMENTO VISÃO

        Como já disse, divido o meu sonho em 3 partes, como já dito.

        No momento Visão, relato o que vi em estado visionário: foi o que fiz ao fazer meu relato, um relato que teria trazido mais elementos se, logo ao acordar, eu tivesse feito o registro, pois em estado de vigilia aquele vozeirão de Clementina continuava ecoando no meu corpo, o que me colocou num inesperado estado de paz e bem estar…eu deveria ter pego caneta e escrito as frases da letra: lembro que ela falou da origem dele….o que ele fez por nós…

        2. MOMENTO FORMA. Como construi-lo se sou leigo em música…e em história da música: sou formado em Direito…depois fiz uma graduação em artes plásticas. Mas como construir o momento FORMA…
        ?????

        Lamento não ter estudado música, pois eu saberia anotar a melodia…era um ritmo clementiniano como que uma forma de contar uma história de resistência e alegria….

        Assim eu teria gravado letra e música…

        De repente Maria Luisa me traz essa contribuição: o momento FORMA. Como disse, por não ser músico, o momento FOA sic FORMA ficaria em branco…mas está ai a FORMA…sim, o ideal seria termos máquinas de gravar sonhos, pois neste momento vcs estariam ouvindo Clementina de Jesus cantar seu Lulamor…mas ai está ela…grato Maria Lisa…grato por teres construido o momento FORMA.

        3- A terceira parte do sonho é o cognitivo. Sabendo disso, me chamou a atenção o titulo da música FORMA apresentada por Maria Luisa….mais emoção ao saber que tem a ver com o povo banto e, por coincidencia, Lula foi probido pela lei dos homens que sao capazes de julgar mas não de curar, como fez comigo Clementina no sonho…e saber que esses homens que julgam mas não curam, proibiram Lula voltar a Africa como escravo fugido a procura de um quilombo representando o povo banto sua nossa ancestralidade…

        Lula iria estar na mesma mesa de um ex-presidente nigeriano…a Nigeria que também tinha suas riquezas e seu pre sal mas que, num processo identico ao que ocorreu no Brasil, também perdeu tudo para o mercado das Shell da vida…

        Mas o que diz o titulo da música a forma clementiniana apresentada por Maria Luisa: como não pesquisador do mundo afro ou afro-brasileiro, vou fazer uma busca…segue resultado…debrucemo-nos sobre o momento CONHECIMENTO.

        Comecemos pelo lexômetro, isso que chamam dicionário

        Principal divindade do culto banto.
        Chefe de quilombo ou couto de escravos negros fugidos.
        Etimologia (origem da palavra zâmbi). Quimbundo nzambi.

        https://www.dicio.com.br/zambi-2/

        Preconceito na linguagem construida pelos escravocratas

        http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/zumbi/574/

        O Sagrado nas culturas Banto

        http://www.itf.org.br/o-sagrado-nas-culturas-bantu-em-angola.html

        Zambi e a criação do mundo

        https://www.wattpad.com/164433528-mitologia-bantu-para-todos-zambi-e-a-cria%C3%A7%C3%A3o-do

        O significado de Zambi para os umbamdistas

        http://www.caboclopenaverde.com.br/index.php/tema-da-semana/213-o-significado-de-deus-zambi-e-de-jesus-oxala-para-a-umbanda-e-para-os-umbandistas

        Atualização: acho que resgatei Zambi, um nome cuja existência eu não sabia….agora sim, após o momentos VFC, sei o significado do Lulamor de Clementina: no momento, sem medo, vejo-me fazendo o que, por motivo de banzo,..ou medo…. não fazia ha séculos: dançar ao som de Zambi, de Clementina….sem alegria não ha luta possivel: por isso eles procuram a todo momento nos entristecer…

        Agora sei porque eles querem nos aprisionar escravizar.

        Agora sei.

        Maria Luisa, agora sei

        Após a dança até o êxtase com o gogó pra cima q nem Clementina, recuperei a potência do meu corpo
        Estava travado
        Senti estalos
        Resgatei-me
        Agora pronto para a luta: em pleno corpo físico.

        Grato,

        spin + alguma coisa…

        1. Sorte a sua de sonhar um bonito sonho

          Eu que agradeço a você por divirdir conosco seu sonho. Tudo isso que você nos conta é onirico e a nos também nos faz sonhar. Clementina foi uma grande dama, Mulher sofrida e ao mesmo tempo pessoa alegre, inteligente, consciente de sua condição. Que pena que nossa sociedade trop ocidentalizada e consumista tenha perdido valores morais, éticos e estéticos.

          Um abraço ao spin de luta 🙂

  9. Sucessão de Erros

    Desde o aflorar da Lava-Jato, o PT vem cometendo uma sucessão de erros justamente porque pensa em proteger as pessoas e passou a esquecer a sua missão e ideologia.

    É de conhecimento os erros na manutenção do plano de defesa do lula e de seu corpo de advogados.

     

    Manter o lula na frente de tudo e todos só fara com que caiam bombas em toda a esquerda.

     

    É só a minha opinião.

  10. Por quem os sinos dobram

    Meses antes da eleição do Presidente Lula para o primeiro mandato, o Brasil já era uma esperança na cena internacional. Isto porque ao desastre dos Balcãs somara-se o Afeganistão, a intoxicação midiática nas redes globais de comunicação prometia o Iraque e o Brasil representaria um revés no mirabile dictu golpe de estado internacional. Em Brasília, durante conferência sobre imunidade das organizações internacionais, o professor Francisco Rezek, Juiz da Corte Internacional de Justiça, avançado o assunto, em dado momento pediu vênia à audiência para dele se desviar. Distinguiu então um suposto momento de crise nas relações internacionais do que para ele era um verdadeiro momento de desonra, encaminhando a seguinte conclusão:

    Palavras de Francisco Rezek

  11. Palpites, só palpites…

    É muito difícil fazer análises ou expressar opiniões estando dentro do contexto a ser analisado…

     

    Via de regra, a distância histórica é bem mais generosa com os agentes históricos que a efervescência da hora…

     

    Ouvi isso ontem no filme Nixon, estrelado por Sir Anthony Hopkins, quando o ator que vivia Harry Kissinger (não sei o nome) conversa com a demissionário presidente…

     

    Esse é o nosso problema central…Não conseguimos determinar uma perspectiva histórica correta e ampla o suficiente para agirmos na direção correta, ou pelo menos, tentarmos agir…

     

    Na verdade, olhando a História daquilo que chamamos de Humanidade, desde que houve o ajuntamento mais ou menos estável de indivíduos naquilo que costumamos chamar de “sociedades”, e desde que dentro desses grupos foi criada alguma noção de hierarquia social, determinando indivíduos mais ou menos empoderados dentro desses grupos sociais, criou-se também a tentativa de impedir que os menos empoderados pudessem entender os fatos em suas formas encadeadas e como efeito, sua capacidade de influir no encadeamento desses fatos e suas mudanças (ou no desejo de mudá-los)…

     

    Claro que os níveis de complexidades, e maiores ou menores índices de interações determinavam as maiores ou menores sofisticações desses instrumentos ideológicos de dominação…

     

    Antes, talvez, a hierarquia de poder estivesse estruturada em percepções de cognição sumária ou de caráter mais reflexivo (intuitivos), que não à toa criaram a noção de um mundo metafísico, noção essa que passou a dominar (explicar) os eventos físicos (religiões), onde a alguns indivíduos coube a tarefa de “interpretar” essas manifestações em nome daquelas coletividades…

     

    Resumindo e de maneira bem pueril: Era uma lógica para desconstrução da lógica…ou a Razão da Irracionalidade…

     

    Desde então, passamos a permanente luta para restaurar a racionalidade da Razão…

     

     

    Apesar da nossa auto-indulgente auto-referência sobre o nosso avançado estágio de “civilização e tecnologia”, não estamos muito longe daqueles coletivos “primitivos”, no que tange a nossa incapacidade de “enxergarmos o todo”…

     

    É disso que trataremos nesses palpites…

     

     

    1- O tabuleiro da geopolítica e a divisão internacional de riquezas.

     

    Vamos tratar das coisas após a prevalência do capitalismo como sistema mundializado de controle da produção de bens e serviços e acumulação/concentração de riquezas…

     

    Não faz muito sentido tratar “do antes do capitalismo”, ainda que alguns defendam a ideia de que o Império Romano, e talvez outras aventuras pan-geopolíticas de outros Estados possam se enquadrar nessa narrativa…eu tendo a concordar com essa ideia…

     

    De fato, naquelas sociedades “globais” também havia os mesmos ingredientes ideológicos de dominação, expressos no “dividir e reinar” ou no “pão e circo” dos romanos, ou na construção de enormes símbolos de poder, como as pirâmides do Egito, ou o próprio processo de internacionalização da Igreja Católica, naquilo que poderia ser considerada a primeira “empresa global”…Todas as estruturas sociais de dominação estavam ali…

     

    Antes de tudo, no entanto, é preciso alertar para o que chamamos de “mundo”, ou seja, cada era reservava para essa categoria uma configuração específica aos limites de compreensão da realidade física disponível aos agentes históricos…

     

    O “mundo” medieval, portanto, tinha uma representação simbólica bem distante do real (o mundo era “menor”), mas não deixava de refletir a mesma noção universalizante pretendida pelos dominadores (ou empoderados, as elites de então)…

     

    Tais assertivas podem nos levar a conclusão de que, de tempos em tempos, grupos de indivíduos (sociedades e suas formas de organização social) tentaram expandir os limites de sua dominação para além dos marcos daquelas coletividades, apagando a ideia errada de que globalização é um fenômeno exclusivamente capitalista…as causas sempre foram muitas, desde o esgotamento de recursos disponíveis até a expansão como única resposta ao assédio inimigo…

     

    Mas esse debate não cabe aqui…

     

    O certo é que apenas durante todo o processo de acumulação capitalista, o mundo experimentou tal velocidade e profundidade na conexão de formas de interação baseadas em dominação e hierarquia…

     

    A sabedora popular nos ensina que é impossível trocar o pneu furado de um carro durante seu movimento…

     

    Essa é a ideia central, ou o eixo seminal do capitalismo: Ele é capaz de substituir “seus pneus durante o movimento”…

     

    E como isso é possível?

     

    Imagine o capitalismo como um grande veículo, onde as elites vão no compartimento mais confortável, onde há todos os luxos e mimos, e as setores médios são os executores da navegação (as burocracias estatais e os sistemas chamados representativos), mas que a direção é controlada remotamente por essas elites…

     

    Para mover esse grande veículo, podemos imaginar que aos mais pobres é dada a tarefa de empurrar o veículo, e se quiserem uma imagem mais dramática, são os mais pobres que “são consumidos” como combustível nas caldeiras ou câmaras de combustão desse veículo…

     

    Quando há um pneu furado, parte desses pobres, e em alguns casos, junto com os setores médios são deslocados para suportar o peso desse pneu a ser trocado…

     

    E assim mantêm o deslocamento do “veículo”, até que outro pneu seja arranjado para a troca…

     

    Só que a chegada do estepe nem sempre é rápida ou nem sempre há estepes disponíveis…e isso depende em que “estrada” se move esse “veículo” ou qual é a “marca e o modelo”, na verdade representações da posição relativadas nações no tabuleiro geopolítico mundial…

     

    Nas nações mais ricas e do centro do capital, a troca geralmente é mais rápida, enquanto nas nações mais pobres, às vezes as quatro rodas se movimentam nos “ombros dos setores mais pobres”, pois não há previsão de pneus (estepes) em disponibilidade, e não raro todos esses estepes estão reservados para futuras trocas nos veículos-nações mais ricas…

     

    Essa é um historinha boba para ilustrar aquilo que os liberais um dia chamaram de distribuição internacional do trabalho e das nações…

     

    Há outras explicações igualmente idiotas, mas que nem por isso deixaram de causar estragos na percepção e atuação dos povos frente a desigualdade a que foram historicamente submetidas, como:

     

    – determinismo geográficos, que nos dizia que era o clima ou a a nossa meridionalidade que nos impunha nosso sub-desenvolvimentismo ou;

    – determinismo biológico-étnico, que nos dizia que nossa indolência era fruto de nossa “mistura racial” ou;

    – determinismo histórico, esse mais em voga até recentemente, que prega que nossa “colonização portuguesa”, nossa condição de destino para condenados e etc., era nossa maldição…

     

     

    Todas as construções ideológicas para impor a mesma lógica de sempre, e igualmente fatalista: Há países que “nasceram” para a riqueza e prosperidade e outros para a “pobreza” ou para a riqueza a serviço da prosperidade dos “desenvolvidos”…

     

    Não vamos dissecar aqui (nem sabemos como) as possibilidades, causas e efeitos que levam nações a prosperidade e outras a indigência em vários níveis…Sim, mesmo dentro as nações centrais e as periféricas as diferenças são enormes, e aqui reside outro “truque”, isto é, “vender” tudo como blocos homogêneos…

     

    E assim, antes que possamos reduzir as diferenças entre cada grupo ou inter-nações, vamos agindo em blocos que, por sua heterogeneidades, jamais conciliam estratégias eficazes de superação da dominação (o bom e velho dividir para reinar)…

     

    Não faz sentido algum, embora “desfrutemos” da pobreza, compararmos Brasil e Burundi, ou Argentina e Argélia, e se há uma urgência em combater o inimigo comum (o centro do capital) para todos os pobres, é preciso entender que cada país pobre demandará antes uma abordagem de suas próprias desigualdades internas antes, com demandas e estratégias adequadas a cada caso histórico…

    Nem entre os pobres de um mesmo país podemos dizer que há um todo compacto, ainda que a causa da desigualdade seja parecida!

     

    Nem os nossos mais brilhantes intelectuais da esquerda escapam desse truque, e partem para uma resposta “internacionalizada” antes do amadurecimento das questões nacionais, muitas vezes confundida (espertamente) com xenofobia…ou populismo!

     

    Um trabalho exemplar sobre esse tema está em Zizeck (Slavoj) na questão da imigração e o mercado da imigração, concentrado no fluxo África-Oriente Médio-Europa…

     

    Resumindo novamente, Zizeck denuncia que o apelo “internacionalista-humanitário” das esquerdas europeias e mundiais para acolhimento desses enormes contingentes submerge a questão primordial: por que tanta gente quer imigrar? e acaba por alimentar um mercado político-financeiro gigantesco: o mercado de gente! apenas por medo de enfrentar a questão ideológica (o truque) em uma perspetiva mais ampla que é o direito das nações de decidirem quem e o quê passará pelas suas fronteiras…e claro, o que faz um pobre de um país pobre querer ser pobre (e ainda que cruelmente discriminado) no país que ajuda como causa da pobreza de sua terra natal!

     

    Não à toa, a onda de desregulamentação do mercado de gente coincide com outras ideias “desregulamentantes”, como dinheiro, bens, serviços, armas, drogas, etc..

     

    Outro debate para depois…

     

    Então, a primeira etapa de nossa conversa se conclui…Para manter você onde está, sob dominação, garantindo o movimento do “veículo mesmo sem os pneus” é preciso naturalizar e internalizar a ideia de que as coisas são mesmo assim ao redor do mundo e que alguns países conseguiram prosperar e outros não…

     

    Mas isso é um fato, não? Claro, mas o “truque” é fazer você acreditar que essas condições (prósperas para uns e adversas para outros tantos) sempre ficarão assim…

     

    Isso nos leva ao nosso próximo tópico:

     

    2- O Brasil dividido entre buarquianos (Sérgio Buarque de Hollanda) e jessezistas (Jessé de Souza)!

     

    De todos os nossos entraves intelectuais, de todas nossas hesitações, sejam os que antecederam os movimentos de independência, sejam os embates nos grupos abolicionistas, republicanos, passando pelos positivistas, tenentistas com ápice e consagração da era Vargas (e todas suas contradições, é claro!), desembocando nos estertores do golpe cívico-militar de 64, a divisão entre reformistas e revolucionários até os dias atuais, jamais chegamos a tamanha riqueza de possibilidades de compreensão e superação de nossa atávica subserviência ideológica e intelectual aos donos do capital…

     

    Você pode estar me chamando de louco, e não sem certa razão…

     

    Porém eu chamo a atenção para que “nunca antes na História desse país” os contornos da criação de um “pensamento nacional” estivessem tão claros, apesar da (falsa) impressão de que estamos perdidos…

     

    Um jeito interessante de auditar nosso atual estágio é considerar o nível de força e recursos utilizados pelos donos do capital para aumentar nossa confusão, e que realmente esses esforços parecem surtir efeitos, por outro lado esse empenho revela o quão estão temerosos de que prossigamos lutando e descobrindo os “truques”….

     

     

    A atual situação brasileira não é (apenas) fruto das venturas e desventuras do arranjo lulo-dilmista pós 2002…

     

    Apesar da (auto)referência elogiosa de nós petistas, como se tudo se desse por “nossa causa”, o fato é que o golpe de 2016 é só um evento a mais nessa estrutura de eventos que se desenha desde que Vargas tentou, por vias oblíquas, inserir esse país em uma posição relativa mais vantajosa no tabuleiro internacional…

     

    É certo que as contradições de natureza interna do movimento varguista (assim como de cada líder “nacionalista”) impediram sua realização, tanto como a intensa reação dos movimentos anti-nacionais…

     

    Então, se Buarque de Hollanda falha com sua tentativa de explicação do “ethos nacional” através de uma simbiose de determinismo histórico-antropológica (“maldição ibérica na fragilidade das relações formais”, “patrimonialismo importado e internalizado”, e “a tradição portuguesa do cordialismo como mediação de conflitos”), também falha a seu lado o Jessé de Souza, quando abandona elementos importantes dessa contextualização internacionalizada de Hollanda para particularizar toda nossa indigência intelectual e submissão históricas aos centros capitalistas, apenas para ressaltar o seu viés de que a causa principal de nossos problemas seja resultado de decisões políticas de nossas elites e sua clássica opção pelo “agenciamento desnacionalizante de commodities” a disputar espaços como protagonistas…

     

    Não é novidade para ninguém que a posição de vanguarda portuguesa como ponta-de-lança da internacionalização do Século XVI em diante, junto com a Espanha, sofreu uma inflexão decisiva com o fracasso do Marquês de Pombal em sua tentativa de laicizar o Estado português, para conferir-lhe uma dinâmica distante do conservadorismo paralisante e parasitante da Igreja Católica, e não por coincidência, estavam ali, na Espanha e Portugal, o epicentro de um movimento conservador sanguinário chamado Inquisição…

     

    Ali sepultou-se qualquer chance de Portugal deixar de ser um país de terceira grandeza, condenado até hoje a ser um prestador de serviços (agora, turismo), desindustrializado e pobre…

     

    Talvez a primeira estocada inglesa tenha sido dada com a fuga da Corte para o Brasil…Sabemos hoje que as forças napoleônicas que ocuparam Portugal chegaram cambaleantes e famintas, após os esforços de domínio napoleônico na Europa…

     

    Bastava alguma resistência…ideia que foi devidamente “sequestrada” pelos ingleses, que passaram assim a ser os fiadores da soberania portuguesa…e depois, da brasileira…

     

    Desprezar esses componentes na formação do “ethos brasileiro” e todas as “deformações” das nossas instituições e seu funcionamento, que serviram como luva a colocação do Brasil como potência impotente nos tempos da modernidade e pós-modernidade, é uma arrogância tola que só se explica porque Jessé de Souza se apresenta como um intelectual tanto como “pragmático”, como que inimigo dos paradigmas que quer “superar”…

     

    Para demarcar esse campo, ele precisa dessa postura (tola)…

     

    Então, nossos problemas não são apenas resultado de escolhas políticas ruins de nossa elite e do nosso povo, mas TAMBÉM por causa delas, mas principalmente porque tais “escolhas” (que nem sempre são escolhas, outro erro comum nas análises) foram fortemente influenciadas por forças e eventos os quais não estavam ao nosso alcance, ou sob nosso raio de influência…

     

    Não é à toa que chamamos nossas investigações policiais até hoje de Inquéritos Policiais…isso não é um acidente…!

     

    Nosso estamento normativo não foi apenas um acerto entre nossas elites, mas antes um arranjo para que nossas elites se parecessem com o que são…

     

    A “coincidência” entre termos um legado das Ordenações Manoelinas ainda vivo em nossas instituições policiais, e o fato delas (as polícias)ainda agirem com se em 1808 (ano de sua criação) estivessem é irmão gêmeo da influência dos EUA na criação dos limites (ou falta de) constitucionais da atuação do MP e do Judiciário desde 1988, que chegou ao cume com a sujomorização da nossa estrutura judicial, via Departamento de Estado dos EUA…

     

     

    A tragédia de sua História não é sua repetição primeira, mas o fato de que a verdade histórica só é ratificada pelo próprio caminhar histórico…

     

    Olhemos o Haiti (não é aqui)…

     

    Observado rapidamente o ânimo revolucionário haitiano do Século XIX, sabemos que ali se deu a primeira experiência libertária genuinamente negra, somando a abolição com movimento de separação da metrópole, o que não garantiu àquele pequeno país insular centro-americano uma posição melhor que a nossa, ao contrário…

     

    Tais e quais os países africanos como Angola, ou África do Sul…

     

     

    Entender tais nuanças é crucial para criarmos o “nosso pensamento revolucionário”, considerando que há componentes “nacionais” determinantes (mas nunca deterministas), assim como um conjunto de forças e interesses internacionais que incidirão sobre nossas decisões e a partir delas…

     

    Quem entendeu isso, como os ingleses, autores intelectuais do nosso genocídio paraguaio, consegue ao mesmo tempo impedir os limites de uma solidariedade regional, ao mesmo tempo que insufla ódios nacionais, que a bem da verdade, são verdadeiros, de certo modo e em algum tempo…

     

    Um exemplo: O caso da Bolívia e o preço do gás natural deles, por exemplo…Ou o caso do embargo da venda dos aviões Tucano à Venezuela por empresa estadunidense…apesar do discurso bolivariano, os venezuelanos fizeram suas “contas” e decidiram resguardar futuros interesses, acatando a ordem de Washington…

     

    É mais ou menos o falso dilema quando enfrentamos a questão dos imigrantes…

     

    Não se trata de ser contra ou a favor ou fluxo de gente, mas saber antes quem se alimenta e se aproveita de tal fluxo…

     

    Não há de se debater contra ou  a favor do aumento do preço do gás pelos bolivianos, em prejuízo aos nossos interesses (nacionais), mas sim questionarmos para impedir que o problema chegue a tal (falso) impasse…

     

    Assim nunca sabemos ao certo quando devemos abrir mão da “nacionalidade” para criarmos coesão regional ou quando devemos impor nossa “nacionalidade” para fortalecer essa mesma coesão…

     

    Apesar do que nos é dito pela mídia comercial, tais premissas não se excluem, ao contrário, devem se completar…

     

    E o que isso tem a ver com Lula, sua iminente prisão e nossa aparente imobilidade ?

     

     

    3- Rosa de Luxemburgo e os gradualistas.

     

    Ontem eu li um comentário do Professor da UnB, o Dr Luis Felipe Miguel, que exortava a compreensão de que se é preciso resistir ao golpe, as rupturas às quais conclamamos parecem uma utopia distante, na medida que Luxemburgo nos ensina que tais rupturas na História acontecem não como instrumento da luta de classes, mas apesar delas, ou nas palavras do ilustre professor, como “alheias a elas”…

     

    Isso explica, é verdade, o teor de incapacidade dos movimentos políticos de dirigirem as condições históricas até esses momentos determinantes (revoluções), mas eu penso e argumento que o uso dessa premissa de forma, digamos, desonesta, no sentido de demarcar uma posição que os coloca como “pragmáticos responsáveis”, no que eu prefiro chamar de gradualistas, que são reformistas que esperam a revolução acontecer enquanto reformam o capitalismo para uma “distribuição mais justa” de riquezas…

     

    O resultado disso talvez seja melhor explicado nos wellfare states…

     

    Miguel chama os que pretendem construir argumentos distintos da lógica pobre entre reformistas e revolucionários de “sonhadores” ou “loucos”, “radicais estereis”…

     

    Já ouvimos isso antes…

     

    Ele tem parte de razão, porque como já dissemos, a História só se comprova por ela mesma, então, loucura revolucionária é aquela que não triunfa…

     

    Só que esse vício (que eu chamo de corrupção intelectual teleológica) não explica alguns problemas:

     

    a) É verdade que os movimentos das massas de diversos países que experimentaram revoluções, como Cuba, Coreia, Vietnam, URSS, China, etc., não foram (apenas) resultado da ação revolucionária exclusivo de uma classe ou grupo específico, apesar de que depois de deflagrados tais movimentos, as revoluções de cada país e seus arranjos pós-revolucionários obedeceram a uma lógica intrinsecamente ligada a natureza das classes que passaram a dirigir tais movimentos (ou as que renunciaram a essa tarefa)…O triunfo de Che (Guevara) e sua morte na Bolívia talvez sejam os exemplos mais crueis dessa passagem…

     

    b) O nível de enfrentamento e a qualidade das intervenções externas e internas de contra-revolução determinaram também o comportamento dessas classes dirigentes e o maior ou menos sucesso relativo desses movimentos em relação ao que se propunham, assim, o Haiti foi massacrado e condenado a ser…o Haiti, enquanto Cuba teve sucesso relativo em vários campos, a URSS chegou ao ponto de rivalizar com os EUA e seus sócios, China manteve-se a parte, mas como uma parte que poderia acabar com o resto todo, e outros foram por outros caminhos;

     

    c) Já no campo das reformas e ampliações de empoderamento de classes em países que passaram pela lógica da reforma via wellfare state, as estruturas de desigualdade continuam intactas, apesar de aparentemente mais amenas.

     

    A inclusão pelo consumo tão criticada aqui, e verdadeiramente deve ser criticada, não foi diferente na Europa ou nos EUA.

     

    Lá como aqui não houve aumento de poder político dessas classes, nem alteração das estruturas de desigualdade…

     

    O que nos difere da Europa e dos EUA é escala econômica desses ajustes e suas repercussões na vida social…

     

    Se houvesse uma ampliação de consciência cidadã (ou solidariedade política via esquerda) na Europa os nos EUA, os enormes contingentes médios e trabalhadores não reagiriam de forma tão reacionária e em alguns casos, pela ótica do fascismo, quando têm seu conforto econômico ameaçados pelo girar das cirandas financistas e seus efeitos assimétricos pelo globo, mas que não poupam ninguém, sejam em Montparnasse, sejam no Jacarezinho…

     

    Sim, se o “fracasso” da inclusão pelo consumo deve ser debitado ao PT e seus governos de coalizão, o que dizer de Trump e Macron como resposta popular à crise nos países onde as classes inferiores estariam mais “preparadas” para influírem nos seus destinos?

     

    Como explicar que é justamente o país europeu com menor grau de “inclusão” (Portugal) tenha apontado a saída?

     

    É  vício teleológico da esquerda e seus pensantes…

     

    Praticam um economicismo transgênero, de viés invertido, uma sub-noção da política criando uma sub-categoria local para explicar nossa aparente imobilidade…

     

    É esse cacoete que descamba para escrotidão conceitual que faz com que milhares se amontoem em frente a um tribunal esperando justiça quando ali se tratava de consumar uma execução…

     

    Como se quisessem apresentar embargos para definirem o lado que cairá a cabeça depois de decepada…

     

    O reú Lula só resta cumprir a última parte de seu acordo…

     

    Lá em 2006, ou antes, em 2002, as bases do acordo que celebrou com a elites apresenta sua última cláusula…

     

    Quando José Dirceu, e nervo central de seu governo foi preso e esquartejado, junto com outros do quilate de José Genoíno (esse aqui um caso especialíssimo, porque paradoxalmente, pela sua história, era um dos artífices da aproximação indispensável com os militares), Lula tinha a opção de alterar esse pacto, que ali começava a se romper…

     

    Preferiu a manutenção precária da precária institucionalidade…

     

    Novamente a ilusão de mudança gradual, esquecendo-se da escala e da posição relativa:

     

    – Escala porque capitalismo periférico não se reforma nunca, porque somos ao mesmo tempo, compradores de moeda e déficits dos centros emissores de moedas-padrão de trocas, e de outro lado, somos fronteiras de estabilização dos fluxos de contra-fluxos de capitais, ou centros de reciclagem de capital…

     

    Ou de forma mais rasa: Capitalismo de periferia só se reforma para continuar de periferia…

     

    A China livrou-se principalmente por causa de três fatores cruciais: População gigantesca e autoritarismo político com acervo nuclear…apesar de que eu considere que lá só temos um capitalismo planificado de Estado…

     

    O que não é pouca coisa…Os EUA que os digam…

     

    Sobra lá o fator capital demográfico, que talvez tenha faltado a URSS…

     

    Voltando ao assunto Brasil…

     

     

    Lula agora chora o leite derramado, como toda esquerda…

     

    Como rebelar-se contra o resultado do jogo que você aceitou participar?

     

    E o pior, como aceitar jogar um jogo onde o juiz anularia cada gol feito pelo seu time, que já entrou em campo com placar adverso de 457 a 0?

     

    A Lula restam duas alternativas:

     

    Ou incendiar o país com seu enorme capital político, usando seu resto de liberdade para construir comitês populares contra o golpe de 2016, boicotando a eleição de 2018, ainda que ele esteja liberado para concorrer ou;

     

    Ou ir como cordeiro para o abate, a cadeia…adiando assim em 30 ou 40 anos (isso é um chute) qualquer chance de mudança real…

     

     

    Ficaremos sem petróleo, sem submarino movido a energia atômica (uma bomba então, nem pensar!!!), sem marco regulamentar para a mídia (meus zeus, a maior rede de comunicação da Inglaterra é ESTATAL!!!!), sem controle do judiciário e das polícias, etc…

     

    A  distopia está na mesa…sirvam-se…

     

     

  12. Não sei os próximos passos,
    Não sei os próximos passos, ou seja, em instâncias nacionais que, esperamos, não sejam tão militantes e submissas a Globo com sua opinião publica(da) como ocorreu até o caso ser apreciado pelos caipiras patetas regionais do TRF4,…o que sei ė que, até agora, Zanin e Waleska foram impecåveis…

    ..vou consultar um amigo advogado…segue a conversa:

    eu: primeiro a imprensa golpista, e agora parte da esquerda criticam os advogados de Lula..o q vc acha

    Amigo Edilson Alves Fitterman: Eu achei que eles além de muito competentes tiveram muita altivez e controle emocional pra suportar a violência de Sérgio Moro. Inclusive recebeu vários elogios de juristas e jornalistas.
    Como reverter uma situação que já estava toda desenhada fazendo parte do golpe parlamentar jurídico e midiático?

    eu: Exato.
    Apostar na legalidade teria sido perda de tempo, de forma que os advogados fizeram o que tinha que ser feito: jogaram no campo de Moro e CIA, a política…sim…mas não deixaram de lado a lei…o estado de exceção midiático penal eh q ignorou a lei…

    pelo menos se sairam bem polticamente….por exemplo ao apontar lawfere, o que era o caso……os advogados foram a paises estrangeiros denunciar o golpe
    ..na Inglaterra fundaram o Instituto Lawfere…tem palestra la hoje sobre o caso Lula..

    ….ao enfrentar o juizeco….e Lula se saiu bem na audiencia…nem adiantava fazer alegação de ordem tecnica
    ..

    se o processo era politico a defesa tinha q jogar nesse campo

    se fosse pela lei permitiriam pericias etc

    era um processo poltico de lawfere

    parabens Zanin e Waleska

  13. É preciso confrontar e afetar o capital

    Ali por volta de 86/87/88, pipocavam greves dos bancários a todo momento, era o tempo da hiperinflação do caótico governo Sarney, os salários correndo atrás da espiral inflacionária, que corroía o poder de compra dos assalariados. E tome gatilho que disparava reajuste de salários a cada 90 dias, e quetais, até desaguar tudo na indexação ampla, geral e irrestrita. Caos. 

    Os bancários tinham um instrumento de pressão irresistível, simples, direto, objetivo e eficiente: paralisar a compensação, centralizada e executada pelo Banco do Brasil, No terceiro dia, a Bolsa fechava. Daí a Febraban pressionava o BB a negociar. Os bancários tinham a força. Há muito tempo que essa força acabou, com a automatização da compensação, os caixas eletrônicos, a terceirização do abastecimento, etc. 

    É preciso criar um clima de caos no país, de modo A AFETAR OS NEGÓCIOS. Daí o CAPITAL vai implorar pela estabilidade. Assim como a FFebraban fazia com o BB nos anos 80. 

  14. “Lula precisa nomear outros

    “Lula precisa nomear outros defensores, que tenham renome e reputação, pois a sua defesa em Porto Alegre foi desastrosa.”

    Não entendi porquê.

     

  15. Mais um que propala a retórica e inócua “desobediência civil”

    Hoje cedo deparei com o artigo semanal de Armando Coelho Neto, jornalista e ex-DPF, apelando para a tal “desobediência civil”, que muitos acadêmicos, analistas e jornalistas adoram mencionar, mas NUNCA conceituar e explicar. Aldo Fornazieri, com outra argumentação, apela par a essa mesma “vaca sagrada”, mas também não explica que atitudes o cidadão comum pode tomar, para por em prática a tal “desobediência civil”. Pelo uso que se tem feito da expressão, a conclusão a que chego é que a tal “desobediência civil” nada mais é do que uma retórica e inócua figura de linguagem.

    Outro acadêmico, WGS, parece ter combinado com AF de modo que, se um deles acertar, outro erra nas previsões e análises. O jogo deles parece ensaiado. Como se pode ler em https://www.conversaafiada.com.br/brasil/eleicao-nao-e-fraude-eles-que-nao-tem-plano-a-b-c-d, WGS usa uma retórica à qual ele quer dar o statu de verdade absoluta e inquestionável. Escreve ele:

    “Tolice [as forças populares] ficar enredadas nas palavras de ordem criadas por elas mesmas; há uma dezena de estratégias político-eleitorais a serem utilizadas e a eleição não é fraude coisa alguma. É a oportunidade de demonstrar, legitimamente, que o poder atual resultou de um sequestro e, mais ainda, declarar que, onde for o caso, suas decisões devem ser reconsideradas à luz de consultas, referendos e plebiscitos.”

    De forma cínica ou hipócrita WGS quer nos fazer acreditar que as eleições de outubro, se de fato ocorrerem, serão legítimas, mesmo sem a participação do Ex-Presidente Lula como candidato. Em sua ilusão, que se mostra incopatível com um decano da Ciência Política, WGS dá aos leitores democratas e progressistas a falsa ilusão de que a Esquerda Política é que possui as chaves do processo eleitoral, que este transcorrerá de forma limpa, sem nenum tipo de fraude. Até parece que WGS desconhece as investidas da juristocracia contra Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann e Guilherme Boulos, para citar apenas três líderes das forças progressistas da Esquerda. Mais: parece que WGS não percebe ou ignora as aões e tramas golpistas de GM, MT et caterva, para aplicar o golpe do p arlamentarismo.

    Neste artigo, que pode enganar os leitores eventuais ou aqueles que somente agora estão tendo contacto com as opiniões e análises desse acadêmico uspiano, Aldo Fornazieri encaixa frases de efeito que para os desavisados e incautos pode parecer um ‘chamado à luta’, um cacoalhão nas ‘tropas’ ou coisa parecida. Destaco os parágrafos 8-11, nos quais AF clama pela “desobediência civil”, mas sem definir em que consiste e quais atitudes do cidadão comum podem levá-la a efeito. 

    “É legítimo desobedecer juízes que violaram a lei

    A desobediência às decisões de Moro, do TRF-4 e, eventualmente, de Tribunais Superiores, é legítima e legal, pois eles violaram as leis e a Constituição ao transformarem a 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba em tribunal de exceção, ao condenarem sem prova ao violarem o princípio constitucional de em dubio pro reo, substituindo-o pelo princípio inconstitucional da “dúvida razoável”. Se restar alguma decência aos Tribunais Superiores, anularão o processo contra Lula. Ao desobedecer esses juízes e  desembargadores se estará obedecendo a lei,  pois a vontade deles não pode ser substituta da lei. Ao assim querem, se instituíram como tiranetes do Judiciário. Moro e os desembargadores não têm moral para se arrogarem paladinos do combate à corrupção. Em primeiro lugar, porque não é esta sua função. Em segundo lugar, porque recebem acima do teto constitucional, sendo este privilégio uma forma de corrupção.

    A desobediência civil à vontade arbitrária dos tiranetes do Judiciário se alicerça no pensamento liberal, desde John Locke. Ele afirmou, categoricamente, que um homem “não pode submeter-se ao poder arbitrário de outro”. Ao se transformar a Vara Criminal de Curitiba em tribunal de exceção e, ao juiz Moro escolher Lula como réu a ser julgado por ele, além de violar o Artigo 5º da Constituição, também se violou o princípio liberal escrito por Locke de que o poder “está na obrigação de dispensar justiça e decidir dos direitos dos súditos mediante leis promulgadas, fixas e por juízes autorizados, conhecidos”. Lula foi julgado segundo “leis” nem autorizadas e nem conhecidas e por um juiz que, pelo princípio da naturalidade, não estava autorizado, quebrando-se assim a objetividade da competência jurisdicional.

    Além de combater os tiranetes do Judiciário e defender Lula, duas outras lutas precisam ser travadas. A primeira, consiste em continuar o combate ao governo iníquo, cínico e ilegítimo de Temer. Governo que degrada a vida do povo e envergonha o Brasil no mundo. É preciso bloquear a continuidade do desmanche social, cultural e nacional que esse governo vem promovendo.”

    Como os cidadãos e mesmo partidos políticos e representantes populares eleitos podem praticar essa desobediência civil? Como Lula, o PT, os petistas, os esquerdistas e defensores do Estado de Direito Democrático podem desobedecer a esses juízes violadores da Lei, se as forças repressoras estão alinhadas com esse judiciário violador da ordem legal e constitucional? Como desobedecer a essas autoridades corrompidas do sistema judiciário se os braços armados do Esatdo estão alinhados com as oligarquias judiciárias, midiáticas e políticas envolvidas na trama e execução do golpe de Estado? AF acha que algumas dezenas de sem-terra bloqueando rodovias e ocupando prédios públicos serão capazes de enfrentar as PMs, o Exército, a FN e outras milícias armadas do aparato armado e repressor do Estado, hoje alinhados com o golpe? Será que AF não se lembra do que aconteceu em Eldorado dos Carajás, em 1996? Será que o articulista já se esqueceu que no mesmo dia da farsa/fraude judicial que inabilitou lula para a disputa presidencial ocorreu a execuação de um líder do PT e do MST, na Bahia? Será que AF não sabe o que aconteceu com dezenas de jovens do Levante Popular, no mesmo deia da infâmia perpetrada pela 8ª gangue do TRF4 contra o Ex-Presidente Lula?

    Essa jogada combinada, escrevendo bravatas dissonantes, de modo que um dos dois acadêmicos possa depois, confortavelmente, conceder entrevistas a veículos do PIG/PPV confirmando suas ‘previsões’ é mais do que manjada e só convence os que não estão habituados a essas malandragens. A mim nem AF nem WGS enganam, muito menos convencem.

  16. “propor um programa que expresse uma revolução democrática”

    Uma belíssima reflexão no geral, mas gostaria de destacar a frase que vai como título, porque é de suma importância para construir uma frente de esquerda forte e consequente que o programa ocupe sempre o primeiro lugar.

    A figura de Lula importa como principal e mais forte defensor deste programa, que dados os terríveis golpes que sofremos em nossos direitos sociais, culturais e econômicos, nem é tão complicado de montar, embora também não seja tarefa simples. Mas é preciso não permitir que a construção desta frente não se perca em apenas mitificar a figura individual de Lula. Até porque Lula já é uma liderança popular histórica, absolutamente já consolidada e que dispensa reforços nessa área.

    Enfim não é defender Lula apenas por ser Lula, mas pelo programa político que ele personifica e defende. Resumindo em poucas palavras e correndo o risco de uma comparação indevida, no momento me parece que importa mais redigir os  “mandamentos” do que o “Moisés” em si. Por isso avulta de enorme importância a tal nova “Carta aos Brasileiros”, que acredito, em sua nova versão possa ser o melhor começo para construção de um programa que expresse a “revolução democrática”. 

    É de fundamental importância solidarizar-se com a terrível perseguição que é movida contra Lula assim como continuar denunciando o caráter político desta condenação e brigando pela sua anulação em quantas intâncias ainda restarem. Mas também é preciso ficar claro que  esta perseguição ocorre em razão da defesa de um programa político que está acima das lideranças individuais. Enfim precisamos cuidar e exigir que as ações reflitam muito mais um processo de politização em torno de um programa muito claro, do que qualquer espécie de “martirização” de uma liderança individual, seja ela quem for.

    Estamos neste impasse também por causa dos erros cometidos(num grau que eu não saberia estabelecer no momento). E um deles foi abrir mão da força das ruas, que não quer dizer outra coisa senão a organização das forças populares sempre prontas a defender com a vida, o programa político de transformação. A opção em não desmontar os pilares da casa grande,  compondo “alianças” com segmentos podres da política nacional, em nome de uma suposta governabilidade, alavancada sobretudo na força política de uma única liderança, é uma das razões de nossa derrota momentânea.

    Espero que o que restou do PT, que Lula, e que todos quantos tenham proximidade na definição dos próximos passos da resistência, tenham a humildade de reconhecer erros, e recolocarem como fonte do programa e principal elemento de força política, as organizações populares.

     

     

     

     

  17. Concordo e digo mais.
    Agora é
    Concordo e digo mais.
    Agora é preciso dizer em alto e bom som que em caso se vitória eleitoral o sarrafo vai comer no lombo dos barões da mídia e dos juízes.
    Chega de contemporizar com estes filhos da puta.
    Eles querem todo o poder, então devem ser tratados como se fossem tiranos, traidores e bestas feras.

  18. Será?

    Prezado Aldo

    Leio com interesse seus artigos e partilho de suas posições na imensa maioria das vezes.

    No entanto, parece-me ingênua a afirmação de que a defesa de Lula tenha sido desastrosa. Ainda que seja absolutamente leiga na área em questão, o simples fato de que os juízes tenham levado os pareceres por escrito, dá a pensar que o veredicto já estava decidido, independentemente de toda e qualquer competência da defesa. Geoffrey Robertson declarou sua perplexidade ante tal descalabro. Portanto, parece injusto desqualificar uma defesa que teve meros 15 minutos e que evidentemente não foi considerada.

  19. Se Farsa, Como Considerar Qualquer Coisa, Se não a Farsa?

    “Lula precisa nomerar outros defensores, que tenham renome e reputação, pois a sua defesa em Porto Alegre foi desastrosa.” 

    Espero que não tenha bebido na fonte da Folha e engolido o contra-jogo inimigo, para dar ares de legalidade jurídica a farsa do TRF-4 e criar cizânia atazanando o mais que excelente Zanin, como deve ter esquecido dos resultados jurídicos obtidos por essa nata, a fina flor de ‘renome e reputação’ recomendados na frase acima e que defenderam onze em cada dez acusados na primeira farsa para tirar o PT do poder, o Mentirão. 

    Não conseguiram lhufas com suas afamadas práticas jurídicas burocraticas compadrias junto ao STF e, pior, ficaram obsequiosamente calados enquanto os supremos faziam política desancando o PT e os petistas, sobretudo os acusados, com destaque ao decano que aspergia vômitos e mais vômitos para cima do partido da estrela vermelha, sendo o jato expelido mais suavemente, o que tratava os seus filiados e militantes com a pecha de ‘bandidos’, sem qualquer reação dos de renome e reputação. 

    A defesa em Porto Alegre não foi desastrosa, pelo simples fato que o jogo estava jogado, pouco importando, como importou ignorado, o que a defesa apresentasse, com exceção de fazer política, antecipando o resultado de 3 x 0 e o aumento da pena, sabidos, escancarando o jogo jogado, denunciando a farsa e deslegitimando a legalidade jurídica pretendida, abandonando o julgamento e encerrando-o antes de começar, ao anunciar o que viria, certamente, pois dentro do golpe eles não tinham outra opção e se viessem com zebra, melhor, diría-se que tiveram que mudar o jogo já jogado e sabido até pela ‘Band’.

    Distinta das com renome e reputação do Mentirão, que não conseguiram nada, a defesa de Lula, técnica e política, surpreendeu os lavajateiros, bagunçou a sua agenda, inclusive levando o embate ao exterior, e permitiu a Lula recuperar politícamente o espaço perdido e ocupar o centro do processo político e da campanha eleitoral de 2018, esnucando os golpistas e obrigando a brigada lavajateira, no judiciário e na mídia parceira exporem-se além do pretendido, escancarando mais e mais tratar-se apenas de uma farsa, cujo único objetivo era tirar o PT do governo e junto com Lula do cenário político brasileiro, não a toa a aprovação de Lula, hoje, ultrapassa a de moro e a rejeição de moro aproxima-se da de Lula e os movimentos coxinhas mal conseguem arregimentar duas dúzias de amarelos CBF para o que quer que seja.  

    1. Direto ao ponto

      Caro Fr@ncisco,

      Em meu comentário eu não abordei essa malévola crítica aos advogados que fazem de forma brilhante, tanto técnica quanto polìticamente, a defesa do Ex-Presidente Lula, feita pelo articulista, porque sabia que alguém mais experiente e com conhecimentos da área jurídica o faria em meu lugar. Subescrevo teu comentário.

      Já no primeiro parágrafo você identifica e desmonta a falsa tese defendida por AF, que no fundo é a da FSP e de outros do PIG/PPV. E se o PIG/PPV, comparsa e cúmplice das ORCRIMS judiciárias, usa AF e outros acadêmicos para mandar seus recados e tentar semear discórdia é porque estão sentindo o impacto da ação comabtiva dos advogados que defendem o Ex-Presidente Lula. 

  20. Fornazeri escreveu….. “é

    Fornazeri escreveu….. “é legítimo desobedecer juizes que violaram a lei”

    Quem decide que um juizes violaram a Lei?

    Os Réus?

    O STF?

    O Bispo?

    O Papa?

    Jogo de Buzios?

    Existe um brocardo jurídico que diz: “Cada cabeça uma sentença”. Assim, se somos 200 milhões, teremos 200 milhões de sentenças. Como identificar um juiz que violou a Lei com cada brasileiro pensando sua sentença?

    Até hoje setores de esquerda tratam o impechment da Dilma como golpe, enbora o STF tenha sido acionada a cada fase do processo, inclusive no próprio dia da votação, o presidente do STF presidiu o congresso Nacional.

    Masmo assim chamam o impeachment de golpe.

    Fornazeri mostra que não é democrata. Não admite ser contrariado. A democracia dele só funciona quando os juizes tem a mesma opinião do que ele.

    Mas quando a opinião dos juízes entra em choque com a sua opinião, aí ele acha legítimo desobedecer à Justiça.

    Democrata de merda.

    1. “quem decide que um juizes

      “quem decide que um juizes violaram a lei”

      Apenas lendo o que tá escrito na “constituissão”, sem os devaneios da analogia bobinho!!

  21. choveu no molhado
    E não agregou nada além de ter caído na armadilha de desqualificar a defesa. O problema não é a defesa, e o golpe e como ele foi milimetricamentre planejado e executado!

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