Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Desafios de Guilherme Boulos, por Aldo Fornazieri

Desafios de Guilherme Boulos

por Aldo Fornazieri

“Nada é tão débil e instável do que a fama de poder que não se sustenta na força própria”

Como já se disse em outro artigo, Guilherme Boulos é o único líder de esquerda que se projetou no Brasil após as manifestações de junho de 2013. Junto com Ciro Gomes e Fernando Haddad é um dos poucos líderes do campo progressista que apresenta potencial de adquirir uma dimensão nacional e popular. Enquanto Ciro tem sua grande oportunidade nestas eleições de 2018, Boulos, jovem, com apenas 35 anos, dispõe de tempo para construir e projetar sua liderança. Já, Haddad, um dos políticos mais lúcidos e promissores do Brasil poderá ter seu futuro bloqueado pelo PT, que insiste em não olhar para o futuro. Se isto se configurar como veredicto nesse processo de definições em 2018, Haddad terá que rever suas pretensões ou os seus caminhos.

Embora experiente nas lides políticas, pois é um ativista desde a adolescência, Boulos é um iniciante na ação partidária-institucional, terreno no qual terá que ter muita prudência e astúcia para não soçobrar no lodo que geralmente se forma nessa atividade. Como toda a história o mostra, quem lidera e detém poder corre muitos riscos: riscos da vaidade, da arrogância, do autoritarismo e da capitulação para a ideologia do luxo, o que leva à corrupção.

Para enfrentar esses riscos, nada melhor do que a ideologia estóica do republicanismo que cultiva os valores da frugalidade, da simplicidade, da humildade, da humanidade, da generosidade, combinados com a firmeza de caráter, com a coragem e com a tenacidade da luta. A história é mestra em mostrar que a vaidade, o luxo, a busca do brilho do poder pelo poder levam à corrupção, esta à indolência e a perda das virtudes, com a consequente perda do poder. Boulos nunca poderá se esquecer de uma sábia lição da filosofia política clássica que vem do mundo antigo: a liderança se exerce mais pelos bons exemplos do que pelo poder.

Boulos terá muito mais desafios do que facilidades pela frente. As canções dos caminhos floridos são enganosas e os aplausos frequentes e adulações são inimigos das virtudes da prudência, do equilíbrio e da humanidade que, junto com a coragem, o líder deve ter como guias de suas ações. Essas virtudes morais  são o que há de mais importante para o líder político, pois elas constituem aquelas capacidades e qualidades que formam o seu saber fazer prático – essência da atividade política.

Em política, sempre é conveniente distinguir o saber do saber fazer, pois este último é que determinará se um político é efetivamente líder ou não. Se um líder consegue agregar ao saber fazer prático um saber teórico e histórico tanto melhor, pois somará virtudes morais com virtudes intelectuais, condição que potencializa suas possibilidades de êxito. Pressuposto está aqui que as virtudes devem ser sempre vinculadas aos fins éticos que o líder se propõem como objetivos a serem buscados.

Pelo que Boulos tem mostrado até agora, encaminha-se para somar os dois saberes e os dois tipos de virtudes. À sua experiência de militante e de líder agrega os estudos de Filosofia e de Psicanálise. Bem nascido, desde jovem engajou-se nos movimentos dos sem-teto, mesmo quando estes movimentos não ensejavam nenhuma perspectiva de adquirir uma relevância pública social ou uma notoriedade, como o MTST agora adquiriu. Então, Boulos fez uma opção por um tipo de militância movido pelos seus valores morais de solidariedade, justiça e humanidade e por fins éticos orientados na busca de uma sociedade mais justa, igualitária e livre. Foi ficar junto com um dos setores sociais mais esquecidos da nossa desditosa sociedade. Ao tornar-se coordenador do MTST capacitou-se praticamente no exercício da liderança, condição que confere autonomia decisória a quem lidera.

Como líder do MTST Boulos demonstrou ter uma virtude rara no mundo político brasileiro: a coragem. Esta virtude é a condição necessária da política, sem a qual não se constrói uma obra significativa e não se conquista a glória. Junto com o seu movimento, participou de vários embates, de vários enfrentamentos e foi um dos mais aguerridos combatentes contra o golpe que derrubou Dilma. Teve a ousadia de não manter o MTST apenas como um movimento específico por moradia, conferindo-lhe uma dimensão política mais larga ao incorporar bandeiras políticas.

Na solidariedade a Lula, conseguiu fazer com que o PSOL superasse as querelas menores, fazendo perceber aos companheiros que, além do caráter injusto e persecutório na prisão do ex-presidente, nela está imbricada a luta pela democracia e contra o avanço do fascismo. Esta solidariedade corajosa fez com que Lula o prestigiasse e o abençoasse junto com Manuela D’Avila, no último dia de sua liberdade, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.  

Liderança e força

No processo de construção de sua liderança nacional e popular, o principal desafio de Boulos consistirá em constituir e organizar forças sociais e políticas que lhes sejam fiéis. Para tornar-se este líder terá que criar uma identidade política que vai além da sua identidade como líder do MTST, como líder da Frente Povo Sem Medo e como líder do próprio PSOL. Terá que encarnar a representação de interesses, propostas e programa mais amplos, de sentido nacional e universalizante. Para isto terá que desvincular-se da coordenação do MTST, sem nunca abandonar o movimento. Terá que fazer outros tipos de mediações para conquistar o amplo eleitorado popular, sabendo que este é eivado de preconceitos e incompreensões até mesmo para com lutas populares como ocupações. Para construir uma nova hegemonia terá que ter a prudência para combinar equilíbrio e radicalidade, cautela e ousadia, segundo o ditem as circunstâncias.

Os políticos brasileiros, de modo geral, têm negligenciado o problema da organização de forças próprias. Dispor de forças de forças políticas e sociais próprias, nas democracias, é condição sine qua non não só para triunfar e manter o poder, mas também para implementar programas e realizar as mudanças e as inovações. É certo que não basta dispor de forças, pois o líder precisa ter capacidade persuasiva para manter o poder e virtù moral para manejar os meios de que dispõe para liderar.

Todo líder que não dispõe de forças sociais e políticas próprias terá  seus movimentos limitados e tolhidos, seja dentro do partido, no movimento social, no Congresso, no Executivo e no Estado. Sem forças próprias o líder não terá a autonomia para liderar efetivamente. Assim, Boulos terá que ter a capacidade de fazer-se o principal líder do PSOL e fazer com que o partido o aceite como esse líder; terá que fazer do PSOL um partido mais amplo, influente e organizado do que é e terá que ser capaz de fazer-se líder de um conjunto de forças democráticas e progressistas para poder encaminhar as transformações e os  fins que almeja para o povo brasileiro.

Um líder que não dispõe de forças políticas e sociais próprias estará na dependência de forças auxiliares mais poderosas do que as suas e os líderes dessas forças quererão o poder para si. Ou ficará na dependência de forças mercenárias, sempre dispostas a trair, como mostra a história recente do Brasil e as histórias de todos os tempos.

O Brasil passa por um momento maquiaveliano, um momento crítico, de crise prolongada, no qual se oferece uma grande oportunidade não só para a afirmação de um novo líder, mas também para promover grandes transformações. O povo está desorganizado, desorientado, sofrendo, à espera de um novo Moisés que seja capaz de conduzi-lo pelo deserto rumo a uma nova Canaã, rumo a uma nova Terra Prometida. A Fortuna está oferecendo este momento a Boulos e a outros líderes. É preciso ter virtù para perceber a natureza deste momento e a oportunidade que ele oferece para refundar o Brasil. E é preciso saber agir para potencializar as transformações que este momento suscita. Mesmo que a caminhada seja longa e difícil, este é o grande desafio de Guilherme Boulos.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

 

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

29 Comentários

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  1. Boulos é um gênio.

    Boulos é um gênio. A ocupação do MTST em São Bernardo não foi por acaso. Essa ocupação teve a função de reivindicar moradia, assim como criar a logística necessária para possibilitar a resistência da posterior prisão de Lula no sindicato dos metalúrgicos, por isso foi feita próxima do sindicato. Foi uma manobra genial, digna de um verdadeiro estrategista.

    A filiação ao PSOL também foi uma decisão estratégia igualmente sábia. Fez com que o PSOL deixasse a intransigência sectária de lado e se somasse à resistência ao golpe e a prisão de Lula. O lançamento da Frente Povo Sem medo também ampliou o alcance da esquerda que não aceitava a hegemonia petista na Frente Brasil Popular. Cada movimento do Boulos revela um líder autêntico.

    O Brasil pode repetir a experiência exitosa da geringonça portuguesa. A geringonça é uma frente de esquerda formada pelo tradicional Partido Socialista Português com o novato Bloco de Esquerda, que viabilizou o governo de esquerda mais bem sucedido da Europa. Bem diferente do ocorrido na Espanha, com a disputa sectária entre o PSOE e o PODEMOS, que possibilitou a ascensão do partido de direita espanhol, o PP, ao governo.  

    Na Espanha o PSOE e o PODEMOS juntos teriam maioria para governar, mas a rivalidade era tanta que inviabilizou uma saída como a geringonça portuguesa. O Boulos conseguiu se antecipar ao equívoco espanhol e assumiu a liderança do PSOL para não fazer com que a esquerda brasileira caísse na cilada espanhola. Uma eventual frente de esquerda no Brasil só seria possível com a participação do Guilherme Boulos.

    Nas eleições de outubro, o PT após a impugnação da candidatura do Lula, deveria lançar o Haddad como candidato substituto do Lula e ampliar a cooperação com o Boulos. O Haddad só não cresce pois vive à sombra do Lula. Caso o PT o lance como candidato à presidência ele teria condições de dar continuidade ao projeto político do bem sucedido do Lula e da Dilma, com o apoio do Boulos que tende a crescer muito.

    Quem sabe com o protagonismo do Haddad, Boulos e Manuela D’ávila o Brasil podeia já formar uma Geringonça em 2018. Ou algo parecido como a Frente Ampla do Uruguai. 

    1. Desafios de Guilherme Boulos

      -> Bem diferente do ocorrido na Espanha, com a disputa sectária entre o PSOE e o PODEMOS, que possibilitou a ascensão do partido de direita espanhol, o PP, ao governo. 

      -> Na Espanha o PSOE e o PODEMOS juntos teriam maioria para governar, mas a rivalidade era tanta que inviabilizou uma saída

      vc está vendo o problema do Podemos exatamente ao contrário do que o problema de fato é. o problema do Podemos, e por conseguinte o problema político da Espanha, é a institucionalização do Podemos.

      a vitória eleitoral não deve vir de alianças e conciliações, pois assim trará pouco ou mesmo nenhuma transformação social. e sim ser consequência de um movimento pela base.

      Dilemas estratégicos de Unidos Podemos

      Unidos Podemos, actualmente, no es mucho más que un grupo parlamentario. Por abajo hay poca cosa organizada. No hay comités conjuntos en las provincias, en las ciudades, en los barrios. No se está generando asambleas de base conjuntas para debatir y actuar ante los problemas de la ciudadanía. Será muy difícil conseguir un buen resultado electoral así, conseguir alianzas sociales y políticas desde la base sin incorporar a miles de hombres y mujeres que en su momento se movilizaron y que hoy han perdido entusiasmo y compromiso político.

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      1. Um partido político que se propõe a disputar a via institucional

        Um partido político que se propõe a disputar a via institucional deverá canalizar parte dos seus esforços para a viabilidade eleitoral. Caso contrário se transforma num PSTU da vida, isolado numa torre de marfim com dedos em riste apontando para todos e não sendo seguido para ninguém. Um partido político que espreza a via institucional está fadado a irrelevância política.Não é por acaso que o PT tem cerca de 2,2 milhões de filiados e o PSTU tem menos de 20 mil e o PCO não chega a 10 mil.

        A luta institucional é parte do esforço de transformação social e deve ser valorizado. Apesar do Brasil ter um sistema político viciado por oligarquias, a esquerda deve, sim, canlizar parte dos seus  esforços para disputar nessa arena. A via eleitoral institucional possibilita dialogar com o povo e politica as pessoas, mesmo que limitadamente.  

        1. O resgate?

          É, mas Cyro Garcia está solto e pode concorrer às eleições.

          A questão não é somente a (falsa) dicotomia entre lutar dentro dos limites da institucionalidade ou fora dela!

          Essa oposição é apenas para tolos!

          Partidos políticos têm que saber onde e quando usar seu capital político.

          Alguém imagina um jantar com canibais sem correr o risco de ser o menu principal?

          Pois é.

          Mais ou menos como insistir em institucionalizar a luta quando os adversários estão nos esmagando com tacapes, tiros, sentenças, e outros objetos pérfuro-contundentes.

          Outra horrorosa concepção é do tamanho!

          Então o PT (eu sou um dos seus filiados) é mais relevante porque têm mais escala?

          Então devemos nos ajoelhar ao MDB, por que nesse jogo de tamanho e capilaridade ninguém o supera, então eles têm mais razão que nós?

          A pergunta é:

          De que servirá o capital imenso de LULA e do PT agora? Vão apostar em quê? Nas eleições de 2018, com LULA PRESO?

          É esse o preço do resgate dele desse sequestro?

          Ah, sei, vocês nem acham que foi sequestro e que um dia, quem sabe, tudo vai voltar ao normal.

          O problema que no Brasil de hoje, nem de perto, nem de longe, somos normais.

        2. Desafios de Guilherme Boulos

          -> Não é por acaso que o PT tem cerca de 2,2 milhões de filiados e o PSTU tem menos de 20 mil e o PCO não chega a 10 mil.

          vc está se confundindo. PSTU e PCO são casos clássicos de partidos de vanguarda, de quadros. obedecem a teoria de um auto-ungido “partido revolucionário”.

          o PT, assim como o Podemos, nasce de movimentos de massa, pela base. e foi justamente ao deles se desvincularem, principalmente pela burocratização da via eleitoral, que vão perdendo seu poder de transformação social.

          -> Um partido político que espreza a via institucional está fadado a irrelevância política.

          exatamente ao contrário! um partido político que prioriza a via institucional, dela se torna refém, e está fadado a irrelevância como instrumento de organização popular e de luta política.

          e a situação atual no Brasil deveria ser disto o exemplo definitivo.

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          1. Uma coisa não exclui a outra, a disputa eleitoral é tão importan

            Uma coisa não exclui a outra, a disputa eleitoral é tão importante quanto o trabalhado de base. As eleições são oportunidades de politização da população. Por isso o PT tem alguma relevância, pois se transformou em um partido de massa ao representar boa parte da sua base social no parlamento. Caso contrário seria um partido tão irrelevante quanto o PSTU!

          2. Errado.

            Erro 1: Eleição NUNCA foi instrumento de politização, ao contrário, seja aqui, seja na França de Macron, na Itália de Mussolini ou nos EUA de Trump, o que vemos é justamente o contrário: Ou o afastamento das camadas mais politizadas com baixa adesão aos pleitos (onde é facultativa a presença) ou com a piora sistemática da representatividade e dos movimentos políticos-eleitorais. O que causou ou deu algum surto de mobilização nesses países foram movimentos anti-estamento não institucionais, ou fora do espectro formal das eleições;

            Erro 2: Toda vez que houve exceção a regra citada aí em cima, istoe é, quando a eleição significou algum movimento político anti-estamento, houve golpe ou fracionamento do tecido social e político para garantir que os interesses hegemônicos prevaleçam (como no caso da fraude Al Gore versus Bush Jr em 2000) ou os golpes latino-americanos recentes (a tentativa venezuelana, o de Honduras, Paraguai e Brasil);

            Erro 3: Priorizar eleição só tem sentido quando há respeito pelas eleições e seu resultado. Ganhar eleição e aumentar a base eleitoral não garante aos partidos que reivindicam posições contra-hegemônicas nenhum, ou quase nenhum avanço na disputa de poder real (é só ver o caso do PT, que ficou pendurado na broxa quando tiraram a escada);

            Erro 4: O PT tem relevância por ter, em algum tempo, representado uma série de interesses contra-hegemônicos, nesse caso, a parcela da população identificada como classe trabalhadora.

            São esses resquícios ideológicos que dão relevância ao PT.

            Porque os votos, os parlamentares, enfim, os mandatos presidenciais foram todos enfiados no nosso (*) com areia, brita e tudo mais.

            Lula preso, pré-sal entregue, reforma trabalhista assassina, retomada da privataria do que resta, assalto ao país e nenhuma chance de reação.

            Ou seja: Tudo que você falou sobre eleição não fica de pé frente a mais leve brisa!!!

            Em tempo: Ainda mais com a grande chance de não termos eleições!

          3. Estágios diferentes: Europa, EUA e América Latina

            Salvo o conservadorismo nos costumes, nos EUA o eleitor deixou de ver diferença entre Democratras x Republicanos. Na Europa deixou de ver diferenças entre Socialistas X Conservadores. Alterna governo, mas a governança continua a mesma.

            Na Améria Latina não. Aqui o povo mais pobre ainda sente no bolso e no lombo a diferença de governos, e ainda é bem grande a diferença. É por isso que a direita está há 14 anos fazendo campanha de anti-política na mídia.

            Aqui no Brasil a eleição de 2018 tem inclusive caráter plebiscitário. Referenda o golpe? Referenda os retrocessos do golpe? Quer o lulismo de volta?  Ou quer outra coisa diferente? Que coisa diferente? Cabe às candidaturas saberem se representar dentro das perguntas plebiscitárias que o povo quer ser ouvido.

            Claro que no caso da direita “representar” não tem o significado de representar segmentos populares, e sim “atuar” como atores para representarem outra coisa palatável ao que representam de fato.

            Então eleição aqui ainda é instrumento de politização sim. No mínimo força o povo a fazer suas escolhas e enfrentar as consquências. Força a discutir o que é bom ou ruim para si mesmos. Força até a questionar o que fazer se as eleições não resolvem (e enquanto você e eu sonhamos com movimentos de origem popular anti-estamento, a direita aje com intervenções primeiro jurídicas, políticas como o parlamentarismo, e não descartam algum tipo de intervenção militar contando inclusive com simpatia de parte da população).

            Não é sensato a esquerda menosprezar o processo eleitoral. É seu território que ela ainda tem domínio. A direita não despreza. Ela tenta primeiro controlá-lo pelas urnas, antes de recorrer ao golpe.

            PS: Al Gore x Bush Jr não teve nada a ver com movimento anti-estamento. Foi briga de dentro da casa grande estadunidense. Foi establishment x establishment.

            PS2: O M5S italiano veio de movimentos contra a política tradicional, disputou e ganhou as eleições (não o suficiente para governar sozinho) com o programa de governo de renda mínima de 1.100 Euros. Se governa e implanta, as eleições cumpriram seu papel de transformadora da sociedade.

          4. Desafios de Guilherme Boulos

            -> Na Europa deixou de ver diferenças entre Socialistas X Conservadores. Alterna governo, mas a governança continua a mesma.

            -> Na Améria Latina não. Aqui o povo mais pobre ainda sente no bolso e no lombo a diferença de governos, e ainda é bem grande a diferença.

            vamos ainda afundar muito no abismo no qual não paramos de cair.

            a intenção de votos em Lula é coerente com a percepção de melhoria de condições de vida durante seus dois mandatos.

            por outro lado, a queda no índice de popularidade que Dilma sofreu antes de seu impeachment, também era coerente com a percepção de piora de condições de vida.

            e caso Lula seja novamente eleito, o que fará para confirmar as expectativas de seus eleitores? é viável repetir a conciliação de classes? ou chegamos a um ponto em que para dar a uma classe é preciso tirar de outra?

            não se enganem.

            na Europa como aqui o fator chave continua sendo a crise de representação. sem atrair o não-voto (nulos, brancos, abstenções) para a luta política, criando alternativas consistentes, não haverá como superar o impasse.

            Cenário com Lula, Temer e Meirelles: nulos, brancos, indecisos 26,7% (segundo lugar, bem a frente de Bolsonaro).

            Cenário sem Lula, Barbosa e Temer: nulos, brancos, indecisos 45,7% (primeiro lugar disparado).

            e isto sem levar em conta as abstenções da votação real.

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          5. Errado! Errado, erradíssimo!

            Tanto lá como aqui, uma das principais variáveis que empurram o voto é o conforto econômico, embora só o conforto econômico não seja responsável pela criação de uma base social de solidariedade política, ou mais ou menos assim:

            – Todo mundo quer ser classe média, no mundo todo, e danem-se os mais pobres que ficarem pelo caminho. Uns acham que devemos instituir medidas de proteção a desigualdade gerada, outros dizem mesmo: Fodam-se!

            É só isso, caro Novo Tupi.

            A luta pela criação de um ethos político chamado de socialista está muito distante das eleições, talvez por isso elas (as eleições) tenham sido tão importantes para os capitalistas, e toda vez que as eleições representaram uma leve sombra de resultado voltado para ameaça o estamento, aí sim, vem golpe.

            Olha o caso da Grécia: Democracia direta (plebiscito) diz não a Troika, e vem a Troika e trolha nos gregos!

            Olha o Uruguai:

            Democracia diz que maconha é legal. O poder econômico dos bancos diz que estabelecimentos que comercializam maconha legalmente não podem movimentar seus ativos nos bancos!!!!

            É isso, fio…

            Então, na Europa ou na América Lat(r)ina, a crise de representação é igual em sua essência do divórcio do capitalismo com democracia, mas atendendo a cada especificidade da maturidade institucional, econômica e histórica do capitalismo em cada país.

            Tem golpe aqui porque aqui as instituições são mais frágeis, na medida da desigualdade que vivemos.

            Assim como somos mais violentos na medida de nossas desigualdades.

             

            Não estou dizendo para a esquerda desprezar as eleições, mas apenas para enxergar o limite que elas têm, só isso!!!

            Eleições são meio e não fim em si!

            Outro erro grave de análise sua, provocado por uma visão estruturalista dicotomizada: Às vezes, as brigas dentro do estamento são mais significativas que as diferenças entre estamento e anti-estamento.

            A Guerra Civil dos EUA era uma briga dentro de duas versões do estamento, e nem por isso deixou de significar muito mais para aquela sociedade que a aparente distinção entre direita e esquerda.

            Assim como 1964 foi uma luta entre duas versões de estamento para o Brasil, entre reformistas e parasitas entreguistas, como agora em 2015.

            Ou você imagina que Lula e Dilma preparavam alguma ruptura no sistema capitalista local?

            Seu comentário sobre o Movimento Cinco Estrelas é muito ruim, pobre mesmo.

            O fato do M5S portar algumas mensagens redistributisvistas (até Hitler fez isso) não elide o fato de que o caráter daquele movimento político é a anti-política a se aproveitar do caos institucional causado pela atuação do judiciário de lá na Mani Puliti, tal e qual tivemos aqui, em escala muito pior e selvagem, é verdade.

            Se houvess algum potencial mobilizador nas eleições por elas mesmas, Lula não estaria preso.

             

  2. Comentário ralo, embora com elogios merecidos a Boulos

    Fornazieri escreve bem, embora nem sempre o que pensa está em sintonia com a realidade política atual. Fornazieri não entende que o PT está fazendo a melhor jogada possível para estes tempos. Se Lula abdicar agora decreta a sua morte política e, no imaginário do povo, ele será identificado como culpado. Pior ainda, quem for escalado antecipadamente na chapa será detonado pela mídia assim como patinho de tiro ao alvo em parque de diversões. Sobre Boulos, acho mesmo que é uma promessa para o futuro, pois nem as pesquisas no RJ (berço do PSol) mostram alguma intenção de voto em favor de Boulos, considerando que primeiro está Bolsonaro e, no final da lista, aparece Manuela com 1%

    1. Um texto infeliz do Fornazieri

      Por que diminui o valor da obra política de um líder diante de características individuais. Sem querer, eu creio.

      O prof. chega ao ponto de dizer: “uma sábia lição da filosofia política clássica que vem do mundo antigo: a liderança se exerce mais pelos bons exemplos do que pelo poder”.

      De onde o prof. tirou isso? Na ideologia e na religião pode ser. Mas na política popular líderes surgem quando os liderados enxergam nele um bom condutor para obter conquistas seguindo sua liderança. E líderes se consolidam quando as conquistas se realizam ao o seguirem.

      Boulos é líder do MTST não porque vem da classe média e é desapegado de riquezas (uma virtude que admiro), mas porque soube conquistar vitórias para sem tetos ascenderem socialmente e se empoderarem.

      Assim como Lula tem a dimensão de líder que tem pelas vitórias que liderou na organização dos trabalhadores e mais pobres para conquistar melhorias em suas vidas. Desde o sindicato até na presidência da República. Senão outros sindicalistas que continuaram no chão de fábrica seriam lideranças maiores do que Lula hoje.

  3. ELEIÇÃO SEM LULA É FRAUDE!

    È preciso prestarmos atenção nos alertas que RUI COSTA PIMENTA (Presidente do Partido da Causa Operária: PCO) tem realizado a propósito do que ele denomina de ‘candidatos abutres’, quais sejam, Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Manuela D’Ávila. Para Pimenta, tais candidatos fazem o jogo da direita, na medida em que não denunciam as eleições presidencais de Outubro/18 como farsa (pois elas visam legitimar e/ou naturalizar o golpe) e se alimentam da prisão e da previsível inelegibilidade de Lula (amealhando pois os eleitores lulistas). Pimenta considera que é preciso manter a todo custo a exigência pela libertação de Lula e sua consequente candidatura à presidência, posto que Lula é o único candidato de esquerda com reais condições de disputa eleitoral (é o primeiro colocado em todas as pesquisas), além de, evidentemente, ser o político que melhor representa a resistência ao golpe junto à classe trabalhadora. Quanto a Boulos, especificamente, Pimenta ressalta que a trajetória política do líder do MTST é apenas ‘aparentemente de esquerda’, visto que sua militância é pautada por inúmeros ‘acordos’ com setores direitistas, etc. Atentemos enfim para a recente entrevista de Boulos no programa Roda Viva: ao ser inquirido para fornecer uma definição de socialismo, ele disse que socialismo é a ‘promoção de igualdade de oportunidades’, sem se dar conta (será mesmo?) que tal definição é a do próprio capitalismo… Resumindo, a manutenção das candidaturas de Ciro, Boulos e Manuela apenas reforçam o caráter farsesco das atuais eleições presidenciais. De fato, apenas a palavra de ordem ‘LULA OU NADA!’ denuncia a farsa eleitoral em curso e faz efetivo obstáculo político ao golpe.  

    1. Se a esquerda simplemente boicotar as eleições se legitimará pel

      Se a esquerda simplemente boicotar as eleições se legitimará pelo voto com mais facilidade. O boicote das eleições foi o maior erro da direita venezuelada que permitiu a consolidação no poder de Maduro. Isso é um absurdo, é entregar o Poder à direita sem lutar. 

      A esquerda deve participar do pleito justamente para denunciar o golpe. O horário político eleitoral é a única possibilidade que a esquerda tem para dialogar com a população alienada pela globo. Abrir mão mão desse recurso é de um equívoco monumental. Muito pelo contrário, o PT deve jogar peso nas eleições e aproveitar a campanha eleitoral para disputar a narrativa sobre o golpe. 

      A participação do Boulo e da Manuela é importantíssima justamente para fazer o contraponto a versão hegemônica das oligarquia sobre o golpe. Os dois candidatos terão a função evitar o isolamento do candidato petista nos debates. 

      Respeito o Rui Costa Pimenta, mas quanto a isso discordo dele!

      1. Desafios de Guilherme Boulos

        -> Se a esquerda simplemente boicotar as eleições

        não se trata de boicotar as eleições. e sim dar a elas o peso correto na luta política.

        além disto, as Eleições de 2018 visam a dar legitimidade ao Golpe de 2016. e só se realizarão caso atendam a este objetivo.

        -> O horário político eleitoral é a única possibilidade que a esquerda tem para dialogar com a população alienada pela globo.

        vc deveria prestar mais atenção na realidade, nos dados e nos fatos, e também, e principalmente, no que vc mesmo escreve, pois neles todas as contradições de seus paradigmas se revela

        como se pode propor “diálogo” através de programas de TV, se a TV é uma mídia não interativa, concebida como instrumento de dominação ideológica para justamente interditar o diálogo?

        que diálogo é este com quem não tem canal de voz?

        o único diálogo possível é o feito diretamente.

        mesmo que seja através de meios de comunicação de massa alternativos e independentes, para ser diálogo deve ser de mão dupla. e não uma autoridade política doutrinando o povo, para este ser fiel massa de manobra.

        -> Os dois candidatos terão a função evitar o isolamento do candidato petista nos debates. 

        este é um erro absurdo! como se pode colocar duas outras candidaturas como mera linha auxiliar? é por isto que nenhuma “união das Esquerdas” se viabiliza.

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        1. As propagandas eleitorais talvez sejam uma das poucas oportunida

          As propagandas eleitorais talvez sejam uma das poucas oportunidades que o PT terá de expor seu programa para a população e ampliar o alcance do seu discurso. Com isso provocar a população brasileira a dialogar com o próprio partido, não falando para o tubo da televisão televisão como retardados, mas com o próprio partido organizado em milhares de municípios. É uma primeira abordagem, uma farma de se apresentar. 

          Não sei em que mundo você vive. A televisão é o único instrumento de informação da grande maioria dos brasileiros e por isso é um canal importante para provocar o debate entre seus telespectadores. Bem diferenta da ilha que se coloca os pretensos militantes de vanguarda que pregam para si mesmos e desconhecem a realidade dos trabalhadores que vivem sob intensa pressão do meio social e lutam. 

           Não vejo problema nenhum num primeiro momento os partidos de esquerda apresentarem seus programas num 1º turno e no 2º se unírem. São diferentes concepções de mundo que precisam ser expostas e disputadas, para num segundo momento se unirem naquilo que convergirem. São bem vindas as candidaturas do Boulos e da Manuela para criticar e elegiar o PT.

           

           

           

      2. Preço amargo

        Talvez esse seja preço amargo que  tenhamos que pagar para ver se o povo acorda. Acho que o PT deve radicalizar e não abrir mão do Lula. 

    2. A REALIDADE É MAIS DURA QUE ANALISES

      O discurso do lider do PCO, pode ser rejuvecente para os burocratas do PT, mas destoa de sua militancia e principalmente da realidade, a principio é salutar sua defesa da candidatura Lula, porém esquece seu passado como candidato, pelo menos nas ultimas eleiçoes o PCO teve o Rui Costa como candidato, e onde esteve sua lealdade ao PT e Lula? agora de repente bate uma dor na consciencia, como tambem esse discurso se torna falacioso, porque destoa da realidade, o esquerda tem quer ser movido por sonhos, mas deve ser antes de tudo um realista, pragmatico quando necessario, assim Lenin nos ensina, então por toda a estrutura burguesa brasileira, que move esse golpe, todos nos sabemos que a candidatura do Lula, não passará pelas instancias juridicas, como a pressão social, movida principalmente pela impresa serão imensas, impossibilitanto qualquer vitoria nesse campo, como sabemos que sua eleição caso vitoriosa,seria inviabilizada pelo congresso. No que tange a propria essencia do discurso, esse é mais falasioso e destonante da realidade do governo Lulista, pois se ele acusa os representantes do PC do B, CIro, e Boulos pelo PSOL de representantes da direita, ou que sao auxiliares dessa, se esquece da composição dos governos Lula e Dilma,  que foi composta por diversos nomes da direita e do empresariado, como esquercer que varios empresarios foram ministros de Lula, que os ministros da Fazenda serviam ao rentistas, que o atual ministro da economica que esta arruinando os nossos direitos, foi o homem forte de Lula no banco central, e de imaginar que a maioria dos ministros do STF vieram de nomeações petistas, e hoje são odiados pela militancia petista, então não ha como negar que o governo Lula buscou e foi extremente conciliador de classes, e muitas vezes serviçais das elites e grupos abastados, só de imaginar que Gedel Vieira Lima foi ministro de Dilma é repugnante, entao esquercer todos esses fatos, e dizer só porque o Lula lidera as pesquisas eleitorais, os candidatos das esquerdas brasileiras prevendo toda a tregedia eminente, não poderm ter a legitimidade de suas candidaturas a presidente, isso é no minimo abortivo do debate estratégico, nada impede ter solidariedade ao maior lider sindical do pais, e ter uma visao realista e estrategica, nenhum deles seja Ciro, que esteve o tempo todo junto aos governos petista, a mesma coisa o PC do B de Manoela, alem de ser uma força nova e feminista, como Boulos se tornou a novo, inovando na politica e no PSOL, o tirando de seu vies impopular e teoricista para uma verdadeira luta de classes, e verdade seja dita, varias das criticas do PSOL ao governo Lula se concretizaram, então que sejamos estrategicos, e que nossa luta seja vitoriosa no final, e que cada um busque o seu caminho, mas convergindo para o verdadeiro Poder Popular.

  4. Acordem, fora dos circuito

    Acordem, fora dos circuito Vila Madalena/Pinheiros/USP ninguém sabe quem é esse cara. Pergunta no Jardim Miriam, Grajaú, Cidade Tiradentes…

  5. Desafios de Guilherme Boulos

    principalmente a partir da crise do impeachment, Aldo Fornazieri tornou-se um dos mais importantes analistas políticos deste Brasil em Transe. e não é preciso concordar com todas suas análises para reconhecer isto.

    -> Já, Haddad, um dos políticos mais lúcidos e promissores do Brasil poderá ter seu futuro bloqueado pelo PT,

    Haddad é o poste predileto do Lulismo, apenas isto. longe de ser lúcido e nada promissor além de ser um Alckmin pela Esquerda. um político paulista, por SP, em SP e para SP. nenhuma viabilidade nacional, pois concebe o Brasil a partir de uma centralidade imaginária.

    SP continua se iludindo ser a locomotiva produtiva puxando os vagões descarrilados de um Brasil indolente. enquanto SP desde muito é a sede do rentismo à la Brasil.

    SP precisa fazer um duro acerto de contas consigo mesmo. e só a Esquerda pode levá-lo a cabo.

    -> Na solidariedade a Lula, conseguiu fazer com que o PSOL superasse as querelas menores, fazendo perceber aos companheiros que, além do caráter injusto e persecutório na prisão do ex-presidente,

    sem dúvida esta teria sido a grande contribuição inicial de Boulos ao PSOL, ao forjar na luta a única possibilidade de união das Esquerdas.

    contudo, como mencionarei abaixo ainda seguindo a análise do artigo, a aterrissagem de paraquedas de Boulos no PSOL inoculou no partido o vírus do Lulismo.

    -> Esta solidariedade corajosa fez com que Lula o prestigiasse e o abençoasse junto com Manuela D’Avila,

    -> Os políticos brasileiros, de modo geral, têm negligenciado o problema da organização de forças próprias.

    -> terá que fazer do PSOL um partido mais amplo, influente e organizado do que é

    “abençoado” por Lula, Boulos se recusou a convocar as prévias partidárias para as bases legitimarem sua candidatura. começa com o ‘pé direito”…

    as prévias teriam sido o marco inaugural de ampliar a organização pela base do PSOL. portanto, de consolidar o PSOL como uma força política unida em torno e em prol de sua candidatura.

    no que tange a “organizar força política própria”, errou já a partir do primeiro passo. e nem poderia ser diferente, dado que seu nascimento como pré-candidato se deu pelas mãos viciadas do Lulismo como a parteira.

    -> O povo está desorganizado, desorientado, sofrendo, à espera de um novo Moisés que seja capaz de conduzi-lo pelo deserto rumo a uma nova Canaã, rumo a uma nova Terra Prometida. A Fortuna está oferecendo este momento a Boulos e a outros líderes.

    por isto mesmo não se trata de nenhum parto de “novos” líderes, e sim de outros modelos de liderança.

    qualquer líder que ainda se proponha ser o Messias, conduzindo o povo numa grande marcha em direção à Terra de Prometido, será apenas mais um fracasso, mais uma derrota.

    a função das lideranças é catalisar, e não dirigir. a função do líder é gerar lideranças, e não ser o protagonista. sempre quem deve protagonizar são as massas. cabe ao líder agenciar este processo.

    “NO MOMENTO DE MARCHAR,

    MUITOS NÃO SABEM

    Que seu inimigo marcha à sua frente.

    A voz que comanda

    É a voz de seu inimigo.

    Aquele que fala do inimigo

    É ele mesmo o inimigo.”

    .

    1. Até que enfim! Ufa!

      Depois de muito tempo, muito tempo mesmo, encontramos alguma divergência.

      Camarada Arkx, eu gostaria de compartilhar sua fé otimista no Aldo, mas eu sou um reducionista incorrigível, por isso destaquei duas pérolas que estragam qualquer texto, qualquer mesmo:

      “(…) Como já se disse em outro artigo, Guilherme Boulos é o único líder de esquerda que se projetou no Brasil após as manifestações de junho de 2013(…)”

      Comentário: Olha, essa frase é tão, mas tão ruim que eu nem saberia por onde começar, mas eu tento. É desonesta porque Boulos não estava, nem nunca esteva no centro da disputa que se deu em 2013, que nós, os pitaqueiros ingênuos (que não somos gênios do tipo aldo), ainda carecemos de distância histórica para dizer o que houve em 2013.

      Movimento das placas tectônicas sociais e de classe acomodadas fragilmente no pacto lulodilmista?

      Intervenção NSA-CIA?

      Tudo junto?

      Não sabemos. O que sabemos que Boulos em 2013 e o de agora diferem por um detalhe: Lula lhe deu protagonismo, pelos motivos que só Lula saberia explicar e eu arrisco: Ação diversionista tipo “barro na parede”. Explico: Boulos é uma distração, mas se conseguir se firmar, entra no jogo. Só isso.

      De 2013 para cá Boulos esteve nas sombras do MTST, e não por culpa dele, claro, mas porque essa era a dinâmica da luta política setorial que escolhera, só isso.

      Transformar (ou forçar) ele em guia genial dos povos é de uma estultice sem par.

      É esse um dos  melhores analistas a que você se refere?

       

      O outro trecho Camarada, é de doer os olhos:

      (…)Para enfrentar esses riscos, nada melhor do que a ideologia estóica do republicanismo que cultiva os valores da frugalidade, da simplicidade, da humildade, da humanidade, da generosidade, combinados com a firmeza de caráter, com a coragem e com a tenacidade da luta. A história é mestra em mostrar que a vaidade, o luxo, a busca do brilho do poder pelo poder levam à corrupção, esta à indolência e a perda das virtudes, com a consequente perda do poder.(…)”

       

      Comentário: Essa busca pelo estoicismo político, por uma natureza “moral” do exercício da política é uma das coisas mais escrotas e vulgares na análise desse senil senhor.

      É essa busca pela sanfranciscanismo político que deu azo a esse período de ditadura judicial que nos assola hoje.

      Sinceramente, não tenho estômago para ler mais uma linha depois desse lixo.

      É esse sentimento idiotizante que dará aos adversários de Boulos a munição para incinerar seu incipiente e inciante capital político:

      Um filho da classe média querendo se passar por pobre e sem teto!

      Claro que sabemos que essa narrativa é burra, mas ela COLA e nasce justamente da (im)postura sanfranciscana de caras como o autor do texto!!!!!

       

      1. Desafios de Guilherme Boulos

        -> eu gostaria de compartilhar sua fé otimista no Aldo, mas eu sou um reducionista incorrigível

        me parece que o Aldo Fornazieri, como muitos (ou mesmo quase todos), está em busca de alguma saída para a crise.

        esta saída tem suas variantes. pode ser um vice para o PT. um Pano B. Haddad. Ciro Gomes. Boulos. Manuela? Rui Pimenta?

        mas não será através de um candidato ou apenas de eleições que uma saída se viabiliza.

        como já escrevi aqui diversas vezes, não veja saída para a crise brasileira. porque não é uma crise brasileira, e sim uma crise estrutural do Capital.

        frente a ela, só nos cabe construir alternativas.

        assim como o Capitalismo faz da crise o modo de reciclar suas bases para novos ciclos de acumulação, a Esquerda deveria agir na crise também dela fazendo um meio para se abrir novos ciclos de lutas.

        e também de formas de organização para viabilizar estas lutas.

        tudo é destruição criativa. na crise tudo se desestrutura. e nesta fase de instabilidade se abre uma janela de oportunidade para a atuação da Esquerda.

        -> Nas eleições de 2018, com LULA PRESO? É esse o preço do resgate dele desse sequestro? Ah, sei, vocês nem acham que foi sequestro e que um dia, quem sabe, tudo vai voltar ao normal.

        Lula preso é para mim a decorrência inevitável de opções que foram feitas desde o segundo turno das Eleições de 1989.

        porque estamos num país onde o golpe historicamente é a regra. assim, nada deveria ter sido maior prioridade do que se preparar para um golpe líquido e certo.

        faça-se alianças, concilie-se, governe para o Capital. foda-se tudo isto. mas não deixe de ter as armas prontas para decapitar os golpistas assim que coloquem suas horrendas cabeças em nossa mira.

        em minha nada humilde opinião, Lula deveria estar numa Embaixada.

        -> Priorizar eleição só tem sentido quando há respeito pelas eleições e seu resultado

        -> A questão não é somente a (falsa) dicotomia entre lutar dentro dos limites da institucionalidade ou fora dela!

        a iniciativa em curso do Congresso do Povo – da Frente Brasil Popular – é um modo de não se deixa aprisionar pela falsa dicotomia que vc corretamente aponta.

        porém, receio que acabe não cumprindo sua principal função: mobilizar e organizar as bases. restringindo-se a somente a formação de comitês eleitorais.

        -> É, mas Cyro Garcia está solto e pode concorrer às eleições.

        conheço o Cyro há décadas, desde a oposição sindical. nunca fomos exatamente amigos, no sentido de conviver juntos. mas é uma pessoa que respeito e admiro.

        o Cyro que conheço é o da militância sindical. das assembléias, reuniões nos locais de trabalho, dos  do piquetes  e algumas reuniões de comando de greve. e também o Cyro intelectual das teses de mestrado e doutorado.

        sempre que estou numa manifestação no Rio, procuro pelas bandeiras do PSTU (os caras agora ten até bandinha). vou até lá e converso um pouco com o Cyro.

        chega um momento, o atual por exemplo, que não apenas o tempo de vida mas principalmente a intensidade do que vivenciamos no Brasil, nos faz pensar sobre nós mesmos.

        nossas opções. nosso caminho percorrido. nossas indecisões.

        seria a velhice?

        ou é muito mais o espírito de uma época em que  não há mais saídas.

        só nos resta, como ao sargento WarDaddy (Brad Pitt) do filme “Fury”, manter a posição numa encruzilhada decisiva e ter uma morte com honra, enquanto enviamos dezenas de nazis para o inferno?

        ou é melhor deixar tudo se acabar, enquanto mais uma vez às 4 horas da tarde nos deixamos enfeitiçar pelas três mulheres do sabonete Araxá?

        .

  6. ”’ Não é por acaso que o PT

    ”’ Não é por acaso que o PT tem cerca de 2,2 milhões de filiados “

    Se juntarmos beneficiários do bolsa família,familiares  e amigos, o número deveria ser maior.

    ————————–

    ———–Num post acima vc comentou: ”Se hover eleição”. 

            Ora, se não houver eleição é golpe militar.

             Ou vc vê outra alternativa ?

    —————-

              Tá difícil enxergar que o PT e PSDB morrerram ?

  7. Um Ciro Gomes Shakespeariano: tanto barulho por (para) nada

    Depois de um enorme estardalhaço, Ciro Gomes continua patinando em torno de 5% da preferência do eleitorado. Ou seja, com as agressões contra Lula, o que Ciro ganhou da direita perdeu da militância PTista. Ou seja, a tática do bate e assopra deu errada. 

     

             CNT/MDA: mesmo preso, Lula lidera folgado com 32,4%

    Ricardo Stuckert

     

    Pesquisa do MDA para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra que o ex-presidente Lula, que é mantido como preso político desde 7 de abril em Curitiba, segue liderando a preferência da maioria dos eleitores brasileiros; na modalidade estimulada, Lula tem 32,4%, enquanto Jair Bolsonaro tem 16,7%, Marina Silva 7,6%, Ciro Gomes 5,4% e Geraldo Alckmin 4,0%; para 25,6% dos brasileiros, Lula é o único candidato em quem votariam, e 40,8% acreditam que ele disputará as eleições; para 90,3% a Justiça brasileira não age de forma igual para todos; no segundo turno, o ex-presidente Lula vence em todos os cenários; confira

    https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/354793/CNTMDA-mesmo-preso-Lula-lidera-folgado-com-324.htm

     

     

  8. nem a namorada …
    Nem a minha namorada fez uma rasgaçao de seda tão grande pra mim. Afinal de contas, Boullos o lider do não vai ter copa ! Aquele que disse q o governo da Dilma era indefensável, aquele que ao invés de lutar contra o golpe queria eleições direta, nunca mobilizou ninguém para atos contra o golpe, ajudou junto com o psol e a direita no tiroteio contra Dilma, psol liderou greves nas universidades contra Dilma, os professores e alunos devem estar adorando o governo Temer, porém adorou subir no palanque de Lula. Não tem jeito Bolsonazi vai ganhar e Boullos ajudou nisto !

  9. Boulos? De sonháticos…..o inferno está cheio.

    Boulos é um cara inteligente, articulado, etc e tal. Mas não terá meu voto, embora esteja dificílimo definir um voto útil diante de tantas nulidades que se apresentam. Não tem projeto porra nenhuma; fala obviedades. É um político novo, mas está mais para assistente social e não precisamos disso. Sempre defendeu a desordem civil e o desrespeito à propriedade como “lider” do MTST. Um presidente tem que ser político experiente (e é dificil encontrar algum honesto e competente) com transito e jogo de cintura para negociar com as raposas do Congresso.  O PT precisa largar de frescura e cair na real apoiando o linguarudo do Ciro Gomes com o Haddad de vice. Os vagabundos do Congresso derrubariam Boulos antes da metade do mandato, como fizeram com aquela múmia que antecedeu o medíocre que ora faz de conta que governa.

  10. O maior desafio do Guilherme
    O maior desafio do Guilherme Boulos é se candidatar e ser eleito sem que o judiciário e a Globo percebam!

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