Defesa de Cláudia Cruz segue a dica de Moro: provar que ela não sabia de nada

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – No mesmo despacho em que devolveu o passaporte de Cláudia Cruz e estipulou o prazo de quatro meses para que sete testemunhas de defesa, em Cingapura e na Suíça, sejam ouvidas a respeito das contas secretas manipuladas por Eduardo Cunha, por meio de acordo de cooperação internacional, Sergio Moro norteou, ainda que indiretamente, a estratégia de defesa da jornalista.

Moro aceitou ouvir as testemunhas “a bem da ampla defesa”, mas destacou que elas são “dispensáveis” para o caso de Cláudia Cruz, pois tratam-se de funcionários de instituições financeiras onde estão os trusts do ex-deputado federal. O juiz salientou, então, o que seria “relevante” para a Justiça brasileira: saber se Cláuda tinha ou não ciência de que os fundos do marido eram abastecidos com recursos desviados de esquemas de corrupção na Petrobras.

Os advogados de Cláudia, coincidentemente, usam essa diretriz para inquirir testemunhas de defesa diante de Moro. É o que se vê no interrogatório de Ester de Souza Lemos, terapeuta de shiatsu da mulher do ex-presidente da Câmara.

No vídeo abaixo, nem o Ministério Público Federal, que acusa Cláudia de usufruir das contas abastecidas por Cunha, nem o juiz Moro fizeram perguntas à testemunhas. Apenas a defesa prestou esse papel, com questões cujo objetivo claro é imprimir nos autos a ideia de que o ex-parlamentar era o único responsável pela gestão financeira da família, enquanto a Cláudia coube, desde que saiu da Globo, a função de cuidar do lar.

https://www.youtube.com/watch?v=HwLP-UfNfBU width:700 height:396

Aos 8 minutos e 25 segundos, a defesa pergunta se Ester, que conhece Cláudia Cruz há 19 anos, sabe se a jornalista tem “confiança” em Eduardo Cunha e sabe de detalhes dos negócios do marido.

“A Cláudia, por uma única vez, antes do Eduardo assumir a Câmara, (…) ela virou para mim espontaneamete, depois que alguma coisa foi dita no Jornal Nacional, e verbalizou nesse sentido: ‘Ester, eu, por mais de uma vez, perguntei ao Eduardo se esse dinheiro que ele ganha é lícito, e meu marido me respondeu que todo o dinheiro que ele é muito bom em ganhar  – que ele sabe fazer, porque é um excelente economista e aplicador da Bolsa – tem respaldo da lei.’ E ela virou para mim, concluindo: ‘Ester, se eu não acreditar nisso, não posso estar casada com ele, porque isso me torna uma mulher sem caráter. Então, acredito fielmente no que ele me diz. E ele sempre foi bom sim, um ótimo economista, administrtador, aplicador, corre atrás de fazer dinheiro, isso ele sempre fez bem.'”

Depois, questionada se Cláudia costumava comentar sobre a vida política de Cunha, a terapeuta responde que a jornalista era sempre “muito pontual” e fazia comentários genéricos. “Vou dar um exemplo: há muito tempo atrás, muito tempo mesmo, quando a família do Garotinho e a Rosinha tiveram um almoço, a Rosinha levou uma criança que era adotada. Ela fez comentário nesse sentido, de dizer que eles têm tantos filhos e adotaram mais um.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. Indícios de despreparo

    Impressiona-me sempre ao ler os despachos do juiz de primeira instância curitibano, pelo texto mal elaborado e os sucessivos erros de gramática, ortografia e digitação, denotando despreparo mesmo e falta de zelo mínimo na realização de tarefas rotineiras. A mesma impressão ocorre quando o escuto falar, com uma oratória pobre, denotando, nesse caso, uma cultura limitada e insuficiente. Em verdade, o juiz curitibano de primeira instância é a cara do judiciário e do emepêefe desta geração dominante de concurseiros. Verifiquem, por exemplo, os despachos sempre mal ajambrados de janot, tanto em termos argumentativos quanto discursivos. De fato, a mediocridade intelectual campeia solta e amplamente no “sistema de justça” brasileiro, para usar os termos janotianos.

  2.  
    Dizem que alguém se

     

    Dizem que alguém se encontrou com o ESCROTO e o ESCROTO, conversa vai, conversa vem, disse-lhe que nada mais ESCROTO do que certas investigações que vazam-a-jato. E arrematou, nem eu, o rei dos ESCROTOS, chego aos pés dela. Será?

  3. Inventando jurisprudencia!

    “Moro aceitou ouvir as testemunhas “a bem da ampla defesa”, mas destacou que elas são “dispensáveis” para o caso de Cláudia Cruz, pois tratam-se de funcionários de instituições financeiras onde estão os trusts do ex-deputado federal. O juiz salientou, então, o que seria “relevante” para a Justiça brasileira: saber se Cláuda tinha ou não ciência de que os fundos do marido eram abastecidos com recursos desviados de esquemas de corrupção na Petrobras”:

    Nao eh bem isso que a lei dizsobre esse assunto nao…  E nao eh so no Brasil tampouco.

    Moro esta tirando essa jurisprudencia do…

    Alguem realmente quer que eu conte?

    1. “Moro esta tirando essa
      “Moro esta tirando essa jurisprudencia do…
      “:
      Do cu.
      Desconheco testemunha de defesa “dispensavel” ESPECIALMENTE se eles sao funcionarios de banco onde uma pessoa mantem contas com dinheiro saido de… nenhuma origem identificavel!

  4. Justiça brasileira:um ex a não ser seguido.Impunidade.

    Essa senhora pode fIcar tranquilérrrima!!!! Pode programar desde desde já suas viagens de fim de ano para longe dessa terra tupiniquim. Se no caso Banestado não sobrou nenhuma punição prá ninguém apesar de todas as provas das contas cc5 em que constavam os nomes de todos os seus respectivos procuradores e beneficiários, o que dizer da esposa do homem que esteve à frente do golpe de Estado contra uma nação inteira??? Por acaso, só por acaso, o juiz que presidia a maior parte dos processos do Banestado é o mesmo que julgará o processo dela, então….tá tudo em casa, né messmooo?? 

    O judiciário brasileiro é um tipo de câncer malígno – metastático – contra o Br e seu povo. São aquela ralé de colonizados, medíocres, vira-latas, analfabetos políticos, covardes e pobres de espírito. Eles terão o meu desprezo eterno, todos eles..

     

  5. Cláudia Cruz, a esbugalhada.

    A mulher de Eduardo Cunha, a Cláudia esbugalhada não é

    menina, sabe o que diz e é cobra criadíssima. Tem escola.

  6. Jornalista, mulher
    Jornalista, mulher inteligente, articulada, será que não sabia que aqueles milhões seriam de origem ilegal? Duvido, du-vi-de-o-dó.. A forma como ela esbanjava o dinheiro dá uma dica. Apenas um exemplo, alguém seria capaz de torrar 800 mil dólares somente em aulas de tênis nos EUA se essa grana viesse do trabalho honesto, do suor, do marido? Claro que não! Óbvio que não! Pra mim tá muitíssimo claro que o juiz tá forçando a barra com objetivo de livrar a moça da prisão.

  7. ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA
    ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE
    Desvendando Moro
    Folha de SP – 11/10/2016

    O húngaro George Pólya, um matemático sensato, o que é uma raridade, nos sugere ataques alternativos quando um problema parece ser insolúvel.

    Um deles consiste em buscar exemplos semelhantes paralelos de problemas já resolvidos e usar suas soluções como primeira aproximação. Pois bem, a história tem muitos exemplos de justiceiros messiânicos como o juiz Sergio Moro e seus sequazes da Promotoria Pública.

    Dentre os exemplos se destaca o dominicano Girolamo Savonarola, representante tardio do puritanismo medieval. É notável o fato de que Savonarola e Leonardo da Vinci tenham nascido no mesmo ano. Morria a Idade Média estrebuchando e nascia fulgurante o Renascimento.

    Educado por seu avô, empedernido moralista, o jovem Savonarola agiganta-se contra a corrupção da aristocracia e da igreja. Para ele ter existido era absolutamente necessário o campo fértil da corrupção que permeou o início do Renascimento.

    Imaginem só como Moro seria terrivelmente infeliz se não existisse corrupção para ser combatida. Todavia existe uma diferença essencial, apesar das muitas conformidades, entre o fanático dominicano e o juiz do Paraná -não há indícios de parcialidade nos registros históricos da exuberante vida de Savonarola, como aliás aponta o jovem Maquiavel, o mais fecundo pensador do Renascimento italiano.

    É preciso, portanto, adicionar um outro componente à constituição da personalidade de Moro -o sentimento aristocrático, isto é, a sensação, inconsciente por vezes, de que se é superior ao resto da humanidade e de que lhe é destinado um lugar de dominância sobre os demais, o que poderíamos chamar de “síndrome do escolhido”.

    Essa convicção tem como consequência inexorável o postulado de que o plebeu que chega a status sociais elevados é um usurpador. Lula é um usurpador e, portanto, precisa ser caçado. O PT no poder está usurpando o legítimo poder da aristocracia, ou melhor, do PSDB.

    A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista. E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT.

    Savonarola, após ter abalado o poder dos Médici em Florença, é atraído ardilosamente a Roma pelo papa Alexandre 6º, o Borgia, corrupto e libertino, que se beneficiara com o enfraquecimento da ameaçadora Florença.

    Em Roma, Savonarola foi queimado. Cuidado Moro, o destino dos moralistas fanáticos é a fogueira. Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes.

    Ou seja, enquanto você e seus promotores forem úteis para a elite política brasileira, seja ela legitimamente aristocrática ou não.

    ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha

    http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/2016/10/11/2/

  8. vencido
    O prazo de validade do mouro está no fim.
    Só ainda encontra público por conta da intensa propaganda da MM Mídia Morogolpista.
    Boa hora para os adeptos de fim de feira. Hora da xepa, moça bonita não paga! Mas tambem não leva.

  9. Hoje Tem Espetáculo?
    Nassif: perguntado qual a relação da testemunha com a acusa fez ela, tão somente, um histórico do tempo que se conheciam, não a “relação” (amiga, inimiga ou conhecida). O que haveria de ter sido perguntado, originariamente, pelo “Savonarola dos Pinhais”.
    Pois com 19 anos de relacionamento e frequência regular a casa dos meliantes, inclusive trocando confidência, isto denota amizade e não inimizade ou simples “conhecido”, mesmo profissional.
    Sem esquecer, a testemunha é “descolada”. Já ouvi dizer de “testemunha” profissional com menos desenvoltura. Pareceu bem preparada (talvez indiretamente) pelo Dr. Arns (o novo Papa da Delação Premiada). Mas, pela óptica curitibana, “não vem ao caso”.
    Sugira a Cíntia cruzar esse depoimento com outros fatos dos autos, especialmente dos que dizem os meninos da Farsa-Tarefa, para averiguar o que de fabricado há no depoimento.
    Ah! Não esquecer, uma entrevista com dona Marisa Letícia. Lá, perguntar se ela sabia que os pedalinhos, segundo conhecidos “sequazes”, foram pagos pela Odebrecht e o iate de alumínio com parte do dinheiro de propina dos US$ 5 milhões do Cunha, daquela Plataforma, a de Angola.

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