Copom aumenta taxa Selic para 12,75% ao ano

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu aumentar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (04/05), para 12,75% ao ano.

A decisão unânime leva a taxa Selic para o seu maior patamar nos últimos cinco anos – em janeiro de 2017%, a taxa básica de juros estava em 13% ao ano.

“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,75% a.a”, diz o comitê, em nota oficial divulgada após a reunião.

Segundo o colegiado, a decisão “reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023”.

Ao mesmo tempo em que o ambiente externo continuou piorando, o Copom destaca que “as pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia”.

Inflação deve estourar meta em 2022

As expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,9% (estourando a meta inicialmente estipulada, de 5%) e 4,1%, respectivamente, com fatores de riscos “em ambas as direções”.

Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário listados pelo colegiado, estão “uma maior persistência das pressões inflacionárias globais”; e “a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país, parcialmente incorporada nas expectativas de inflação e nos preços de ativos”.

“O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, ressalta o colegiado, que considera “provável” uma “extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude”.

“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, diz o colegiado.

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Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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  • A inflação é problema enfrentado em várias partes do mundo, cada qual na sua intensidade. O atrelamento da inflação às metas e o estabelecimento de um centro ideal para elas aumentam a pressão nas decisões do COPOM. A procura por empurrar o índice para esse centro, retira o foco de outras questões e centraliza esse tópico. Fatores externos, no momento, estão pesando; mas a prioridade sempre é esse centro e menos alcançar uma acomodação em um certo nível e depois ir reduzindo essas referências. A elevação dos juros nos EUA deve ter algum efeito por atrair dólares para lá. De todo modo, não dá pra um país aplicar taxas tão altas como o Brasil está acostumado. Desse jeito é improvável ter investimento que gere trabalho e renda para fortalecer o País e sua economia. É preciso procurar alternativas que permitam o crescimento junto com o controle da inflação.

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